SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  5
Télécharger pour lire hors ligne
Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose                                  Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH
                                                   ARTIGO DE REVISÃO




                                              Fisiopatologia e aspectos
                                              inflamatórios da aterosclerose
                                              Physiopathology and inflammatory
                                              aspects of atherosclerosis

                                              MARIA G.V. GOTTLIEB
                                              GISLAINE BONARDI
                                              EMÍLO H. MORIGUCHI




                          RESUMO                                                          ABSTRACT
     Objetivo: Apresentar e avaliar o que tem se                         Objective: To present and evaluate that have
descoberto recentemente sobre a fisiopatologia, epi-                discovery recentely about physiopathology, epidemilogy and
demiologia e aspectos inflamatórios envolvidos na                   inflammatory aspects involved in atherosclerosis into
aterosclerose dentro de uma perspectiva multidisci-                 multidisciplinary perpective.
plinar.                                                                  Source of dates: Bibliographical compilations were
     Fonte de dados: Foram realizadas compilações                   accomplished on original articles and revisions published
bibliográficas sobre artigos científicos originais e de             in journals indexed in MEDLINE among 1970 to present
revisão em revistas indexadas no MEDLINE no pe-                     that involved related subjects to atherosclerosis.
ríodo de 1970 ao atual que envolvesse assuntos rela-                     Synthesis of dates: The revision of suggest that the
cionados à aterosclerose.                                           atherosclerosis is a multifactorial disease with strong
     Síntese de dados: A revisão sugere que a ate-                  genetic component, environmental and inflammatory
rosclerose é uma doença multifatorial com forte com-                response ageing-related. However, its etyology still is not
ponente genético, ambiental e de resposta inflamató-                completely explained.
ria, associada ao envelhecimento. No entanto, ainda a                    Conclusion: The understanding of basic biology of the
sua etiologia não está completamente esclarecida.                   inflammation in atherosclerosis would provide a better
     Conclusão: O entendimento da biologia básica da                clinical support that could alter the way of preventive
inflamação na aterosclerose proporcionaria um me-                   medicine practice and provide benefice to public health.
lhor suporte clínico que poderia alterar o caminho da                  KEY   WORDS:      ARTERIOSCLEROSIS/physiopathology;
prática da medicina preventiva e propiciar benefícios               ARTERIOSCLEROSIS/epidemiology; INFLAMMATION; AGING.
para a saúde pública.
    UNITERMOS: ARTERIOSCLEROSE/fisiopatologia; ARTE-
RIOSCLEROSE/epidemiologia; INFLAMAÇÃO; ENVELHECI-
MENTO.




  * Bióloga. Mestre em Ciências da Saúde.
 ** Médica Geriatra. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Gerontologia Biomédica do Instituto de Geriatria e Gerontologia
    da PUCRS.
*** Médico MD, PhD. Professor do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS.


Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005                                                         203
Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose                                      Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH


INTRODUÇÃO                                                                  mação aguda de trombo sobre a placa
                                                                            aterosclerótica, fenômeno este diretamen-
    A palavra aterosclerose deriva do grego atero,                          te ligado aos eventos agudos coronarianos,
que significa caldo ou pasta, e esclerose, que                              como infarto do miocárdio, angina instável
corresponde a endurecimento. A aterosclerose é                              e morte súbita.
uma doença multifatorial, lenta e progressiva,                          Manifestações agudas, como angina instável
resultante de uma série de respostas celulares e                    (AI) e o infarto agudo do miocárdio (IAM), são
moleculares altamente específicas(1). O acúmulo                     geralmente desencadeadas por desestabilização
de lípides, células inflamatórias e elementos fi-                   da placa aterosclerótica, com redução significati-
brosos, que se depositam na parede das artérias,                    va e abrupta da luz do vaso devida à formação
são os responsáveis pela formação de placas ou                      local do trombo. Sobretudo, constitui uma das
estrias gordurosas, e que geralmente ocasionam                      principais colaboradoras para o desenvolvimen-
a obstrução das mesmas(2). Na patogenia da                          to de doenças cardiovasculares(5 ).
doença aterosclerótica, um conjunto de fatores                          A doença aterosclerótica é a principal
de risco clássicos e emergentes têm sido corre-                     representante dos processos patológicos car-
lacionados (Quadro 1)(1). Contudo, as lipopro-                      diovasculares ligados ao envelhecimento (6),
teínas, principalmente as lipoproteínas de baixa                    uma vez que se manifesta em indivíduos adul-
densidade (LDL-c) têm ocupado um papel de                           tos, cuja incidência aumenta exponencialmente
destaque na etiologia da doença aterosclerótica,                    a partir dos 45 anos de idade. No entanto, alguns
ainda que, muitos indivíduos desenvolvem                            estudos detectaram a prevalência de placas
doença cardiovascular na ausência de anormali-                      ateroscleróticas superior a 40% nas autópsias
dades no perfil das lipoproteínas(2). Embora qual-                  de adultos jovens, sugerindo que o processo
quer artéria possa ser afetada, os principais al-                   aterosclerótico ocorra precocemente(7). Além
vos da doença são a aorta e as artérias coronárias                  disso, Napoli et al.(8) postulam que a aterosclerose
e cerebrais, tendo como principais conseqüên-                       pode iniciar na fase fetal, intra-uterina (poden-
cias o infarto do miocárdio, a isquemia cerebral                    do ser potencializada por hipercolesterolemia
e o aneurisma aórtico. Estudos têm sugerido duas                    materna), progredir lentamente na adolescência
fases interdependentes na evolução da doença                        e apresentar manifestações clínicas na idade
aterosclerótica(3 ,4).                                              adulta.
    – a fase “aterosclerótica”, predomina a                             Nas sociedades ocidentais, a aterosclerose é
      formação anatômica da lesão ateroscleró-                      causa primária de 50% de todas as mortes rela-
      tica sob a influência dos “fatores de risco                   cionadas com infarto do miocárdio e acidente
      aterogênicos” clássicos e que leva décadas                    vascular cerebral (AVC)(9). Contudo, países como
      para evoluir. Devido à sua história lenta e                   a Groenlândia, Islândia e Japão têm baixa pre-
      gradual, sua evolução geralmente não traz                     valência de aterosclerose, principalmente entre
      consigo manifestações clínicas dramáticas;                    os esquimós, sugerindo uma forte relação com o
    – a fase trombótica, a influência dos “fatores                  estilo de vida, dieta e composição genética dos
      de risco trombogênicos” determina a for-                      indivíduos(10,11).


