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Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP


     Centro Superior em Educa¸˜o Tecnol´gica - CESET
                             ca        o




Incentivos do governo Brasileiro
         em Tecnologia



                                     Vanessa Oliveira Campos - 036372




                         Limeira
                          2005
i


      Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP


     Centro Superior em Educa¸˜o Tecnol´gica - CESET
                             ca        o




Incentivos do governo Brasileiro
         em Tecnologia



                                      Vanessa Oliveira Campos - 036372

                                 Orientador: Arnaldo Jorge de Almeida Jr




                         Limeira
                          2005
ii




”Efetivamente, para o homem, enquanto
homem, nada tem valor a menos que ele
      possa executa-lo com entusiasmo”
                          Max Weber
iii




Sum´rio
   a

Resumo                                                                                   v

Introdu¸˜o
       ca                                                                                1

1 A tecnologia no Brasil                                                                 4
  1.1 O processo de industrializa¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                                 ca                                                       5
  1.2 A ind´stria depois da Crise de 1929 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
           u                                                                              7
  1.3 Os militares e a tecnologia nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    9
  1.4 A pol´
           ıtica de tecnologia no final do s´culo XX . . . . . . . . . . . . . . . . 11
                                           e

2 A inform´tica no Brasil
          a                                                                              13

3 As t´ticas de incentivo ` tecnologia nacional
      a                   a                                                              17
  3.1 Centros de pesquisa e desenvolvimento tecnol´gico . . . . . . . . . . . . . . 18
                                                  o
  3.2 Fontes de financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
  3.3 Programas de Amparo ` Pesquisa e de Apoio ` Empresa de Tecnologia . . 21
                          a                     a

Conclus˜o
       a                                                                                 23

Anexo A: Cronologia Brasil - Principais fatos da Evolu¸˜o Tecnol´gica e
                                                      ca        o
  Cient´
       ıfica                                                                              25

Anexo B: Cronologia Brasil - Principais Estatais de Tecnologia                           27

Gloss´rio
     a                                                                                   28
iv


Referˆncias Bibliogr´ficas
     e              a       32
v




Resumo
   O atraso tecnol´gico sentido no pa´ se deve a in´meros fatores hist´ricos, tal qual
                  o                  ıs            u                  o
o fato de o pa´ ter sido colˆnia de Portugal durante mais de trezentos anos ou o de
              ıs            o
ter sido o ultimo pa´ a abolir oficialmente o trabalho escravo em seu territorio. Por´m,
           ´        ıs                                                              e
muitas a¸˜es foram tomadas durante o s´culo XX que fizeram com que o pa´ sa´
        co                            e                               ıs ıssem do
ostracismo tecnol´gico e come¸asse a competir igualmente com outros pa´
                 o           c                                        ıses, com seus
institutos de pesquisa reconhecidos internacionalmente.
   Caminhando atrav´s de pouco mais de cem anos de hist´ria do Brasil, passando por
                   e                                   o
duas ditaduras e diversas revolu¸˜es, chegamos ao s´culo XXI com empresas estatais de
                                co                 e
alta tecnologia, crescentes p´los tecnol´gicos, redes de apoio ` pequena empresa, e a
                             o          o                      a
cria¸˜o de produtos tecnol´gicos nacionais e sua exporta¸˜o.
    ca                    o                             ca
   O objetivo deste trabalho ´ mostrar, em seus trˆs cap´
                             e                    e     ıtulos, a trajet´ria da ind´stria
                                                                        o          u
de tecnologia no pa´ incluindo a ind´stria de inform´tica, desde o final do s´culo XIX
                   ıs,              u               a                       e
at´ o in´ do s´culo XXI. O trabalho apresenta Introdu¸˜o, trˆs cap´
  e     ıcio  e                                      ca     e     ıtulos (Tecnologia
no Brasil, Inform´tica no Brasil, T´ticas de Incentivo do Governo Federal), Conclus˜o,
                 a                 a                                               a
Anexos (Cronologias resumidas), Gloss´rio e Bibliografia.
                                     a
1




Introdu¸˜o
       ca
   ´
   E muito comum ouvir algu´m dizer que ”o Brasil est´ atrasado uns cinq¨enta anos em
                           e                         a                  u
tecnologia”. Tamb´m ´ f´cil perceber, principalmente com tanta informa¸˜o dispon´
                 e e a                                                ca        ıvel
na internet, o qu˜o ’obsoletos’ est˜o os equipamentos dispon´
                 a                 a                                                   ´
                                                            ıveis no mercado nacional. E
comum iniciarem-se as vendas de produtos no pa´ considerados ultima gera¸˜o, e que j´
                                              ıs,            ´          ca          a
foram descontinuados em outros pa´
                                 ıses.
   Por´m, o que poucos sabem ´ qual foi a trajet´ria do Brasil na corrida tecnol´gica que
      e                      e                  o                               o
se iniciou com a Revolu¸˜o Industrial, no s´culo XVIII, e se intensificou com a Revolu¸˜o
                       ca                  e                                         ca
Tecnol´gica, no in´
      o           ıcio do s´culo XX. Entretanto, em meio a toda essa movimenta¸˜o
                           e                                                  ca
europ´ia, o Brasil est´ iniciando sua vida como pa´ independente, com hist´rico ruralista
     e                a                           ıs                      o
e pouco interesse em melhorar a vida da popula¸˜o que n˜o estava pr´xima ` capital do
                                              ca       a           o     a
pa´
  ıs.
   Isto fez com que a principal tentativa de iniciar o processo de industrializa¸˜o no
                                                                                ca
pa´ fosse menosprezado (meados do s´culo XIX): as ind´strias Mau´ que atuavam em
  ıs                               e                 u          a
diversos ramos, de ferrovias a estaleiros, passando por institui¸˜es banc´rias e a constru¸˜o
                                                                co       a                ca
do cabo submarino para o tel´grafo no pa´ o Bar˜o de Mau´, tamb´m atuou no Uruguai,
                            e           ıs,    a        a      e
promovendo ilumina¸˜o a g´s, tel´grafo, diques, estaleiros, frigor´
                  ca     a      e                                 ıficos e casas banc´rias.
                                                                                    a
Sem apoio financeiro, suas ind´strias faliram ap´s a Guerra do Paraguai.
                             u                 o
   Foi somente com a aboli¸˜o da escravatura, em 1888, que os empres´rios brasileiros
                          ca                                        a
come¸aram a investir na mecaniza¸˜o. Isto porque, agora, a m˜o-de-obra n˜o era mais
    c                           ca                          a           a
abundante e necessitava de remunera¸˜o. Assim, foi necess´rio procurar meios de reduzir
                                   ca                    a
a m˜o-de-obra necess´ria e a mecaniza¸˜o dos processos tinha exatamente este prop´sito:
   a                a                ca                                          o
aumentar a produ¸˜o sem ampliar a m˜o-de-obra proporcionalmente.
                ca                 a
   Por´m, as primeiras medidas de incentivo ` tecnologia surgiram na d´cada de 1950,
      e                                     a                         e
com a cria¸˜o de institutos de pesquisa e de empresas estatais, que trabalhariam com
          ca
2


pesquisas internas para cria¸˜o de sua pr´pria tecnologia.
                            ca           o                     O Conselho Nacional de
Pesquisas (CNPq) foi criado, em 1951, com o objetivo de apoiar as iniciativas de pesquisa
e desenvolvimento tecnol´gico brasileiro. Para atuar como apoio financeiro, criou-se
                        o
o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE), mais tarde transformado em BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Social), que tinha por fun¸˜o oferecer financiamen-
                                                             ca
tos aos projetos de tecnologia nacionais.
   Tamb´m foram adotadas medidas de protecionismo ao mercado nacional de tecnologia
       e
e, entre 1950 e 1980, criaram-se in´meras empresas estatais de tecnologia (Embratel,
                                   u
Embraer, Embrapa, Petrobr´s, CPqD, entre outras). Algumas delas continuam atuando,
                         a
atualmente, como funda¸˜es ou empresas de economia mista; outras foram privatizadas
                      co
na d´cada de 1990.
    e
   Em rela¸˜o ` inform´tica, a ind´stria de equipamentos foi inclu´ na lei de reserva
          ca a        a           u                               ıda
de mercado na d´cada de 1970, com o intuito de criar um computador genuinamente
               e
brasileiro. Diversas tentativas ocorreram at´ o fim da reserva de mercado, em 1991,
                                            e
por´m tiveram resultados aqu´m do esperado e, em 1990, os computadores nacionais
   e                        e
eram muito inferiores aos comercializados no exterior. A empresa Cobra (Computadores
Brasileiros SA), produziu diversos computadores que ainda s˜o utilizados em alguns ´rg˜os
                                                           a                       o a
do governo federal.
   A partir da d´cada de 1990, o Governo Brasileiro come¸ou a tomar medidas pr´-
                e                                       c                     o
ativas em rela¸˜o ` ind´stria de tecnologia, aumentando o n´mero de projetos de apoio
              ca a     u                                   u
a
` pesquisa no Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia (MCT), ampliando as linhas de cr´dito,
                    e         e                                                  e
ampliando a abrangˆncia de ´rg˜os como o SEBRAE (Servi¸o Brasileiro de Apoio `s
                  e        o a                        c                      a
Micro e Pequenas Empresas) e a cria¸˜o de programas para incentivar a exporta¸˜o de
                                   ca                                        ca
produtos e a cria¸˜o de empresas de tecnologia, como o Softex (Sociedade para Promo¸˜o
                 ca                                                                ca
da Excelˆncia do Software Brasileiro).
        e
   No in´
        ıcio do s´culo XXI, o Brasil apresenta produtos tecnol´gicos pr´prios e uma
                 e                                            o        o
avan¸ada rede de pesquisas em tecnologia que apresentaram inova¸˜es tecnol´gicas voltadas
    c                                                          co         o
a
` realidade nacional e que podem, tamb´m, ser exportadas. Um exemplo ´ a Urna
                                      e                              e
Eletrˆnica, criada pelo Tribunal Superior Eleitoral, e que somente o Brasil utiliza em
     o
3


100% do pa´ em suas elei¸˜es. Outro ´ o trabalho do CPqD (antigo ´rg˜o da Telebr´s
          ıs            co          e                            o a            a
e que se transformou em instituto, ap´s a privatiza¸˜o ocorrida na d´cada de 1990) em
                                     o             ca               e
telecomunica¸˜es e uso de fibra ´ptica.
            co                 o
   O objetivo deste trabalho ´ apresentar o panomarama geral do Brasil em rela¸˜o `
                             e                                                ca a
ind´stria de tecnologia, desde o final do s´culo XIX at´ o ano de 2005, mostrando os
   u                                      e           e
principais fatos que contribu´
                             ıram tanto para o atraso tecnol´gico quanto para os avan¸os
                                                            o                        c
alcan¸ados no s´culo XX no pa´
     c         e             ıs.
   Este trabalho est´ organizado em trˆs cap´
                    a                 e     ıtulos, sendo que o Cap´
                                                                   ıtulo 1 se dedica a
apresentar a evolu¸˜o da tecnologia no pa´ mostrando o caminho percorrido durante
                  ca                     ıs,
mais de um s´culo. O Cap´
            e           ıtulo 2 vem apresentar o hist´rico da ind´stria de inform´tica
                                                     o           u               a
no Brasil. As redes de apoio ` ciˆncia e tecnologia criadas pelo MCT desde sua cria¸˜o, em
                             a e                                                   ca
1984, s˜o mostradas no Cap´
       a                  ıtulo 3, juntamente com as Linhas de Cr´dito e os Principais
                                                                 e
programas e Centros de Pesquisa brasileiros. Sˆo apresentados, tamb´m, dois Anexos, com
                                              a                    e
a cronologia resumida da tecnologia nacional, a Conclus˜o, o Gloss´rio e a Bibliografia
                                                       a          a
usada neste trabalho.
4




Cap´
   ıtulo 1

A tecnologia no Brasil

Um ciclo infinito de interdependˆncia entre a Tecnologia e a Industrializa¸˜o existe desde
                               e                                         ca
quando o homem inventou suas primeiras ferramentas. A Tecnologia ´ presente desde as
                                                                 e
primeiras descobertas feitas pelo homem e, com o passar do tempo, o ac´mulo tecnol´gico
                                                                      u           o
culminou na inven¸˜o e uso de m´quinas para substituir os processos essencialmente
                 ca            a
manuais existentes. Este processo levou o nome de Revolu¸˜o Industrial e se apresentou
                                                        ca
significativamente na Inglaterra, no s´culo VIII.
                                     e
   Os pa´
        ıses colonizados, principalmente os americanos, sofreram os reflexos da Rev-
olu¸˜o Industrial tardiamente, apresentando sua industrializa¸˜o, em alguns casos, mais
   ca                                                        ca
de cem anos depois do ocorrido na Inglaterra. Esta demora em aderir aos processos de
mecaniza¸˜o e industrializa¸˜o ocorreu devido a uma s´rie de motivos inerentes a cada
        ca                 ca                        e
pa´ sendo que os principais foram a falta de uma pol´
  ıs,                                               ıtica interna de produ¸˜o, produ¸˜o
                                                                          ca        ca
tipicamente agr´
               ıcola e independˆncia s´cio-econˆmico-pol´
                               e      o        o        ıtica da Europa.
   No caso particular do Brasil, a resolu¸˜o tardia de abolir com o trabalho escravo, a falta
                                         ca
de incentivo ` urbaniza¸˜o e os processos pol´
             a         ca                    ıticos remanescentes da pol´
                                                                        ıtica absolutista
introduzida por D. Pedro I, criaram um cen´rio coronelista e, portanto, pouco prop´
                                          a                                       ıcio
ao desenvolvimento de uma ind´stria nacional.
                             u
5


1.1     O processo de industrializa¸˜o
                                   ca
Dois fatores foram cruciais para iniciar o processo de industrializa¸˜o no Brasil no final do
                                                                    ca
s´culo XIX: a abertura ` imigra¸˜o, principalmente europ´ia, e a aboli¸˜o da escravatura,
 e                     a       ca                       e             ca
          ´
com a Lei Aurea em 1888.
   O Brasil j´ vinha apresentando in´meros projetos de industrializa¸˜o, sendo seu prin-
             a                      u                               ca
cipal expoente o Bar˜o de Mau´, no in´
                    a        a       ıcio do segundo reinado, que trouxe ao Brasil
diversas propostas de ind´strias nacionais, dentre elas a Estrada de Ferro. Com o baixo
                         u
interesse tanto dos fazendeiros quanto do pr´prio imperador em investir nessa ´rea, seus
                                            o                                 a
projetos foram todos abandonados, alguns antes mesmo de iniciar ou procurar algum
investimento.
   Esse pouco interesse pela ”modernidade”est´ totalmente atrelado ao fato da abundˆncia
                                             a                                     a
de m˜o-de-obra escrava. Vale lembrar que o Brasil foi o ultimo pa´ no mundo a abolir
    a                                                   ´        ıs
oficialmente o trabalho escravo. Isto porque este era suficiente para as necessidades da
elite brasileira que, `quela ´poca, n˜o possu´ o sentimento de ambi¸˜o que movia a
                      a      e       a       ıa                    ca
industrializa¸˜o na Europa.
             ca
                           ´
   Com a assinatura da Lei Aurea, e o fato de que a grande maioria da m˜o-de-obra livre
                                                                       a
gerada possu´ nenhuma especializa¸˜o e tornou-se cara para os empres´rios da ´poca, foi
            ıa                   ca                                 a        e
autom´tica a ades˜o aos processos de manufatura mecanizada que reduzia a necessidade
     a           a
de for¸a de trabalho humano. Tornou-se comum, entre a elite nacional, enviar seus filhos
      c
a
` Europa para estudar disciplinas ligadas ` tecnologia.
                                          a
   A imigra¸˜o tamb´m teve um papel muito importante na industrializa¸˜o do pa´ j´
           ca      e                                                 ca       ıs a
que os imigrantes, em sua maioria, eram provenientes de zonas urbanas em sua terra
natal, e j´ haviam tido contato com os processos industriais e as rela¸˜es trabalhistas
          a                                                           co
assalariadas.
   A Proclama¸˜o da Rep´blica tornou evidente a necessidade de se produzir tecnologia
             ca        u
nacional. Iniciaram-se os incentivos ` ind´stria e ` tecnologia nacional. O governo incen-
                                     a    u        a
tivava as fam´
             ılias a enviar seus filhos ` Europa para estudar, principalmente, Engenharia;
                                       a
os imigrantes que j´ tinham se estabelecido desde meados do s´culo XIX e j´ possu´
                   a                                         e            a      ıam
certa independˆncia financeira e boa vis˜o de mercado voltavam ` sua terra natal para
              e                        a                      a
6


aprender os processos industriais mais recentes e aplic´-los no Brasil.
                                                       a
   O governo federal iniciou uma linha de incentivo e importa¸˜o de maquin´rio para as
                                                             ca           a
ind´strias nacionais. Sua pol´
   u                         ıtica de protecionismo ajudou muitas ´reas a se desenvolver
                                                                  a
mais rapidamente, como a ind´stria tˆxtil e de processamento. De acordo com DEAN
                            u       e
(1985), o imposto de importa¸˜o de mat´ria-prima era muito menor que o de produtos
                            ca        e
processados, por exemplo o trigo, cujo imposto de importa¸˜o era de 10 mil-r´is enquanto
                                                         ca                 e
o imposto pela importa¸˜o da farinha de trigo girava em torno dos 25 mil-r´is (ambos
                      ca                                                  e
pela tonelada do produto). Isto fez com que as refinarias nacionais se desenvolvessem
para suprir o mercado interno.
   Outro movimento importante foi a migra¸˜o das ind´strias europ´ias para o Brasil.
                                         ca         u            e
Muitas implantavam suas linhas de produ¸˜o no territ´rio brasileiro, enviando represen-
                                       ca           o
tantes para gerenciar a nova f´brica. Com a dificuldade de comunica¸˜o entre as duas
                              a                                   ca
f´bricas, era comum ap´s uma gera¸˜o de produ¸˜o a ind´stria nacionalizar-se, perdendo
 a                    o          ca          ca       u
o elo com a empresa-m˜e.
                     a
   No in´ do s´culo XX, as ind´strias brasileiras, em sua maioria, pertenciam a imi-
        ıcio  e               u
grantes. Eles haviam trazido de suas p´trias o conhecimento da ferramenta. Com o pre-
                                      a
conceito pela m˜o-de-obra nacional, por pensar em sua falta de especializa¸˜o e educa¸˜o,
               a                                                          ca         ca
a maior parte dos funcion´rios dessas ind´strias era, da mesma forma, predominantemente
                         a               u
imigrante. No per´
                 ıodo entre guerras, havia uma forte pol´
                                                        ıtica de incentivo ` imigra¸˜o, o
                                                                           a       ca
que acabou por proporcionar um contato maior com as tecnologias em uso na Europa.
   Outro fator que impulsionou a ind´stria nacional foi a substitui¸˜o da energia gerada
                                    u                              ca
pela queima de carv˜o pela hidrel´trica. Com a fonte constante de energia oferecida pela
                   a             e
nova tecnologia, foi poss´ alavancar os processos de manufatura. Campos e Rio Claro,
                         ıvel
as primeiras cidades a receber fornecimento de energia proveniente de hidrel´tricas em
                                                                            e
1883 e 1884, respectivamente, tornaram-se p´los industriais rapidamente, com ind´strias
                                           o                                    u
das mais variadas.
7


