O documento descreve a história das cidades de Garopaba, Imbituba e Imaruí, desde suas origens até meados do século XX. Relata os primeiros povoamentos em 1752, 1793/1795 e 1833 respectivamente e detalha as atividades das armações baleeiras em Garopaba no final do século XVIII. Também aborda a Batalha de Imbituba em 1839 durante a Revolução Farroupilha e o crescimento dessas cidades ao longo dos séculos XIX e XX.
3. Conta-se que em 1525 uma
expedição naval espanhola,
comandada por Dom Henrico de
Acuña, que se dirigia às Molucas,
passando pelo estreito de Fernão de
Magalhães, foi obrigada a se refugiar
de um temporal na Baía de
Garopaba.
4.
5. Fonte: BESEN, José Artulino. São Joaquim de Garopaba: 1830-1980. 1996, p. 55-56.
6. QUILOMBO DO FORTUNATO
FORTUNATO JUSTINO MACHADO
Míriam Furtado Hartung
Nos primeiros dias que sucederam a minha chegada ao Morro do Fortunato, o tema
principal nas conversas com os moradores girou em torno da história do grupo. Os relatos
remetiam incondicionalmente ao nome de Fortunato Justino Machado, chamado de pai
Nato, como sendo o primeiro morador do lugar e o fundador do grupo. "O premero
morador que eu conheci lá era o pai do Anastácio, o Fortunato ", diz uma senhora de 84
anos, antiga moradora do Morro, viúva de um dos filhos de Fortunato Justino Machado.
Esta é uma verdade entre os moradores do Morro e das proximidades.
Fortunato possuía uma grande plantação de café e com a venda desse produto ganhou
tanto dinheiro que, na região, ficou conhecido como Fortunat, o rico.
(...)
7. A versão dos moradores do Vale, apresenta Fortunato como escravo de Marcos Vieira e
filho deste mesmo homem. A condição de Fortunato não é posta em dúvida. Afirma-se
categoricamente que ele foi escravo. Pergunto se não estaria esta versão e,
consequentemente, este modo de perceber os membros do grupo do Fortunato, muito
próximo daquele que, durante a escravidão, conforme mostra Cunha (1985),
considerava escravo e negro como "categorias coextensivas"? Dentro dessa lógica da
coextensividade das categorias escravo e negro, se o grupo do Morro do Fortunato é de
origem africana, logo, seu ancestral era escravo. No entanto, isto não diz nada se não
for considerado, como se viu acima, que, igualmente coextensivos a estas duas
categorias -negro e escravo -, é o conjunto de adjetivos que qualificam
depreciativamente esse segmento.
(...)
(Excertos extraídos de: Hartung, Míriam Furtado. Nascidos na Fortuna – O grupo do
Fortunato: identidade e relações interétnicas entre descendentes de africanos e
europeus no litoral catarinense. Florianópolis: PPGAS/UFSC, 1992, p. 36-45)
8.
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11. Em 1793 foi criada a Armação de São Joaquim de Garopaba, que em 1830
foi elevada à condição de freguesia. O município de Garopaba só foi
instituído de forma definitiva em 1961.
13. ESTRUTURA DE UMA ARMAÇÃO BALEEIRA
(Adaptado de Bitencourt, Fernando. Armações baleeiras: da Costa Brava a Garopaba, 2005)
Paredão: de pedra seca, penetrando o mar, onde se escoravam as casas dos baleeiros.
Rampa: construída com pedras secas rejuntadas com uma mistura de conchas
trituradas, areia grossa e borra do derretimento do toucinho da baleia.
Trapiche: em madeira. O trapiche de Garopaba possuía 123 metros.
Casa dos tanques: localizada próxima ao mar e protegida pelo paredão, armazenava
para o embarrilhamento o óleo que escorria por calhas de madeira do engenho de frigir.
Engenho de frigir: abrigava o açougue e a oficina das fornalhas, onde o toucinho era
picado e aquecido em tachos de cobre até ser transformado em óleo.
Casa Grande: residência do administrador. A de Garopaba é construída em pedra e cal.
No pavimento inferior funcionava o armazém e cozinha, e no superior os aposentos
privados.
