Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no Rio de Janeiro. Foi um poeta, letrista e diplomata brasileiro, considerado um dos maiores nomes da MPB. Compôs diversas canções clássicas em parceria com Tom Jobim e outros compositores. Faleceu em 1980 na banheira de sua casa, local que costumava usar para compor e relaxar.
2. Vinicius nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Nascido de uma família
culta, teve incentivos para trilhar o caminho da arte. Sua mãe era pianista
amadora, e seu pai, poeta e violinista amador.
Em 1924, Vinicius inicia o curso secundário no Colégio Santo Inácio,
onde começou a cantar no coral e criar pequenas peças de teatro.
Em 1927, conhece e torna-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo
Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se
apresentar em festas de amigos e família.
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VIDA
3. Em 1929, bacharela-se em Letras, no Santo Inácio. No ano
seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje
integrada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), se
formando três anos depois.
1936: Obteve o emprego de censor cinematográfico junto
ao Ministério da Educação e Saúde.
1938: Ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para
estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford.
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4. 1941: Retornou ao Brasil empregando-se como crítico de
cinema no jornal “A Manhã” e tornou-se também colaborador da
revista “Clima”.
1943: Ingressa na carreira diplomática e 3 anos depois assume
o primeiro posto diplomático como vice cônsul em Los Angeles.
1950: Com a morte do pai, Vinicius retorna ao Brasil e mais
tarde atua no campo diplomático em Paris e em Roma.
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5. 1968: É afastado da carreira diplomática tendo sido
aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número
Cinco. O motivo apontado para o afastamento foi o seu
comportamento boêmio que o impedia de cumprir suas
funções.
1980: Vinicius morre com 66 anos de idade. Foi acordado
pela sua empregada na banheira, tendo dificuldades pra
respirar. Toquinho e Gilda (última esposa do poeta) tentam
socorrê-lo, mas não houve tempo e Vinicius morre pela manhã.
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6. DÉCADA DE 20: Vinicius compõe, com os irmãos Tapajós,
Loura ou Morena e Canção da Noite, que têm grande sucesso.
DÉCADA DE 30: Publica seu primeiro livro intitulado O
Caminho para a Distância (1933) e outros livros de poemas.
DÉCADA DE 40: Ocorre uma nova fase em suas obras
literárias. Versos em linguagem mais sensual, simples e, por
vezes, carregados de temas sociais.
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CARREIRA ARTÍSTICA
7. DÉCADA DE 50: Destaque para a publicação da sua primeira
peça teatral Orfeu da Conceição. As músicas eram do próprio
Vinicius e de Tom Jobim.
DÉCADA DE 60 ATÉ A MORTE: Vinicius se focou na carreira
musical, fazendo várias parcerias, principalmente com
Toquinho e Tom Jobim. Se tornou um dos mais importantes
compositores da música popular brasileira.
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8. SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento .
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
9. A obra de Vinícius de Moraes divide-se em duas fases:
A primeira fase insere-se na linha de um neossimbolismo, de conotações
místicas, em que há um debate entre as solicitações da alma e as do corpo.
A segunda fase, iniciada com Cinco elegias, assinala a explosão de uma poesia
mais viril. Nela - segundo o próprio Vinícius - estão nitidamente marcados os
movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil mas consciente
repulsa ao idealismo dos primeiros anos.
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CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS DO AUTOR
10. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
Sua tendência ao verbalismo é contida pelo uso frequente do soneto.
Seu grande tema é o amor. O amor em suas múltiplas manifestações: saudade,
carência, desejo, paixão, espanto. Registra uma nova concepção sentimental, mais
concreta, mais livre de preconceitos, mais atenta às mulheres. Em seus poemas,
destrói noções como a da eternidade do amor - dogma do Brasil patriarcal – em
versos célebres como aquele “que seja eterno enquanto dure”, extraído do Soneto
da fidelidade.
A partir dos anos de 1940 e 1950, o poeta se inclina por uma lírica comprometida
com o cotidiano, buscando inclusive os grandes dramas sociais do nosso tempo.