         QUADRO 1 – Marcadores e fatores envolvidos na aterogênese, segundo Hackman GD and Anand SS, 2003(1).

                                       Marcadores
               Marcadores                                                              Fatores
                                      Hemostáticos/        Fatores Plaquetários                         Outros Fatores
              Inflamatórios                                                           Lipídicos
                                      Trombóticos
          Proteína C-reativa     Fibrinogênio              Agregação Plaquetária   Lp(a)             Homocisteína
          Interleucinas          Fator von Willebrand      Atividade Plaquetária   APO A e B         Lípase A2
          Moléculas de Adesão Pró-trombina                 Tamanho e volume de     LDL-ox            Microalbuminúria
                              fragmento1+2                 Plaquetas                                 ECA
          CD40                   Fatores V, VII e VIII                                               Polimorfismo APOE
          Amilóide A sérica      Dímero D                                                            Agentes Infecciosos
                                 Fibrinopeptídeo A
                                 PAI-1
                                 Ativador Plasminogênio
                                 Tecidual


204                                                                  Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005
Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose                                           Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH


   O conhecimento da fisiopatologia desta                               anormalmente glicosiladas associadas com os
doença tem evoluído desde o século passado,                             diabetes mellitus, lípides ou proteínas modificadas
quando, em 1970, a idéia da existência de rela-                         oxidativamente e, possivelmente, infecções virais
ção direta entre lípides e aterosclerose domina-                        e bacterianas (Figura 1)(1,13,14,15).
va o pensamento médico devido a estudos expe-                               Estudos epidemiológicos têm revelado diver-
rimentais e clínicos demonstrando forte relação                         sos fatores de risco genético-ambientais impor-
entre hiperlipidemia e formação de ateroma(12).                         tantes associados à aterosclerose. Entretanto, a
Entretanto, atualmente as evidências científicas                        complexidade de patologias com etiologia pou-
demonstram que os mecanismos envolvidos na                              co conhecida ou que envolvam interações de
gênese da doença aterosclerótica são extrema-                           mecanismos celulares e moleculares tem dificul-
mente complexos e envolvem a interação de com-                          tado o entendimento a respeito das causas do
ponentes genéticos, ambientais e resposta infla-                        desenvolvimento da placa. Atualmente, está es-
matória(1,2,13,14).                                                     tabelecido que a aterosclerose não é uma simples
                                                                        e inevitável conseqüência degenerativa do enve-
                                                                        lhecimento, mas uma condição inflamatória que
RESPOSTA INFLAMATÓRIA,                                                  pode ser convertida em um evento clínico e agu-
INJÚRIA ENDOTELIAL E MECANISMOS                                         do ocasionado pela ruptura da placa e formação
DE FORMAÇÃO DA PLACA                                                    de trombos(9).
ATEROSCLERÓTICA                                                             A resposta inflamatória na aterogênese é me-
                                                                        diada através de mudanças funcionais em célu-
    Uma vez que a aterosclerose é postulada                             las endotelias (CEs), linfócitos T, macrófagos de-
como uma doença progressiva caracterizada pelo                          rivados de monócitos e células dos músculo
acúmulo de lípides, elementos fibrosos e infla-                         liso(2,16). A ativação destas células desencadeia a
matórios, especificamente de resposta à injúria                         elaboração e interação de um extenso espectro de
endotelial vascular, tal situação pode resultar da                      citoquinas, moléculas de adesão, fatores de cres-
interação de várias forças, incluindo anormali-                         cimento, acúmulo de lípides e proliferação de
dades metabólicas e nutricionais, tais como                             células do músculo liso(17). Adicionalmente, a res-
hiperlipidemias, forças mecânicas associadas                            posta inflamatória pode ser induzida pelo
como a hipertensão arterial, toxinas exógenas                           estresse oxidativo, principalmente à oxidação da
como aquelas encontradas no tabaco, proteínas                           LDL-c(14,2,18).