14. O Casarão foi construído entre 1793-1795 e destinado para moradia e atuação do
Administrador da Armação Baleeiira. Além de residência, segundo Mirian Ellys, em A
Baleia no Brasil Colonial, o prédio servia para depósito de mercadorias e outros bens
destinados à utilização nas atividades na Armação. Sua localização estratégica facilitava a
observação e fiscalização das atividades. (João Pacheco, 2015)
15. Capela: No interior da capela de Garopaba está enterrado o primeiro administrador da
Armação, Manoel Marques Guimarães.
Casas dos feitores: Garopaba mantinha uma fileira de casas ao longo do caminho do
morro, totalizando oito unidades.
Senzala: Em Garopaba estava situadas entre o caminho do morro e o costão a beira
mar, hoje conhecido por beco do Baú.
Beneficiamento da Baleia: De uma baleia produzia-se uma média de 18 pipas de óleo,
cada pipa correspondendo a 424 litros. O óleo era utilizado na iluminação. As barbatanas
na confecção de espartilhos. A carne (3 mil Kg) vendida ou distribuída à população mais
pobre. A borra (resíduos ou mucilagem acumulada no fundo dos tanques) era utilizada
como componente de argamassa na construção civil.
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26. Fonte da foto: http://condutorambiental.blogspot.com.br/
27. 1930: Um piquete Getulista instala-se em Garopaba, e a cidade é bombardeada por um
destróier da Marinha Brasileira. O episódio é cantado nos versos do poeta popular Manoel
Valentim: “Treze de outubro às nove horas. O povo se apavorou. Quando um destróier da
Marinha. A vila bombardeou// Chegaram do Sul os gaúchos. A notícia correu certa. Muita
gente fugiu para o mato, Ficou a Vila quase deserta// Os bois vieram churrascos, Cavalos
foram levados” (VALENTIM, 1993)
1964: encalhe do navio mercante Brasil Mar, trazendo mergulhadores a Garopaba.
Inaugurado o 1º hotel.
Década de 1960: governador Ivo Silveira contrata Manfredo Hubner para fotografar a
sede da colônia de pescadores, que volta diversas vezes à cidade, até instalar-se
definitivamente na década de 1980. Traz consigo jornalistas gaúchos de Correio do Povo,
Folha da Tarde e A Rua Grande, que fazem reportagens sobre Garopaba, Na perspectiva da
fruição romântica do litoral.
Década de 1970: chegada da família Gerdau Johampeter, que se instala no acesso à
Praia Vermelha. Os irmãos Gerdau figuram como precursores do surf no Rio Grande do
Sul. / Chegada do médico Marco Aurélio Raymundo, que passou a produzir roupas para a
prática do surf, criando a Mormai.
Referências culturais do período: conto “Mon amour Garopaba”, de Caio Fernando
Abreu, publicado em 1977. / Canção “Deu pra ti”, de Kleiton e Kledir (1981). / Filme “Deu
pra ti anos 70”, de Giba Assis Brasil e Nelson Nadotti (1981).
28. Morro da Silveira, 1977.
Fonte: http://camerasurf.com.br/camerasurf/surfreporter/index/cod/1001/morro-da-silveiragaropaba-sc-1977.html
30. ORIGEM TOPONÍMICA DO TERMO IMBITUBA
“O topônimo ‘Imbituba’ provém do indígena “embetuba” ou “imbituba”, que
significa: região com imensa quantidade de imbé, uma espécie de cipó
escuro roxo, muito resistente, usado para a confecção de cordas.”
(MARTINS, Manoel de Oliveira. Imbituba: história e desenvolvimento)
31. "Barco em Chamas - Batalha de Imbituba", de Willy Zumblic (1980 )
A BATALHA DE IMBITUBA
32. A Batalha Naval de Imbituba (1839) é considerado o batismo de fogo de Anita
Garibaldi, e aconteceu na praia do porto de Imbituba.
Anita lutava ao lado do companheiro Giuseppe Garibaldi, contra as forças do
governo brasileiro, no contexto da Guerra dos Farrapos (ou Rev. Farroupilha).
Santa Catarina havia sido declarado país independente (República Juliana), com
sede em Laguna.
A esquadra dos farrapos era composta pelas embarcações Rio Pardo e Seival, e foi
atacada por tropas terrestres e pelos 3 principais navios da marinha imperial.