1.2     A ind´ stria depois da Crise de 1929
             u
Da mesma forma que na Europa, a industrializa¸˜o no Brasil criou uma nova burgue-
                                             ca
sia, incentivou a urbaniza¸˜o em detrimento da zona rural e aumentou as diferen¸as
                          ca                                                   c
sociais. Utilizou-se da m˜o-de-obra feminina e infantil de maneira abusiva. Mulheres e
                         a
crian¸as trabalham exaustivamente nas f´bricas e estes postos de trabalho eram consider-
     c                                 a
ados ”ben¸˜os”; esses trabalhadores deveriam se considerar agraciados pela bondade do
         ca
empres´rio em contrat´-los. Seu sal´rio era baix´
      a              a             a            ıssimo.
   A crise social aumentou na medida em que a industrializa¸˜o expandia no pa´ A
                                                           ca                ıs.
pol´
   ıtica do Caf´-com-Leite, que regia a sucess˜o presidencial nas d´cadas de 1910 e 1920,
               e                              a                    e
beneficiava somente os fazendeiros de caf´ e n˜o oferecia incentivos ` ind´stria nacional.
                                        e    a                      a    u
Nesta ´poca n˜o eram registrados os bens de imigrantes e, por consequˆncia, as ind´strias
      e      a                                                       e            u
dirigidas por eles. Assim, temos uma informa¸˜o subestimada da realidade de crescimento
                                            ca
industrial na Rep´blica Velha.
                 u
   Com a ascens˜o de Get´lio Vargas ao poder, consequˆncia da Revolu¸˜o de 1930,
               a        u                            e              ca
instituiu-se um regime centralizador do poder. Vargas criou nos primeiros anos de governo
o Minist´rio do Trabalho (1931); destituiu o Congresso Nacional e as cˆmaras estaduais e
        e                                                             a
municipais; instituiu as interven¸˜es nos estados, indicados pelo Governo Federal. Surgiu
                                 co
o movimento constitucionalista que culminou na Revolu¸˜o de 1932 cuja consequˆncia
                                                     ca                      e
direta foi a elei¸˜o da Assembl´ia constituinte em 1932 que promulgou a Constitui¸˜o
                 ca            e                                                 ca
Federal de 1934.
   Vargas tinha em mente a implanta¸˜o de uma pol´
                                   ca            ıtica de desenvolvimento da ind´stria
                                                                                u
nacional desde o in´
                   ıcio. Por´m, ap´s o Golpe de 1937, quando instituiu sua ditadura
                            e     o
fascista, iniciaram-se realmente as medidas. Vargas tomou os primeiros anos de governo
reorganizando o estado e mantendo pol´
                                     ıticas para reduzir o impacto da Crise de 1929 no
Brasil. Sua pol´
               ıtica protecionista ajudou o Brasil a sair da crise com poucos arranh˜es.
                                                                                    o
Apesar de sua pol´
                 ıtica n˜o ter propiciado bons cen´rios ` ind´stria nacional, de 1930 a
                        a                         a     a    u
1939 o Brasil teve um crescimento m´dio anual de 11,5% na ind´stria nacional.
                                   e                         u
   Foi a partir de 1940 que a pol´
                                 ıtica industrial de Vargas se afirmou. Ap´s a cria¸˜o da
                                                                         o        ca
CLT (Consolida¸˜o das Leis Trabalhistas), que reunia todos os decretos e leis promulgados
              ca
8


desde 1931 relativo ` organiza¸˜o trabalhista, Vargas se dedicou ` cria¸˜o de sua ind´stria
                    a         ca                                 a     ca            u
nacional: seus planos inclu´
                           ıam usina de a¸o, f´brica de avi˜es, hidrel´trica em Paulo
                                         c    a            o          e
Afonso, estradas de ferro e de rodagem, entre outros.
   Em uma manobra inteligente, onde informou ao Departamento de Estado americano
sobre a proposta de uma empresa alem˜ de instalar uma usina de a¸o no Brasil, Vargas
                                    a                           c
conseguiu um empr´stimo de 20 milh˜es de d´lares que utilizou para iniciar a constru¸˜o
                 e                o       o                                         ca
da Companhia Sider´rgica Nacional, em Volta Redonda. Foi tamb´m neste per´
                  u                                          e           ıodo que
foi criada a F´brica Nacional de Motores (1943).
              a
   No governo de Eurico Dutra (1946-1951) construiu-se a Companhia El´trica do
                                                                     e
S˜o Francisco , concretizando os planos de Vargas para Paulo Afonso. Esta foi a
 a
maior conquista deste per´
                         ıodo. O restante do tempo foi desperdi¸ado com uma s´rie de
                                                               c             e
fracassos industriais e especula¸˜o comercial. O crescimento na produ¸˜o industrial do
                                ca                                   ca
pa´ foi ´
  ıs    ınfimo.
   Em seu retorno ` presidˆncia da Rep´blica, Vargas cria o BNDE
                  a       e           u                                       (Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econˆmico) com o objetivo de realizar an´lises de projetos
                              o                                   a
e atuar como apoiador do governo para o avan¸o da industrializa¸˜o do pa´ Isto faz
                                            c                  ca       ıs.
parte de seu Plano LAFER, de Reparelhamento Econˆmico, que visa apoiar as ind´strias
                                                o                            u
mertal´rgicas, petroqu´
      u               ımicas, sider´rgicas, de transporte, energia e t´cnicas agr´
                                   u                                  e          ıcolas.
   Em 1951 Vargas envia ao congresso a proposta de cria¸˜o da Petrobr´s, empresa com
                                                       ca            a
capital misto e com a maioria de suas a¸˜es nas m˜os do governo federal. Em sua proposta
                                       co        a
a Petrobr´s
         a       controlaria o monop´lio da perfura¸˜o, extra¸˜o e refino de petr´leo em
                                    o              ca        ca                 o
territ´rio nacional. O projeto foi aprovado em 1953.
      o
   Tamb´m em 1951, foi criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient´
       e                                                                  ıfico
e Tecnol´gico
        o          (CNPq), com o objetivo de apoiar as ´reas de pesquisa nacional. O
                                                       a
CNPq ´ uma funda¸˜o ligada ao Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia e foi o primeiro passo
     e          ca                  e         e
do governo federal rumo ao incentivo ` pesquisa e tecnologia no pa´
                                     a                            ıs.
   Com o slogan ”Cincoenta anos em cinco”, Juscelino Kubitchek promoveu mudan¸as
                                                                             c
na maneira de governar o pa´ A ind´stria cresceu 80% durante seu governo, sendo
                           ıs.    u
que o crescimento per capita real foi trˆs vezes maior que o do restante da Am´rica
                                        e                                     e
9


Latina. Sua pol´
               ıtica econˆmica era baseada no aumento do mercado interno para que, em
                         o
consequˆncia, aumentasse a produ¸˜o de a¸o e ferro, o investimento estrangeiro no pa´ e o
       e                        ca      c                                           ıs
desenvolvimento da ind´stria de base, que havia se desenvolvido de maneira insignificante
                      u
at´ ent˜o.
  e    a
      Seu Plano de Metas tinha por objetivo aumentar a oferta de emprego, desenvolver a
ind´stria de energia, transportes, alimenta¸˜o, ind´stria de base e educa¸˜o. Apesar de
   u                                       ca      u                     ca
pouco apoio financeiro que recebeu, o Plano de Metas foi poss´
                                                            ıvel devido ` cria¸˜o de
                                                                        a     ca
o a
´rg˜os especiais tais como o GEICON (Grupo Executivo de Constru¸˜o Naval), GEIA
                                                               ca
(Grupo Executivo de Ind´stria Automobil´
                       u               ıstica) e GEIMAPE (Grupo Executivo de Ind´s-
                                                                                u
tria de Maquinaria Pesada).
      Em junho de 1957 foi criada a Zona Franca de Manaus com o objetivo de servir
de porta de entrada para produtos estrangeiro, com isen¸˜o total ou parcial de tarifas.
                                                       ca
Por conta dos grandes incentivos fiscais existentes na Zona Franca, diversas empresas
nacionais e multinacionais se instalaram ali para realizar a montagem de equipamentos,
principalmente eletro-eletrˆnicos, para distribuir para todo o territ´rio nacional e pa´
                           o                                         o                 ıses
vizinhos.



1.3        Os militares e a tecnologia nacional
Pouco antes dos militares assumirem o poder atrav´s da Revolu¸˜o de 31 de mar¸o de
                                                 e           ca              c
1964, alguns avan¸os haviam sido conquistados na ´rea de tecnologia e ciˆncia no Brasil1 :
                 c                               a                      e

      • Institu´ a FAPESP (Funda¸˜o de Amparo ` Pesquisa do Estado de S˜o Paulo),
               ıda              ca            a                        a
        em 1962.

      • Computadores cient´
                          ıficos haviam sido instalados na USP, ITA e PUC-RJ, entre 1960
        e 1962.

      • Criado o Grupo da Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais (GONAE),
                                a
  1
      Veja lista detalhada das principais empresas estatais criadas e dos principais avan¸os tecnol´gicos
                                                                                         c         o
alcan¸ados nos Anexos
     c
10


        transformado em Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais
                              a                                                       (CNAE) em
        1968.

      • Criado o Conselho Nacional de Telecomunica¸˜es
                                                  co                       (Contel), em 1962.

      • Em 1963, foi criada a Companhia de Explosivos Valpara´
                                                             ıba , com o objetivo
        de fabricar m´
                     ısseis militares e foguetes meteorol´gicos.
                                                         o

      O fato marcante no governo militar (de 1964 a 1984) foi o per´
                                                                   ıodo chamado ”Milagre
Econˆmico”, onde houve grande investimento em infraestrutura, agroind´stria, equipa-
    o                                                                u
mentos, ind´strias de bens dur´veis e de transforma¸˜o. Neste per´
           u                  a                    ca            ıodo foi registrado um
crescimento de 18%a.a. nas ind´strias, com um crescimento de 12% no PIB.
                              u
      Foi neste per´
                   ıodo que mais se investiu em obras de grande porte, rotuladas de ”obras
faraˆnicas”. As principais delas foram a constru¸˜o da Rodovia Transamazˆnica
    o                                           ca                      o
(que ainda hoje n˜o existe, mas onde foram investidos milh˜es de d´lares), Hidrel´trica
                 a                                        o       o              e
de Itaipu (1973, inaugurada em 1982), Empresa Brasileira de Telecomunica¸˜es
                                                                        co
(Embratel, em 1965), Empresa Brasileira de Aeron´utica (Embraer, 1969), Em-
                                                a
presas Nucleares Brasileiras             (Nuclebr´s2 , 1974). Tamb´m foram criadas comiss˜es
                                                 a                e                      o
e conselhos de gest˜o de tecnologia, planos e leis de regulamenta¸˜o da ind´stria tec-
                   a                                             ca        u
nol´gica nacional, como o Plano B´sico de Desenvolvimento Cient´
   o                             a                             ıfico e Tec-
nol´gico (1973), Lei de Reserva de Inform´tica (1984), Centro de Pesquisa e
   o                                     a
Desenvolvimento (CPqD - Telebr´s, 1976), Financiadora de Estudos e Projetos
                              a
(FINEP, 1967).
      Para conseguir produzir toda essa gama de projetos e realiz´-los efetivamente, o Brasil
                                                                 a
contraiu in´meras d´
           u       ıvidas. Todo este panorama de crescimento e a crescente abertura de
empresas estatais para o controle da Tecnologia nacional fez surgir a falsa impress˜o de que
                                                                                   a
o pa´ estava muito bem financeiramente. Por´m, com a crise do Petr´leo e o aumento
    ıs                                    e                      o
internacional de juros na d´cada de 1970, o Brasil parou de crescer e entrou em forte
                           e
recess˜o na d´cada de 1980.
      a      e
  2
      Foi transformada na atual INB - Ind´strias Nucleares Brasileiras, em 1988
                                         u
11


1.4     A pol´
             ıtica de tecnologia no final do s´culo XX
                                             e
Todo o cen´rio protecionista que havia sido criado no pa´ nos cinq¨enta anos anteriores
          a                                             ıs        u
(1930 a 1980), aliado ` forte recess˜o que iniciou-se no final da d´cada de 1970, levaram
                      a             a                             e
o pa´ a adotar pol´
    ıs            ıticas mais brandas no in´ da d´cada de 1990.
                                           ıcio  e
   O governo Collor, em 1991, acelera o fim da reserva de mercado de inform´tica, criada
                                                                          a
dezesseis anos antes. Isto faz com que o mercado brasileiro tenha contato com novas
tecnologias, aumente o consumo de equipamentos, caia os pre¸os em at´ 50% e atinga um
                                                           c        e
volume de vendas, em 1993, de US$10 bilh˜es.
                                        o
   A cria¸˜o do Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia, em 1985, acelera o desenvolvimento
         ca           e         e
tecnol´gico no pa´ Isto se d´, principalmente, com o destino de verba federal para
      o          ıs.        a
o desenvolvimento de tecnologia, investimentos e aumento das linhas de cr´dito para
                                                                         e
pesquisas, cria¸˜o de funda¸˜es com o intuito de realizar pesquisas e aprimoramentos na
               ca          co
a
´rea tecnol´gica.
           o
   A onda de privatiza¸˜es ocorrida, principalmente, na segunda metade da d´cada de
                      co                                                   e
1990, ajudou a acelerar a produ¸˜o tecnol´gica nacional e aumentou o alcance da tecnolo-
                               ca        o
gia para a popula¸˜o. O pa´ sentiu um aumento na mecaniza¸˜o industrial e dom´stica
                 ca       ıs                             ca                  e
e o crescimento na procura por equipamentos eletrˆnicos para uso dom´stico.
                                                 o                  e
   A abertura do pa´ para empresas estrangeiras de tecnologia fez com que algumas
                   ıs
a
´reas de desenvolvimento tecnol´gico nacionais desaparecessem por falta de competitivi-
                               o
dade (como a fabrica¸˜o de pe¸as e chips eletrˆnicos), por´m fez com que algumas delas
                    ca       c                o           e
aumentassem sua capacidade produtiva, chegando a competir no exterior com empresas
de grande porte - caso da Petrobr´s, CPqD (fibra ´ptica e cart˜o telefˆnico magn´tico),
                                 a              o            a       o         e
e do TSE (urna eletrˆnica).
                    o
   Outra medida tomada pelo governo federal na ultima d´cada foi a pol´
                                               ´       e              ıtica de priva-
tiza¸˜o de algumas das principais estatais de tecnologia. O grupo Embratel/ Telebr´s foi
    ca                                                                            a
um dos expoentes da privatiza¸˜o da d´cada de 1990. O intuito era o de melhorar a tec-
                             ca      e
nologia de comunica¸˜es telefˆnicas no pa´ colocando a iniciativa privada para gerenciar
                   co        o           ıs,
as linhas existentes e ampliar o acesso para a popula¸˜o. Isto fez com que aumentasse o
                                                     ca
n´mero de assinantes de linhas telefˆnicas, que tiveram seu custo de instala¸˜o reduzido;
 u                                  o                                       ca
12


ampliou a abrangˆncia da rede de celulares, popularizando-a. Outra consequˆncia da pri-
                e                                                         e
vatiza¸˜o da Telebr´s, transforma¸˜o do CPqD em Funda¸˜o, o que o levou a ampliar
      ca           a             ca                  ca
sua abrangˆncia para outras ´reas de tecnologia como a inform´tica, al´m de ampliar sua
          e                 a                                a        e
carta de clientes para empresas multinacionais, com atua¸˜o no exterior.
                                                        ca
13