                       Endócrino                                       Tóxico           Mecânico           Genético
                                             Hiperlipidemia
                   (Diabetes Mellitus)                               (Nicotina)       (Hipertensão)     (Homocisteína)



                                                                              Combinação destes Fatores


                                                  Comprometimento funcional do endotélio



                                                 Aumento do influxo de LDL ou outros lípides
                                                                                               *        * Acredita-se que estes passos
                                                                                                          possam ocorrer em ordem inversa
                                                  Início da inflamação/influxo de monócitos
                                                                                               *
                                                          Cicatrização inadequada
                                                  Proliferação de Células do Músculo Liso
                                                             Deposição de Matriz
                                                            Formação de Ateroma
                                                            Formação de Trombo




                                                           OCLUSÃO TERMINAL



                                 Figura 1 – Eventos iniciais na formação de lesão aterosclerótica.


Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005                                                                           205
Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose                            Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH


    Estas interações resultam em expressão e se-           tato inicial entre monócitos e a superfície en-
leção de vários mediadores potenciais da forma-            dotelial em condições hemodinâmicas normais,
ção de lesão vascular, tais como fatores de cres-          sendo mediada pela L-seletina; a interação é com
cimento de endotélio vascular (VEGF), o fator de           a porção glicídica das glicoproteínas presentes na
crescimento de fibroblastos (FGF), a interleucina-         membrana dos leucócitos; 2) a fase de parada é
1 (IL-1) e os fatores de transformação -α e -β             caracterizada pela ativação de monócitos que se
(TGF-α, TGF-β). A IL-1, e os TGF-α e TGF-β po-             conectam as moléculas de adesão. Esta fase é de-
dem inibir a proliferação endotelial e induzir a           pendente de integrinas presentes nos monócitos
expressão genética secundária pelo endotélio de            como α4β1 e da VCAM-1. Os monócitos aderi-
fatores de crescimento, como o fator de cresci-            dos podem se espalhar na superfície apical do
mento derivado de plaquetas (FCDP) e outros                endotélio, originando a terceira fase, denomina-
mediadores potenciais da formação de lesão                 da de espalhamento. Tal processo é dependente
vascular(14,2). O TGF-β também induz a síntese de          de integrinas β2 sinetizadas pelos monócitos e de
tecido conjuntivo pelo endotélio. Além disso,              ICAM-1 e/ou ICAM-2 presentes nas células
as células endoteliais produzem fatores esti-              endoteliais. Os monócitos já espalhados migram
mulantes de colônias de macrófagos (M-CSF),                às junções intercelulares e ganham o espaço
fatores estimulantes de colônias de macró-                 subendotelial por diapedese; esta fase final é co-
fagos-granulócitos (GM-CSF) e LDL-ox, que são              nhecida como fase diapedese. As moléculas de
mitogênicos e fatores ativadores dos macrófagos            adesão podem promover lesão endotelial por di-
adjacentes(15,2). As células endoteliais também            minuição da distância entre monócitos e células
fornecem fatores quimiotáxicos potentes que                endoteliais e facilitação do ataque de espécies
afetam a quimiotaxia dos leucócitos, incluindo             ativa de oxigênio (EAOs), originadas de monó-
a LDL-ox e a proteína-1 quimiotáxica dos                   citos ativados, constituindo um fator adicional
monócitos (MCP-1), além de modular o tônus                 favorecedor à aterogênese.
vasomotor através da formação de óxido nítrico                 A molécula de adesão vascular-1 (VCAM-1)
(ON), prostaciclina (PGI2) e endotelinas(19).              liga-se às classes de leucócitos encontradas em
                                                           ateromas nascentes: monócitos e linfócitos T. As
                                                           células endoteliais expressam VCAM-1 em res-
MOLÉCULAS DE ADESÃO DE                                     posta à entrada de colesterol em áreas propensas
LEUCÓCITOS E CITOQUINAS                                    à formação da lesão(22). Adicionalmente, obser-
                                                           vou-se, em modelos experimentais aterogênicos
    As moléculas de adesão têm emergido como
                                                           com formação de lesão, um aumento das VCAM-
particulares candidatas para adesão precoce de
                                                           1 anterior ao começo do recrutamento de
leucócitos no endotélio arterial em sítios de
                                                           leucócitos(23). Contudo, experimentos com va-
ateromas iniciais. Entre as principais moléculas
                                                           riantes de VCAM-1, introduzidos em camun-
de adesão, destacam-se a moléculas de adesão
                                                           dongos suscetíveis a aterogênese, por meio da
vascular (VCAM-1), a molécula de adesão
                                                           inativação do gene da apolipoproteína E (APOE),
intercelular (ICAM-1), a E-seletina, também de-
                                                           mostraram reduzir a formação da lesão(24). O me-
nominada de molécula de adesão de fase aguda,
                                                           canismo de indução das VCAM-1, depois de uma
molécula de adesão entre endotélio e leucócitos,
                                                           dieta aterogênica, provavelmente, depende da in-
entre outras(2). Acredita-se que a secreção de mo-
                                                           flamação, provocada por lipoproteínas modifica-
léculas de adesão é regulada por citoquinas sin-
                                                           das acumuladas na íntima arterial em resposta
tetizadas em pequenas concentrações pelo
                                                           a hiperlipidemia(24). Logo, constituintes de lipo-
endotélio arterial(20). Destas salientam-se IL-1,
                                                           proteínas modificadas, entre elas, fosfolipídeos
IL-4, o TFN-α e a gama interferon (IFN-γ)(20). Na
                                                           oxidados e cadeias curtas de aldeídos resultam
vigência de disfunção endotelial, a concentração
                                                           da oxidação lipoprotéica, que podem induzir a
destas citoquinas eleva-se, estimulando a produ-
                                                           ativação transcricional do gene VCAM-1 media-
ção de moléculas de adesão, assim favorecendo
                                                           do em parte pelo fator nuclear-kB (NF-kB)(25).
o recrutamento e adesão de monócitos à superfí-
cie endotelial. Luscinkas et al.(21) estudaram a se-
qüência de eventos desencadeados pela interação            CONCLUSÃO
de monócitos e células endoteliais ativadas pela
IL-4. Foram observadas quatro fases distintas:                 Múltiplas interações entre plaquetas, linfóci-
1) a fase de rolamento, onde se estabelece o con-          tos T, macrófagos, células do músculo liso, mo-

