O projeto de extensão teve como objetivo conscientizar estudantes sobre a ocupação pré-colonial e patrimônio arqueológico em Garopaba através de palestras. Nove palestras foram ministradas para 270 alunos de duas escolas, abordando as culturas pré-coloniais da região e a importância da preservação dos sítios arqueológicos. A avaliação indica que as palestras contribuíram para informar sobre a riqueza do patrimônio pré-colonial local.
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Relatório Final do Projeto de Extensão: Ocupação pré-colonial e patrimônio arqueológico em Garopaba e região.
1. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E RELAÇÕES EXTERNAS
Relatório Final do Projeto de Extensão:
Ocupação pré-colonial e patrimônio arqueológico em Garopaba e região
Viegas Fernandes da Costa1
João Henrique Quoos2
1. Introdução
Considerando a dinâmica social do município de Garopaba (SC) e as discussões sobre o desenvolvimento da cidadania cultural a partir da educação patrimonial3, foi proposto e executado o projeto de extensão nº 264/14, modalidade de fluxo contínuo, intitulado “Ocupação pré-colonial patrimônio arqueológico em Garopaba e região”, junto às escolas de educação básica José Rodrigues Lopes e Maria Correa Saad. O projeto esteve sob responsabilidade e foi executado pelos autores deste relatório.
A execução do projeto de extensão aconteceu no mês de agosto de 2014 e contemplou especialmente alunos de Ensino Médio
2. Justificativa
O litoral centro-sul de Santa Catarina possui diversos e riquíssimos vestígios arqueológicos de populações pré-coloniais que habitaram a região desde há aproximadamente 7 mil anos A.P. Segundo pesquisas realizadas por arqueólogos como André Prous, Madu Gaspar, João Alfredo Rohr, Walter Fernando Piazza, Keller Lucas, Paulo de Blasis, a região recebeu primeiramente populações das culturas Umbu e Humaitá, e posteriormente Sambaquieiras, Itararés e Carijós. Da presença destes povos preservaram-se diversos e diferentes vestígios, a saber: sambaquis, sítios ceramistas, oficinas líticas, inscrições rupestres, complexos paisagísticos, além de artefatos líticos e ósseos distribuídos por todo território. O município de Garopaba encontra-se dentro desta região, e possui cinco sítios arqueológicos registrados junto ao Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dentre os quais está o da Ponta do Galeão, considerado de alta relevância.
Desde agosto de 2013 opera a “Comissão para levantamento e diagnóstico do
1 Professor de História do Instituto Federal de Santa Catarina e Coordenador do projeto.
2 Professor de Geografia do Instituto Federal de Santa Catarina e participante do projeto.
3 Conforme discussões de Grunberg (2008) e Santos (2007).
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patrimônio histórico e cultural na região de atuação do Campus Garopaba IFSC”, no âmbito do IFSC/Campus Garopaba. Em diversas atividades de reconhecimento do território, esta Comissão constatou situações de vandalização do patrimônio arqueológico da região, bem como desconhecimento local a respeito da história pré-colonial em Garopaba.
Considerando a importância da educação patrimonial como estratégia fundamental para a sensibilização da comunidade a respeito da importância de se conhecer e preservar os vestígios das culturas pré-coloniais para o desenvolvimento de pesquisas, bem como para o desenvolvimento de atividades de trabalho e renda por meio do turismo cultural/arqueológico, de fomento do desenvolvimento territorial sustentável e do fortalecimento da cidadania cultural, foi proposto por meio deste Projeto de Extensão um trabalho de informação e conscientização dos jovens através de palestras a respeito dos vestígios da presença das populações pré-coloniais em Garopaba e região.
3. Metodologia de desenvolvimento e execução
Foram ministradas nove (09) palestras dialogadas para estudantes da rede estadual de ensino do município de Garopaba com o tema: Ocupação pré-colonial e patrimônio arqueológico de Garopaba e região. No total foram atendidas cinco (05) turmas de 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Maria Correa Saad, e três (03) turmas do Ensino Médio e uma (01) turma de 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual José Rodrigues Lopes. As palestras foram ministradas nas seguintes datas: 13/08; 19/08; 20/08; 26/08 e 27/08, nos períodos matutino e vespertino.
A escolha das turmas ocorreu em conjunto com a coordenação pedagógica de cada escola envolvida. A opção pelos primeiros anos do Ensino Médio justifica-se pelo currículo do curso, que contempla a história das sociedades antigas e das sociedades pré-coloniais brasileiras no 1º ano do Ensino Médio, o que facilitou o intercâmbio entre conteúdos trabalhados em sala de aula e os conteúdos abordados nesta atividade de extensão. Também foram consideradas questões de operacionalização: relação número de alunos e espaço físico, disponibilidade de agenda da escola e dos executores do projeto, calendário escolar. A inclusão de uma turma de 8ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual José Rodrigues Lopes ocorreu em atendimento à solicitação da Professora de História da referida turma, que entendeu ser o tema e a abordagem pertinentes aos
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conteúdos trabalhados com os alunos.
Para a execução deste Projeto de Extensão, o Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), Campus Garopaba, contou com a parceria das duas escolas estaduais aqui já mencionadas, que disponibilizaram o espaço físico para a execução das atividades, equipamentos de projeção multimídia, alunos e equipe de apoio. O projeto contou também com a parceria do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ), que cedeu por todo período um “kit pedagógico”, que consiste em um sepultamento sambaqui real e um gavetário com peças humanas. Neste projeto de extensão, fez-se uso do sepultamento para explicar aos alunos questões relativas à anatomia dos sambaquieiros, diferenciação sexual a partir do esqueleto e características do trabalho arqueológico.
Para as palestras foi organizado um material audiovisual (apresentação em Power point) com informações sobre a ocupação pré-colonial do litoral centro sul catarinense e da atividade arqueológica, mapas e imagens recentes dos vestígios arqueológicos encontrados nos municípios de Garopaba e Imbituba.
Cada palestra teve a duração aproximada de 1:30h, e contou com a participação média de 30 (trinta) alunos. Na Escola Estadual Maria Correa Saad foram contemplados 150 (cento e cinquenta) alunos, e na Escola Estadual José Rodrigues Lopes 120 (cento e vinte) alunos, totalizando 270 (duzentos e setenta) alunos atendidos pela atividade de extensão. Participaram ainda alguns professores e técnicos das duas escolas.
As palestras foram estruturas seguindo o roteiro: introdução, as primeiras atividades arqueológicas em Santa Catarina, Tradição Umbu, Tradição Humaitá, Civilização Sambaquieira (aspectos humanos,sociais, arquitetônicos, simbólico-artísticos), inscrições rupestres no litoral catarinense, povo Itararé, povo Guarani (carijó). Foram discutidas questões como: a importância do patrimônio arqueológico para o desenvolvimento territorial sustentável da região, as relações que os povos pré-coloniais estabeleciam com o meio-ambiente, as possibilidades de reflexão sobre a existência humana a partir dos vestígios arqueológicos, cuidados e preocupações relacionados aos sítios e vestígios arqueológicos da região.
4. Avaliação final
Considerando o objetivo geral do projeto, “conscientizar a respeito da importância de se conhecer e preservar os vestígios arqueológicos existentes em Garopaba e região”; e
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considerando os objetivos específicos, “identificar as diferentes culturas pré-coloniais que povoaram a região do município de Garopaba”, “reconhecer os vestígios arqueológicos remanescentes em Garopaba e região” e “debater a importância de se conhecer e preservar os vestígios arqueológicos remanescentes em Garopaba e região”, pode-se avaliar como positiva a execução das atividades.
Quanto aos resultados esperados, a saber, “que os jovens compreendam a importância de se conhecer a história das populações pré-coloniais que povoaram a região de Garopaba e que, a partir desta compreensão, sensibilizem-se para a necessidade de proteção e preservação dos vestígios arqueológicos remanescentes”, dado seu caráter de longo prazo, não é possível determinar se o projeto alcançou estes resultados. É possível depreender, entretanto, das intervenções dos estudantes, dos depoimentos dos professores que assistiram a algumas palestras e da avaliação das escolas, que as palestras contribuíram no sentido de informar a respeito da riqueza e da importância da ocupação pré-colonial e dos vestígios arqueológicos da região para o desenvolvimento social e territorial da região. As escolas parceiras manifestaram interesse neste tipo de atividade e consideraram positivo o intercâmbio com o Instituto Federal de Santa Catarina por meio deste projeto de extensão.
Aponta-se também para a necessidade de que este tipo de atividade seja permanente, e se acrescente a outras atividades que tenham por objetivo a educação patrimonial e o desenvolvimento da cidadania cultural.
A atividade não conseguiu contemplar o número de 500 (quinhentos) alunos previstos no projeto (atendeu 270, conforme exposto) em função de incompatibilidades entre os calendários escolares e a organização das instituições envolvidas, a agenda dos professores do IF-SC envolvidos na execução das atividades e o prazo de disponibilização do “kit pedagógico” pertencente ao acervo do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ). Estava prevista também uma palestra para uma turma noturna de 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual José Rodrigues Lopes, cancelada em função do agendamento de atividades não previstas no calendário escolar desta instituição parceira.
Por fim, sugere-se, com base no interesse manifestado pelos alunos e pelos professores das instituições parceiras envolvidas na atividade, e considerando-se o debate a respeito da educação patrimonial e sua contribuição para o desenvolvimento da cidadania cultural, a continuidade desta proposta de extensão.
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5. Referências
GRUNBERG, Evelina. Educação patrimonial: trajetórias. In. BARRETO, Euder Arrais et. al. (orgs.). Patrimônio Cultural: artigos e resultados. Goiânia: UFG, 2008, p. 37-41.
SANTOS, Camila Henrique. Educação Patrimonial: uma ação institucional e educacional. In IPHAN. Patrimônio: práticas e reflexões. v 1. Rio de Janeiro: IPHAN/COPEDOC, 2007, p. 147-172.
6. Anexos
Registro fotográfico de algumas palestras. A autoria das imagens é do Professor Jo- ão Henrique Quoos.
Figura 1: Palestra na Escola Estadual Maria Correa Saad
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Figura 2: Palestra na Escola Estadual Maria Correa Saad
Figura 3: Palestra na Escola Estadual José Rodrigues Lopes