Cap´
   ıtulo 2

A inform´tica no Brasil
        a

A hist´ria da inform´tica no Brasil est´ intimamente relacionada ` trajet´ria da Tec-
      o             a                  a                         a       o
nologia pois, de certa forma, o avan¸o tecnol´gico necess´rio em diversas ´reas levou
                                    c        o           a                a
seus pesquisadores a adotar sistemas computacionais e a investir em infraestrutura de
inform´tica para agilizar seus processos e aprimorar as solu¸˜es tecnol´gicas existentes,
      a                                                     co         o
tornando-as mais velozes e mais aptas para o mercado consumidor crescente.
       A partir da d´cada de 1950 come¸am as importa¸˜es de equipamentos de inform´tica,
                    e                 c             co                            a
principalmente por parte de institui¸˜es de ensino e pesquisa. O primeiro computador
                                    co
adquirido pelo governo do estado de S˜o Paulo, por exemplo, foi um Univac (antigo
                                     a
computador a v´lvulas1 ), em 1957.
              a
       Em meados da d´cada de 1970 o Brasil ainda n˜o dominava a tecnologia de fabrica¸˜o
                     e                             a                                  ca
de computadores. Visando esse dom´
                                 ınio, o governo federal decide incluir os computadores
na reserva de mercado. Neste momento, somente o hardware do equipamento est´ sob a
                                                                           a
lei de reserva, que dita regras de controle sobre as importa¸˜es do material, com o objetivo
                                                            co
de incentivar o desenvolvimento desta ind´stria no territ´rio nacional.
                                         u               o
       Em paralelo, o governo cria uma s´rie de ´rg˜os e projetos que se responsabilizar˜o
                                        e       o a                                     a
pelo desenvolvimento da ind´stria de computadores brasileira. Com a rede de incentivos
                           u
   1
       Os computadores atuais s˜o de uma gera¸˜o que substituiu a v´lvula por transistores. Os primeiros
                               a             ca                    a
transistores foram constru´
                          ıdos em 1948, de material semicondutor. Desde ent˜o, esses pequenos disposi-
                                                                           a
tivos eletrˆnicos tem reduzido de tamanho e aumentado seu campo de aplica¸˜es na eletrˆnica.
           o                                                             co           o
14


criada, surge, em 1972, o primeiro computador nacional - o Patinho Feio      - criado por
alunos de p´s-gradua¸˜o da USP.
           o        ca
   As for¸as armadas tinham grande interesse no desenvolvimento de computadores na-
         c
cionais, devido ` sua importˆncia estrat´gica. Com o apoio da Marinha, surge o Projeto
                a           a           e
G-10, desenvolvido pela USP e PUC-RJ, com o objetivo de substituir os equipamentos
eletrˆnicos de bordo por similares nacionais.
     o
   Em 1976, ´ criada a Comiss˜o de Coordena¸˜o das Atividades de Proces-
            e                a             ca
sameno Eletrˆnico
            o            (Capre), com a meta de criar uma pol´
                                                             ıtica para o setor de
Eletrˆnicos e Inform´tica. A primeira a¸˜o da Capre foi oficializar, em 1976 a inclus˜o
     o              a                  ca                                           a
dos minicomputadores e seus perif´ricos na Reserva de Mercado. No governo Figueiredo
                                 e
(1979-1984) a Capre ´ substitu´ pela Secretaria Especial de Inform´tica
                    e         ıda                                 a                (SEI),
cuja principal a¸˜o desembocou na cria¸˜o da Lei de Inform´tica
                ca                    ca                  a             (lei 7232/84), que
determina o controle das importa¸˜es at´ outubro de 1992.
                                co     e
   Em 1984, o avan¸o do mercado de computadores j´ era grande. O Brasil possu´ a
                  c                              a                           ıa
empresa Cobra      (Computadores Brasileiros S/A), que produzia computadores ”100%
nacionais”. O modelo mais famoso produzido pela empresa ´ o Cobra 500. Ainda ´
                                                        e                    e
poss´ encontrar computadores Cobra da d´cada de 1980 em ´rg˜os p´blicos federais.
    ıvel                               e                o a     u
   Seguindo exemplo de outros pa´
                                ıses, o Brasil decide realizar uma pesquisa sobre o
impacto da automa¸˜o dom´stica para a popula¸˜o. Neste momento, o cen´rio no pa´
                 ca     e                   ca                       a         ıs
´ o de in´ da automa¸˜o dom´stica, com a populariza¸˜o de equipamentos eletrˆnicos
e        ıcio       ca     e                       ca                       o
como v´
      ıdeocassetes, e o in´
                          ıcio do uso de outros equipamentos que, mais tarde, ir˜o se
                                                                                a
tornar frequˆntes nos lares brasileiros (lavadoura de roupa, lavadoura de lou¸as, forno de
            e                                                                c
microondas, microsystems, etc). O microcomputador era uma das muitas inova¸˜es que
                                                                          co
invadiam os lares em meados da d´cada de 1980.
                                e
   A pesquisa, realizada pelo governo federal com o apoio da Embratel, uniu 2.140 fun-
cion´rios, p´blicos convidados a participar do programa. Essas pessoas receberam um
    a       u
microcomputador CP500 da Prol´gica que era conectado a um Cobra 500 da Embra-
                             o
tel/RJ atrav´s de um modem 1200bytes/segundo. Os funcion´rios que n˜o possu´
            e                                           a          a       ıam
linha telefˆnica e, portanto, n˜o podiam se conectar ao computador central, utilizavam
           o                   a
15


os programas dispon´
                   ıveis atrav´s de disquetes e fitas cassetes fornecidas pelo projeto.
                              e
      O   Projeto Ciranda        , como foi chamado, trouxe resultados t˜o positivos que
                                                                        a
decidiu-se ampli´-lo, criando o Projeto Cirand˜o que, num primeiro momento voltado
                a                             a
a
` comunidade m´dica (Cirand˜o Sa´de), disponibilizava informa¸˜es referentes ` ´rea de
              e            a    u                            co              aa
Sa´de e contava com duzentos usu´rios. Em setembro de 1985, o projeto j´ contava
  u                             a                                      a
com informa¸˜es de economia, agropecu´ria, legisla¸˜o, cultura, educa¸˜o e turismo. Em
           co                        a            ca                 ca
novembro de 1986 contava com 2.500 assinantes.
      Uma ´rea que se beneficiou rapidamente com a inform´tica e com os resultados do
          a                                             a
Projeto Ciranda foi o Sistema Banc´rio. Em 1986, j´ existiam 7,4 milh˜es de cart˜es
                                  a               a                  o          o
magn´ticos no pa´ al´m de 464 quiosques eletrˆnicos, com 60.600 terminais de atendi-
    e           ıs, e                        o
mento.
      No final da d´cada de 1980, com o in´ da populariza¸˜o dos microcomputadores,
                  e                      ıcio           ca
surgiu, pela primeira vez, a preocupa¸˜o com os direitos autorais do software. Em 1986
                                     ca
o Brasil j´ estava entre os pa´ com o maior n´ de pirataria de software no mundo.
          a                   ıses           ıvel
Surge, ent˜o, o Primeiro Plano Nacional de Inform´tica e Automa¸˜o , que
          a                                      a             ca
contempla a regulamenta¸˜o do com´rcio e direitos de propriedade do software.
                       ca        e
      Apesar de todos os esfor¸os pela cria¸˜o de ind´stria nacional de inform´tica, o Brasil
                              c            ca        u                        a
n˜o conseguiu acompanhar os avan¸os tecnol´gicos de outros pa´
 a                              c         o                  ıses, o que fez com que os
computadores nacionais fossem mais caros e obsoletos em rela¸˜o ao restante do mundo.
                                                            ca
Por isto, o governo Collor decidiu antecipar o fim da reserva de mercado no final de 1991,
criando incentivos para que empresas estrangeiras criassem linhas de produ¸˜o em ter-
                                                                          ca
rit´rio nacional. A SEI ´ convertida em departamento e, posteriormente, na Secretaria
   o                    e
de Pol´
      ıtica de Inform´tica e Automa¸˜o
                     a             ca              (Sepin2 ).
      Com o fim da Reserva de Mercado os pre¸os ca´
                                           c     ıram, em m´dia, 50% em 1992, al´m
                                                           e                    e
de o setor ter aumentado seu faturamento em cerca de 20%, o que culmina em vendas de
US$10 bilh˜es em 1993.
          o
      Foi tamb´m em 1992 que foi criado o Programa Softex (Sociedade para Promo¸˜o
              e                                                                ca
da Excelˆncia do Software Brasileiro) pelo CNPq, com o intuito de estimular a ind´stria
        e                                                                        u
  2
      Governo Itamar Franco (1992-1994)
16


de software no pa´ e, futuramente, export´-lo. Atualmente existem excrit´rios regionais
                 ıs                      a                              o
da Softex espalhados por todo o territ´rio nacional, formando os N´cleos Softex, atuando
                                      o                           u
como apoiadores de empresas de software. A Softex possui um programa de incuba¸˜o
                                                                              ca
de empresas, destinado a dar apoio financeiro e administrativo `s empresas iniciantes no
                                                              a
mercado de software, com vistas de reduzir o ´
                                             ındice de falˆncia de empresas neste setor.
                                                          e
A incuba¸˜o consiste em uma s´rie de apoios administrativos e fiscais, al´m de incentivos
        ca                   e                                          e
fiscais e provimento de infraestrutura a custos reduzidos.
   A mais nova a¸˜o do governo federal para incentivar as empresas de inform´tica no
                ca                                                          a
pa´ foi a nova Lei de Inform´tica (11077/04), que prorroga a redu¸˜o do IPI incidente
  ıs                        a                                    ca
nos produtos de inform´tica at´ 2019, estipula que 5% do faturamento da empresa seja
                      a       e
destinado a pesquisa e desenvolvimento, aumenta o incentivo de investimento para as
regi˜es Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre outras medidas.
    o
17




Cap´
   ıtulo 3

As t´ticas de incentivo ` tecnologia
    a                   a
nacional

Nos ultimos cinq¨enta anos, o Brasil investiu muito em desenvolvimento de tecnologia
    ´           u
nacional. Isto implicou na cria¸˜o de diversos ´rg˜os, centros de pesquisa, linhas de
                               ca              o a
cr´dito, programas de apoio ao desenvolvimento, universidades p´blicas, forma¸˜o de
  e                                                            u             ca
pesquisadores, cria¸˜o de empresas de tecnologia nacionais, al´m de uma legisla¸˜o es-
                   ca                                         e                ca
pec´
   ıfica para abordar as nuances da ind´stria de tecnologia.
                                      u
   Diversos meios est˜o dispon´
                     a        ıveis para se conseguir o acesso `s linhas de cr´dito, ca-
                                                               a              e
pacita¸˜o e apoio ` pequena empresa. Por´m, e assim como em todas as ´reas de co-
      ca          a                     e                            a
nhecimento, existe uma grande dificuldade na divulga¸˜o de tais programas e linhas de
                                                   ca
fomento existentes. Dessa forma, apenas as maiores apoiadoras permanecem conhecidas
pelo p´blico e sofrendo grande concorrˆncia por seu n´mero limitado de bolsas de apoio,
      u                               e              u
enquanto outras continuam no anonimato.
   Existe uma s´rie de programas dispon´
               e                       ıveis no Brasil para o apoio ` pesquisa na ´rea de
                                                                    a             a
Ciˆncia e Tecnologia. Estes programas se apresentam como Linhas de Cr´dito, Programas
  e                                                                  e
de Amparo ` Pesquisa, Apoio ` empresas de Tecnologia, redes de financiamentos com
          a                 a
recursos nacionais e internacionais.
   Outra maneira muito eficaz de investir em desenvolvimento da tecnologia nacional, e
que est´ sendo adotado com uma frequˆncia cada vez maior em todo o pa´ ´ a cria¸˜o
       a                            e                                ıs, e     ca
18


de P´los Tecnol´gicos. Estes p´los s˜o, em geral, regi˜es onde as empresas de tecnolo-
    o          o              o     a                 o
gia podem se estabelecer para atuar em suas ´reas e com seu foco de mercado. Podem
                                            a
ser formados por empresas de qualquer porte al´m de possuir suas pr´prias incubadoras,
                                              e                    o
que se encarregam de apoiar na cria¸˜o e manuten¸˜o de novas empresa de tecnologia.
                                   ca           ca
Existem atualmente no Brasil p´los tecnol´gicos em Campinas/SP, Rio Grande/RS, Blu-
                              o          o
menau/SC, entre outros, al´m de novas cria¸˜es como em Sobral/CE, com previs˜o para
                          e               co                                a
implanta¸˜o completa em dois anos, segundo not´ da Agˆncia CT de 13/05/20041 .
        ca                                    ıcia   e
      O Brasil tamb´m tem tomado medidas de amplia¸˜o do acesso ` tecnologia, principal-
                   e                              ca            a
mente de inform´tica, apoiando projetos de Inclus˜o Digital e de produ¸˜o de computa-
               a                                 a                    ca
dores de baixo custo.



3.1        Centros de pesquisa e desenvolvimento tecnol´-
                                                       o
           gico
Apesar da pesquisa tecno-cient´
                              ıfica no Brasil ainda ser recente e pouco valorizada, existe
uma grande variedade de institutos e centros de pesquisa de nome reconhecido no pa´ e,
                                                                                  ıs
em alguns casos, no exterior. Em geral, as universidades p´blicas s˜o reconhecidas pela
                                                          u        a
sua capacidade em pesquisa e possuem verbas p´blicas destinadas ao fomento de seus
                                             u
projetos mais importantes.
      Por´m ainda existe um grande preconceito da iniciativa privada em patrocinar pesquisas,
         e
pois in´meros dos projetos de pesquisa apresentados anualmente n˜o ofertam resulta-
       u                                                        a
dos que possam ser aplicados no cotidiano da maioria das pessoas. Independente desse
fator, diversas pesquisas importantes para a comunidade s˜o realizadas anualmente, e
                                                         a
contribuem para refletir sobre os problemas existentes e encontrar solu¸˜es para eles.
                                                                      co
      O Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia (MCT) indica os seguintes centros de pesquisa
              e         e
no pa´ que atuam em diversas ´reas da ciˆncia e tecnologia:
     ıs,                     a          e

      • Agˆncia Espacial Brasileira (AEB) - Bras´
          e                                     ılia/DF
  1
      Sobral, no Cear´, ter´ p´lo tecnol´gico
                     a     a o          o       (THOMASI)
19


   • Centro Brasileiro de Pesquisas F´
                                     ısicas (CBPF) - Rio de Janeiro/RJ

   • Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) - Campinas/SP

   • Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) - Rio de Janeiro/RJ

   • Comiss˜o Nacional de Energia Nuclear (CNEN) - Rio de Janeiro/RJ
           a

   • Instituto Brasileiro de Informa¸˜o em Ciˆncia e Tecnologia (IBICT) - Bras´
                                    ca       e                                ılia/DF

   • Instituto Nacional de Pesquisas da Amazˆnia (INPA) - Manaus/AM
                                            o

   • Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - S˜o Jos´ dos Campos/SP
                                                         a     e

   • Instituto Nacional de Tecnologia (INT) - Rio de Janeiro/RJ

   • Laborat´rio Nacional de Astrof´
            o                      ısica (LNA) - Itajub´/MG
                                                       a

   • Laborat´rio Nacional de Computa¸˜o Cient´
            o                       ca       ıfica (LNCC) - Petr´polis/RJ
                                                               o

   • Observat´rio Nacional (ON) - Rio de Janeiro/RJ
             o

   Al´m desses institutos, existem organiza¸˜es voltadas ` pesquisa como, por exemplo,
     e                                     co            a
Associa¸˜o Brasileira de Tecnologia Luz S´
       ca                                ıncrotron - ABTLus                (LNLS), em
Campinas/SP. O LNLS oferece laborat´rios e equipamentos aos cientistas e pesquisadores
                                   o
nas ´reas de F´
    a         ısica, Qu´
                       ımica, Engenharia de Materiais, Meio Ambiente e Ciˆncias da
                                                                         e
Vida, al´m de outras, visando competitividade e desenvolvimento da tecnologia nacional.
        e
O laborat´rio recebe recursos do MCT e participa de eventos nacionais para divulga¸˜o
         o                                                                        ca
da ciˆncia, como a mostra de nanotecnologia aberta ao p´blico infantil na cidade de
     e                                                 u
Campinas nos meses de maio e junho de 2005.
   As Universidades Federais tamb´m tem reconhecimento nacional e internacional em
                                 e
suas pesquisas. No estado de S˜o Paulo, as trˆs universidades estaduais (USP, Unesp
                              a              e
e Unicamp) tamb´m ofertam espa¸o para pesquisa, possuindo verba exclusiva para esta
               e              c
atividade. As universidades tˆm atuado como catalisadoras de pesquisadores e temas para
                             e
pesquisa, muitas vezes baseando-se nas necessidades regionais para suas tem´ticas.
                                                                           a
20


   A universidade e centros de pesquisa influenciam a regi˜o onde atuam, trazendo n˜o
                                                         a                        a
somente tecnologia mas tamb´m ferramentas para melhorar o aspecto regional de determi-
                           e
nada tarefa. Mas as caracter´
                            ısticas da popula¸˜o e da zona industrial tamb´m influenciam
                                             ca                           e
nesses ´rg˜os. Um bom exemplo disso ´ o patroc´ oferecido pela iniciativa privada para
       o a                          e         ınio
a cria¸˜o de cursos para a forma¸˜o de profissionais que est˜o em falta na regi˜o.
      ca                        ca                         a                  a
   No Vale do Rio S˜o Francisco, na Bahia, onde atualmente est˜o concentradas as
                   a                                          a
maiores planta¸˜es de frutas tropicais e vin´
              co                            ıculas com fins de exporta¸˜o, foi criado um
                                                                     ca
centro de pesquisa e forma¸˜o de profissionais em enologia (estudo e conhecimento de
                          ca
vinhos). Isto se tornou necess´rio quando as empresas da regi˜o decidiram agregar valor
                              a                              a
em seus produtos. Dessa forma, foi investido em pesquisa para descobrir qual a variedade
de uva adequada ao clima e ao produto que se desejava produzir. Este estudo foi auxil-
iado pela Embrapa (´rg˜o federal para a pesquisa agropecu´ria, que realiza pesquisas e
                   o a                                   a
desenvolvimento de solu¸˜es de acordo com as caracter´
                       co                            ısticas da regi˜o em que se encontra
                                                                    a
(existem escrit´rios regionais da Embrapa espalhados por todo o pa´
               o                                                  ıs)).



