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VELHO PROFISSIONAL OU PROFISSIONAL VELHO?
Julho de 2017
A imagem acima é intrigante. Poderia ser simplesmente a cena emocionante de um filme de Steven
Spielberg, ou retratar um experiente (e visionário) empresário segurando um ovo de dinossauro,
testemunhando o nascimento de uma startup inovadora. Descrevo a cena como sendo um dinossauro
testemunhando o nascimento de outro dinossauro.
Em muitos setores profissionais com muita idade são descartados, substituídos por outros mais jovens
com “sangue nos olhos”. O problema é definir exatamente o que é “ser velho”. Vejo engenheiros
formados a 20 ou 30 anos, entre 40 e 50 anos de idade já fora do mercado. Vejo engenheiros formados
a 2 ou 3 anos com dificuldade de se inserir no mercado. Em outro setor “novo” do mercado, o de
tecnologia, vejo profissionais que operaram os primeiros mainframes na década de 70 ou os primeiros
computadores “realmente pessoais” nos anos 80, já com seus 60 ou 70 anos ainda na ativa. Como
equilibrar esta situação?
A equação
Não existe uma fórmula. Mas analisemos as duas situações:
Na engenharia tradicional a evolução é mais lenta que a na engenharia da computação. Em 50 anos
vimos uma evolução muito mais veloz, portanto, na computação que nas engenharias mecânica ou civil
por exemplo. Quantos livros de engenharia ainda tem métodos cujas raízes tem 100 anos ou até mais? E
na computação, quanto tempo podemos dizer que uma literatura é tida como atual, 1 ano, 2 anos?
O VELHO PROFISSIONAL TEM EXPERIÊNCIA E A USOU PARA EVOLUIR
SUAS TÉCNICAS. O PROFISSIONAL VELHO TEM EXPERIÊNCIA, MAS SÓ
EVOLUIU NO TEMPO, SUAS TÉCNICAS PERMANECEM ARCAICAS.
Independente da literatura e da época que foi escrita, é preciso estarmos atentos apenas à sua validade
e atualizações. Eventualmente algumas alterações podem ser necessárias ao longo do tempo.
A variável da equação
A diferença da equação então está exatamente no profissional. O velho profissional ou o profissional
velho? Longe de mim querer falar que os profissionais da engenharia são velhos profissionais. Eu
também atuo na engenharia. Mas também tenho um pé na tecnologia. Aliás, a engenharia me levou par
para tecnologia. O que quero dizer que desde que iniciei minha vida profissional formal aos 18 anos (isto
porque já trabalhava desde os 13, por escolha própria) vi muita coisa mudar em ambos os setores, tanto
na engenharia tradicional quanto na tecnologia. Aos 6 anos de idade já me imaginava arquiteto ou
engenheiro civil, mas os percalços da vida só me permitiram ingressar na engenharia muito mais velho
que gostaria. Neste caminho presenciei o nascimento de várias tecnologias computacionais voltadas
para a engenharia civil, e com eu era um novo profissional me inseri facilmente no setor tecnológico,
sem deixar de ter um pezinho na engenharia.
A diferença, eu percebi, estava no comportamento do profissional novo, ou do profissional velho, diante
das novas transformações que se passavam na indústria. Algumas pessoas são resistentes às mudanças,
são seu primeiro empecilho para a evolução e a adaptação tão necessária para ser um velho profissional
ao invés de ser um profissional velho. Certa vez trabalhando na gestão de um projeto para uma usina de
beneficiamento de minério, presenciei a conversa entre um “cabeça branca” e um novo profissional,
ambos engenheiros civis por sinal: [SIC] “Faz do jeito que estou mandando e respeita meu cabelo
branco. Faço isto assim a pelo menos 30 anos e nunca deu errado”. A frase em questão, mencionada
aqui fora do contexto, era sobre a execução e uma parte de obra civil, onde o engenheiro mais novo e
menos experiente queria mudar o método construtivo de uma fundação. No caso, ele propôs um novo
modelo que gastaria menos concreto, menos aço e menos tempo de execução. O temerário
“dinossauro” acreditava que a mudança comprometesse a qualidade do trecho da obra.
As tecnologias mudaram, métodos mudaram, ferramentas mudaram, novos métodos construtivos
vieram, e a engenharia civil evoluíra muito nos últimos trinta anos. Saíram as pranchetas de papel, os
inúmeros cálculos em máquinas a válvula e entraram as tecnologias computacionais e seus modelos
matemáticos, gráficos e desenhos em 3D, simulações computacionais, e já engatinhava no Brasil a
realidade virtual e estavam disponíveis os primeiros softwares aderentes à metodologia BIM (Sim, BIM
não é um software, mas uma metodologia).
