Este documento discute os elementos dêiticos e anafóricos na linguagem. Elementos dêiticos como pronomes e advérbios de tempo e lugar identificam pessoas, objetos e locais com base no contexto. A anáfora também identifica esses elementos com base em uma menção anterior no discurso. Ambos dependem do contexto para interpretação, embora existam padrões sistemáticos.
2. Dêixis – vem do grego.
Significa o ato de mostrar, apontar.
Os elementos dêiticos permitem
identificar:
- pessoas;
- coisas;
- momentos;
- lugares.
3. Os elementos dêiticos identificam os objetos a
que se referem a partir do contexto.
São associados, de modo geral:
- aos pronomes demonstrativos (este, esse,
aquele, aquela, isto, isso, aquilo);
- aos pronomes pessoais (eu, tu, ele, nós, vós
eles, você, vocês);
- aos tempos verbais (pretérito, presente,
futuro);
- aos advérbios de tempo e lugar (ontem, hoje,
aqui, ali, lá).
4. A interpretação dos elementos dêiticos
depende de informações contextuais,
embora exista um caráter sistemático.
Este gato é muito bonito.
Eu adoro chocolate.
5. Aqui é o país da impunidade.
Aquele ali, eu levo.
Esta nota foi aquém da minha
expectativa.
Alice não mora mais aqui.
6. Nos casos citados, a referência varia de
acordo com o contexto de fala, mas o
sentido permanece o mesmo.
Sentido dos dêiticos é um roteiro para
encontrar referentes.
Palavra “eu” aponta para o falante –
palavra “este” aponta para objeto
próximo do falante etc.
7. Anáfora – também identifica objetos,
pessoas, momentos, lugares e ações.
Mas a anáfora os identifica a partir de
menção anterior no discurso ou na
sentença.
Tem uma mulher aí fora. Ela quer vender
livros.
8. Avise a Teresa que saí, se ela ligar.
O técnico insistiu que ele não achava
nada errado no computador.
As notas de Semântica não foram boas.
Elas foram excelentes.
9. Nas frases de exemplo, há relações
nítidas entre referentes e antecedentes.
Uma expressão é interpretada
anaforicamente quando sua
interpretação é derivada da expressão
antecedente.
10. Algumas expressões podem ser usadas
como dêiticas ou anafóricas:
Ela já saiu. (dêixis)
A Maria estava na sala, mas ela já saiu.
(anáfora)
11. Outras expressões só admitem
interpretação anafórica.
Maria está orgulhosa de si mesma.
*Si mesma já saiu.
12. As letras i, j e k são utilizadas, em geral,
na literatura linguística, para indicar o
antecedente e o referente. Elas são
colocadas logo abaixo das palavras em
situação de correferencialidade.
Tem uma mulheri aí fora. Elai quer vender
livros.
13. Avise a Teresaj que saí, se elaj ligar.
O técnicok insistiu que elek não achava
nada de errado no computador.
14. Há expressões que demandam análises
mais complexas.
[Toda mulher]i pensa que elai dará uma
educação melhor ao [seu]i filho do que
[sua]i mãe deu.
“Toda mulher” quer dizer “cada mulher
pertencente ao conjunto das mulheres”.
15. [Nenhum homem]i deveria [se]i culpar
pelos erros de [seus]i filhos.
“Nenhum homem” quer dizer “não é
verdade para cada homem
pertencente ao conjunto dos homens”.
16. Outros tipos de correferência:
[Quais candidatos]k votarão [neles
mesmos]k?
A Ginai falou para a Mariaj que[i+j] elas
saíssem.
O Carlos pescou [alguns peixes]i e o
Marcos osi cozinhou.
Se o Joséi vir a Mariaj, elei a desculparáj.
17. Todo falante tem conhecimento
linguístico suficiente para julgar
possibilidades de correferência.
Referência disjuntivas: não é possível
interpretar o referente como
anaforicamente relacionado ao
antecedente.
18. *Si mesmai é orgulhosa da Mariai.
*A Teresai ai encontrou saindo do
cinema.
*Elei insistiu que [o técnico]i não achou
nada.
19. Chomsky propõe a existência de
princípios sintáticos que restringem a
possibilidade de correferências.
Assim, a agramaticalidade das
sentenças anteriores poderia ser
explicada por princípios válidos para
qualquer língua.