3.2     Fontes de financiamento
Atualmente existe uma grande variedade de fontes de financiamento de diversas origens,
desde programas do MCT e linhas de cr´dito oferecidas por bancos oficiais at´ fontes de
                                     e                                     e
financiamento internacionais.
   O MCT possui a Assessoria de Capta¸˜o de Recursos (ASCAP) que trabalha con-
                                     ca
tinuamente na identifica¸˜o de potenciais fontes de financiamento e na manuten¸˜o das
                       ca                                                   ca
linhas existentes. Tamb´m atua na mobiliza¸˜o dessas fontes para o apoio ` programas e
                       e                  ca                             a
projetos de relevˆncia regional ou nacional.
                 a
   O MCT tamb´m oferece fundos de financiamento setoriais, ou seja, cada ´rea de C&T
             e                                                          a
possui um ´rg˜o gestor para fontes de financiamento e apoio respons´vel por gerenciar
          o a                                                     a
todos os processos envolvidos no financiamento de pesquisa e desenvolvimento. As ´reas
                                                                                a
de Aeron´utica, Energia, Infraestrutura e Sa´de s˜o algumas das ´reas que possuem fundo
        a                                   u    a              a
setorial no MCT.
21


      Tamb´m existem dispon´
          e                ıveis linhas de cr´dito em bancos oficiais no Brasil. BDES,
                                             e
Banco do Brasil (BNB), Banco da Amazˆnia (BASA) e Banco do Nordeste (BNB) ofere-
                                    o
cem programas para diversos neg´cios e mercados diferentes2 , entre eles est˜o os relaciona-
                               o                                            a
dos ao apoio ` exporta¸˜o (PROEX3 - BB, FNO4 - BASA), desenvolvimento tecnol´gico
             a        ca                                                    o
(FUNDECI5 - BNB, PRODETEC6 - BNB) e empreendedorismo (FINEM7 - BNDES),
al´m do SEBRAE (Servi¸o Brasileiro de Apoio `s Micro e Pequenas Empresas) que atua
  e                  c                      a
no apoio, capacita¸˜o e orienta¸˜o para as micro e pequenas empresas nacionais.
                  ca           ca



3.3        Programas de Amparo ` Pesquisa e de Apoio `
                               a                     a
           Empresa de Tecnologia
Conforme informa¸˜es do pr´prio Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia, descrito em seu
                co        o           e         e
endere¸o eletrˆnico na Internet, existem linhas de fomento com o intuito de promover
      c       o
o desenvolvimento cient´
                       ıfico-tecnol´gico do pa´ Estas linhas de fomento est˜o em con-
                                  o          ıs.                          a
formidade com as pol´
                    ıticas setoriais e regionais orientadas pelo governo, visando atender
a
`s demandas da comunidade cient´
                               ıfica, apoio ao desenvolvimento tecnol´gico e inova¸˜o
                                                                    o            ca
tecnol´gica oferecida pelo setor privado.
      o
      As Funda¸˜es de Amparo ` Pesquisa (FAP’s) federais e estaduais atuam como apoiado-
              co             a
ras dos projetos de pesquisa no territ´rio nacional, oferecendo bolsas aux´ para os
                                      o                                   ılio
pesquisadores que tˆm seus projetos aprovados. A maioria dos estados brasileiros pos-
                   e
suem uma FAP que atua, principalmente, dentro das universidades e institutos de pesquisa
do estado. Em S˜o Paulo, existe a FAPESP, trabalhando em todas as ´reas de Ciˆncia e
               a                                                  a          e
Tecnologia concedendo bolsas e aux´ ` manuten¸˜o dos projetos aprovados. Em geral,
                                  ılio a     ca
as FAP’s recebem grande quantidade de projetos solicitando apoio financeiro. Por conta
  2
      Para a lista completa das linhas de cr´dito, ver em Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia: Linhas de
                                            e                   e         e
Cr´dito, dispon´ em http://www.mct.gov.br/Fontes/credito/Default.htm
  e            ıvel
   3
     Programa de Financiamento `s Exporta¸˜es
                               a           co
   4
     Programa de Apoio ` Exporta¸˜o
                       a         ca
   5
     Fundo de Desenvolvimento Cient´ıfico e Tecnol´gico
                                                 o
   6
     Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnol´gico
                                                   o
   7
     Financiamento ` Empreendimentos
                    a
22


disto e pelo fato de que a verba existente para este fim ´ limitada, ´ necess´rio fazer uma
                                                        e           e       a
sele¸˜o entre os projetos apresentados.
    ca
      Tamb´m existem funda¸˜es federais de amparo ` pesquisa:
          e               co                      a                          Funda¸˜o Banco do
                                                                                  ca
Brasil (FBB) e Funda¸˜o Coordena¸˜o de Aperfei¸oamento de Pessoal de N´
                    ca          ca            c                       ıvel
Superior (CAPES). A FBB atua em diversas ´reas, patrocinando projetos, pesquisas e
                                         a
eventos s´cio-culturais. No ˆmbito da ciˆncia e tecnologia atua na promo¸˜o de pesquisas,
         o                  a           e                               ca
difus˜o de conhecimento e transferˆncia tecnol´gica. A CAPES atua como as FAP’s
     a                            e           o
estaduais, por´m com o objetivo de formar profissionais qualificados para docˆncia e
              e                                                            e
pesquisa e para suprir a demanda profissional dos setores p´blico e privado.
                                                          u
      Outros programas de apoio ` tecnologia est˜o dispon´
                                a               a        ıveis em diversas regi˜es do pa´
                                                                               o        ıs.
O Programa Sociedade para Promo¸˜o da Excelˆncia do Software Brasileiro
                               ca          e
(SOFTEX), por exemplo, atua como incubadora de empresas desenvolvedoras de software,
oferecendo financiamento, orienta¸˜o profisional em diversas ´reas da administra¸˜o de
                                ca                         a                  ca
empresas e infraestrutura necess´ria para o desenvolvimento da empresa. Seu programa
                                a
consiste em aprova¸˜o de um projeto de cria¸˜o de empresa e um prazo m´ximo de in-
                  ca                       ca                         a
cuba¸˜o (per´
    ca      ıodo em que o programa oferecer´ todo o apoio necess´rio, incluindo redu¸˜o
                                           a                    a                   ca
de custos de infraestrutura).
      Al´m desses8 , existem programas voltados ` inova¸˜o tecnol´gica nas micro e pequenas
        e                                       a      ca        o
ind´strias (ALFA), dissemina¸˜o da Internet (RNP), incentivos fiscais ` ind´stria (PDTI)
   u                        ca                                       a    u
e capacita¸˜o tecnol´gica (PADCT).
          ca        o
      Fundos internacionais tamb´m atuam no Brasil para o amparo ` pesquisa.
                                e                                a                                Um
dels ´ o Global Environment Facility (GEF - Fundo Global para o Meio Ambiente)
     e
que atua fornecendo ”recursos adicionais a projetos que beneficiem o meio ambiente
global”(Minist´rio da Ciˆncia e Tecnologia)9 .
              e         e




  8
      Para todos os programas dispon´
                                    ıveis, ver em Minist´rio da Ciˆncia e Tecnologia: Programas do MCT,
                                                        e         e
dispon´ em http://www.mct.gov.br/Fontes/Prog CT/Default.htm
      ıvel
   9
     Mais informa¸˜es, acesse http://www.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/Default.htm
                 co                                                                                 ou
http://www.gefweb.org
23




Conclus˜o
       a
   Como pudemos observar, v´rias tentativas de introduzir inova¸˜es tecnol´gicas no
                           a                                   co         o
Brasil foram abortadas logo no in´ do projeto, desde o imp´rio. Se considerarmos o
                                 ıcio                     e
Brasil no per´
             ıodo de colˆnia, a tecnologia inserida na ´poca foi a m´
                        o                              e            ınima necess´ria para
                                                                                a
as transa¸˜es de exporta¸˜o de mat´ria-prima, importa¸˜o de manufaturados e transporte
         co             ca        e                  ca
de escravos e colonos.
   Um dos expoentes da ind´stria brasileira durante o Brasil Imp´rio foi Bar˜o de
                          u                                     e           a
Mau´, um grande empreendedor que n˜o teve a devida aten¸˜o da corte, por acharem
   a                              a                    ca
desnecess´rias as ind´strias nacionais e a introdu¸˜o de vias de transporte entre a corte e
         a           u                            ca
o interior do pa´ Depois dele, somente no in´ do s´culo XX ´ que surgem as primeiras
                ıs.                         ıcio  e        e
ind´strias e associa¸˜es industriais. Por´m, a grande maioria delas era dirigida por imi-
   u                co                   e
grantes. Por isto, essas ind´strias n˜o eram consideradas nacionais e n˜o eram inclu´
                            u        a                                 a            ıdas
nos censos industriais da ´poca.
                          e
   Assim, a ind´stria nacional iniciou-se realmente na d´cada de 1940, atrasada quase
               u                                        e
dois s´culos em rela¸˜o ` Europa. O movimento brasileiro em dire¸˜o ` ind´stria se deve
      e             ca a                                        ca a     u
a fatores pol´
             ıticos (o protecionismo federal em rela¸˜o ` cafeicultura impedia que o pa´
                                                    ca a                               ıs
se desenvolvesse), sociais (as condi¸˜es de vida urbana eram question´veis) e tecnol´gica
                                    co                               a              o
(eletricidade e telefonia ajudaram a impulsionar a ind´stria). A Revolu¸˜o de 1930 foi
                                                      u                ca
decisiva para tirar o foco do governo brasileiro ` agricultura cafeeira, mudando-o para a
                                                 a
ind´stria rec´m iniciada.
   u         e
   Por conta de seu atraso tecnol´gico, o Brasil se viu obrigado a importar a tecnologia
                                 o
existente em outros pa´
                      ıses, mas sempre manteve como meta a cria¸˜o de sua pr´pria
                                                               ca           o
tecnologia. Essa vis˜o de possuir uma tecnologia genuinamente brasileira fez com que
                    a
diversos governantes tomassem posturas protecionistas ` ind´stria. O protecionismo foi
                                                      a    u
aplicado em muitas ´pocas e, para algumas ind´strias, durou mais de dezesseis anos (caso
                   e                         u
24


da infom´tica).
        a
   O protecionismo se mostrou, na maioria dos casos, uma op¸˜o com resultados ruins
                                                           ca
para a tecnologia nacional. A id´ia de que dificultar a importa¸˜o de produtos poderia
                                e                             ca
ajudar no crescimento da mesma tecnologia em territ´rio nacional, fez com que se optasse
                                                   o
por tal a¸˜o e, apesar disto, a tecnologia nacional n˜o cresceu da maneira prevista na teo-
         ca                                          a
ria. Isto porque com a falta do produto no mercado interno n˜o era poss´ aos cientistas
                                                            a          ıvel
o contato com a tecnologia. Isto acarretou atrasos tecnol´gicos ainda maiores e fez com
                                                         o
que as empresas que trabalhavam com esses materiais simplesmente desaparessecem ap´s
                                                                                  o
o fim das pol´
            ıticas de protecionismo.
   Atualmente, o governo federal tem tomado a¸˜es que previnam a falta de mercadoria de
                                             co
alta tecnologia no mercado nacional, a amplia¸˜o do mercado consumidor e o crescimento
                                             ca
da ind´stria de tecnologia, apoiando empresas nacionais sem aplicar o protecionismo
      u
radical usado at´ a d´cada de 1990. Investimentos em universidades, aumento de verbas
                e    e
para pesquisa, projetos de apoio financeiro e administrativo ` empresas e incentivos fiscais
                                                            a
s˜o algumas das a¸˜es que o governo brasileiro tem tomado para beneficiar a ind´stria
 a               co                                                           u
nacional de tecnologia.
   Podemos perceber, atualmente, que essas medidas tem trazido resultados positivos,
observando o crescente n´mero de empresas de tecnologia, a forma¸˜o de P´los de Tec-
                        u                                       ca      o
nologia em todo o territ´rio nacional e a grande quantidade de projetos e linhas de cr´dito
                        o                                                             e
oferecidas pelo Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia, atrav´s de seus parceiros nacionais e
                      e         e                        e
internacionais.
25




Anexo A: Cronologia Brasil - Princi-
pais fatos da Evolu¸˜o Tecnol´gica e
                   ca        o
Cient´ıfica
 • 1887: Instituto Agronˆmico de Campinas (IAC)
                        o

 • 1921: Cria¸˜o da Esta¸˜o Experimental de Combust´
             ca         ca                         ıveis e Min´rios - Minist´rio da
                                                              e             e
   Agricultura

                                  ´
 • 1933: Instituto do A¸ucar e do Alcool
                       c´

 • 1948: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciˆncia (SBPC)
                                                    e

 • 1947: Instituto Tecnol´gico da Aeron´utica (ITA)
                         o             a

 • 1949: Centro de Pesquisas F´
                              ısicas

 • 1950: Centro T´cnico da Aeron´utica (CTA)
                 e              a

 • 1951: Coordena¸˜o de Aperfei¸oamento de Pessoal de N´ Superior (Capes)
                 ca            c                       ıvel

 • 1951: Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq)

 • 1954: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazˆnia (INPA)
                                                o

 • 1956: Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN)

 • 1957: Instituto de Energia Atˆmica (IEA)
                                o

 • 1960: Instituto de Tecnologia de Alimento (ITAL)

 • 1961: Funda¸˜o de Amparo ` Pesquisa do Estado de S˜o Paulo (FAPESP)
              ca            a                        a
26


       • 1968: Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais (CNAE)10
                     a

       • 1962: Conselho Nacional de Telecomunica¸˜es
                                                co

       • 1969: Instituto de Pesquisas Espaciais

       • 1973: Plano B´sico de Desenvolvimento Cient´
                      a                             ıfico e Tecnol´gico
                                                                 o

                                 ´
       • 1974: Plano Nacional de Alcool (Pro´lcool)
                                            a

       • 1984: Lei da Reserva de Inform´tica
                                       a

       • 1985: Cria¸˜o do Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia11
                   ca           e         e




  10
       Originou-se do Grupo da Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais, criado em 1961
                                     a
  11
       Antes da cria¸˜o do MCT todos os assuntos referentes ` ciˆncia e tecnologia eram tratados por uma
                    ca                                      a e
secretaria especial ligada ao gabinete do presidente da Rep´blica
                                                           u
27




Anexo B: Cronologia Brasil - Princi-
pais Estatais de Tecnologia
     • 1934: Universidade de S˜o Paulo (USP)
                              a

     • 1946: Companhia Sider´rgica Nacional (CSN)
                            u

     • 1949: F´brica Nacional de Motores
              a

     • 1953: Petr´leo Brasileiro (Petrobr´s)
                 o                       a

     • 1963: Companhia de Explosivos Valpara´
                                            ıba

     • 1964: Empresa Brasileira de Telecomunica¸˜es (Embratel)
                                               co

     • 1967: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

     • 1969: Empresa Brasileira de Aeron´utica (Embraer)
                                        a

     • 1972: Empresa Brasileira de Agropecu´ria (Embrapa)
                                           a

     • 1972: Refinaria de Paul´
                             ınia / SP

     • 1974: Empresas Nucleares Brasileiras (Nuclebr´s12 )
                                                    a

     • 1976: Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica¸˜es (CPqD)
                                                                 co

     • 1976: Universidade Estadual Paulista ”J´lio de Mesquita Filho”(Unesp)
                                              u




12
     Foi transformada na atual INB - Ind´strias Nucleares Brasileiras, em 1988
                                        u
28




Gloss´rio
     a

 • Absolutismo : (1) ´ uma teoria pol´
                     e               ıtica que defende que uma pessoa (em geral, um
   monarca) deve deter todo o poder. Esta id´ia recebe freq¨entemente a designa¸˜o
                                            e              u                   ca
   de ”Direito Divino dos Reis”, implicando que a autoridade do governante emana
   diretamente de Deus. (Wikipedia)

   (2) Sistema de governo no qual o poder ´ centralizado na figura do governante, t´
                                          e                                       ıpico
   da Europa dos s´culos XVII e XVIII. A hegemonia est´ nas m˜os dos reis, que re-
                  e                                   a      a
   alizam a centraliza¸˜o administrativa, constituem ex´rcitos permanentes, criam a
                      ca                               e
   burocracia e a padroniza¸˜o monet´ria e fiscal, procuram estabelecer as fronteiras
                           ca       a
   de seus pa´
             ıses e promovem pol´
                                ıticas mercantilistas e coloniais. Tamb´m institu-
                                                                       e
   cionalizam a Justi¸a, acima do fragmentado sistema judici´rio feudal. (Wikipedia)
                     c                                      a

 • Ciˆncia : (1) do latim scientia , conhecimento.
     e
       ´
   (2) E o conjunto de informa¸˜es sobre a realidade acumuladas pelas v´rias gera¸˜es
                              co                                       a         co
   de investigadores depois de devidamente validadas pelo m´todo cient´
                                                           e          ıfico. Tamb´m
                                                                                e
   se designa por ciˆncia o processo de recolha e valida¸˜o de informa¸˜es sobre a real-
                    e                                   ca            co
   idade. A ciˆncia procura estudar a realidade. Os cientistas partem do princ´ que
              e                                                               ıpio
   existe uma realidade f´
                         ısica externa ` mente humana (realismo) e que essa realidade
                                       a
   pode ser determinada, pelo menos de uma forma deturpada, atrav´s dos sentidos
                                                                 e
   (empirismo). (Wikipedia)

 • Coronelismo : (1) ´ um termo que foi criado para designar alguns h´bitos pol´
                     e                                               a         ıticos
   e sociais que ocorrem no meio rural brasileiro, onde os grandes latifundi´rios ainda
                                                                            a
   s˜o chamados de coron´is no interior remoto do Brasil. Estes exercem o dom´
    a                   e                                                    ınio
29


  absoluto sobre os agregados que vivem em suas terras ou delas dependem para
  sobreviver. (Wikipedia)

  (2) No Brasil ´ s´
                e ımbolo de autoritarismo e impunidade. Suas pr´ticas remontam do
                                                               a
  caudilhismo e do caciquismo que prov´m dos tempos da coloniza¸˜o do Brasil, gan-
                                      e                        ca
  hando for¸a na ´poca do primeiro imp´rio chegando ao final do s´culo XX tomando
           c     e                    e                         e
  conta da cena pol´
                   ıtica brasileira. (Wikipedia)

• Crise Econˆmica de 1929 : in´
            o                 ıcio da crise financeira norte-americana, sim-
  bolizada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, a mais importante do
  mundo. Esta crise tem suas ra´ na super produ¸˜o das ind´strias norte-americanas
                               ızes            ca         u
  devido ao seu papel de fornecedor de produtos para a Europa no p´s Primeira
                                                                  o
  Guerra Mundial que culminou, em 1929, em saturamento das empresas que n˜o
                                                                         a
  tinham como dar vaz˜o ` sua produ¸˜o. A crise econˆmica, que colocou os Estados
                     a a           ca               o
  Unidos da Am´ria em uma grande depress˜o, atingiu in´meros pa´
              e                         a             u        ıses no mundo
  todo, incluindo o Brasil, de forma catastr´fica.
                                            o

• Descontinuar : parar de fabricar um produto devido ` existˆncia de outros su-
                                                     a      e
  periores que fazem com que o primeiro seja sup´rfluo ou tenha sua produ¸˜o mais
                                                e                       ca
  cara que seus sucessores.

