A hipocalcemia é uma doença causada pela falta de cálcio na ave, podendo ser resultado de alimentação inadequada, deficiência de vitamina D ou problemas glandulares. Os sintomas incluem ovos com casca fraca, fragilidade óssea, convulsões e paralisia. O tratamento envolve suplementação de cálcio e vitamina D na dieta, além de correção de quaisquer outros fatores contribuintes. A prevenção demanda alimentação balanceada e cuidados de saúde adequados das aves.
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1. DEFICIÊNCIA DE CÁLCIO OU HIPOCALCEMIA
A Hipocalcemia é uma doença relativamente comum na rotina
das criações comerciais e amadoras, sendo muitas vezes desastrosas,
quando afetam nossas aves de modo agressivo e fulminante. Tenho
recebido algumas aves que muitas vezes tem sintomas que o
proprietário, mesmo os antigos, não vê com facilidade ou não a
associaram com a deficiência de cálcio. Vamos explanar um pouco
sobre esse assunto na intenção de promover uma maior atenção aos
nossos amigos passarinheiros, no controle e diminuição de casos de
deficiência de cálcio em nossas aves.
A causa da doença, como o próprio nome diz, é a falta de cálcio
na ave que pode ocorrer por diversos fatores. Dentre eles podemos ter:
- alimentação inadequada com deficiência ou balanceamento errado de
cálcio/fósforo.
- deficiência de vitamina D na dieta da ave, pois é ela que faz com que
haja facilitação na absorção de fontes de cálcio contidas no alimento.
- problemas glandulares da ave, levando a uma má reabsorção renal de
cálcio e utilização do mesmo dentro do organismo.
- problemas digestivos que promovam uma aceleração do trânsito
intestinal, diminuindo-se assim a absorção de nutrientes e do cálcio
alimentar.
- alimentação com baixo índice ou concentração de gordura,
favorecendo a não absorção de vitaminas lipossolúveis, que são as
vitaminas A, E, K e a vitamina D. As vitaminas lipossolúveis (A, D, E
e K) se dissolvem na gordura do alimento e quando ocorre a sua
absorção estas também são absorvidas. Daqui tiramos que, para que
ocorra uma absorção correta e eficiente das vitaminas lipossolúveis
necessitamos de gordura mínima na alimentação normal das aves.
- perdas excessivas de cálcio decorrentes de condições que favoreçam
o mesmo, como: diarréias com lesão de mucosa intestinal; exercícios
excessivos; posturas seqüenciais; grande número de ovos por postura;
parasitas intestinais; protozoários intestinais; parasitos externos
(piolhos) hematófagos (que se alimentam de sangue); entre outras
causas.
Como sinais clínicos, podemos ter:
- em fêmeas em fase reprodutiva o sinal mais comum são os ovos com
casca moles, sem casca e ovos virados, levando a debilitação da mesma
2. e caso não for efetuado a sua correção pode evoluir para a morte do
animal.
- aves com fragilidade óssea, onde podem ocorrer fraturas espontâneas
(o osso se rompe sem o animal fazer esforço excessivo ou mesmo com
a sua atividade normal), engrossamento de juntas ósseas (articulações),
deformação de pernas, dedos, asas, coluna, entre outras.
- sinais neurológicos, como: ataques convulsivos, incoordenação
motora, má posicionamento de cabeça, andar em círculo, paralisias e
paresias (é como se fosse uma meia paralisia), fraqueza; dificuldades
visuais, entre outros.
- falta de apetite.
- alteração respiratória com fraqueza e grande dificuldade, levando a
ave a estado agônico.
- alteração cardíaca podendo levar até mesmo a enfarto e morte.
-com o progredir do problema o desfecho da doença é a morte da ave.
O diagnóstico da hipocalcemia se dá através de:
- histórico da ave com relação a alimentação, problemas que a ave teve
ou tem, controle parasitário, entre outros.
- exames clínicos, onde fazemos vistoria e medimos dados que possam
indicar a presença desta doença.
- exames laboratoriais em aves de porte maior, onde há possibilidade
de se medir a concentração de cálcio no sangue.
- radiografia óssea, com isso teremos idéia do grau de calcificação nos
ossos da ave.
- devemos descartar ou averiguar doenças que possam apresentar
sintomas parecidos ou que se assemelhem aos sinais de hipocalcemia.
O tratamento básico é a complementação de cálcio na
alimentação. Como podemos ter vários fatores que podem influenciar
de modo decisivo nesta doença, devemos averiguar todas as alterações
que possam estar interferindo no aparecimento e instalação desta
moléstia, facilitando-se assim no procedimento de correto tratamento.
A suplementação de vitamina D, fornecimento de cálcio, correção
alimentar e medicação suporte ou sintomática também se tornam
necessárias, muitas vezes.
Por ser uma doença decorrente de falta de cálcio no organismo as
chances de se ter sucesso em seu tratamento são muito altas. Em alguns
casos pode haver regressão de modo lento e gradativo, como por
exemplo, na hipocalcemia em papagaios do congo (papagaio Jaco,
3. como é conhecido) que desenvolvem a Síndrome hipocalcêmica, por
alteração de uma glândula chamada paratireóide, com isso há
deficiência hormonal levando a um quadro de falta de cálcio severo e
recuperação lenta.
As medidas mais importantes para que ocorra a prevenção do
problema em nossos plantéis se dá na correta administração de rações
de fabricantes idôneos, suplementação alimentar quando oferecemos
alimento em forma diferente de ração e cuidados sanitários e higiênicos
das aves. Com isso, associado à observação constante das aves, com
relação a possíveis alterações de comportamento que possam indicar a
presença de doenças, poderemos de modo rápido e eficaz controlá-la e
minimizar deste modo o aparecimento desta e de tantas outras que
possam prejudicar a nossa criação. Boa sorte a todos e que todos
tenham sucesso em suas criações, pequeno ou grande, mas a cada dia
evoluindo em direção de um ideal.
Qualquer dúvida procure sempre o auxílio de um Médico
Veterinário.
Luiz Alberto Shimaoka
Médico Veterinário CRMV-SP 6003
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