Giuseppe ordenou que Anita ficasse nos porões, mas esta não obedeceu, e lutou
com os demais. É desta batalha o episódio no qual Anita, depois de desmaiar em
combate, respondeu a Giuseppe, quando este mais uma vez lhe ordenara que
descesse ao porão, que desceria para buscar os covardes que lá estavam escondidos.
Os farrapos saíram vitoriosos nesta batalha.
33. CRONOLOGIA DE IMBITUBA
(Construída a partir do blog “memoriaimbitubense.blogspot.com.br”)
1622 – Chegam os primeiros missionários pertencentes ao Colégio do Rio de Janeiro,
Padres Antônio Araújo e Pedro da Mota, para catequizar os índios Carijós que habitavam o
litoral catarinense. Permaneceram na Vila Nova até 1624, quando seguiram para a região
de Santo Antônio dos Anjos da Laguna.
1715 – início do povoamento de Imbituba, com a chegada do Capitão Manoel Gonçalves
de Aguiar que, por determinação do Governador do Rio de Janeiro, realizava viagem de
inspeção às colonizações do Sul do Brasil.
1720 – chegam os primeiros colonizadores açorianos e madeirenses.
1747 – construção da primeira capela de Vila Nova para abrigar a imagem de Santa Ana,
trazida dos Açores.
1796 – Fundação da Armação para a pesca da baleia (a estação baleeira de Imbituba foi a
última a deixar de operar no Sul do Brasil).
1821 – nasce em Morrinhos, Freguesia de Santana de Mirim, Ana Maria de Jesus Ribeiro,
mais conhecida como Anita Garibaldi (existem controvérsias).
36. 1826 – D. Pedro I, em viagem para a cidade de Rio Grande onde iria verificar as
necessidades do Exército Brasileiro, desembarca em Garopaba da Frota Imperial que
havia deixado o Rio de Janeiro e segue à cavalo para a localidade de Araçatuba. De lá
seguiu para Vila Nova, onde às 16 horas do dia 2/12/1856 ele e sua comitiva param e
fazem uma ligeira refeição, saindo em seguida, ainda a cavalo, pelas praias, passando por
Itapirubá, Praia do Gi até chegar em Laguna, onde pernoitou.
1839 – Batalha de Imbituba na Praia do Porto.
1856 – Criação da Freguesia do Mirim.
1871 – construção do primeiro trapiche do Porto de Imbituba, com extensão de 70
metros. A obra foi realizada por engenheiros ingleses em ferro e madeira.
1882 – inaugurado o farolete na extremidade do Morro de Imbituba (Ponta de
Imbituba). Extinto em 1911 por ter sido inaugurado nesse dia o novo farolete da Ilha das
Araras. Em 1918 foi inaugurado novo farol, automático, com coluna de alvenaria de 7
metros de altura, pintada de branco, sobre a qual foi colocado o aparelho de luz,
automático. Reformado em 1937, sendo que em 1968 foi terminado o azulejamento da
torre .
1912 – Henrique Lage desembarca em Laguna.
37. 1919 – Início das obras de construção do porto e da Cerâmica Imbituba.
1919/1920 – Construção do Imbituba Hotel.
1920 – início da construção da Usina Termelétrica.
1922 – criada a Companhia Docas de Imbituba, tendo Álvaro Catão como diretor. Todos
os navios de carga ou passageiros da Companhia Nacional de Navegação Costeira
passaram a fazer escala no Porto de Imbituba.
1923 - criação do Município de Imbituba, deixando de pertencer a Laguna. Em 1930,
atropelada pela Revolução Getulista, Imbituba deixou de ser Município, voltando a
pertencer ao Município de Laguna.
1935- primeira viagem de ônibus realizada em Imbituba, tendo como destino a cidade
de Laguna. A linha era operada pela Empresa Auto Viação Glória, de propriedade de
Manoel Florentino Machado.
1941 – falecimento de Henrique Lage e inauguração do porto.
1949 – Imbituba passa a se chamar Henrique Lage.
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39. 1954 – Inaugurada a Igreja Matriz.
1958 – emancipado o distrito de Henrique Lage.
1959 – o município de Henrique Lage passa a se chamar Imbituba.
1966 – ocorre o primeiro suposto milagre atribuído a Madre Paulina, que curou a
imbitubense Eluiza Rosa de Souza, desenganada pelos médicos após intensa hemorragia
e parada cardíaca.
