O documento discute padrões de segregação e interação territorial em três dimensões: 1) Segregação territorial em diferentes escalas espaciais como bairros, cidades e estados; 2) Desenvolvimento desigual e combinado no capitalismo gerando assimetrias regionais; 3) Expansão urbana e processos de segregação e gentrificação nas cidades.
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Segregação e Interação Territorial
1. Território e Sociedade
Segregação e Interação Territorial
Vitor Vieira Vasconcelos
Universidade Federal do ABC
São Bernardo do Campo
Abril, 2020
2. Texto base para leitura
ANDRADE, Luciana T.,
SILVEIRA, Leonardo S. (2013).
Efeito-território: Explorações em torno
de um conceito sociológico.
Civitas, 13(2), 381-402.
6. Desenvolvimento
combinado e desigual
●
O capitalismo gera desenvolvimento em todas
as escalas (global, nacional, local) ao longo
do tempo
●
Dentro de cada escala, o desenvolvimento é
sempre desigual socialmente e espacialmente
●
O desenvolvimento é sempre combinado
entre as escalas, por meio de investimentos
de capital, transferência de conhecimento, e
com retorno por meio de dívidas e lucros.
TROTSKY, Leon. The History of the Russian Revolution. Ann Arbour:
University of Michigan, 1932.
7. Inclusão precária
●
Indivíduo ou grupo faz parte da
dinâmica capitalista, mas não ganha o
suficiente para ter uma vida digna
●
Exemplo: trabalhadores informais
vivendo em favelas
●
Termo mais coerente do que
“exclusão social”
Martins, José S. 1997. Exclusão social e a nova desigualdade. São Paulo: Paulus
8. CEPAL - Raúl Frederico PrébischCEPAL - Raúl Frederico Prébisch
● Relações desiguais entre os países
Os países centrais se beneficiariam mais do que os periféricos
Países Periféricos
Países Centrais
Bensdealto
valoragregado
Prebisch, R., & Cabañas, G. M. (1949). El desarrollo económico de la América Latina y algunos de
sus principales problemas. El trimestre económico, 16(63 (3), 347-431.
Investimento
Pagamento
deDívida
Bensdebaixo
valoragregado
Balança de
pagamentos positiva
Balança de
pagamentos negativa
9. Yanofsk, D. For the First Time, the combined GDP of poor nations is greater than the Rich ones.
Quartz. 2013.
PIB per capita (paridade de poder de compra)
Economias avançadas
Economias em desenvolvimento e emergentes
10. Celso Furtado
Países desenvolvidos
Desenvolvimento
tecnológico
Acumulação de
capital
Alteração do
perfil de demanda
Países subdesenvolvidos
Desenvolvimento
tecnológico
Acumulação de
capital
Alteração do
perfil de demanda
FURTADO, Celso. Um Projeto para o Brasil, 4.a ed., Rio de Janeiro, Saga, 1968
1920-2004
11. Celso FurtadoCelso Furtado
● Países desenvolvidos:
– Lucro em grande parte reinvestido em produção
● Países subdesenvolvidos
– Elite industrial usa lucro para consumo de bens supérfluos
importados dos países desenvolvidos
– Dinheiro retorna aos países desenvolvidos pela importação
– Sobra pouco dinheiro para reinvestimento
– Controle do Estado pela elite mantém a estrutura de dependência
Furtado, C., 1974. O mito do desenvolvimento econômico. Ed. Paz Terra
14. Dinâmica econômica
brasileira no
século XXI
Nonato Júnior, R. and Théry, H., 2017. O Rio
Grande do Norte no Brasil: uma contextualização
em onze imagens. Confins (32).
16. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sistema de Contas Regionais: Brasil 2017.
PIB per capita em 2017 (R$)
17. PIB per capita
Como é o padrão espacial de
segregação/interação territorial no Brasil?
18. Desconcentração X Reconcentração
do Desenvolvimento
●
Expansão industrial vai para fora da
região metropolitana de São Paulo
(menores salários)
●
Sedes das empresas continuam na
capital de São Paulo
●
Fluxo dos lucros continua convergindo
para São Paulo
Diniz, Clélio C., 1993. Desenvolvimento poligonal no Brasil: nem desconcentração, nem
contínua polarização. Nova Economia, 3(1), pp.35-64.
19.
20.
21. Diniz, Clélio C., 1993. Desenvolvimento poligonal no Brasil: nem desconcentração, nem
contínua polarização. Nova Economia, 3(1), pp.35-64.
22. Egler, C.A.G., Bessa, V.D.C. and Gonçalves, A.D.F., 2013. Dinâmica territorial e seus rebatimentos
na organização regional do estado de São Paulo. Confins (19).
23. Região de Influência da
Metrópole de São Paulo
IBGE. Regiões de Influência das Cidades (2007).
24. PIB per capita, 2017 (R$)
Fonte: IBGE/SEADE
Intervalos por quantil
25. PIB per capita
Como é o padrão espacial de
segregação/interação territorial no
estado de São Paulo?
29. Processo de Filtragem
CADWALLADER, M. Urban Geography: an analytical approach. New Jersey: Prentice Hall, 1996
HOYT, H. Centralização e descentralização urbanas, 1939. In: PIERSON, D. (org.) Estudos de Ecologia Humana. Tomo I. SP: Livraria Martins Editora S.A., 1948, p. 263-276.
34. Operações urbanas
e incêndios em
favelas
https://www.redebrasilatual.com.br/cidades/2012/09/mapa-revela-coincidencia-entre-favelas-incendiadas-e-operacoes-urbanas-de-sp/
36. BORSDORF, A.; BÄHR, J.; JANOSCHKA, M. Die Dynamik stadtstrukturellen Wandels in Lateinamerika im Modell der lateinamerikanischen Stadt.
Geographica Helvetica 57 (4): 300 – 310, 2002.
37. BORSDORF, A.; BÄHR, J.; JANOSCHKA, M. Die Dynamik stadtstrukturellen Wandels in Lateinamerika im Modell der lateinamerikanischen Stadt.
Geographica Helvetica 57 (4): 300 – 310, 2002.
38. BORSDORF, A.; BÄHR, J.; JANOSCHKA, M. Die Dynamik stadtstrukturellen Wandels in Lateinamerika im Modell der lateinamerikanischen Stadt.
Geographica Helvetica 57 (4): 300 – 310, 2002.
39. BORSDORF, A.; BÄHR, J.; JANOSCHKA, M. Die Dynamik stadtstrukturellen Wandels in Lateinamerika im Modell der lateinamerikanischen Stadt.
Geographica Helvetica 57 (4): 300 – 310, 2002.
40. Município de Santa Maria - RS
Rocha, L.H.M.D., 2011. Padrão locacional da estrutura social: segregação residencial em Santa Maria-RS. Tese de Doutorado, UFSC.
41. Rocha, L.H.M.D., 2011. Padrão locacional da estrutura social: segregação residencial em Santa Maria-RS. Tese de Doutorado, UFSC.
Município de Santa Maria - RS
42. Renda domiciliar
total média (R$)
http://200.144.244.157:8000/resolution/
Qual seria o modelo de
expansão/segregação urbana da
região metropolitana de São Paulo?
43. Valor médio de mercado
(R$/m2
) 2005
Moraes, S., 2010.
São Paulo: is
fragmentation
ineluctable?”.
Jacquet, P., R.
Pachauri and L.
Tubiana, Cities
Steering Towards
Sustainability–A
Planet For Life, Teri
Press, Delhi.
44. Renda per capita
Como é o padrão espacial de
segregação/interação territorial na
Região Metropolitana de São Paulo?
45. Índice de Dissimilaridade
O quanto a
composição dos
grupos (renda, raça,
etc.) em um local
difere da média
regional
DUNCAN, O. D.; DUNCAN, B. A methodological analysis of segregation
indexes. American Sociological Review, n. 20, p. 210-217, 1955.
46. Índice de Dissimilaridade
DUNCAN, O. D.; DUNCAN, B. A methodological analysis of segregation
indexes. American Sociological Review, n. 20, p. 210-217, 1955.
Baixa
dissimilaridade
Alta
dissimilaridade
Alta
dissimilaridade
http://www.censusscope.org/about_dissimilarity.html
49. Índice de Entropia
O quanto a composição
dos grupos (renda,
raça, etc.) difere de uma
distribuição igualitária
(mesma proporção de
todos os grupos)
THEIL, H.; FINIZZA, A. J. A note on the measurement of racial integration
of schools by means of informational concepts. Journal of Mathematical
Sociology, v.1, n.3, July 1971. p.187-194.
50. Índice de entropia quanto à ocupação
na Região Metropolitana de São Paulo
Lisboa, F. S., and Feitosa, F.F.. "Para Além da Perspectiva Residencial: Novas Abordagens para a
Análise da Segregação." Anais ENANPUR 17, no. 1 (2017).
Mais
igualitário
Menos
igualitário
51. Cargos
altos
Cargos
baixos
Cargos
altos
Cargos
baixos
Lisboa, F. S., and Feitosa, F.F.. "Para Além da Perspectiva Residencial: Novas Abordagens para a
Análise da Segregação." Anais ENANPUR 17, no. 1 (2017).
Índice de dissimilaridade quanto à ocupação na
Região Metropolitana de São Paulo
Mais
desigual
Menos
desigual
52. Maricato, E.; Colosso, P.
Da cidade segregada à
cidade insurgênte. Outras
palavras – Cidade em
Transe. 2017.
https://outraspalavras.net/cidadesemtranse/da-
cidade-segregada-a-cidade-insurgente/
53. Tempo de deslocamento ao
trabalho
Svab, H. Como as mulheres se deslocam em São Paulo? Mulheres que Transformam, São Pualo, UMAPAZ, 2017.
Porcentagem de pessoas que
possuem carro
54. Programa Integrado de Transportes Urbanos. http://www.stm.sp.gov.br/Pitu2020/Cenarios
55. BALTRUSIS, N.; D'OTTAVIANO, M.C.L.
Ricos e pobres, cada qual em seu lugar: a
desigualdade socio-espacial na metrópole
paulistana. Cad. CRH, Salvador, v. 22, n.
55, Apr. 2009 ..
Assentamentos precários (favelas)
na Região Metropoliana de São Paulo
56. Cidades dormitório de baixa renda
Rios, M.F.C; Gronstein, M.D. Parâmetros para projetos de intervenção urbana
em municípios periféricos da RMSP. FAU, USP, 2006.
57. ARANHA. Valmir. Mobilidade Pendular na Metrópole Paulista. In: São Paulo em Perspectiva.
V19.n4.p. 96-109. São Paulo. 2005
Deslocamentos pendulares na
Região Metropolitana de São Paulo
58. Índices de Isolamento/Exposição
Proporção média
de um grupo em
relação ao outro
Bell, W., 1954. A probability model for the measurement of ecological
segregation. Social Forces, 32(4), pp.357-364.
59. Índice de isolamento da população com
mais de 20 salários mínimos
IsoladoExposto
60. Índice de isolamento da população
com mais de 20 salários mínimos
Índice de isolamento da população
com menos de 2 salários mínimos
IsoladoExposto IsoladoExposto
FEITOSA, F. F. ; MONTEIRO, A. M. V. ; CÂMARA, G. De Conceitos a Medidas Territoriais: A Construção de Índices Espaciais de Segregação Urbana. In: Almeida, C.; Câmara
G.; Monteiro, A.M.V. (Org.). Geoinformação em Urbanismo: Cidade Real vs. Cidade Virtual. São Paulo: Oficina de Textos, 2007, p. 86-105.
61. Maricato, E.; Colosso, P.
Da cidade segregada à
cidade insurgênte. Outras
palavras – Cidade em
Transe. 2017.
https://outraspalavras.net/cidadesemtranse/da-
cidade-segregada-a-cidade-insurgente/
62. Homicídios
Manso, B.P., 2016. Homicide in São Paulo: An Examination of Trends from 1960-2010. Springer.
Roubos
Dados de 2000
63. Comparação
Região metropolitana
de São Paulo
●
Segregação mais por
renda que por raça/etnia
●
Negros e brancos
convivendo nos bairros
pobres
●
Quase só brancos nos
bairros ricos
Região metropolitana
de Londres
●
Segregação mais por
etnia que por renda
●
Ingleses mais isolados
das outras etnias
●
Famílias da mesma etnia
com faixas de renda
diferente vivendo
próximas
Barros, J. and Feitosa, F.F., 2018. Uneven geographies: Exploring the sensitivity of spatial indices of
residential segregation. Environment and Planning B: Urban Analytics and City Science, 45(6), pp.1073-1089.
64. Heterogeneização leve durante o dia
Muito homogêneo à noite, heterogeneização durante o dia por aumento da população
Homogêneo à noite, forte heterogeneização durante o dia devido ao massivo incremento de população
Misto e estável ao longo do dia
Misto, empobrecimento durante o dia devido ao decrescimento de população
Muito misto, importante aumento de população durante o dia sem mudança no nível social médio
Homogêneo, empobrecimento durante o dia devido ao decrescimento da população
Forte aumento do nível social durante o dia devido a um pequeno aumento da população.
AltoMédioBaixo
Nível
socioeconômico
Le Roux, G., Vallée, J. and Commenges, H., 2017. Social segregation around the clock in the Paris
region (France). Journal of Transport Geography, 59, pp.134-145.
Segregação e dinâmica diária na
região metropolitana de Paris
65. Segregação socioambiental
● Injustiça distributiva
– Populações mais pobres, ou etnicamente discriminadas
são alocadas em áreas com pior qualidade ambiental
Poluição
Riscos de desastres naturais
Menos arborização e áreas verdes
Sem saneamento básico
● Injustiça participativa
– Populações mais pobres ou etnicamente discriminadas
tem menos voz nos meios de discussão e tomada de
decisão
PICKETT, Steward TA; BOONE, Christopher G.; CADENASSO, Mary L. Ecology and Environmental Justice: Understanding Disturbance Using
Ecological Theory. In: Urbanization and Sustainability. Springer Netherlands, 2013. p. 27-47.
BOONE, Christopher G.; FRAGKIAS, Michail. Connecting environmental justice, sustainability, and vulnerability. In: Urbanization and
Sustainability. Springer Netherlands, 2013. p. 49-59.
66. Segregação socioambiental em São Paulo
YOUNG, Andrea Ferraz. Urbanization, environmental justice, and social-environmental vulnerability in Brazil.
In: Urbanization and Sustainability. Springer Netherlands, 2013. p. 95-116.
Foto: Luciana Travassos
67. Segregação socioambiental em São Paulo
YOUNG, Andrea Ferraz. Urbanization, environmental justice, and social-environmental vulnerability in Brazil.
In: Urbanization and Sustainability. Springer Netherlands, 2013. p. 95-116.
Regiões pobres e periféricas
Regiões de classe média
Regiões de alta renda
Reservatórios de água
68. Risco de Desastres % da População por Regiões
Pobres Classe média Ricos
Áreas sem Risco 71,71 85,24 90,11
Áreas com Risco 28,29 14,76 9,89
Risco de Desastres Crescimento Populacional entre 1991 e 2000 (%)
Pobres Classe média Ricos
Áreas sem Risco 3,26 -0,41 -1,1
Áreas com Risco 4,81 0,56 -1,2
Risco de Desastres Renda
Média (R$)
% de coleta de
Esgoto
% da população
em Favelas
Áreas sem Risco 1.421,05 90,58 5,68
Áreas com Risco 888,24 71,94 21,60
YOUNG, Andrea Ferraz. Urbanization, environmental justice, and social-environmental vulnerability in Brazil.
In: Urbanization and Sustainability. Springer Netherlands, 2013. p. 95-116.
69. Deprivação Relativa
●
Sentimento de desigualdade
aumenta com a proximidade
●
Exemplo da família com casa
pequena:
– Em região pobre: sente-se melhor
– Em região rica: sente-se deprivada
Walker, I. and Smith, H.J. eds., 2002. Relative deprivation: Specification, development, and
integration. Cambridge University Press.
70. Estudo de caso: violência
● Pressuposto geral de que a pobreza e
desigualdade aumentam a violência
● Países mais pobres e/ou mais
desiguais têm mais violência que
países mais ricos e/ou mais
igualitários
71. Evolução da renda e da desigualdade (GINI)
no Brasil
O que deveria ocorrer com a violência?
Mattos, F.A.M. and Nascimento, N., 2016. Aspectos históricos dos efeitos da evolução do salário mínimo, do mercado de
trabalho e da estrutura tributária sobre o perfil distributivo brasileiro desde meados do século XX. In Anais do XLIII
Encontro Nacional de Economia (No. 033). ANPEC.
72. Murray, J., Cerqueira, D.R.C. and Kahn, T., 2013. Crime and violence in Brazil: Systematic review of time trends,
prevalence rates and risk factors. Aggression and violent behavior, 18(5), pp.471-483.
Homicídiospor100.000habitantes
Homicídios
registrados
Homicídios
estimados
Por arma de fogo Sem arma de fogo
Por que a violência aumentou,
se a renda cresceu e a desigualdade diminuiu?
73. Hipótese de
deprivação relativa
● Anterior a 1999
Desigualdade entre favela e cidade formal
Homogeneidade social dentro das favelas
● Posterior a 1999
Aumento da desigualdade interna nas favelas
Revolta em jovens mais pobres nas favelas
● Outros fatores?
Acesso a armas
Expansão do consumo e do tráfico de drogas