• Fascismo : Segundo artigo da Wikipedia, a palavra fascismo ´ utilizada para
                                                             e
  identificar qualquer sistema de governo semelhante ao de Mussolini, o qual exaltava
  a na¸˜o e muitas vezes a ra¸a acima do indiv´
      ca                     c                      ´
                                              ıduo. E aplicada de forma menos
  expl´
      ıcita que o nazismo, empregando uma arregimenta¸˜o econˆmica e social severa,
                                                     ca      o
  e sustentando o nacionalismo e, por vezes, o nacionalismo ´tnico.
                                                            e

• Industrializa¸˜o : Processo social e econˆmico que visa aumentar a rentabili-
               ca                          o
  dade dos meios de produ¸˜o e de troca, tornando-os independentes dsos progres-
                         ca
  sos cient´
           ıficos e da hierarquiza¸˜o da estrutura social. Processo de transforma¸˜o
                                 ca                                             ca
  social e econˆmica, marcado pela concentra¸˜o urbana, pela r´pida mudan¸a tec-
               o                            ca                a          c
  nol´gica, pela especializa¸˜o profissional, pela estratifica¸˜o social e pela modifica¸˜o
     o                      ca                              ca                       ca
  na rela¸˜o entre os rendimentos. (LAROUSSE)
         ca
30


• IPI : Imposto sobre Produtos Industrializados.

• Mecaniza¸˜o : Emprego generalizado de m´quinas em substitui¸˜o ao uso de
          ca                             a                   ca
  m˜o-de-obra. (LAROUSSE)
   a

• PIB : Produto Interno Bruto. Valor de todos os bens e servi¸os produzidos por
                                                             c
  um pa´ em dado per´
       ıs           ıodo. (LAROUSSE)

• Protecionismo : Sistema pol´
                             ıtico-econˆmico que consiste em proteger a agri-
                                       o
  cultura, o com´rcio ou a ind´stria de um pa´ contra a concorrˆncia estrangeira,
                e             u              ıs                e
  por meio de um conjunto de medidas como limita¸˜o das importa¸˜es pela insti-
                                                ca             co
  tui¸˜o de tarifas alfandeg´rias ou pela subordina¸˜o ao sistema de licen¸a pr´via
     ca                     a                      ca                     c    e
  de importa¸˜o; incentivo ` exporta¸˜o pela libera¸˜o de pagamento de impostos;
            ca             a        ca             ca
  estabelecimento de controle cambial. (LAROUSSE)

• Revolu¸˜o Constitucionalista de 1932 : Movimento social que tinha por ob-
        ca
  jetivo inicial cobrar do presidente Get´lio Vargas providˆncias quanto ` nova Con-
                                         u                 e             a
  stitui¸˜o que ele havia prometido no in´ de seu governo. O movimento fugiu do
        ca                               ıcio
  controle e acabou se transformando em luta armada, ap´s uma manifesta¸˜o estu-
                                                       o               ca
  dantil onde morreram quatro jovens, cujos nomes formam a sigla MMDC (Martins,
  Miragaia, Dr´usio e Camargo).
              a

• Revolu¸˜o de 1930 : Movimento pol´
        ca                         ıtico que uniu tenentes (que se viam marginal-
  izados) e jovens da oligarquia dissidente, formando uma luta armada contra as
  condi¸˜es pol´
       co      ıtico-econˆmicas do pa´ Uma s´rie de acontecimentos propiciaram
                         o           ıs.    e
  tal movimento, dentre eles a grave crise econˆmica na qual o pa´ se encontrava, os
                                               o                 ıs
  baixos incentivos `s ind´strias e o protecionismo da ind´stria cafeeira. Seu resul-
                    a     u                               u
  tado imediato foi a institui¸˜o do que seria denominado Estado Novo, com Get´lio
                              ca                                              u
  Vargas como presidente da na¸˜o.
                              ca

• Revolu¸˜o Industrial : express˜o utilizada para designar um conjunto de trans-
        ca                      a
  forma¸˜es econˆmicas, sociais e tecnol´gicas que teve in´
       co       o                       o                 ıcio na Inglaterra, na se-
  gunda metade do s´culo XVIII. (FIGUEIRA, 2001)
                   e
31


• Tecnologia : Termo usado para atividades de dom´
                                                 ınio humano, embasada no
  conhecimento, manuseio de um processo e ou ferramentas e que tem a possibili-
  dade de acrescentar mudan¸as aos meios por resultados adicionais a competˆncia
                           c                                               e
  natural. Proporcionando desta forma, uma evolu¸˜o na capacidade das atividades
                                                ca
  humanas, desde os prim´rdios do tempo, e historicamente relatadas como revolu¸˜es
                        o                                                      co
  tecnol´gicas. (Wikipedia)
        o

                                     ´ a
• TSE : Tribunal Superior Eleitoral. Org˜o do governo federal brasileiro respons´vel
                                                                                a
  pela organiza¸˜o e condu¸˜o dos processos eleitorais para cargos legislativos e ex-
               ca         ca
  ecutivos em todo o territ´rio nacional, nos ˆmbitos federal, estadual e municipal.
                           o                  a
  Possui escrit´rios regionais espalhados por todos os munic´
               o                                            ıpios, os TREs (Tribunais
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Incentivos do governo Brasileiro em Tecnologia