206                                                        Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005
Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose                                       Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH


léculas de adesão e componentes genéticos têm                        8. Napoli C, D’Armiento PF, Mancini PF, et al. Fatty streak
sido documentadas e provavelmente promovam                              formation occurs in human fetal aortas and is greatly
                                                                        enhanced by maternal hypercholesterolemia. Intimal
o ambiente de inflamação e crescimento neces-                           accumulation of low density lipoprotein and its
sários para provocar injúria endotelial(2). Este pro-                   oxidation precede monocyte recruitment into
cesso é propagado pelo aumento de transporte                            early atherosclerotic lesions. J Clin Invest. 1997;100:
por transcitose da LDL para a camada íntima,                            2680-90.
verificando-se o acúmulo dessas lipoproteínas,                       9. Lusis AJ. Atherosclerosis. Nature. 2000;407:233-41.
tanto na forma nativa quanto na oxidada, ini-                       10. Bang HO, Dyerberg J, Hjoorne N. The composition of
                                                                        food consumed by Greenland Eskimos. Acta Med
ciando a formação da placa de ateroma(20). Con-                         Scand. 1976;200:69-73.
seqüentemente, sob a persistência da interação                      11. Bang HO. Dietary fish oils in the prevention and
destes fatores, a inflamação crônica persiste, le-                     management of cardiovascular and other diseases.
vando a uma cicatrização inadequada da lesão.                          Compr Ther. 1990;16:31-5.
Finalmente, pode ocorrer a formação de trombo                       12. Ross R, Harker L. Hyperlipidemia and atherosclerosis.
com a oclusão do lúmem vascular provocando                              Science. 1976;193:1094-100.
isquemia cardíaca e acidente vascular cerebral(15).                 13. Stein O, Thiery J, Stein Y. Is there a genetic basis for
    Como mencionado acima, muitos indivíduos                            resistance to atherosclerosis? Atherosclerosis. 2002;
                                                                        160:1-10.
desenvolvem doença cardiovascular na ausência
                                                                    14. Hulthe J, Fagerberg B. Circulating oxidized LDL is
de anormalidades no perfil de lipoproteínas. Por                        associated with subclinical atherosclerosis development
isso, a viabilidade de efetivar terapias para a pre-                    and inflammatory cytokines (AIR Study). Arterioscler
venção de doenças cardiovasculares e seus des-                          Thromb Vasc Biol. 2002;22:1162-7.
fechos negativos, traduz-se em uma necessidade                      15. Braunwald E. Atlas de doenças cardiovasculares. Porto
imperativa de identificar indivíduos de baixo,                          Alegre: Artmed; 1998.
médio e alto risco, dentro de uma determinada                       16. Nicolletti A, Caligiuri G, Hansson GK. Immuno-
população para a aplicação de intervenções efi-                         modulation of atherosclerosis: myth and reality. J Intern
                                                                        Med. 2000;247:397-405.
cazes, antes dos problemas manifestarem-se.
                                                                    17.Ross R. Atherosclerosis: an inflammatory disease. N
    Esta nova idéia a respeito do entendimento                         Engl J Med. 1999;340:115-26.
da patogênese da aterosclerose levanta questio-                     18. Kunsch C, Medford MR. Oxidative stress as a regulator
namentos e abre oportunidades na prevenção e                            of gene expression in the vasculature. Circ Res.
terapia desta doença. Portanto, o entendimento                          1999;85:753-66.
da biologia básica da inflamação na aterosclerose                   19. Ross R. The pathogenesis of atherosclerosis: a perspective