11. ROSA DE HIROSHIMA
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
12. PRINCIPAIS OBRAS
POESIA:
O caminho para a distância (1933);
Forma e exegese (1935);
Ariana, a mulher (1936);
Novos poemas (1938);
Cinco elegias (1943);
Poemas, sonetos e baladas (1946);
Pátria minha (1949);
Livro de sonetos (1957);
13. CRÔNICA:
Para viver um grande amor (1962);
Para uma menina como uma flor (1966);
TEATRO:
Orfeu da Conceição (1956);
Procura-se uma rosa (1961);
14. MÚSICA
Teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto,
Chico Buarque e Carlos Lyra.
Na MPB, foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria.
E o mais importante: Vinicius foi um dos fundadores do movimento mais marcante
da música brasileira, a Bossa Nova, que é derivado do samba e tem forte influência do
jazz. O LP que marca esse movimento é o Canção do Amor Demais (1959), com músicas
suas e de Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizeth Cardoso.
Garota de Ipanema - Música marcante da Bossa Nova. É uma das poucas músicas
com versão em inglês cantada originalmente pelos seus compositores a fazer sucesso
no exterior.
15. PARCERIAS DE VINICIUS DE MORAES
TOM JOBIM - Em 1955, Vinicius montaria a
peça Orfeu da Conceição, com música a cargo de um
então jovem pianista; Tom Jobim.
Surgia assim uma parceria que se estenderia por toda
a vida profissional e pessoal. Uma série de intérpretes
gravou composições inesquecíveis da dupla,
como Canções do Amor Demais, Luciana, Estrada
Branca, Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Só
danço Samba, Insensatez, Ela é Carioca e Samba do
Avião.
Mais do que ninguém, o maestro, pianista, arranjador
e violonista Tom foi um grande amigo.
16. TOQUINHO - Da intensa parceria
iniciada em 1969, surgiu a
clássica Tarde em Itapoã. O
primeiro disco da dupla foi
lançado em 1971, quando os
dois passaram a
se apresentar em numerosos
shows no Brasil e no exterior.
17. CHICO BUARQUE - Gente Humilde,
cuja letra foi escrita a partir de um
tema musical gravado na década de
50 pelo compositor Garoto, é um dos
sucessos do encontro dos dois
talentosos artistas. Eles trocavam
cartas para resolver qual estrofe da
música mudariam, ou se
concordavam com o título, e elas
foram encontradas.
18. “Quando eu digo que sou o branco mais preto do Brasil, digo a verdade.
A minha comunicação com a raça negra é imensa. Sinto atração por ela, a
todo momento descubro sua vitalidade. A contribuição do negro à cultura
brasileira é importantíssima. Só a contribuição rítmica que eles trouxeram,
a magia do mundo negro, já me liga a eles definitivamente.”
19. DRAMATURGIA
Além de músico e poeta, Vinícius também foi
dramaturgo, tendo escrito sete peças, entre elas “Orfeu da
Conceição”, escrita em 1954, baseada em uma tragédia
grega, dos famosos personagens de Orfeu e Eurídice. Alguns
anos mais tarde, um filme baseado na peça escrita por
Vinícius, chamado “Orfeu Negro”, de Marcel Camus, recebeu
o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Este foi o único filme
brasileiro a receber um Oscar, porém este é um filme ítalo-franco-
brasileiro, mas a Academia o considera como sendo
somente francês.
21. Vinicius de Moraes tinha como canto principal e mais querido de sua casa a banheira. Isso mesmo.
Para o poetinha, não existia algo tão bom quanto o inusitado local para ler, refletir e pinçar as mais
diversas inspirações para suas belas e eternas obras. Nela, Vinicius também concedia entrevistas
quando se sentia dominado pela preguiça, e assim fazia ao lado do sempre indispensável copo de
uísque, o seu melhor amigo, “um cachorro engarrafado” como costumava dizer.
As manias, ou talvez meras necessidades do poeta, começavam pelas torneiras. Vinicius não se
sentia a vontade sem que estivessem inclinadas sempre na mesma direção, para que o singelo fio de
água quente o acalmasse e o de água fria o mantivesse aceso. Evidentemente, não era isso que o faria
produzir obras para a história, que marcariam época na cultura nacional, e sim a sua genialidade, que
falava mais alto, refletida na voz clara e inteligente de suas obras imortais.