  • 1. Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Centro Superior em Educa¸˜o Tecnol´gica - CESET ca o Incentivos do governo Brasileiro em Tecnologia Vanessa Oliveira Campos - 036372 Limeira 2005
  • 2. i Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Centro Superior em Educa¸˜o Tecnol´gica - CESET ca o Incentivos do governo Brasileiro em Tecnologia Vanessa Oliveira Campos - 036372 Orientador: Arnaldo Jorge de Almeida Jr Limeira 2005
  • 3. ii ”Efetivamente, para o homem, enquanto homem, nada tem valor a menos que ele possa executa-lo com entusiasmo” Max Weber
  • 4. iii Sum´rio a Resumo v Introdu¸˜o ca 1 1 A tecnologia no Brasil 4 1.1 O processo de industrializa¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ca 5 1.2 A ind´stria depois da Crise de 1929 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . u 7 1.3 Os militares e a tecnologia nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.4 A pol´ ıtica de tecnologia no final do s´culo XX . . . . . . . . . . . . . . . . 11 e 2 A inform´tica no Brasil a 13 3 As t´ticas de incentivo ` tecnologia nacional a a 17 3.1 Centros de pesquisa e desenvolvimento tecnol´gico . . . . . . . . . . . . . . 18 o 3.2 Fontes de financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.3 Programas de Amparo ` Pesquisa e de Apoio ` Empresa de Tecnologia . . 21 a a Conclus˜o a 23 Anexo A: Cronologia Brasil - Principais fatos da Evolu¸˜o Tecnol´gica e ca o Cient´ ıfica 25 Anexo B: Cronologia Brasil - Principais Estatais de Tecnologia 27 Gloss´rio a 28
  • 6. v Resumo O atraso tecnol´gico sentido no pa´ se deve a in´meros fatores hist´ricos, tal qual o ıs u o o fato de o pa´ ter sido colˆnia de Portugal durante mais de trezentos anos ou o de ıs o ter sido o ultimo pa´ a abolir oficialmente o trabalho escravo em seu territorio. Por´m, ´ ıs e muitas a¸˜es foram tomadas durante o s´culo XX que fizeram com que o pa´ sa´ co e ıs ıssem do ostracismo tecnol´gico e come¸asse a competir igualmente com outros pa´ o c ıses, com seus institutos de pesquisa reconhecidos internacionalmente. Caminhando atrav´s de pouco mais de cem anos de hist´ria do Brasil, passando por e o duas ditaduras e diversas revolu¸˜es, chegamos ao s´culo XXI com empresas estatais de co e alta tecnologia, crescentes p´los tecnol´gicos, redes de apoio ` pequena empresa, e a o o a cria¸˜o de produtos tecnol´gicos nacionais e sua exporta¸˜o. ca o ca O objetivo deste trabalho ´ mostrar, em seus trˆs cap´ e e ıtulos, a trajet´ria da ind´stria o u de tecnologia no pa´ incluindo a ind´stria de inform´tica, desde o final do s´culo XIX ıs, u a e at´ o in´ do s´culo XXI. O trabalho apresenta Introdu¸˜o, trˆs cap´ e ıcio e ca e ıtulos (Tecnologia no Brasil, Inform´tica no Brasil, T´ticas de Incentivo do Governo Federal), Conclus˜o, a a a Anexos (Cronologias resumidas), Gloss´rio e Bibliografia. a
  • 7. 1 Introdu¸˜o ca ´ E muito comum ouvir algu´m dizer que ”o Brasil est´ atrasado uns cinq¨enta anos em e a u tecnologia”. Tamb´m ´ f´cil perceber, principalmente com tanta informa¸˜o dispon´ e e a ca ıvel na internet, o qu˜o ’obsoletos’ est˜o os equipamentos dispon´ a a ´ ıveis no mercado nacional. E comum iniciarem-se as vendas de produtos no pa´ considerados ultima gera¸˜o, e que j´ ıs, ´ ca a foram descontinuados em outros pa´ ıses. Por´m, o que poucos sabem ´ qual foi a trajet´ria do Brasil na corrida tecnol´gica que e e o o se iniciou com a Revolu¸˜o Industrial, no s´culo XVIII, e se intensificou com a Revolu¸˜o ca e ca Tecnol´gica, no in´ o ıcio do s´culo XX. Entretanto, em meio a toda essa movimenta¸˜o e ca europ´ia, o Brasil est´ iniciando sua vida como pa´ independente, com hist´rico ruralista e a ıs o e pouco interesse em melhorar a vida da popula¸˜o que n˜o estava pr´xima ` capital do ca a o a pa´ ıs. Isto fez com que a principal tentativa de iniciar o processo de industrializa¸˜o no ca pa´ fosse menosprezado (meados do s´culo XIX): as ind´strias Mau´ que atuavam em ıs e u a diversos ramos, de ferrovias a estaleiros, passando por institui¸˜es banc´rias e a constru¸˜o co a ca do cabo submarino para o tel´grafo no pa´ o Bar˜o de Mau´, tamb´m atuou no Uruguai, e ıs, a a e promovendo ilumina¸˜o a g´s, tel´grafo, diques, estaleiros, frigor´ ca a e ıficos e casas banc´rias. a Sem apoio financeiro, suas ind´strias faliram ap´s a Guerra do Paraguai. u o Foi somente com a aboli¸˜o da escravatura, em 1888, que os empres´rios brasileiros ca a come¸aram a investir na mecaniza¸˜o. Isto porque, agora, a m˜o-de-obra n˜o era mais c ca a a abundante e necessitava de remunera¸˜o. Assim, foi necess´rio procurar meios de reduzir ca a a m˜o-de-obra necess´ria e a mecaniza¸˜o dos processos tinha exatamente este prop´sito: a a ca o aumentar a produ¸˜o sem ampliar a m˜o-de-obra proporcionalmente. ca a Por´m, as primeiras medidas de incentivo ` tecnologia surgiram na d´cada de 1950, e a e com a cria¸˜o de institutos de pesquisa e de empresas estatais, que trabalhariam com ca
  • 8. 2 pesquisas internas para cria¸˜o de sua pr´pria tecnologia. ca o O Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) foi criado, em 1951, com o objetivo de apoiar as iniciativas de pesquisa e desenvolvimento tecnol´gico brasileiro. Para atuar como apoio financeiro, criou-se o o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE), mais tarde transformado em BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), que tinha por fun¸˜o oferecer financiamen- ca tos aos projetos de tecnologia nacionais. Tamb´m foram adotadas medidas de protecionismo ao mercado nacional de tecnologia e e, entre 1950 e 1980, criaram-se in´meras empresas estatais de tecnologia (Embratel, u Embraer, Embrapa, Petrobr´s, CPqD, entre outras). Algumas delas continuam atuando, a atualmente, como funda¸˜es ou empresas de economia mista; outras foram privatizadas co na d´cada de 1990. e Em rela¸˜o ` inform´tica, a ind´stria de equipamentos foi inclu´ na lei de reserva ca a a u ıda de mercado na d´cada de 1970, com o intuito de criar um computador genuinamente e brasileiro. Diversas tentativas ocorreram at´ o fim da reserva de mercado, em 1991, e por´m tiveram resultados aqu´m do esperado e, em 1990, os computadores nacionais e e eram muito inferiores aos comercializados no exterior. A empresa Cobra (Computadores Brasileiros SA), produziu diversos computadores que ainda s˜o utilizados em alguns ´rg˜os a o a do governo federal. A partir da d´cada de 1990, o Governo Brasileiro come¸ou a tomar medidas pr´- e c o ativas em rela¸˜o ` ind´stria de tecnologia, aumentando o n´mero de projetos de apoio ca a u u a ` pesquisa no Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia (MCT), ampliando as linhas de cr´dito, e e e ampliando a abrangˆncia de ´rg˜os como o SEBRAE (Servi¸o Brasileiro de Apoio `s e o a c a Micro e Pequenas Empresas) e a cria¸˜o de programas para incentivar a exporta¸˜o de ca ca produtos e a cria¸˜o de empresas de tecnologia, como o Softex (Sociedade para Promo¸˜o ca ca da Excelˆncia do Software Brasileiro). e No in´ ıcio do s´culo XXI, o Brasil apresenta produtos tecnol´gicos pr´prios e uma e o o avan¸ada rede de pesquisas em tecnologia que apresentaram inova¸˜es tecnol´gicas voltadas c co o a ` realidade nacional e que podem, tamb´m, ser exportadas. Um exemplo ´ a Urna e e Eletrˆnica, criada pelo Tribunal Superior Eleitoral, e que somente o Brasil utiliza em o
  • 9. 3 100% do pa´ em suas elei¸˜es. Outro ´ o trabalho do CPqD (antigo ´rg˜o da Telebr´s ıs co e o a a e que se transformou em instituto, ap´s a privatiza¸˜o ocorrida na d´cada de 1990) em o ca e telecomunica¸˜es e uso de fibra ´ptica. co o O objetivo deste trabalho ´ apresentar o panomarama geral do Brasil em rela¸˜o ` e ca a ind´stria de tecnologia, desde o final do s´culo XIX at´ o ano de 2005, mostrando os u e e principais fatos que contribu´ ıram tanto para o atraso tecnol´gico quanto para os avan¸os o c alcan¸ados no s´culo XX no pa´ c e ıs. Este trabalho est´ organizado em trˆs cap´ a e ıtulos, sendo que o Cap´ ıtulo 1 se dedica a apresentar a evolu¸˜o da tecnologia no pa´ mostrando o caminho percorrido durante ca ıs, mais de um s´culo. O Cap´ e ıtulo 2 vem apresentar o hist´rico da ind´stria de inform´tica o u a no Brasil. As redes de apoio ` ciˆncia e tecnologia criadas pelo MCT desde sua cria¸˜o, em a e ca 1984, s˜o mostradas no Cap´ a ıtulo 3, juntamente com as Linhas de Cr´dito e os Principais e programas e Centros de Pesquisa brasileiros. Sˆo apresentados, tamb´m, dois Anexos, com a e a cronologia resumida da tecnologia nacional, a Conclus˜o, o Gloss´rio e a Bibliografia a a usada neste trabalho.
  • 10. 4 Cap´ ıtulo 1 A tecnologia no Brasil Um ciclo infinito de interdependˆncia entre a Tecnologia e a Industrializa¸˜o existe desde e ca quando o homem inventou suas primeiras ferramentas. A Tecnologia ´ presente desde as e primeiras descobertas feitas pelo homem e, com o passar do tempo, o ac´mulo tecnol´gico u o culminou na inven¸˜o e uso de m´quinas para substituir os processos essencialmente ca a manuais existentes. Este processo levou o nome de Revolu¸˜o Industrial e se apresentou ca significativamente na Inglaterra, no s´culo VIII. e Os pa´ ıses colonizados, principalmente os americanos, sofreram os reflexos da Rev- olu¸˜o Industrial tardiamente, apresentando sua industrializa¸˜o, em alguns casos, mais ca ca de cem anos depois do ocorrido na Inglaterra. Esta demora em aderir aos processos de mecaniza¸˜o e industrializa¸˜o ocorreu devido a uma s´rie de motivos inerentes a cada ca ca e pa´ sendo que os principais foram a falta de uma pol´ ıs, ıtica interna de produ¸˜o, produ¸˜o ca ca tipicamente agr´ ıcola e independˆncia s´cio-econˆmico-pol´ e o o ıtica da Europa. No caso particular do Brasil, a resolu¸˜o tardia de abolir com o trabalho escravo, a falta ca de incentivo ` urbaniza¸˜o e os processos pol´ a ca ıticos remanescentes da pol´ ıtica absolutista introduzida por D. Pedro I, criaram um cen´rio coronelista e, portanto, pouco prop´ a ıcio ao desenvolvimento de uma ind´stria nacional. u
  • 11. 5 1.1 O processo de industrializa¸˜o ca Dois fatores foram cruciais para iniciar o processo de industrializa¸˜o no Brasil no final do ca s´culo XIX: a abertura ` imigra¸˜o, principalmente europ´ia, e a aboli¸˜o da escravatura, e a ca e ca ´ com a Lei Aurea em 1888. O Brasil j´ vinha apresentando in´meros projetos de industrializa¸˜o, sendo seu prin- a u ca cipal expoente o Bar˜o de Mau´, no in´ a a ıcio do segundo reinado, que trouxe ao Brasil diversas propostas de ind´strias nacionais, dentre elas a Estrada de Ferro. Com o baixo u interesse tanto dos fazendeiros quanto do pr´prio imperador em investir nessa ´rea, seus o a projetos foram todos abandonados, alguns antes mesmo de iniciar ou procurar algum investimento. Esse pouco interesse pela ”modernidade”est´ totalmente atrelado ao fato da abundˆncia a a de m˜o-de-obra escrava. Vale lembrar que o Brasil foi o ultimo pa´ no mundo a abolir a ´ ıs oficialmente o trabalho escravo. Isto porque este era suficiente para as necessidades da elite brasileira que, `quela ´poca, n˜o possu´ o sentimento de ambi¸˜o que movia a a e a ıa ca industrializa¸˜o na Europa. ca ´ Com a assinatura da Lei Aurea, e o fato de que a grande maioria da m˜o-de-obra livre a gerada possu´ nenhuma especializa¸˜o e tornou-se cara para os empres´rios da ´poca, foi ıa ca a e autom´tica a ades˜o aos processos de manufatura mecanizada que reduzia a necessidade a a de for¸a de trabalho humano. Tornou-se comum, entre a elite nacional, enviar seus filhos c a ` Europa para estudar disciplinas ligadas ` tecnologia. a A imigra¸˜o tamb´m teve um papel muito importante na industrializa¸˜o do pa´ j´ ca e ca ıs a que os imigrantes, em sua maioria, eram provenientes de zonas urbanas em sua terra natal, e j´ haviam tido contato com os processos industriais e as rela¸˜es trabalhistas a co assalariadas. A Proclama¸˜o da Rep´blica tornou evidente a necessidade de se produzir tecnologia ca u nacional. Iniciaram-se os incentivos ` ind´stria e ` tecnologia nacional. O governo incen- a u a tivava as fam´ ılias a enviar seus filhos ` Europa para estudar, principalmente, Engenharia; a os imigrantes que j´ tinham se estabelecido desde meados do s´culo XIX e j´ possu´ a e a ıam certa independˆncia financeira e boa vis˜o de mercado voltavam ` sua terra natal para e a a
  • 12. 6 aprender os processos industriais mais recentes e aplic´-los no Brasil. a O governo federal iniciou uma linha de incentivo e importa¸˜o de maquin´rio para as ca a ind´strias nacionais. Sua pol´ u ıtica de protecionismo ajudou muitas ´reas a se desenvolver a mais rapidamente, como a ind´stria tˆxtil e de processamento. De acordo com DEAN u e (1985), o imposto de importa¸˜o de mat´ria-prima era muito menor que o de produtos ca e processados, por exemplo o trigo, cujo imposto de importa¸˜o era de 10 mil-r´is enquanto ca e o imposto pela importa¸˜o da farinha de trigo girava em torno dos 25 mil-r´is (ambos ca e pela tonelada do produto). Isto fez com que as refinarias nacionais se desenvolvessem para suprir o mercado interno. Outro movimento importante foi a migra¸˜o das ind´strias europ´ias para o Brasil. ca u e Muitas implantavam suas linhas de produ¸˜o no territ´rio brasileiro, enviando represen- ca o tantes para gerenciar a nova f´brica. Com a dificuldade de comunica¸˜o entre as duas a ca f´bricas, era comum ap´s uma gera¸˜o de produ¸˜o a ind´stria nacionalizar-se, perdendo a o ca ca u o elo com a empresa-m˜e. a No in´ do s´culo XX, as ind´strias brasileiras, em sua maioria, pertenciam a imi- ıcio e u grantes. Eles haviam trazido de suas p´trias o conhecimento da ferramenta. Com o pre- a conceito pela m˜o-de-obra nacional, por pensar em sua falta de especializa¸˜o e educa¸˜o, a ca ca a maior parte dos funcion´rios dessas ind´strias era, da mesma forma, predominantemente a u imigrante. No per´ ıodo entre guerras, havia uma forte pol´ ıtica de incentivo ` imigra¸˜o, o a ca que acabou por proporcionar um contato maior com as tecnologias em uso na Europa. Outro fator que impulsionou a ind´stria nacional foi a substitui¸˜o da energia gerada u ca pela queima de carv˜o pela hidrel´trica. Com a fonte constante de energia oferecida pela a e nova tecnologia, foi poss´ alavancar os processos de manufatura. Campos e Rio Claro, ıvel as primeiras cidades a receber fornecimento de energia proveniente de hidrel´tricas em e 1883 e 1884, respectivamente, tornaram-se p´los industriais rapidamente, com ind´strias o u das mais variadas.
  • 13. 7 1.2 A ind´ stria depois da Crise de 1929 u Da mesma forma que na Europa, a industrializa¸˜o no Brasil criou uma nova burgue- ca sia, incentivou a urbaniza¸˜o em detrimento da zona rural e aumentou as diferen¸as ca c sociais. Utilizou-se da m˜o-de-obra feminina e infantil de maneira abusiva. Mulheres e a crian¸as trabalham exaustivamente nas f´bricas e estes postos de trabalho eram consider- c a ados ”ben¸˜os”; esses trabalhadores deveriam se considerar agraciados pela bondade do ca empres´rio em contrat´-los. Seu sal´rio era baix´ a a a ıssimo. A crise social aumentou na medida em que a industrializa¸˜o expandia no pa´ A ca ıs. pol´ ıtica do Caf´-com-Leite, que regia a sucess˜o presidencial nas d´cadas de 1910 e 1920, e a e beneficiava somente os fazendeiros de caf´ e n˜o oferecia incentivos ` ind´stria nacional. e a a u Nesta ´poca n˜o eram registrados os bens de imigrantes e, por consequˆncia, as ind´strias e a e u dirigidas por eles. Assim, temos uma informa¸˜o subestimada da realidade de crescimento ca industrial na Rep´blica Velha. u Com a ascens˜o de Get´lio Vargas ao poder, consequˆncia da Revolu¸˜o de 1930, a u e ca instituiu-se um regime centralizador do poder. Vargas criou nos primeiros anos de governo o Minist´rio do Trabalho (1931); destituiu o Congresso Nacional e as cˆmaras estaduais e e a municipais; instituiu as interven¸˜es nos estados, indicados pelo Governo Federal. Surgiu co o movimento constitucionalista que culminou na Revolu¸˜o de 1932 cuja consequˆncia ca e direta foi a elei¸˜o da Assembl´ia constituinte em 1932 que promulgou a Constitui¸˜o ca e ca Federal de 1934. Vargas tinha em mente a implanta¸˜o de uma pol´ ca ıtica de desenvolvimento da ind´stria u nacional desde o in´ ıcio. Por´m, ap´s o Golpe de 1937, quando instituiu sua ditadura e o fascista, iniciaram-se realmente as medidas. Vargas tomou os primeiros anos de governo reorganizando o estado e mantendo pol´ ıticas para reduzir o impacto da Crise de 1929 no Brasil. Sua pol´ ıtica protecionista ajudou o Brasil a sair da crise com poucos arranh˜es. o Apesar de sua pol´ ıtica n˜o ter propiciado bons cen´rios ` ind´stria nacional, de 1930 a a a a u 1939 o Brasil teve um crescimento m´dio anual de 11,5% na ind´stria nacional. e u Foi a partir de 1940 que a pol´ ıtica industrial de Vargas se afirmou. Ap´s a cria¸˜o da o ca CLT (Consolida¸˜o das Leis Trabalhistas), que reunia todos os decretos e leis promulgados ca
  • 14. 8 desde 1931 relativo ` organiza¸˜o trabalhista, Vargas se dedicou ` cria¸˜o de sua ind´stria a ca a ca u nacional: seus planos inclu´ ıam usina de a¸o, f´brica de avi˜es, hidrel´trica em Paulo c a o e Afonso, estradas de ferro e de rodagem, entre outros. Em uma manobra inteligente, onde informou ao Departamento de Estado americano sobre a proposta de uma empresa alem˜ de instalar uma usina de a¸o no Brasil, Vargas a c conseguiu um empr´stimo de 20 milh˜es de d´lares que utilizou para iniciar a constru¸˜o e o o ca da Companhia Sider´rgica Nacional, em Volta Redonda. Foi tamb´m neste per´ u e ıodo que foi criada a F´brica Nacional de Motores (1943). a No governo de Eurico Dutra (1946-1951) construiu-se a Companhia El´trica do e S˜o Francisco , concretizando os planos de Vargas para Paulo Afonso. Esta foi a a maior conquista deste per´ ıodo. O restante do tempo foi desperdi¸ado com uma s´rie de c e fracassos industriais e especula¸˜o comercial. O crescimento na produ¸˜o industrial do ca ca pa´ foi ´ ıs ınfimo. Em seu retorno ` presidˆncia da Rep´blica, Vargas cria o BNDE a e u (Banco Na- cional de Desenvolvimento Econˆmico) com o objetivo de realizar an´lises de projetos o a e atuar como apoiador do governo para o avan¸o da industrializa¸˜o do pa´ Isto faz c ca ıs. parte de seu Plano LAFER, de Reparelhamento Econˆmico, que visa apoiar as ind´strias o u mertal´rgicas, petroqu´ u ımicas, sider´rgicas, de transporte, energia e t´cnicas agr´ u e ıcolas. Em 1951 Vargas envia ao congresso a proposta de cria¸˜o da Petrobr´s, empresa com ca a capital misto e com a maioria de suas a¸˜es nas m˜os do governo federal. Em sua proposta co a a Petrobr´s a controlaria o monop´lio da perfura¸˜o, extra¸˜o e refino de petr´leo em o ca ca o territ´rio nacional. O projeto foi aprovado em 1953. o Tamb´m em 1951, foi criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient´ e ıfico e Tecnol´gico o (CNPq), com o objetivo de apoiar as ´reas de pesquisa nacional. O a CNPq ´ uma funda¸˜o ligada ao Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia e foi o primeiro passo e ca e e do governo federal rumo ao incentivo ` pesquisa e tecnologia no pa´ a ıs. Com o slogan ”Cincoenta anos em cinco”, Juscelino Kubitchek promoveu mudan¸as c na maneira de governar o pa´ A ind´stria cresceu 80% durante seu governo, sendo ıs. u que o crescimento per capita real foi trˆs vezes maior que o do restante da Am´rica e e