proporcionaria um melhor suporte clínico que                            for the 1990s. Nature. 1993;362:801-9.
poderia alterar o caminho da prática da medici-                     20. Luz LP, Favarato D. Doença coronária crônica. Arq Bras
na preventiva e propiciar benefícios para a saú-                        Cardiol. 1999;72:5-21.
de pública.                                                         21. Steinberg D. Lewis A. Conner Memorial Lecture.
                                                                        Oxidative modification of LDL and atherogenesis.
                                                                        Circulation. 1997;95:1062-71.
         REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
                                                                    22. Cybulsky MI, Gimbrone MA Jr. Endothelial expression
 1. Hackam GD, Anand SS. Emerging risk factors for                      of a mononuclear leukocyte adhesion molecule during
    atherosclerotic vascular disease: a critical review of the          atherogenesis. Science. 1991;251:788-91.
    evidence. JAMA. 2003;290:932-40.                                23. Li H, Cybulsky MI, Gimbrone MA Jr, et al. An
 2. Libby P. Inflammation in atherosclerosis. Nature.                   atherogenic diet rapidly induces VCAM-1, a cytokine-
    2002;420:868-74.                                                    regulatable mononuclear leukocyte adhesion molecule,
 3. Fuster V. Mechanisms leading to myocardial infartion:               in rabbit aortic endothelium. Arterioscler Thromb.
    insights from studies of vascular biology. Circulation.             1993;13:197-204.
    1994;90:2126-46.                                                24. Cybulsky MI, Liyama K, Li H, et al. A major role for
 4. Badimon JJ, Fuster V, Cherebro JH, et al. Coronary                  VCAM-1, but not ICAM-1, in early atherosclerosis. J
    atherosclerosis: a multifactorial disease. Circulation.             Clin Invest. 2001;107:1255-62.
    1993;87 suppl II:II3-16.                                        25. Collins T, Cybulsky MI. NF-kappaB: pivotal mediator
 5. Terra LN, Ehlers OR. Ácidos graxos ômega 3 e                        or innocent bystander in atherogenesis? J Clin Invest.
    aterosclerose. In: Clemente E, Jeckel-Neto EA. Aspec-               2001;107:255-64.
    tos Biológicos e Geriátricos do Envelhecimento. Porto
    Alegre: EDIPUCRS; 1998. p.135-47.
 6. Hazzard WR. Atherosclerosis and aging: a scenario in
                                                                    Endereço para correspondência:
    flux. Am J Cardiol. 1989;63:20H-24H.                            MARIA G.V. GOTTLIEB
 7. McGill Jr HC, McMahan CA, Zieske AW, et al.                     Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS
    Association of Coronary Heart Disease Risk Factors              Av. Ipiranga, 6690, 3° and. – Partenon
                                                                    CEP 90610-000, Porto Alegre, RS, Brasil
    with microscopic qualities of coronary atherosclerosis          Fone: (51) 3336-8153
    in youth. Circulation. 2000;102:374-9.                          E-mail: vallegot@cpovo.net



Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005                                                              207

Contenu connexe

Tendances

Interação fármaco-receptor
Interação fármaco-receptorInteração fármaco-receptor
Interação fármaco-receptorCaio Maximino
 
Aula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivos
Aula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivosAula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivos
Aula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivosJaqueline Almeida
 
Imunidade Inata Adaptativa
Imunidade Inata AdaptativaImunidade Inata Adaptativa
Imunidade Inata AdaptativaLABIMUNO UFBA
 
Transtorno de personalidade antissocial 7° período (noturno) (1)
Transtorno de personalidade antissocial  7° período (noturno) (1)Transtorno de personalidade antissocial  7° período (noturno) (1)
Transtorno de personalidade antissocial 7° período (noturno) (1)Tamires Batista
 