1981 - criado por um grupo de cientistas e voluntários o Projeto Baleia Franca, com o
objetivo de pesquisar e monitorar o ressurgimento das baleias, promover a educação
ambiental e fomentar a cultura preservacionista junto às comunidades da costa sul-
brasileira.
40. IGREJA SANTA ANA DO MIRIM
A igreja em 1912. A construção iniciou em 1844.
45. HENRIQUE LAGE
(1881 – 1941)
Industrial brasileiro e principal idealizador
do Porto de Imbituba. Fundou a Companhia
Docas de Imbituba em 1922. Na cidade,
além do porto, montou uma cerâmica e uma
granja de grandes proporções.
Incentivador de diversos setores da indústria
nacional, como a mineração e a aeronáutica.
Pioneiro na extração salineira no nordeste
do Brasil e, na década de 1920, mandou
sondar a existência de petróleo no município
de Campos dos Goytacazes.
Foi casado com a cantora lírica italiana
Gabriella Besanzoni.
Criou, em 1935, a Companhia Nacional de
Navegação Aérea, primeira fábrica de aviões
no Brasil.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
46. Rua de Baixo (Presidente Vargas) na década de
50. Em primeiro plano os trilhos da Estrada de
Ferro D. Tereza Cristina . Foto de Iza Soares
53. Antigo Barracão da Baleia,. Foto publicada no livro Romanceiro Açoriano, de
Almir Martins.
54. Interior da antiga armação baleeira, atualmente transformado em Museu da
Baleia (reinaugurado em 2015). Foto: Liliane Miguel
55. ANTIGA USINA TERMELÉTRICA
Foi construída em 1917 e ampliada em 1949.
Utilizava a queima de carvão para produção de energia elétrica, e abastecia o
porto e a cidade de Imbituba.
Funcionou de 1923 a 1963. Sua desativação aconteceu quando a cidade
começou a adquirir energia elétrica da SOLTECA – Sociedade Termelétrica de
Capivari.
Possuía uma chaminé de 40 metros de altura e um porão para recolhimento
das cinzas de carvão.
61. Construído entre 1919/1920.
Arquitetura colonial inglesa.
Era considerado um dos mais luxuosos do Sul do Brasil.
Segundo Maria Aparecida Pamato Santana: “A recepção e os corredores eram
cobertos por tapetes “Persa” vermelhos. No salão de refeições, belíssimas
cristaleiras, com espelhos e vidros de cristal, repletas de louças (porcelanas
inglesas), copos e taças de cristal importados e talheres de prata. Membros da
Família Imperial do Brasil, Pedro Gastão e João d´Orleans e Bragança, estiveram
hospedados por oito dias no Hotel Imbituba, em fevereiro de 1935. Chamado de
Hotel Grande possuía, também, um salão de festas, com piano e um bem
aparelhado bar; um salão de jogos no piso superior; no centro, um aconchegante
jardim de inverno, com um caramanchão florido e bancos de ferro pintados de
branco. A recepção, os quartos e o salão de festas eram ladeados por espaçosa
varanda. Aos fundos, ficava a ampla e bem equipada cozinha.”
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67. “Contavam seus funcionários, que na revolução de trinta, os oficiais dos “maragatos”
tomaram o hotel; alguns deles entraram, com seus belos cavalos, selados com arreios de
prata, pelos corredores, até os quartos. Uma bagunça generalizada. Disseram que depois o
hotel ficou assombrado. Altas horas da noite acordaram com passadas e o tilintar dos
arreios dos cavalos.
Um dos últimos gerentes contava que, às vezes, acordava com barulho de louças
quebrando e panelas rolando no chão da cozinha. Levantava-se ia até a cozinha, acendia a
luz e... tudo estava no seu lugar!
A senhora Itália de Bona, primeira telefonista de Imbituba e vizinha do Hotel, contou, nos
seus noventa anos, que Dona Zita Catão organizava bailes luxuosos, para casais amigos de
Laguna e Tubarão. Chegavam de trem e saltavam em frente ao hotel, cantando, alegres:
“Viva, Dona Zita, viva, Dr Catão, ela é tão gentil; nos convidou para vir dançar cá no hotel”.