  • 15. 9 Latina. Sua pol´ ıtica econˆmica era baseada no aumento do mercado interno para que, em o consequˆncia, aumentasse a produ¸˜o de a¸o e ferro, o investimento estrangeiro no pa´ e o e ca c ıs desenvolvimento da ind´stria de base, que havia se desenvolvido de maneira insignificante u at´ ent˜o. e a Seu Plano de Metas tinha por objetivo aumentar a oferta de emprego, desenvolver a ind´stria de energia, transportes, alimenta¸˜o, ind´stria de base e educa¸˜o. Apesar de u ca u ca pouco apoio financeiro que recebeu, o Plano de Metas foi poss´ ıvel devido ` cria¸˜o de a ca o a ´rg˜os especiais tais como o GEICON (Grupo Executivo de Constru¸˜o Naval), GEIA ca (Grupo Executivo de Ind´stria Automobil´ u ıstica) e GEIMAPE (Grupo Executivo de Ind´s- u tria de Maquinaria Pesada). Em junho de 1957 foi criada a Zona Franca de Manaus com o objetivo de servir de porta de entrada para produtos estrangeiro, com isen¸˜o total ou parcial de tarifas. ca Por conta dos grandes incentivos fiscais existentes na Zona Franca, diversas empresas nacionais e multinacionais se instalaram ali para realizar a montagem de equipamentos, principalmente eletro-eletrˆnicos, para distribuir para todo o territ´rio nacional e pa´ o o ıses vizinhos. 1.3 Os militares e a tecnologia nacional Pouco antes dos militares assumirem o poder atrav´s da Revolu¸˜o de 31 de mar¸o de e ca c 1964, alguns avan¸os haviam sido conquistados na ´rea de tecnologia e ciˆncia no Brasil1 : c a e • Institu´ a FAPESP (Funda¸˜o de Amparo ` Pesquisa do Estado de S˜o Paulo), ıda ca a a em 1962. • Computadores cient´ ıficos haviam sido instalados na USP, ITA e PUC-RJ, entre 1960 e 1962. • Criado o Grupo da Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais (GONAE), a 1 Veja lista detalhada das principais empresas estatais criadas e dos principais avan¸os tecnol´gicos c o alcan¸ados nos Anexos c
  • 16. 10 transformado em Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais a (CNAE) em 1968. • Criado o Conselho Nacional de Telecomunica¸˜es co (Contel), em 1962. • Em 1963, foi criada a Companhia de Explosivos Valpara´ ıba , com o objetivo de fabricar m´ ısseis militares e foguetes meteorol´gicos. o O fato marcante no governo militar (de 1964 a 1984) foi o per´ ıodo chamado ”Milagre Econˆmico”, onde houve grande investimento em infraestrutura, agroind´stria, equipa- o u mentos, ind´strias de bens dur´veis e de transforma¸˜o. Neste per´ u a ca ıodo foi registrado um crescimento de 18%a.a. nas ind´strias, com um crescimento de 12% no PIB. u Foi neste per´ ıodo que mais se investiu em obras de grande porte, rotuladas de ”obras faraˆnicas”. As principais delas foram a constru¸˜o da Rodovia Transamazˆnica o ca o (que ainda hoje n˜o existe, mas onde foram investidos milh˜es de d´lares), Hidrel´trica a o o e de Itaipu (1973, inaugurada em 1982), Empresa Brasileira de Telecomunica¸˜es co (Embratel, em 1965), Empresa Brasileira de Aeron´utica (Embraer, 1969), Em- a presas Nucleares Brasileiras (Nuclebr´s2 , 1974). Tamb´m foram criadas comiss˜es a e o e conselhos de gest˜o de tecnologia, planos e leis de regulamenta¸˜o da ind´stria tec- a ca u nol´gica nacional, como o Plano B´sico de Desenvolvimento Cient´ o a ıfico e Tec- nol´gico (1973), Lei de Reserva de Inform´tica (1984), Centro de Pesquisa e o a Desenvolvimento (CPqD - Telebr´s, 1976), Financiadora de Estudos e Projetos a (FINEP, 1967). Para conseguir produzir toda essa gama de projetos e realiz´-los efetivamente, o Brasil a contraiu in´meras d´ u ıvidas. Todo este panorama de crescimento e a crescente abertura de empresas estatais para o controle da Tecnologia nacional fez surgir a falsa impress˜o de que a o pa´ estava muito bem financeiramente. Por´m, com a crise do Petr´leo e o aumento ıs e o internacional de juros na d´cada de 1970, o Brasil parou de crescer e entrou em forte e recess˜o na d´cada de 1980. a e 2 Foi transformada na atual INB - Ind´strias Nucleares Brasileiras, em 1988 u
  • 17. 11 1.4 A pol´ ıtica de tecnologia no final do s´culo XX e Todo o cen´rio protecionista que havia sido criado no pa´ nos cinq¨enta anos anteriores a ıs u (1930 a 1980), aliado ` forte recess˜o que iniciou-se no final da d´cada de 1970, levaram a a e o pa´ a adotar pol´ ıs ıticas mais brandas no in´ da d´cada de 1990. ıcio e O governo Collor, em 1991, acelera o fim da reserva de mercado de inform´tica, criada a dezesseis anos antes. Isto faz com que o mercado brasileiro tenha contato com novas tecnologias, aumente o consumo de equipamentos, caia os pre¸os em at´ 50% e atinga um c e volume de vendas, em 1993, de US$10 bilh˜es. o A cria¸˜o do Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia, em 1985, acelera o desenvolvimento ca e e tecnol´gico no pa´ Isto se d´, principalmente, com o destino de verba federal para o ıs. a o desenvolvimento de tecnologia, investimentos e aumento das linhas de cr´dito para e pesquisas, cria¸˜o de funda¸˜es com o intuito de realizar pesquisas e aprimoramentos na ca co a ´rea tecnol´gica. o A onda de privatiza¸˜es ocorrida, principalmente, na segunda metade da d´cada de co e 1990, ajudou a acelerar a produ¸˜o tecnol´gica nacional e aumentou o alcance da tecnolo- ca o gia para a popula¸˜o. O pa´ sentiu um aumento na mecaniza¸˜o industrial e dom´stica ca ıs ca e e o crescimento na procura por equipamentos eletrˆnicos para uso dom´stico. o e A abertura do pa´ para empresas estrangeiras de tecnologia fez com que algumas ıs a ´reas de desenvolvimento tecnol´gico nacionais desaparecessem por falta de competitivi- o dade (como a fabrica¸˜o de pe¸as e chips eletrˆnicos), por´m fez com que algumas delas ca c o e aumentassem sua capacidade produtiva, chegando a competir no exterior com empresas de grande porte - caso da Petrobr´s, CPqD (fibra ´ptica e cart˜o telefˆnico magn´tico), a o a o e e do TSE (urna eletrˆnica). o Outra medida tomada pelo governo federal na ultima d´cada foi a pol´ ´ e ıtica de priva- tiza¸˜o de algumas das principais estatais de tecnologia. O grupo Embratel/ Telebr´s foi ca a um dos expoentes da privatiza¸˜o da d´cada de 1990. O intuito era o de melhorar a tec- ca e nologia de comunica¸˜es telefˆnicas no pa´ colocando a iniciativa privada para gerenciar co o ıs, as linhas existentes e ampliar o acesso para a popula¸˜o. Isto fez com que aumentasse o ca n´mero de assinantes de linhas telefˆnicas, que tiveram seu custo de instala¸˜o reduzido; u o ca
  • 18. 12 ampliou a abrangˆncia da rede de celulares, popularizando-a. Outra consequˆncia da pri- e e vatiza¸˜o da Telebr´s, transforma¸˜o do CPqD em Funda¸˜o, o que o levou a ampliar ca a ca ca sua abrangˆncia para outras ´reas de tecnologia como a inform´tica, al´m de ampliar sua e a a e carta de clientes para empresas multinacionais, com atua¸˜o no exterior. ca
  • 19. 13 Cap´ ıtulo 2 A inform´tica no Brasil a A hist´ria da inform´tica no Brasil est´ intimamente relacionada ` trajet´ria da Tec- o a a a o nologia pois, de certa forma, o avan¸o tecnol´gico necess´rio em diversas ´reas levou c o a a seus pesquisadores a adotar sistemas computacionais e a investir em infraestrutura de inform´tica para agilizar seus processos e aprimorar as solu¸˜es tecnol´gicas existentes, a co o tornando-as mais velozes e mais aptas para o mercado consumidor crescente. A partir da d´cada de 1950 come¸am as importa¸˜es de equipamentos de inform´tica, e c co a principalmente por parte de institui¸˜es de ensino e pesquisa. O primeiro computador co adquirido pelo governo do estado de S˜o Paulo, por exemplo, foi um Univac (antigo a computador a v´lvulas1 ), em 1957. a Em meados da d´cada de 1970 o Brasil ainda n˜o dominava a tecnologia de fabrica¸˜o e a ca de computadores. Visando esse dom´ ınio, o governo federal decide incluir os computadores na reserva de mercado. Neste momento, somente o hardware do equipamento est´ sob a a lei de reserva, que dita regras de controle sobre as importa¸˜es do material, com o objetivo co de incentivar o desenvolvimento desta ind´stria no territ´rio nacional. u o Em paralelo, o governo cria uma s´rie de ´rg˜os e projetos que se responsabilizar˜o e o a a pelo desenvolvimento da ind´stria de computadores brasileira. Com a rede de incentivos u 1 Os computadores atuais s˜o de uma gera¸˜o que substituiu a v´lvula por transistores. Os primeiros a ca a transistores foram constru´ ıdos em 1948, de material semicondutor. Desde ent˜o, esses pequenos disposi- a tivos eletrˆnicos tem reduzido de tamanho e aumentado seu campo de aplica¸˜es na eletrˆnica. o co o
  • 20. 14 criada, surge, em 1972, o primeiro computador nacional - o Patinho Feio - criado por alunos de p´s-gradua¸˜o da USP. o ca As for¸as armadas tinham grande interesse no desenvolvimento de computadores na- c cionais, devido ` sua importˆncia estrat´gica. Com o apoio da Marinha, surge o Projeto a a e G-10, desenvolvido pela USP e PUC-RJ, com o objetivo de substituir os equipamentos eletrˆnicos de bordo por similares nacionais. o Em 1976, ´ criada a Comiss˜o de Coordena¸˜o das Atividades de Proces- e a ca sameno Eletrˆnico o (Capre), com a meta de criar uma pol´ ıtica para o setor de Eletrˆnicos e Inform´tica. A primeira a¸˜o da Capre foi oficializar, em 1976 a inclus˜o o a ca a dos minicomputadores e seus perif´ricos na Reserva de Mercado. No governo Figueiredo e (1979-1984) a Capre ´ substitu´ pela Secretaria Especial de Inform´tica e ıda a (SEI), cuja principal a¸˜o desembocou na cria¸˜o da Lei de Inform´tica ca ca a (lei 7232/84), que determina o controle das importa¸˜es at´ outubro de 1992. co e Em 1984, o avan¸o do mercado de computadores j´ era grande. O Brasil possu´ a c a ıa empresa Cobra (Computadores Brasileiros S/A), que produzia computadores ”100% nacionais”. O modelo mais famoso produzido pela empresa ´ o Cobra 500. Ainda ´ e e poss´ encontrar computadores Cobra da d´cada de 1980 em ´rg˜os p´blicos federais. ıvel e o a u Seguindo exemplo de outros pa´ ıses, o Brasil decide realizar uma pesquisa sobre o impacto da automa¸˜o dom´stica para a popula¸˜o. Neste momento, o cen´rio no pa´ ca e ca a ıs ´ o de in´ da automa¸˜o dom´stica, com a populariza¸˜o de equipamentos eletrˆnicos e ıcio ca e ca o como v´ ıdeocassetes, e o in´ ıcio do uso de outros equipamentos que, mais tarde, ir˜o se a tornar frequˆntes nos lares brasileiros (lavadoura de roupa, lavadoura de lou¸as, forno de e c microondas, microsystems, etc). O microcomputador era uma das muitas inova¸˜es que co invadiam os lares em meados da d´cada de 1980. e A pesquisa, realizada pelo governo federal com o apoio da Embratel, uniu 2.140 fun- cion´rios, p´blicos convidados a participar do programa. Essas pessoas receberam um a u microcomputador CP500 da Prol´gica que era conectado a um Cobra 500 da Embra- o tel/RJ atrav´s de um modem 1200bytes/segundo. Os funcion´rios que n˜o possu´ e a a ıam linha telefˆnica e, portanto, n˜o podiam se conectar ao computador central, utilizavam o a
  • 21. 15 os programas dispon´ ıveis atrav´s de disquetes e fitas cassetes fornecidas pelo projeto. e O Projeto Ciranda , como foi chamado, trouxe resultados t˜o positivos que a decidiu-se ampli´-lo, criando o Projeto Cirand˜o que, num primeiro momento voltado a a a ` comunidade m´dica (Cirand˜o Sa´de), disponibilizava informa¸˜es referentes ` ´rea de e a u co aa Sa´de e contava com duzentos usu´rios. Em setembro de 1985, o projeto j´ contava u a a com informa¸˜es de economia, agropecu´ria, legisla¸˜o, cultura, educa¸˜o e turismo. Em co a ca ca novembro de 1986 contava com 2.500 assinantes. Uma ´rea que se beneficiou rapidamente com a inform´tica e com os resultados do a a Projeto Ciranda foi o Sistema Banc´rio. Em 1986, j´ existiam 7,4 milh˜es de cart˜es a a o o magn´ticos no pa´ al´m de 464 quiosques eletrˆnicos, com 60.600 terminais de atendi- e ıs, e o mento. No final da d´cada de 1980, com o in´ da populariza¸˜o dos microcomputadores, e ıcio ca surgiu, pela primeira vez, a preocupa¸˜o com os direitos autorais do software. Em 1986 ca o Brasil j´ estava entre os pa´ com o maior n´ de pirataria de software no mundo. a ıses ıvel Surge, ent˜o, o Primeiro Plano Nacional de Inform´tica e Automa¸˜o , que a a ca contempla a regulamenta¸˜o do com´rcio e direitos de propriedade do software. ca e Apesar de todos os esfor¸os pela cria¸˜o de ind´stria nacional de inform´tica, o Brasil c ca u a n˜o conseguiu acompanhar os avan¸os tecnol´gicos de outros pa´ a c o ıses, o que fez com que os computadores nacionais fossem mais caros e obsoletos em rela¸˜o ao restante do mundo. ca Por isto, o governo Collor decidiu antecipar o fim da reserva de mercado no final de 1991, criando incentivos para que empresas estrangeiras criassem linhas de produ¸˜o em ter- ca rit´rio nacional. A SEI ´ convertida em departamento e, posteriormente, na Secretaria o e de Pol´ ıtica de Inform´tica e Automa¸˜o a ca (Sepin2 ). Com o fim da Reserva de Mercado os pre¸os ca´ c ıram, em m´dia, 50% em 1992, al´m e e de o setor ter aumentado seu faturamento em cerca de 20%, o que culmina em vendas de US$10 bilh˜es em 1993. o Foi tamb´m em 1992 que foi criado o Programa Softex (Sociedade para Promo¸˜o e ca da Excelˆncia do Software Brasileiro) pelo CNPq, com o intuito de estimular a ind´stria e u 2 Governo Itamar Franco (1992-1994)
  • 22. 16 de software no pa´ e, futuramente, export´-lo. Atualmente existem excrit´rios regionais ıs a o da Softex espalhados por todo o territ´rio nacional, formando os N´cleos Softex, atuando o u como apoiadores de empresas de software. A Softex possui um programa de incuba¸˜o ca de empresas, destinado a dar apoio financeiro e administrativo `s empresas iniciantes no a mercado de software, com vistas de reduzir o ´ ındice de falˆncia de empresas neste setor. e A incuba¸˜o consiste em uma s´rie de apoios administrativos e fiscais, al´m de incentivos ca e e fiscais e provimento de infraestrutura a custos reduzidos. A mais nova a¸˜o do governo federal para incentivar as empresas de inform´tica no ca a pa´ foi a nova Lei de Inform´tica (11077/04), que prorroga a redu¸˜o do IPI incidente ıs a ca nos produtos de inform´tica at´ 2019, estipula que 5% do faturamento da empresa seja a e destinado a pesquisa e desenvolvimento, aumenta o incentivo de investimento para as regi˜es Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre outras medidas. o
  • 23. 17 Cap´ ıtulo 3 As t´ticas de incentivo ` tecnologia a a nacional Nos ultimos cinq¨enta anos, o Brasil investiu muito em desenvolvimento de tecnologia ´ u nacional. Isto implicou na cria¸˜o de diversos ´rg˜os, centros de pesquisa, linhas de ca o a cr´dito, programas de apoio ao desenvolvimento, universidades p´blicas, forma¸˜o de e u ca pesquisadores, cria¸˜o de empresas de tecnologia nacionais, al´m de uma legisla¸˜o es- ca e ca pec´ ıfica para abordar as nuances da ind´stria de tecnologia. u Diversos meios est˜o dispon´ a ıveis para se conseguir o acesso `s linhas de cr´dito, ca- a e pacita¸˜o e apoio ` pequena empresa. Por´m, e assim como em todas as ´reas de co- ca a e a nhecimento, existe uma grande dificuldade na divulga¸˜o de tais programas e linhas de ca fomento existentes. Dessa forma, apenas as maiores apoiadoras permanecem conhecidas pelo p´blico e sofrendo grande concorrˆncia por seu n´mero limitado de bolsas de apoio, u e u enquanto outras continuam no anonimato. Existe uma s´rie de programas dispon´ e ıveis no Brasil para o apoio ` pesquisa na ´rea de a a Ciˆncia e Tecnologia. Estes programas se apresentam como Linhas de Cr´dito, Programas e e de Amparo ` Pesquisa, Apoio ` empresas de Tecnologia, redes de financiamentos com a a recursos nacionais e internacionais. Outra maneira muito eficaz de investir em desenvolvimento da tecnologia nacional, e que est´ sendo adotado com uma frequˆncia cada vez maior em todo o pa´ ´ a cria¸˜o a e ıs, e ca
  • 24. 18 de P´los Tecnol´gicos. Estes p´los s˜o, em geral, regi˜es onde as empresas de tecnolo- o o o a o gia podem se estabelecer para atuar em suas ´reas e com seu foco de mercado. Podem a ser formados por empresas de qualquer porte al´m de possuir suas pr´prias incubadoras, e o que se encarregam de apoiar na cria¸˜o e manuten¸˜o de novas empresa de tecnologia. ca ca Existem atualmente no Brasil p´los tecnol´gicos em Campinas/SP, Rio Grande/RS, Blu- o o menau/SC, entre outros, al´m de novas cria¸˜es como em Sobral/CE, com previs˜o para e co a implanta¸˜o completa em dois anos, segundo not´ da Agˆncia CT de 13/05/20041 . ca ıcia e O Brasil tamb´m tem tomado medidas de amplia¸˜o do acesso ` tecnologia, principal- e ca a mente de inform´tica, apoiando projetos de Inclus˜o Digital e de produ¸˜o de computa- a a ca dores de baixo custo. 3.1 Centros de pesquisa e desenvolvimento tecnol´- o gico Apesar da pesquisa tecno-cient´ ıfica no Brasil ainda ser recente e pouco valorizada, existe uma grande variedade de institutos e centros de pesquisa de nome reconhecido no pa´ e, ıs em alguns casos, no exterior. Em geral, as universidades p´blicas s˜o reconhecidas pela u a sua capacidade em pesquisa e possuem verbas p´blicas destinadas ao fomento de seus u projetos mais importantes. Por´m ainda existe um grande preconceito da iniciativa privada em patrocinar pesquisas, e pois in´meros dos projetos de pesquisa apresentados anualmente n˜o ofertam resulta- u a dos que possam ser aplicados no cotidiano da maioria das pessoas. Independente desse fator, diversas pesquisas importantes para a comunidade s˜o realizadas anualmente, e a contribuem para refletir sobre os problemas existentes e encontrar solu¸˜es para eles. co O Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia (MCT) indica os seguintes centros de pesquisa e e no pa´ que atuam em diversas ´reas da ciˆncia e tecnologia: ıs, a e • Agˆncia Espacial Brasileira (AEB) - Bras´ e ılia/DF 1 Sobral, no Cear´, ter´ p´lo tecnol´gico a a o o (THOMASI)
  • 25. 19 • Centro Brasileiro de Pesquisas F´ ısicas (CBPF) - Rio de Janeiro/RJ • Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) - Campinas/SP • Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) - Rio de Janeiro/RJ • Comiss˜o Nacional de Energia Nuclear (CNEN) - Rio de Janeiro/RJ a • Instituto Brasileiro de Informa¸˜o em Ciˆncia e Tecnologia (IBICT) - Bras´ ca e ılia/DF • Instituto Nacional de Pesquisas da Amazˆnia (INPA) - Manaus/AM o • Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - S˜o Jos´ dos Campos/SP a e • Instituto Nacional de Tecnologia (INT) - Rio de Janeiro/RJ • Laborat´rio Nacional de Astrof´ o ısica (LNA) - Itajub´/MG a • Laborat´rio Nacional de Computa¸˜o Cient´ o ca ıfica (LNCC) - Petr´polis/RJ o • Observat´rio Nacional (ON) - Rio de Janeiro/RJ o Al´m desses institutos, existem organiza¸˜es voltadas ` pesquisa como, por exemplo, e co a Associa¸˜o Brasileira de Tecnologia Luz S´ ca ıncrotron - ABTLus (LNLS), em Campinas/SP. O LNLS oferece laborat´rios e equipamentos aos cientistas e pesquisadores o nas ´reas de F´ a ısica, Qu´ ımica, Engenharia de Materiais, Meio Ambiente e Ciˆncias da e Vida, al´m de outras, visando competitividade e desenvolvimento da tecnologia nacional. e O laborat´rio recebe recursos do MCT e participa de eventos nacionais para divulga¸˜o o ca da ciˆncia, como a mostra de nanotecnologia aberta ao p´blico infantil na cidade de e u Campinas nos meses de maio e junho de 2005. As Universidades Federais tamb´m tem reconhecimento nacional e internacional em e suas pesquisas. No estado de S˜o Paulo, as trˆs universidades estaduais (USP, Unesp a e e Unicamp) tamb´m ofertam espa¸o para pesquisa, possuindo verba exclusiva para esta e c atividade. As universidades tˆm atuado como catalisadoras de pesquisadores e temas para e pesquisa, muitas vezes baseando-se nas necessidades regionais para suas tem´ticas. a
