1) Uma professora encontra a Agenda 21 Escolar da Galícia e incorpora seus princípios em seu trabalho, incentivando os alunos a melhorar cada um seu metro quadrado na escola.
2) Ela cria um mascote chamado "o metro quadrado" para promover a ideia.
3) A professora estabelece uma parceria com uma escola nos Açores, onde alunos constroem o mascote e o levam para a escola dela.
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
O conto e as contas do m2
1. O CONTO E AS
CONTAS DE UM m2
de metáfora a mascote
Susirosa 2011
2. O CONTO E AS CONTAS DE UM m2
Havia há muito, muito tempo uma doce rapariga
que gostava das caminhadas... Gostava do ar limpo
e azul do verão e de sentir o frio passeio, no
rosto, da chuva do inverno... Gostava de calçar as
suas “botas de ir a qualquer parte” e perder-se nos mais insuspeitados
lugares para a descoberta, muitas vezes espontânea e agressiva, duma
natureza que fora a mesma que desfrutaram e cuidaram quantas pessoas lá
estiveram ao longo dos tempos... Gostava de se sentar, já quando o cansaço
era intenso, e mirar o horizonte, deixando a sua mente livre para imaginar o
que qualquer pessoa, em tempos já longínquos, pensara naquele mesmo lugar:
em que condições de vida podiam estar aqueles que a precederam naquele
cenário...?
Aprendeu, graças à sua sensibilidade e vivência peculiar, a respeitar o que
estava a ver, a escutar, a cheirar... e aprendeu ao sabor da tranquilidade o
sentir fazer-se parte dela. Certa vez até, depois de muito esforçar-se,
aprendeu, como tinha contado o Grão Chefe Sioux naquela carta escrita aos
americanos, escutar o crescimento das folhas nas árvores... E isso, isso,
precisamente, foi o que mudou as coisas. Aquele esforço veio com o
compromisso, talvez tácito e inconsciente, com essa terra que cada dia dava
sustento aos seus pés.
A rapariga gostava de muitas mais coisas... do chocolate, dos colegas, da
música, da leitura, dos sonhos... e até do seu trabalho. Considerava ser uma
pessoa de sorte por ter o trabalho mais considerado por ela: O ensino era a
sua profissão. Nesse ambiente era onde queria deixar presente, não só do
quanto nos seus próprios estudos tinha aprendido, mas principalmente,
daquelas descobertas vitais que foram vindo como bofetadas e mudaram o
seu jeito de vida e de compromisso com ela. Isso fazia-se com o exemplo da
sua própria atitude, mas também com a criação de situações para que os
meninos, com os quais tinha a sorte de trabalhar, descobrissem e a
fizessem descobrir (de forma espontânea e simultaneamente agressiva) o
que o espaço de que faziam parte lhes guardava como prendas embrulhadas
em papéis de brilhantes cores...
Foi neste cenário que a rapariga encontrou uma nova ideia educativa no
âmbito da sua comunidade autónoma: A Agenda 21 Escolar de Galicia.
3. Derivada daquela outra, geral, A Agenda 21, de compromissos com o
Planeta, esta relacionava-se com os compromissos com a terra (e tudo
quanto dela faz parte) que se está a pisar. E gostou... agora já conhecem o
grande vício da rapariga: os gostos por quase tudo!
A educação é um pilar, a instrução outro, a formação outro ainda… sabia-o!
Foi então que ela incluiu essa Agenda 21 Escolar Galega na sua formação e,
o mais importante, incluiu-a no seu esquema e metodologia de trabalho e no
seu esquema e metodologia de vida. Decidiu ir pouco a pouco, quais pingos
constantes de água, molhando tudo quanto ela fazia na sua escola para,
assim, dar a conhecer e obter compromissos com esse ambiente social e
natural no qual se vive.
Não era tarefa fácil e, de facto, nem sempre o conseguiu: As gentes,
descobriu, têm também os seus gostos, diferentes, respeitáveis, inclusive
desejáveis (era insaciável nisso dos gostos) mas a ideia era muito boa... e ela
não podia permanecer sozinha nela... Pensou convencer primeiro os meninos
(sempre mais abertos a viver sonhos sem vergonhas, nem medidas) e nessa
corrente, os adultos também subiriam... Achava...
Já tudo estava claro, já tinha os primeiros passos dados, permissões,
projectos, aprovações... e já era altura de ir de encontro ao terreno de jogo.
Mas não se previam facilidades... como apresentar aquele jeito de
metáfora... ? Fazia falta outra metáfora mais próxima da linguagem que
pertencia aos meninos, talvez também aos adultos... Envolvida naqueles
pensamentos, apanhou o carro para conduzir os quarenta quilómetros que a
afastavam do seu trabalho... Inconscientemente a música entrava no seu
cérebro, automaticamente, como a própria ligação da rádio... E foi assim,
entre as ondas, que deslumbrou a solução: “tititititi, un metro quadrado
para sentirse bien, un metro quadrado donde me guste vivir, tititititi”
Cantava, com o seu particular estilo, Pau Donés, o líder do Jarabe de Palo...
Vamos... um clássico para os adolescentes!! E o inconsciente tornou-se
consciente, então... e fez-se a mascote de toda a apresentação:
“Pensai, fazer uma mudança no meu próprio metro quadrado, naquele que
me pertence porque é onde eu estou a me mover... Isso é fácil. Melhorar
esse próprio metro quadrado. Aquele, inclusive, que gostaríamos ver
melhor na escola... É fácil????”
“Sim, achamos que sim” - era a resposta verbal e gestual das turmas
“Então, eu acho que se cá, somos quase 300 pessoas… Então... Então
falamos de quase 300 metros quadrados melhorados...!!!!!!!!!!!!!!!!!”
4. “Parece bom. Gostamos da ideia...” - “ Eu já sei o que propor para
melhorar...” - “ Eu também...” - “ Eu achava bom fazer...” - “E porque
não....?” - falavam todos ao mesmo tempo...
Bem, mas... Não faz falta ser um Matemático de prestígio para fazer
outro cálculo: Se no mundo há milhares de milhões de pessoas... Então,
então... ENTÃO SERIAM MILHARES DE MILHÕES DE METROS
QUADRADOS MELHORADOS!!!!!!!”
A actividade, depois daquelas apresentações, era intensa... E a rapariga
pensou que já não gostava tanto de ser abordada nos corredores com aquilo,
que parecia ser o único que já fazia !!! Mas continuava a faltar qualquer
coisa … um testemunho que formasse uma corrente entre tudo o que já se
fazia…
E eis que, num momento de inspiração, na busca de um qualquer projecto,
numa simbiose perfeita com o eTwinning, obedece à sombra de uma tecla do
computador, e no reflexo da mesma, vê emergir, lá longe… no meio do
Atlântico, umas ilhas cuspidas por vulcões e esculpidas pelo mar. Ilhas que
nem sempre se avistavam no mapa, pelo que, ao tê-las encontrado, podia
considerar-se uma pessoa de sorte! Momento mágico aquele! Lá estavam,
quais marés cheias de ventos desafiando marinheiros e cartógrafos que as
desenharam e cuja beleza se afigurava como açafates de flores,
apresentando-se assim mesmo, ao mundo, revelando um sentir, espelhado na
água, os Açores!
Numa destas ilhas viviam raparigas e rapazes, em muito semelhantes a ela,
no gosto pela natureza, no envolvimento pessoal, no compromisso
profissional, e no encanto pelo poder da profissão que dispunha as mentes a
reflectir algo que já viviam, embora sem nome.
E, na plataforma, gentes de um e de outro lado fizeram coro, trocaram
palavras e afectos, sonhos e vontades … e, sentiram-se próximas, num
mundo virtual, embora real no transporte de um novo horizonte para se
auto-formar e perspectivar novas dimensões de viver com "open mind"…
A memória, essa coisa tão volátil!... Lembram-se daquela rapariga de que
falávamos? Tornou-se ainda mais conhecida pelas palavras que proferiu (
bendita canção que ouvira) :
5. No sentido de proliferar o que na sua escola de bom se fazia, enviou convite!
Imensa alegria foi sentida por quem do outro lado, já há muito espreitava
outros ares, novos saberes … qual pirata dos mares em sentido inverso às
habituais rotas da ilha! Os ventos eram bem outros, reconhecia-o -- leves
mas com espessura! Então, que levar de presente a tão ilustre anfitriã?! Mas
o mar não respondia… Eis que o vento segredou “ Constrói o m2 -- nada
melhor haverá para reconhecer o seu valor do que devolver as suas palavras
em forma de mascote!”
Quais cineastas das palavras, nas mãos dos meninos
colocaram a capacidade de o personificar… Da ilha
partiram gentes que o levaram e o entregaram! E a
rapariga, que o tinha ensaiado, sobreactuava, como
se fora uma descoberta do momento, ante a
surpresa de todos, que não tinham reparado de como era fácil melhorar
este nosso planeta e convidou outros a fazerem-no.
De facto, uma imagem vale mais do que mil palavras... É por isso que, naquele
sonho tornado realidade, afortunadamente, decidiu-se que aquela prenda
que representava a metáfora transformada mascote do nosso
posicionamento, devia ir contando esta história a outros espaços, para dar
nome e recolher quanto de bom se estava já a fazer pelo Planeta.
O metro quadrado continua a viagem... Já atravessou todo o Atlântico e
agora, demansinho, quer ser testemunha de quantas paragens faça no
Continente, transportando não só a ideia, mas também a prática, de tantas
escolas que diariamente procuram a melhoria do chão que pisam e de tudo
quanto dele faz parte, com o objectivo de levar afectos e de permitir o
exercício de uma cidadania plena europeia. Quererá certamente melhorar
algo… Quererá seguramente partilhar como tal aconteceu… Podemos contar
o início... podemos sonhar com o fim... Deixemo-lo partir... Na sua volta, ele
será, certamente, o portador de uma história criada ao amparo das nossas
participações, numa rede de escolas, pessoas, afectos... que contar,
novamente, enriquecida…
Susirosa /2011