Aula - Farmacologia básica - Farmacodinâmica
Aula - Farmacologia básica - FarmacodinâmicaAula - Farmacologia básica - Farmacodinâmica
Aula - Farmacologia básica - FarmacodinâmicaMauro Cunha Xavier Pinto
 
Distúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de Almeida
Distúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de AlmeidaDistúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de Almeida
Distúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de AlmeidaJosé Alexandre Pires de Almeida
 
Patologia geral - inflamação - capítulo 5
Patologia geral - inflamação - capítulo 5Patologia geral - inflamação - capítulo 5
Patologia geral - inflamação - capítulo 5Cleanto Santos Vieira
 
Discriminação e controle de estímulos 2
Discriminação e controle de estímulos 2Discriminação e controle de estímulos 2
Discriminação e controle de estímulos 2Caio Maximino
 
01 aula patologia
01 aula patologia01 aula patologia
01 aula patologiankarru
 
Aula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíaca
Aula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíacaAula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíaca
Aula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíacaMauro Cunha Xavier Pinto
 
Fisiologia Humana 5 - Sistema Cardiovascular
Fisiologia Humana 5 - Sistema CardiovascularFisiologia Humana 5 - Sistema Cardiovascular
Fisiologia Humana 5 - Sistema CardiovascularHerbert Santana
 

Tendances (20)

Inflamação
InflamaçãoInflamação
Inflamação
 
Interação fármaco-receptor
Interação fármaco-receptorInteração fármaco-receptor
Interação fármaco-receptor
 
Imunidade Inata
Imunidade InataImunidade Inata
Imunidade Inata
 
Aula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivos
Aula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivosAula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivos
Aula de Farmacologia sobre Fármacos anti-hipertensivos
 
Apoptose
ApoptoseApoptose
Apoptose
 
Princípios da Farmacologia
Princípios da FarmacologiaPrincípios da Farmacologia
Princípios da Farmacologia
 
Lipídios
LipídiosLipídios
Lipídios
 
Aterosclerose
AteroscleroseAterosclerose
Aterosclerose
 
Distribuição
DistribuiçãoDistribuição
Distribuição
 
Imunidade Inata Adaptativa
Imunidade Inata AdaptativaImunidade Inata Adaptativa
Imunidade Inata Adaptativa
 
Transtorno de personalidade antissocial 7° período (noturno) (1)
Transtorno de personalidade antissocial  7° período (noturno) (1)Transtorno de personalidade antissocial  7° período (noturno) (1)
Transtorno de personalidade antissocial 7° período (noturno) (1)
 
Aula - Farmacologia básica - Farmacodinâmica
Aula - Farmacologia básica - FarmacodinâmicaAula - Farmacologia básica - Farmacodinâmica
Aula - Farmacologia básica - Farmacodinâmica
 
Distúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de Almeida
Distúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de AlmeidaDistúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de Almeida
Distúrbios circulatórios - Dr. José Alexandre Pires de Almeida
 
Patologia geral - inflamação - capítulo 5
Patologia geral - inflamação - capítulo 5Patologia geral - inflamação - capítulo 5
Patologia geral - inflamação - capítulo 5
 
Discriminação e controle de estímulos 2
Discriminação e controle de estímulos 2Discriminação e controle de estímulos 2
Discriminação e controle de estímulos 2
 
01 aula patologia
01 aula patologia01 aula patologia
01 aula patologia
 
Aula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíaca
Aula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíacaAula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíaca
Aula - Cardiovascular - Farmacologia da contratibilidade cardíaca
 
05) membrana plasmática
05) membrana plasmática05) membrana plasmática
05) membrana plasmática
 
Farmacologia
FarmacologiaFarmacologia
Farmacologia
 
Fisiologia Humana 5 - Sistema Cardiovascular
Fisiologia Humana 5 - Sistema CardiovascularFisiologia Humana 5 - Sistema Cardiovascular
Fisiologia Humana 5 - Sistema Cardiovascular
 

En vedette (17)

Aterosclerose
AteroscleroseAterosclerose
Aterosclerose
 
Aterosclerose
AteroscleroseAterosclerose
Aterosclerose
 
Aterosclerose
AteroscleroseAterosclerose
Aterosclerose
 
Ischemic Heart Disease
Ischemic Heart DiseaseIschemic Heart Disease
Ischemic Heart Disease
 
Doenças cardíacas
Doenças cardíacasDoenças cardíacas
Doenças cardíacas
 
Ischemic Heart Disease
Ischemic Heart DiseaseIschemic Heart Disease
Ischemic Heart Disease
 
Doença Arterial Coronariana
Doença Arterial CoronarianaDoença Arterial Coronariana
Doença Arterial Coronariana
 
Ischemic heart diseases..
Ischemic heart diseases..Ischemic heart diseases..
Ischemic heart diseases..
 