O resultado
Entre 2000 quando eu ainda era um novo profissional, hoje já passei por muitas mudanças, empresas,
crises econômicas, políticas e muitas, mas muitas experiências, boas e adversas, que me fizeram crescer,
adaptar e evoluir. Procurava sempre estar cercado de Velociraptores, jovens e ágeis, mas também por
Tiranossauros Rex, grandes e pesados. Eu me considero mais um Espinossauro, um meio termo entre
ambos. Há muito que eu evoluir ainda. Mas a exemplo do Espinossauro, não perdi a agilidade do
Velociraptor, sou maior e mais forte, mas ainda não sou um Tiranossauro Rex. Estar atendo às
mudanças, adaptar-se a elas é fazer parte do resultado, e não do problema (incógnita) da equação. Para
que isto aconteça, é preciso estar atualizado. Como conseguir manter-se atualizado? Valendo-nos dos
recursos da Internet, cursos de extensão, especialização voltar para a faculdade se necessário for, das
ferramentas colaborativas, dos e-books, tablets, e ferramentas colaborativas. Sempre é tempo de se
aprender truques novos. Além disto é importante que eu sempre tenha Velociraptores, com “sangue
nos olhos” por perto, sito nos mantem sempre alerta, com a adrenalina alta. Sejamos nós, no entanto,
os dinossauros com brilho nos olhos, aquele exemplo a ser seguido.
Ah, lembra daquele “dinossauro” da obra do porto? Pois é. Eu havia sido contratado para ficar no
departamento de planejamento e auditoria da gerenciadora, e acabei mediando a divergência de
opiniões. Depois de algumas reuniões produtivas, o Tiranossauro acabou sentando-se ao lado dos
Velociraptores. Ambos comeram à mesma mesa cada qual sua porção, e aprenderam um com o outro a
vez certa de atacar a presa. Resultado: Obra entregue com o novo modelo construtivo, que sofreu
pequenas alterações, devido a observações percebidas pelo brilho dos olhos experientes do velho
profissional.
Mais sobre o autor: Wladmir Araujo
TAGS: #Habilidades; #Técnicas; #Experiência; #Trabalho; #HabilidadesTécnicas; #EvoluçãoProfissional; #Engenharia; #Gestão; #Tecnologia;
#ÉPraFrenteQueSeAnda.

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  • 1. VELHO PROFISSIONAL OU PROFISSIONAL VELHO? Julho de 2017 A imagem acima é intrigante. Poderia ser simplesmente a cena emocionante de um filme de Steven Spielberg, ou retratar um experiente (e visionário) empresário segurando um ovo de dinossauro, testemunhando o nascimento de uma startup inovadora. Descrevo a cena como sendo um dinossauro testemunhando o nascimento de outro dinossauro. Em muitos setores profissionais com muita idade são descartados, substituídos por outros mais jovens com “sangue nos olhos”. O problema é definir exatamente o que é “ser velho”. Vejo engenheiros formados a 20 ou 30 anos, entre 40 e 50 anos de idade já fora do mercado. Vejo engenheiros formados a 2 ou 3 anos com dificuldade de se inserir no mercado. Em outro setor “novo” do mercado, o de tecnologia, vejo profissionais que operaram os primeiros mainframes na década de 70 ou os primeiros computadores “realmente pessoais” nos anos 80, já com seus 60 ou 70 anos ainda na ativa. Como equilibrar esta situação? A equação Não existe uma fórmula. Mas analisemos as duas situações: Na engenharia tradicional a evolução é mais lenta que a na engenharia da computação. Em 50 anos vimos uma evolução muito mais veloz, portanto, na computação que nas engenharias mecânica ou civil por exemplo. Quantos livros de engenharia ainda tem métodos cujas raízes tem 100 anos ou até mais? E na computação, quanto tempo podemos dizer que uma literatura é tida como atual, 1 ano, 2 anos?