(Maria Aparecida Pamato Santana)
69. Criada por Henrique Lage no ano de 1919 com a finalidade de fabricar louças
para suprir os navios passageiros da Organização Henrique Lage que na época
faziam a linha Rio-Imbituba-Porto Alegre.
Foi a 1ª indústria de cerâmica da região Sul.
Logo passou a produzir azulejos.
As matérias-primas vinham de Içara (argila) e de Orleans (caulim). Aqui
dispunha de carvão e lenha para os fornos; sarrafos e palha tinham em
abundância para a embalagem da produção. Calcário, talco, vidro especial e
corantes eram provenientes de São Paulo e Paraná. (Maria Aparecida Pamato
Santana)
Encerrou suas atividades em 2009.
70. VILA OPERÁRIA
Construída em 1916 para abrigar operários de Henrique Lage. Formavam um
Um conjunto de casas geminadas, de madeira, compondo 6 lotes, com 4 casas
cada, num total de vinte e quatro.
71.
72. COOPERATIVA DE IMBITUBA
Conjunto de armazéns, lojas de ferragem, armarinho, (roupas de cama, mesa e banho),
açougue, padaria e farmácia. O prédio dividia-se em duas alas separadas internamente
pela linha da malha ferroviária central. Essa linha era usada para a descarga dos produtos
que chegavam de navio, de trem ou por terra. O charque vinha de navio do Rio Grande do
Sul. Outras mercadorias como o sal, vinham do Rio de Janeiro. Lençóis, fronhas, toalhas de
banho, rosto e mesa eram trazidos das confecções catarinenses(Brusque e Blumenau). Os
produtos a granel, como farinhas de mandioca, de trigo, de milho e açucares, feijão e
outros, eram vendidos a quilo e empacotados em papel pardo.
78. Ainda que surja como armação baleeira em 1715, o núcleo urbano de
Imbituba começa a se desenvolver a partir da segunda metade do século XIX,
com a construção do Porto de Imbituba como alternativa para o escoamento
do carvão mineral explorado mais ao sul, em regiões como Lauro Müller e
Tubarão.
Portanto, o porto não foi consequência do desenvolvimento da Vila, mas
resultado de um fator externo ao seu território (a descoberta do carvão).
Em sua primeira fase, o porto desenvolve-se com capital e projeto ingleses.
Imbituba apresentava-se como uma alternativa ao porto de Laguna, cujo
assoreamento não permitia a ancoragem de navios de grande calado.
Interesses político-econômicos levaram a diversos conflitos entre Laguna e
Imbituba. Após a saída dos ingleses, em 1902, o porto de Imbituba é
praticamente abandonado. Outro argumento era o risco que o porto de
Imbituba oferecia às embarcações, já que os fortes ventos, o mar aberto e a
falta de um quebra-mar representavam a possibilidade de acidentes e
naufrágios.
79. Em 1919 Henrique Lage obteve a concessão de exploração do porto.
A eclosão da I Guerra Mundial, que dificultou a importação de carvão, deu novo
impulso à exploração carvoeira em Santa Catarina.
Em 1931 Vargas (nacionalista) institui a obrigatoriedade de que 10% do consumo
de carvão no Brasil seja de produto nacional. Com a II Guerra a demanda pelo carvão
aumenta.
Em 1969, foi fundada a ICC (Indústria Carboquímica Catarinense), empresa
pertencente ao Grupo Petrofértil, que produzia insumos para indústria de
fertilizantes a partir do enxofre extraído da pirita carbonosa (rejeito do carvão)
derivando o ácido sulfúrico somado ao ácido fosfórico.
A construção da ICC, inaugurada em 1979, fazia parte dos objetivos do II PND
(Plano Nacional de Desenvolvimento). Para descarregar a rocha fosfática, matéria-
prima para a produção do ácido fosfórico, e para escoar toda a produção de ácido
sulfúrico e fosfórico, o porto de Imbituba deveria ampliar suas instalações. (Alcides
Goularti Filho).
Em 1990, o governo Collor liberou por completo a importação do carvão
metalúrgico e fechou as minas da CSN.