  • 26. 20 A universidade e centros de pesquisa influenciam a regi˜o onde atuam, trazendo n˜o a a somente tecnologia mas tamb´m ferramentas para melhorar o aspecto regional de determi- e nada tarefa. Mas as caracter´ ısticas da popula¸˜o e da zona industrial tamb´m influenciam ca e nesses ´rg˜os. Um bom exemplo disso ´ o patroc´ oferecido pela iniciativa privada para o a e ınio a cria¸˜o de cursos para a forma¸˜o de profissionais que est˜o em falta na regi˜o. ca ca a a No Vale do Rio S˜o Francisco, na Bahia, onde atualmente est˜o concentradas as a a maiores planta¸˜es de frutas tropicais e vin´ co ıculas com fins de exporta¸˜o, foi criado um ca centro de pesquisa e forma¸˜o de profissionais em enologia (estudo e conhecimento de ca vinhos). Isto se tornou necess´rio quando as empresas da regi˜o decidiram agregar valor a a em seus produtos. Dessa forma, foi investido em pesquisa para descobrir qual a variedade de uva adequada ao clima e ao produto que se desejava produzir. Este estudo foi auxil- iado pela Embrapa (´rg˜o federal para a pesquisa agropecu´ria, que realiza pesquisas e o a a desenvolvimento de solu¸˜es de acordo com as caracter´ co ısticas da regi˜o em que se encontra a (existem escrit´rios regionais da Embrapa espalhados por todo o pa´ o ıs)). 3.2 Fontes de financiamento Atualmente existe uma grande variedade de fontes de financiamento de diversas origens, desde programas do MCT e linhas de cr´dito oferecidas por bancos oficiais at´ fontes de e e financiamento internacionais. O MCT possui a Assessoria de Capta¸˜o de Recursos (ASCAP) que trabalha con- ca tinuamente na identifica¸˜o de potenciais fontes de financiamento e na manuten¸˜o das ca ca linhas existentes. Tamb´m atua na mobiliza¸˜o dessas fontes para o apoio ` programas e e ca a projetos de relevˆncia regional ou nacional. a O MCT tamb´m oferece fundos de financiamento setoriais, ou seja, cada ´rea de C&T e a possui um ´rg˜o gestor para fontes de financiamento e apoio respons´vel por gerenciar o a a todos os processos envolvidos no financiamento de pesquisa e desenvolvimento. As ´reas a de Aeron´utica, Energia, Infraestrutura e Sa´de s˜o algumas das ´reas que possuem fundo a u a a setorial no MCT.
  • 27. 21 Tamb´m existem dispon´ e ıveis linhas de cr´dito em bancos oficiais no Brasil. BDES, e Banco do Brasil (BNB), Banco da Amazˆnia (BASA) e Banco do Nordeste (BNB) ofere- o cem programas para diversos neg´cios e mercados diferentes2 , entre eles est˜o os relaciona- o a dos ao apoio ` exporta¸˜o (PROEX3 - BB, FNO4 - BASA), desenvolvimento tecnol´gico a ca o (FUNDECI5 - BNB, PRODETEC6 - BNB) e empreendedorismo (FINEM7 - BNDES), al´m do SEBRAE (Servi¸o Brasileiro de Apoio `s Micro e Pequenas Empresas) que atua e c a no apoio, capacita¸˜o e orienta¸˜o para as micro e pequenas empresas nacionais. ca ca 3.3 Programas de Amparo ` Pesquisa e de Apoio ` a a Empresa de Tecnologia Conforme informa¸˜es do pr´prio Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia, descrito em seu co o e e endere¸o eletrˆnico na Internet, existem linhas de fomento com o intuito de promover c o o desenvolvimento cient´ ıfico-tecnol´gico do pa´ Estas linhas de fomento est˜o em con- o ıs. a formidade com as pol´ ıticas setoriais e regionais orientadas pelo governo, visando atender a `s demandas da comunidade cient´ ıfica, apoio ao desenvolvimento tecnol´gico e inova¸˜o o ca tecnol´gica oferecida pelo setor privado. o As Funda¸˜es de Amparo ` Pesquisa (FAP’s) federais e estaduais atuam como apoiado- co a ras dos projetos de pesquisa no territ´rio nacional, oferecendo bolsas aux´ para os o ılio pesquisadores que tˆm seus projetos aprovados. A maioria dos estados brasileiros pos- e suem uma FAP que atua, principalmente, dentro das universidades e institutos de pesquisa do estado. Em S˜o Paulo, existe a FAPESP, trabalhando em todas as ´reas de Ciˆncia e a a e Tecnologia concedendo bolsas e aux´ ` manuten¸˜o dos projetos aprovados. Em geral, ılio a ca as FAP’s recebem grande quantidade de projetos solicitando apoio financeiro. Por conta 2 Para a lista completa das linhas de cr´dito, ver em Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia: Linhas de e e e Cr´dito, dispon´ em http://www.mct.gov.br/Fontes/credito/Default.htm e ıvel 3 Programa de Financiamento `s Exporta¸˜es a co 4 Programa de Apoio ` Exporta¸˜o a ca 5 Fundo de Desenvolvimento Cient´ıfico e Tecnol´gico o 6 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnol´gico o 7 Financiamento ` Empreendimentos a
  • 28. 22 disto e pelo fato de que a verba existente para este fim ´ limitada, ´ necess´rio fazer uma e e a sele¸˜o entre os projetos apresentados. ca Tamb´m existem funda¸˜es federais de amparo ` pesquisa: e co a Funda¸˜o Banco do ca Brasil (FBB) e Funda¸˜o Coordena¸˜o de Aperfei¸oamento de Pessoal de N´ ca ca c ıvel Superior (CAPES). A FBB atua em diversas ´reas, patrocinando projetos, pesquisas e a eventos s´cio-culturais. No ˆmbito da ciˆncia e tecnologia atua na promo¸˜o de pesquisas, o a e ca difus˜o de conhecimento e transferˆncia tecnol´gica. A CAPES atua como as FAP’s a e o estaduais, por´m com o objetivo de formar profissionais qualificados para docˆncia e e e pesquisa e para suprir a demanda profissional dos setores p´blico e privado. u Outros programas de apoio ` tecnologia est˜o dispon´ a a ıveis em diversas regi˜es do pa´ o ıs. O Programa Sociedade para Promo¸˜o da Excelˆncia do Software Brasileiro ca e (SOFTEX), por exemplo, atua como incubadora de empresas desenvolvedoras de software, oferecendo financiamento, orienta¸˜o profisional em diversas ´reas da administra¸˜o de ca a ca empresas e infraestrutura necess´ria para o desenvolvimento da empresa. Seu programa a consiste em aprova¸˜o de um projeto de cria¸˜o de empresa e um prazo m´ximo de in- ca ca a cuba¸˜o (per´ ca ıodo em que o programa oferecer´ todo o apoio necess´rio, incluindo redu¸˜o a a ca de custos de infraestrutura). Al´m desses8 , existem programas voltados ` inova¸˜o tecnol´gica nas micro e pequenas e a ca o ind´strias (ALFA), dissemina¸˜o da Internet (RNP), incentivos fiscais ` ind´stria (PDTI) u ca a u e capacita¸˜o tecnol´gica (PADCT). ca o Fundos internacionais tamb´m atuam no Brasil para o amparo ` pesquisa. e a Um dels ´ o Global Environment Facility (GEF - Fundo Global para o Meio Ambiente) e que atua fornecendo ”recursos adicionais a projetos que beneficiem o meio ambiente global”(Minist´rio da Ciˆncia e Tecnologia)9 . e e 8 Para todos os programas dispon´ ıveis, ver em Minist´rio da Ciˆncia e Tecnologia: Programas do MCT, e e dispon´ em http://www.mct.gov.br/Fontes/Prog CT/Default.htm ıvel 9 Mais informa¸˜es, acesse http://www.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/Default.htm co ou http://www.gefweb.org
  • 29. 23 Conclus˜o a Como pudemos observar, v´rias tentativas de introduzir inova¸˜es tecnol´gicas no a co o Brasil foram abortadas logo no in´ do projeto, desde o imp´rio. Se considerarmos o ıcio e Brasil no per´ ıodo de colˆnia, a tecnologia inserida na ´poca foi a m´ o e ınima necess´ria para a as transa¸˜es de exporta¸˜o de mat´ria-prima, importa¸˜o de manufaturados e transporte co ca e ca de escravos e colonos. Um dos expoentes da ind´stria brasileira durante o Brasil Imp´rio foi Bar˜o de u e a Mau´, um grande empreendedor que n˜o teve a devida aten¸˜o da corte, por acharem a a ca desnecess´rias as ind´strias nacionais e a introdu¸˜o de vias de transporte entre a corte e a u ca o interior do pa´ Depois dele, somente no in´ do s´culo XX ´ que surgem as primeiras ıs. ıcio e e ind´strias e associa¸˜es industriais. Por´m, a grande maioria delas era dirigida por imi- u co e grantes. Por isto, essas ind´strias n˜o eram consideradas nacionais e n˜o eram inclu´ u a a ıdas nos censos industriais da ´poca. e Assim, a ind´stria nacional iniciou-se realmente na d´cada de 1940, atrasada quase u e dois s´culos em rela¸˜o ` Europa. O movimento brasileiro em dire¸˜o ` ind´stria se deve e ca a ca a u a fatores pol´ ıticos (o protecionismo federal em rela¸˜o ` cafeicultura impedia que o pa´ ca a ıs se desenvolvesse), sociais (as condi¸˜es de vida urbana eram question´veis) e tecnol´gica co a o (eletricidade e telefonia ajudaram a impulsionar a ind´stria). A Revolu¸˜o de 1930 foi u ca decisiva para tirar o foco do governo brasileiro ` agricultura cafeeira, mudando-o para a a ind´stria rec´m iniciada. u e Por conta de seu atraso tecnol´gico, o Brasil se viu obrigado a importar a tecnologia o existente em outros pa´ ıses, mas sempre manteve como meta a cria¸˜o de sua pr´pria ca o tecnologia. Essa vis˜o de possuir uma tecnologia genuinamente brasileira fez com que a diversos governantes tomassem posturas protecionistas ` ind´stria. O protecionismo foi a u aplicado em muitas ´pocas e, para algumas ind´strias, durou mais de dezesseis anos (caso e u
  • 30. 24 da infom´tica). a O protecionismo se mostrou, na maioria dos casos, uma op¸˜o com resultados ruins ca para a tecnologia nacional. A id´ia de que dificultar a importa¸˜o de produtos poderia e ca ajudar no crescimento da mesma tecnologia em territ´rio nacional, fez com que se optasse o por tal a¸˜o e, apesar disto, a tecnologia nacional n˜o cresceu da maneira prevista na teo- ca a ria. Isto porque com a falta do produto no mercado interno n˜o era poss´ aos cientistas a ıvel o contato com a tecnologia. Isto acarretou atrasos tecnol´gicos ainda maiores e fez com o que as empresas que trabalhavam com esses materiais simplesmente desaparessecem ap´s o o fim das pol´ ıticas de protecionismo. Atualmente, o governo federal tem tomado a¸˜es que previnam a falta de mercadoria de co alta tecnologia no mercado nacional, a amplia¸˜o do mercado consumidor e o crescimento ca da ind´stria de tecnologia, apoiando empresas nacionais sem aplicar o protecionismo u radical usado at´ a d´cada de 1990. Investimentos em universidades, aumento de verbas e e para pesquisa, projetos de apoio financeiro e administrativo ` empresas e incentivos fiscais a s˜o algumas das a¸˜es que o governo brasileiro tem tomado para beneficiar a ind´stria a co u nacional de tecnologia. Podemos perceber, atualmente, que essas medidas tem trazido resultados positivos, observando o crescente n´mero de empresas de tecnologia, a forma¸˜o de P´los de Tec- u ca o nologia em todo o territ´rio nacional e a grande quantidade de projetos e linhas de cr´dito o e oferecidas pelo Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia, atrav´s de seus parceiros nacionais e e e e internacionais.
  • 31. 25 Anexo A: Cronologia Brasil - Princi- pais fatos da Evolu¸˜o Tecnol´gica e ca o Cient´ıfica • 1887: Instituto Agronˆmico de Campinas (IAC) o • 1921: Cria¸˜o da Esta¸˜o Experimental de Combust´ ca ca ıveis e Min´rios - Minist´rio da e e Agricultura ´ • 1933: Instituto do A¸ucar e do Alcool c´ • 1948: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciˆncia (SBPC) e • 1947: Instituto Tecnol´gico da Aeron´utica (ITA) o a • 1949: Centro de Pesquisas F´ ısicas • 1950: Centro T´cnico da Aeron´utica (CTA) e a • 1951: Coordena¸˜o de Aperfei¸oamento de Pessoal de N´ Superior (Capes) ca c ıvel • 1951: Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) • 1954: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazˆnia (INPA) o • 1956: Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) • 1957: Instituto de Energia Atˆmica (IEA) o • 1960: Instituto de Tecnologia de Alimento (ITAL) • 1961: Funda¸˜o de Amparo ` Pesquisa do Estado de S˜o Paulo (FAPESP) ca a a
  • 32. 26 • 1968: Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais (CNAE)10 a • 1962: Conselho Nacional de Telecomunica¸˜es co • 1969: Instituto de Pesquisas Espaciais • 1973: Plano B´sico de Desenvolvimento Cient´ a ıfico e Tecnol´gico o ´ • 1974: Plano Nacional de Alcool (Pro´lcool) a • 1984: Lei da Reserva de Inform´tica a • 1985: Cria¸˜o do Minist´rio de Ciˆncia e Tecnologia11 ca e e 10 Originou-se do Grupo da Comiss˜o Nacional de Atividades Espaciais, criado em 1961 a 11 Antes da cria¸˜o do MCT todos os assuntos referentes ` ciˆncia e tecnologia eram tratados por uma ca a e secretaria especial ligada ao gabinete do presidente da Rep´blica u
  • 33. 27 Anexo B: Cronologia Brasil - Princi- pais Estatais de Tecnologia • 1934: Universidade de S˜o Paulo (USP) a • 1946: Companhia Sider´rgica Nacional (CSN) u • 1949: F´brica Nacional de Motores a • 1953: Petr´leo Brasileiro (Petrobr´s) o a • 1963: Companhia de Explosivos Valpara´ ıba • 1964: Empresa Brasileira de Telecomunica¸˜es (Embratel) co • 1967: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) • 1969: Empresa Brasileira de Aeron´utica (Embraer) a • 1972: Empresa Brasileira de Agropecu´ria (Embrapa) a • 1972: Refinaria de Paul´ ınia / SP • 1974: Empresas Nucleares Brasileiras (Nuclebr´s12 ) a • 1976: Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica¸˜es (CPqD) co • 1976: Universidade Estadual Paulista ”J´lio de Mesquita Filho”(Unesp) u 12 Foi transformada na atual INB - Ind´strias Nucleares Brasileiras, em 1988 u
  • 34. 28 Gloss´rio a • Absolutismo : (1) ´ uma teoria pol´ e ıtica que defende que uma pessoa (em geral, um monarca) deve deter todo o poder. Esta id´ia recebe freq¨entemente a designa¸˜o e u ca de ”Direito Divino dos Reis”, implicando que a autoridade do governante emana diretamente de Deus. (Wikipedia) (2) Sistema de governo no qual o poder ´ centralizado na figura do governante, t´ e ıpico da Europa dos s´culos XVII e XVIII. A hegemonia est´ nas m˜os dos reis, que re- e a a alizam a centraliza¸˜o administrativa, constituem ex´rcitos permanentes, criam a ca e burocracia e a padroniza¸˜o monet´ria e fiscal, procuram estabelecer as fronteiras ca a de seus pa´ ıses e promovem pol´ ıticas mercantilistas e coloniais. Tamb´m institu- e cionalizam a Justi¸a, acima do fragmentado sistema judici´rio feudal. (Wikipedia) c a • Ciˆncia : (1) do latim scientia , conhecimento. e ´ (2) E o conjunto de informa¸˜es sobre a realidade acumuladas pelas v´rias gera¸˜es co a co de investigadores depois de devidamente validadas pelo m´todo cient´ e ıfico. Tamb´m e se designa por ciˆncia o processo de recolha e valida¸˜o de informa¸˜es sobre a real- e ca co idade. A ciˆncia procura estudar a realidade. Os cientistas partem do princ´ que e ıpio existe uma realidade f´ ısica externa ` mente humana (realismo) e que essa realidade a pode ser determinada, pelo menos de uma forma deturpada, atrav´s dos sentidos e (empirismo). (Wikipedia) • Coronelismo : (1) ´ um termo que foi criado para designar alguns h´bitos pol´ e a ıticos e sociais que ocorrem no meio rural brasileiro, onde os grandes latifundi´rios ainda a s˜o chamados de coron´is no interior remoto do Brasil. Estes exercem o dom´ a e ınio
  • 35. 29 absoluto sobre os agregados que vivem em suas terras ou delas dependem para sobreviver. (Wikipedia) (2) No Brasil ´ s´ e ımbolo de autoritarismo e impunidade. Suas pr´ticas remontam do a caudilhismo e do caciquismo que prov´m dos tempos da coloniza¸˜o do Brasil, gan- e ca hando for¸a na ´poca do primeiro imp´rio chegando ao final do s´culo XX tomando c e e e conta da cena pol´ ıtica brasileira. (Wikipedia) • Crise Econˆmica de 1929 : in´ o ıcio da crise financeira norte-americana, sim- bolizada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, a mais importante do mundo. Esta crise tem suas ra´ na super produ¸˜o das ind´strias norte-americanas ızes ca u devido ao seu papel de fornecedor de produtos para a Europa no p´s Primeira o Guerra Mundial que culminou, em 1929, em saturamento das empresas que n˜o a tinham como dar vaz˜o ` sua produ¸˜o. A crise econˆmica, que colocou os Estados a a ca o Unidos da Am´ria em uma grande depress˜o, atingiu in´meros pa´ e a u ıses no mundo todo, incluindo o Brasil, de forma catastr´fica. o • Descontinuar : parar de fabricar um produto devido ` existˆncia de outros su- a e periores que fazem com que o primeiro seja sup´rfluo ou tenha sua produ¸˜o mais e ca cara que seus sucessores. • Fascismo : Segundo artigo da Wikipedia, a palavra fascismo ´ utilizada para e identificar qualquer sistema de governo semelhante ao de Mussolini, o qual exaltava a na¸˜o e muitas vezes a ra¸a acima do indiv´ ca c ´ ıduo. E aplicada de forma menos expl´ ıcita que o nazismo, empregando uma arregimenta¸˜o econˆmica e social severa, ca o e sustentando o nacionalismo e, por vezes, o nacionalismo ´tnico. e • Industrializa¸˜o : Processo social e econˆmico que visa aumentar a rentabili- ca o dade dos meios de produ¸˜o e de troca, tornando-os independentes dsos progres- ca sos cient´ ıficos e da hierarquiza¸˜o da estrutura social. Processo de transforma¸˜o ca ca social e econˆmica, marcado pela concentra¸˜o urbana, pela r´pida mudan¸a tec- o ca a c nol´gica, pela especializa¸˜o profissional, pela estratifica¸˜o social e pela modifica¸˜o o ca ca ca na rela¸˜o entre os rendimentos. (LAROUSSE) ca
  • 36. 30 • IPI : Imposto sobre Produtos Industrializados. • Mecaniza¸˜o : Emprego generalizado de m´quinas em substitui¸˜o ao uso de ca a ca m˜o-de-obra. (LAROUSSE) a • PIB : Produto Interno Bruto. Valor de todos os bens e servi¸os produzidos por c um pa´ em dado per´ ıs ıodo. (LAROUSSE) • Protecionismo : Sistema pol´ ıtico-econˆmico que consiste em proteger a agri- o cultura, o com´rcio ou a ind´stria de um pa´ contra a concorrˆncia estrangeira, e u ıs e por meio de um conjunto de medidas como limita¸˜o das importa¸˜es pela insti- ca co tui¸˜o de tarifas alfandeg´rias ou pela subordina¸˜o ao sistema de licen¸a pr´via ca a ca c e de importa¸˜o; incentivo ` exporta¸˜o pela libera¸˜o de pagamento de impostos; ca a ca ca estabelecimento de controle cambial. (LAROUSSE) • Revolu¸˜o Constitucionalista de 1932 : Movimento social que tinha por ob- ca jetivo inicial cobrar do presidente Get´lio Vargas providˆncias quanto ` nova Con- u e a stitui¸˜o que ele havia prometido no in´ de seu governo. O movimento fugiu do ca ıcio controle e acabou se transformando em luta armada, ap´s uma manifesta¸˜o estu- o ca dantil onde morreram quatro jovens, cujos nomes formam a sigla MMDC (Martins, Miragaia, Dr´usio e Camargo). a • Revolu¸˜o de 1930 : Movimento pol´ ca ıtico que uniu tenentes (que se viam marginal- izados) e jovens da oligarquia dissidente, formando uma luta armada contra as condi¸˜es pol´ co ıtico-econˆmicas do pa´ Uma s´rie de acontecimentos propiciaram o ıs. e tal movimento, dentre eles a grave crise econˆmica na qual o pa´ se encontrava, os o ıs baixos incentivos `s ind´strias e o protecionismo da ind´stria cafeeira. Seu resul- a u u tado imediato foi a institui¸˜o do que seria denominado Estado Novo, com Get´lio ca u Vargas como presidente da na¸˜o. ca • Revolu¸˜o Industrial : express˜o utilizada para designar um conjunto de trans- ca a forma¸˜es econˆmicas, sociais e tecnol´gicas que teve in´ co o o ıcio na Inglaterra, na se- gunda metade do s´culo XVIII. (FIGUEIRA, 2001) e
  • 37. 31 • Tecnologia : Termo usado para atividades de dom´ ınio humano, embasada no conhecimento, manuseio de um processo e ou ferramentas e que tem a possibili- dade de acrescentar mudan¸as aos meios por resultados adicionais a competˆncia c e natural. Proporcionando desta forma, uma evolu¸˜o na capacidade das atividades ca humanas, desde os prim´rdios do tempo, e historicamente relatadas como revolu¸˜es o co tecnol´gicas. (Wikipedia) o ´ a • TSE : Tribunal Superior Eleitoral. Org˜o do governo federal brasileiro respons´vel a pela organiza¸˜o e condu¸˜o dos processos eleitorais para cargos legislativos e ex- ca ca ecutivos em todo o territ´rio nacional, nos ˆmbitos federal, estadual e municipal. o a Possui escrit´rios regionais espalhados por todos os munic´ o ıpios, os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais).