São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
1º sieif – seminário internacional de educação integral
1. 1º SIEIF – SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE
EDUCAÇÃO INTEGRAL EM
REGIÃO DE FRONTEIRA:
CONCEPÇÕES E PROCESSOS
DE IMPLANTAÇÃO
Mesa-Redonda
Política e Cultura na Fronteira Brasil/Uruguai: entrelaços da Educação
Integral
2. EDUCAÇÃO INTEGRAL NA
FRONTEIRA: ALTERIDADE,
DIVERSIDADE CULTURAL E
CIDADANIA
Adail Sobral (UCPEL)
O radical, comprometido com a libertação dos
homens, não se deixa prender em “círculos de
segurança’” nos quais aprisione também a
realidade. Tão mais radical quanto mais se
inscreve nesta realidade para, conhecendo-a
melhor, melhor poder transformá-la. (P. FREIRE)
4. Algo dito aceito de que se fala
insistentemente deixou de ser realidade
Da doutrina da deusa egípcia Maat a Paulo
Freire, passando por Bakhtin e Vygotsky, tudo o
que foi aceito e passou a ser discutido deixou
de ser um presumido, um dado da vida, e,
portanto, deixou de existir socialmente. A
educação integral, hoje tida como novidade, foi
um meta de décadas atrás, no Brasil. Hoje se
fala de práticas “situadas”, mas dificilmente
essas práticas são mais do que novos
conteúdos incorporados à escola, sem que se
alterem os modos de inserção da escola à
realidade de que é parte.
5. Uma concepção dinâmica de
educação integral
Vou abordar aqui, de modo bem específico,
uma concepção dinâmica de educação
integral, uma educação que parte da
realidade do aluno, das culturas do país e/ou
dos países envolvidos, educação em que a
teoria só é legítima por estar fundada na
prática, por não ir para a estratosfera, e em
que a prática não se afasta da teoria, uma
vez que esta pode ser um ganho, pode
mostrar o que não se vê diretamente por se
estar demasiado próximo.
6. Não Deveria Toda Educação Ser
Integral?
Non scholae sed vitae discimus: esta
máxima latina, milenar, cujo autor nao se
conhece, a meu ver resume o que penso ser
Educação
Integral.
Significa
“Não
aprendemos para a escola, mas para a
vida.” Sua origem é uma crítica de Sêneca,
O Jovem, ao sistema de educação de sua
época: (“Non vitae sed scholae discimus!” –
Ensinamos para a escola e não para a vida)
7. Non scholae sed vitae discimus
Tem a escola feito isso? Ou ela tem
confundido atividades-meio com atividadesfim?
Pode a escola desvincular-se de seus
contextos e ainda ser útil?
O que deve ser uma escola da fronteira de
dois países com línguas próximas mas
distintas, e de diferentes tradições culturais?
8. PEDAGOGO
A escola é espaço de aprendizagem formal, mas
também de socialização. Logo, lugar de convivência,
de promoção da educação integral.
Quem ensina é “pedagogo”, e não me refiro ao
profissional moderno assim chamado, mas a todo
professor
. E o que é pedagogo? Pedagogo é aquele que
possibilita o acesso à cultura, organizando o
processo de formação cultural. Não se trata de um
transmissor, mas de um facilitador, um organizador,
da aprendizagem dos alunos. E, para isso, deve estar
inserido na cultura ou culturas em que atua.
9. Sêneca e as TICs
As TICs resgataram o papel de pedagogo.
Hoje, não é possível formar professores para
esse papel sem modificar a concepção de
professor como detentor e transmissor de
saberes, entendidos como conteúdos estáticos!
Qual o novo papel dos professores? O de
pedagogos, criadores de situações de
aprendizagem, algo já defendido no Brasil por
Paulo Freire. Partir das realidades dos alunos
para promover a entrada em novas realidades.
10. Política do Reconhecimento
A política do reconhecimento neoliberal teve
sua vertente fundada na igualdade
universal, mas esta fracassou diante das
diferenças sociais concretas entre as
pessoas na sociedade. Em função disso,
surgiu a vertente do reconhecimento das
diferenças. Afirmar a diferença é vital pois
o que tem sido ignorada é justamente a
condição da diferença -- em nome de uma
pretensa igualdade.
11. Diversidade x Diferenças
As diferenças ditas aceitas tomavam a forma
de “diversidade”, ou seja, os “outros” eram
apenas distintos. Mas não se levava em
conta que uma criança de rua e uma não de
rua não são apenas diversas, mas
diferentes! Essas diferenças vinham sendo
“objeto de reinterpretações e assimilações
por
uma
identidade
dominante
ou
majoritária” (TAYLOR, 1993, p. 61).
12. Uma Base Filosófica para a
Educação Integral
As instituições públicas devem estabelecer e
implementar uma política legítima de reconhecimento
das
diferentes
identidades
existentes
nas
comunidades. Naquilo que têm de específico, e não
a partir de um padrão a partir do qual se definiriam
os “outros”. Essa ética se funda na ideia do
igualitarismo entre os diferentes: “somos todos
diferentes e, por isso mesmo, iguais”, isto é, iguais
uns aos outros em nossas diferenças e
especificidades, e não a partir de um padrão, sempre
tendencioso, sempre “cêntrico”. Um portador de
deficiência visual, por exemplo, não é igual a um
não-portador. Um surdo difere de um ouvinte. O que
é igual entre eles é seu valor social, seu direito de
cidadania.
13. Implicações
Os PCNs atribuem ao professor um papel
fundamental: o de modelo. Para além dos conteúdos,
ele é alguém que pode ensinar o valor do saber e da
cultura ao demonstrar o valor que têm para si, e não
apenas afirmando esse valor.
Modelo não é, portanto, alguém que impõe um
padrão, mas um exemplo de relação positiva com o
saber e com o respeito às diferenças, porque tudo
na vida humana são diferenças e a igualdade será
sempre de direitos, nunca de condição.
14.
Para que o professor possa ser um modelo de
valorização dos saberes e de respeito às
diferenças, é preciso que a escola seja um modelo
de valorização dos saberes e de respeito às
diferenças, um modelo de tolerância!
Modelo é, assim, quem inspira, quem atua a
partir, com e para a vida real dos alunos e não
para a escola. Haverá algum papel melhor para
a escola e o professor?