80. Obras de ampliação do porto de Imbituba. Possivelmente década de 1930.
(Foto: www.portogente.com.br)
86. O forte vento nordeste espalha o óxido de ferro. A substância é consequência da
primeira etapa do beneficiamento da pirita carbonosa, parte do processo de fabricação
do ácido sulfúrico. Esta notícia podia ser ouvida na década de 80 e início de 90, quando
a Indústria Carboquímica Catarinense – ICC, ainda funcionava, mas ainda há relatos da
intitulada na época “maldição da fumaça vermelha”, nos dias de hoje.
(Foto e texto – com adaptações: http://www.bandeirantes1010.com.br/artigo/po-
vermelho-ainda-incomoda-imbitubenses )
88. Toneladas do óxido de ferro foram depositadas a céu aberto no bairro Vila
Nova Alvorada. Além do pó vermelho, outro resíduo da ICC é o gesso,
também depositado a céu aberto no local e em área contígua à da ICC. Com
o fechamento da ICC, a empresa Engessul, hoje, Sul Gesso, adquiriu essas
áreas onde estão depositados os resíduos e desde 2011 iniciou a exportação
do óxido de ferro para o mercado siderúrgico chinês, tornando-se uma das
maiores movimentadoras de cargas do Porto de Imbituba.
Desde então a comunidade de Ribanceira de Cima vem sofrendo quando o
vento nordeste atinge o município, levantando nuvens de pó vermelho que
entram nas casas, cobrem os veículos e plantas. Sendo uma substância muito
fina, se espalha muito rápido. A Senhora Maria Farias, 80 anos, já está
cansada de limpar sua casa. “Para este natal, tivemos que limpar com um
jato toda a casa, e pintá-la da cor do pó, porque a sujeira é demais e sempre
volta”, comenta Maria.
Fonte: http://www.bandeirantes1010.com.br/artigo/po-vermelho-ainda-
incomoda-imbitubenses, 20/12/2013.
91. Manifestação organizada pela ACORDI (Associação Comunitária Rural de
Imbituba) contra a instalação da Votorantim na Ribanceira. Em julho de 2010
houve a desapropriação da área, vendida a 11 centavos o m² e a expulsão de
um morador local.
Foto: http://passapalavra.info/2010/08/27188.
94. A primeira colonização da região de Imaruí ocorreu antes de 1800 e foi realizada por
um grupo de pescadores oriundos de Laguna.
Em 1833, foi criada a Freguesia de São João Batista do Imaruí, que se tornou distrito de
Laguna.
Imaruí passou à categoria de município em 27 de agosto de 1890, e o nome foi dado
pelos de indígenas que habitava o local: vem do mosquito “maruim”, comum na região.
Massacre de Imaruí: Com a tomada de Laguna pelos farrapos, adeptos do Império
fugiram para Imaruí e resistiram às imposições de David Canabarro, que esperava que a
Freguesia fornecesse víveres as suas tropas, o que acabou não acontecendo. Diante
disto, ordenou a Garibaldi que saqueasse e destruísse a freguesia, o que aconteceu em
1839. A cidade foi pilhada e seus habitantes mutilados e mortos. Sobre o episódio,
escreveu Garibaldi em suas memórias:
“Desejo, não só para mim, mas para todos os homens que jamais recebam uma ordem
igual a esta que era de tal modo terminante que não havia modo de a iludir. Ainda que
existam longas e prolixas narrativas de não acontecimentos, julgo impossível que a mais
terrível se aproxime da realidade. Deus me perdoe, mas não tive em toda a minha
existência acontecimento que deixasse tão amarga recordação como o saque do
Imaruí.”
95. Destaque para o turismo religioso: Festa do Senhor Bom Jesus dos Passos (uma das
maiores de Santa Catarina, reunindo 50 mil pessoas) e a Beata Albertina.
Igreja Matriz em 1941. (Foto: Clélio Barreto)
97. Albertina Berkenbrock
Beatificada em 2007.
Nasceu no dia 11 de abril de 1919, na comunidade
de São Luís, paróquia São Sebastião de Vargem do
Cedro.
Filha de imigrantes alemães, a jovem foi
assassinada aos doze anos de idade ao resistir uma
tentativa de estupro.
O primeiro sinal de sua suposta santidade ocorreu
no dia de sua morte. Segundo consta, o sangue
jorrava de seu pescoço sempre que o agressor, ex-
empregado do seu pai, aproximava-se do caixão.