  • 2. O VELHO PROFISSIONAL TEM EXPERIÊNCIA E A USOU PARA EVOLUIR SUAS TÉCNICAS. O PROFISSIONAL VELHO TEM EXPERIÊNCIA, MAS SÓ EVOLUIU NO TEMPO, SUAS TÉCNICAS PERMANECEM ARCAICAS. Independente da literatura e da época que foi escrita, é preciso estarmos atentos apenas à sua validade e atualizações. Eventualmente algumas alterações podem ser necessárias ao longo do tempo. A variável da equação A diferença da equação então está exatamente no profissional. O velho profissional ou o profissional velho? Longe de mim querer falar que os profissionais da engenharia são velhos profissionais. Eu também atuo na engenharia. Mas também tenho um pé na tecnologia. Aliás, a engenharia me levou par para tecnologia. O que quero dizer que desde que iniciei minha vida profissional formal aos 18 anos (isto porque já trabalhava desde os 13, por escolha própria) vi muita coisa mudar em ambos os setores, tanto na engenharia tradicional quanto na tecnologia. Aos 6 anos de idade já me imaginava arquiteto ou engenheiro civil, mas os percalços da vida só me permitiram ingressar na engenharia muito mais velho que gostaria. Neste caminho presenciei o nascimento de várias tecnologias computacionais voltadas para a engenharia civil, e com eu era um novo profissional me inseri facilmente no setor tecnológico, sem deixar de ter um pezinho na engenharia. A diferença, eu percebi, estava no comportamento do profissional novo, ou do profissional velho, diante das novas transformações que se passavam na indústria. Algumas pessoas são resistentes às mudanças, são seu primeiro empecilho para a evolução e a adaptação tão necessária para ser um velho profissional ao invés de ser um profissional velho. Certa vez trabalhando na gestão de um projeto para uma usina de beneficiamento de minério, presenciei a conversa entre um “cabeça branca” e um novo profissional, ambos engenheiros civis por sinal: [SIC] “Faz do jeito que estou mandando e respeita meu cabelo branco. Faço isto assim a pelo menos 30 anos e nunca deu errado”. A frase em questão, mencionada aqui fora do contexto, era sobre a execução e uma parte de obra civil, onde o engenheiro mais novo e menos experiente queria mudar o método construtivo de uma fundação. No caso, ele propôs um novo modelo que gastaria menos concreto, menos aço e menos tempo de execução. O temerário “dinossauro” acreditava que a mudança comprometesse a qualidade do trecho da obra. As tecnologias mudaram, métodos mudaram, ferramentas mudaram, novos métodos construtivos vieram, e a engenharia civil evoluíra muito nos últimos trinta anos. Saíram as pranchetas de papel, os inúmeros cálculos em máquinas a válvula e entraram as tecnologias computacionais e seus modelos matemáticos, gráficos e desenhos em 3D, simulações computacionais, e já engatinhava no Brasil a
  • 3. realidade virtual e estavam disponíveis os primeiros softwares aderentes à metodologia BIM (Sim, BIM não é um software, mas uma metodologia). O resultado Entre 2000 quando eu ainda era um novo profissional, hoje já passei por muitas mudanças, empresas, crises econômicas, políticas e muitas, mas muitas experiências, boas e adversas, que me fizeram crescer, adaptar e evoluir. Procurava sempre estar cercado de Velociraptores, jovens e ágeis, mas também por Tiranossauros Rex, grandes e pesados. Eu me considero mais um Espinossauro, um meio termo entre ambos. Há muito que eu evoluir ainda. Mas a exemplo do Espinossauro, não perdi a agilidade do Velociraptor, sou maior e mais forte, mas ainda não sou um Tiranossauro Rex. Estar atendo às mudanças, adaptar-se a elas é fazer parte do resultado, e não do problema (incógnita) da equação. Para que isto aconteça, é preciso estar atualizado. Como conseguir manter-se atualizado? Valendo-nos dos recursos da Internet, cursos de extensão, especialização voltar para a faculdade se necessário for, das ferramentas colaborativas, dos e-books, tablets, e ferramentas colaborativas. Sempre é tempo de se aprender truques novos. Além disto é importante que eu sempre tenha Velociraptores, com “sangue nos olhos” por perto, sito nos mantem sempre alerta, com a adrenalina alta. Sejamos nós, no entanto, os dinossauros com brilho nos olhos, aquele exemplo a ser seguido. Ah, lembra daquele “dinossauro” da obra do porto? Pois é. Eu havia sido contratado para ficar no departamento de planejamento e auditoria da gerenciadora, e acabei mediando a divergência de opiniões. Depois de algumas reuniões produtivas, o Tiranossauro acabou sentando-se ao lado dos Velociraptores. Ambos comeram à mesma mesa cada qual sua porção, e aprenderam um com o outro a vez certa de atacar a presa. Resultado: Obra entregue com o novo modelo construtivo, que sofreu pequenas alterações, devido a observações percebidas pelo brilho dos olhos experientes do velho profissional. Mais sobre o autor: Wladmir Araujo TAGS: #Habilidades; #Técnicas; #Experiência; #Trabalho; #HabilidadesTécnicas; #EvoluçãoProfissional; #Engenharia; #Gestão; #Tecnologia; #ÉPraFrenteQueSeAnda.