Pathology of blood vessels
Pathology of blood vesselsPathology of blood vessels
Pathology of blood vessels
 
293. ischemic heart disease
293. ischemic heart disease293. ischemic heart disease
293. ischemic heart disease
 
Atherosclerosis - Pathogenesis
Atherosclerosis - PathogenesisAtherosclerosis - Pathogenesis
Atherosclerosis - Pathogenesis
 
Ischemic Heart Disease.ppt
Ischemic Heart Disease.pptIschemic Heart Disease.ppt
Ischemic Heart Disease.ppt
 
FISIOLOGÍA - NEUROTRANSMISORES
FISIOLOGÍA - NEUROTRANSMISORESFISIOLOGÍA - NEUROTRANSMISORES
FISIOLOGÍA - NEUROTRANSMISORES
 
Hemoglobina y Mioglobina: Estructura, características, semejanzas y diferencias.
Hemoglobina y Mioglobina: Estructura, características, semejanzas y diferencias.Hemoglobina y Mioglobina: Estructura, características, semejanzas y diferencias.
Hemoglobina y Mioglobina: Estructura, características, semejanzas y diferencias.
 
Atherosclerosis
AtherosclerosisAtherosclerosis
Atherosclerosis
 
Ischemic Heart Disease
Ischemic Heart DiseaseIschemic Heart Disease
Ischemic Heart Disease
 
Atherosclerosis ppt
Atherosclerosis pptAtherosclerosis ppt
Atherosclerosis ppt
 

Similaire à Aterosclerose

Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...
Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...
Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...Van Der Häägen Brazil
 
Fibrose endomiocárdica apresent
Fibrose endomiocárdica apresentFibrose endomiocárdica apresent
Fibrose endomiocárdica apresentmairaalexandra
 
Febre Reumática- Artigo de Revisão
Febre Reumática- Artigo de RevisãoFebre Reumática- Artigo de Revisão
Febre Reumática- Artigo de Revisãoblogped1
 
Fr revisão sistemática 2011
Fr   revisão sistemática 2011Fr   revisão sistemática 2011
Fr revisão sistemática 2011gisa_legal
 
Febre Reumática: revisão sistemática
Febre Reumática: revisão sistemáticaFebre Reumática: revisão sistemática
Febre Reumática: revisão sistemáticaLaped Ufrn
 
Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...
Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...
Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...Van Der Häägen Brazil
 
Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante relato de u...
Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante   relato de u...Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante   relato de u...
Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante relato de u...Nádia Elizabeth Barbosa Villas Bôas
 
Síndrome Metabólica podem levar a óbito
Síndrome Metabólica podem levar a óbitoSíndrome Metabólica podem levar a óbito
Síndrome Metabólica podem levar a óbitoVan Der Häägen Brazil
 
Doenca Das Arterias Coronarianas
Doenca Das Arterias CoronarianasDoenca Das Arterias Coronarianas
Doenca Das Arterias CoronarianasJoao Bruno Oliveira
 
Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...
Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...
Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...Van Der Häägen Brazil
 
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19 DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19 Van Der Häägen Brazil
 
Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2
Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2
Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2Lucas Francisco
 
Patologias Humanas e Hipertensão Arterial
Patologias Humanas e Hipertensão ArterialPatologias Humanas e Hipertensão Arterial
Patologias Humanas e Hipertensão ArterialJade Oliveira
 
Anemia de doença crônica
Anemia de doença crônicaAnemia de doença crônica
Anemia de doença crônicaISCTEM
 
Obesidade obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...
Obesidade   obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...Obesidade   obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...
Obesidade obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...Van Der Häägen Brazil
 

Similaire à Aterosclerose (20)

Breve revisão
Breve revisãoBreve revisão
Breve revisão
 
Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...
Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...
Obesidade está relacionada com inflamação, aumento de hipertensão e doença ca...
 
Fibrose endomiocárdica apresent
Fibrose endomiocárdica apresentFibrose endomiocárdica apresent
Fibrose endomiocárdica apresent
 
Febre Reumática- Artigo de Revisão
Febre Reumática- Artigo de RevisãoFebre Reumática- Artigo de Revisão
Febre Reumática- Artigo de Revisão
 
Fr revisão sistemática 2011
Fr   revisão sistemática 2011Fr   revisão sistemática 2011
Fr revisão sistemática 2011
 
Febre Reumática: revisão sistemática
Febre Reumática: revisão sistemáticaFebre Reumática: revisão sistemática
Febre Reumática: revisão sistemática
 
Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...
Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...
Doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica problema de saú...
 
Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante relato de u...
Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante   relato de u...Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante   relato de u...
Associação de leishmaniose visceral e hep b de curso fulminante relato de u...
 
Esclerodermia
EsclerodermiaEsclerodermia
Esclerodermia
 
Esclerodermia
EsclerodermiaEsclerodermia
Esclerodermia
 
Síndrome Metabólica podem levar a óbito
Síndrome Metabólica podem levar a óbitoSíndrome Metabólica podem levar a óbito
Síndrome Metabólica podem levar a óbito
 
Les
LesLes
Les
 
Doenca Das Arterias Coronarianas
Doenca Das Arterias CoronarianasDoenca Das Arterias Coronarianas
Doenca Das Arterias Coronarianas
 
Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...
Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...
Fisiopatologia síndrome metabólica resistência insulina papéis etiológicos ce...
 
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19 DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS HEPÁTICAS QUE AGRAVAM A COVID-19
 
Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2
Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2
Disfunção endotelial no diabetes do tipo 2
 
DANT DCNT.pptx
DANT DCNT.pptxDANT DCNT.pptx
DANT DCNT.pptx
 
Patologias Humanas e Hipertensão Arterial
Patologias Humanas e Hipertensão ArterialPatologias Humanas e Hipertensão Arterial
Patologias Humanas e Hipertensão Arterial
 
Anemia de doença crônica
Anemia de doença crônicaAnemia de doença crônica
Anemia de doença crônica
 
Obesidade obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...
Obesidade   obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...Obesidade   obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...
Obesidade obesidade abdominal–grande e silencioso comprometimento indutor d...
 

Plus de Jumooca

Roteiro de estudos para prova de bioquímica
Roteiro de estudos para prova de bioquímicaRoteiro de estudos para prova de bioquímica
Roteiro de estudos para prova de bioquímicaJumooca
 
Questões de bioquímica
Questões de bioquímicaQuestões de bioquímica
Questões de bioquímicaJumooca
 
Questões de bioquímica
Questões de bioquímicaQuestões de bioquímica
Questões de bioquímicaJumooca
 
Questões de bioquímica
Questões de bioquímicaQuestões de bioquímica
Questões de bioquímicaJumooca
 
Roteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2 1 sem
Roteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2   1 semRoteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2   1 sem
Roteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2 1 semJumooca
 
Questões patologia ii
Questões patologia iiQuestões patologia ii
Questões patologia iiJumooca
 
Questões patologia geral 1º semestre
Questões patologia geral 1º semestreQuestões patologia geral 1º semestre
Questões patologia geral 1º semestreJumooca
 
Questões micrimufa 1º semestre
Questões micrimufa 1º semestreQuestões micrimufa 1º semestre
Questões micrimufa 1º semestreJumooca
 
Tronco encefálico
Tronco encefálico Tronco encefálico
Tronco encefálico Jumooca
 
Tronco encefálico
Tronco encefálico Tronco encefálico
Tronco encefálico Jumooca
 
Cardiomiopatias
CardiomiopatiasCardiomiopatias
CardiomiopatiasJumooca
 
Infarto agudo do miocárdio
Infarto agudo do miocárdioInfarto agudo do miocárdio
Infarto agudo do miocárdioJumooca
 
Diabetes
DiabetesDiabetes
DiabetesJumooca
 
Questões
QuestõesQuestões
QuestõesJumooca
 
Acidente vascular encefálico parte2
Acidente vascular encefálico parte2Acidente vascular encefálico parte2
Acidente vascular encefálico parte2Jumooca
 
Acidente vascular encefálico parte1
Acidente vascular encefálico parte1Acidente vascular encefálico parte1
Acidente vascular encefálico parte1Jumooca
 
Revista veja diabetes
Revista veja   diabetesRevista veja   diabetes
Revista veja diabetesJumooca
 
Papel social do fisioterapeuta
Papel social do fisioterapeutaPapel social do fisioterapeuta
Papel social do fisioterapeutaJumooca
 

Plus de Jumooca (20)

Roteiro de estudos para prova de bioquímica
Roteiro de estudos para prova de bioquímicaRoteiro de estudos para prova de bioquímica
Roteiro de estudos para prova de bioquímica
 
Questões de bioquímica
Questões de bioquímicaQuestões de bioquímica
Questões de bioquímica
 
Questões de bioquímica
Questões de bioquímicaQuestões de bioquímica
Questões de bioquímica
 
Questões de bioquímica
Questões de bioquímicaQuestões de bioquímica
Questões de bioquímica
 
Roteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2 1 sem
Roteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2   1 semRoteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2   1 sem
Roteiro de estudos para prova de bioquímica parte 2 1 sem
 
Questões patologia ii
Questões patologia iiQuestões patologia ii
Questões patologia ii
 
Questões patologia geral 1º semestre
Questões patologia geral 1º semestreQuestões patologia geral 1º semestre
Questões patologia geral 1º semestre
 
Questões micrimufa 1º semestre
Questões micrimufa 1º semestreQuestões micrimufa 1º semestre
Questões micrimufa 1º semestre
 
Tronco encefálico
Tronco encefálico Tronco encefálico
Tronco encefálico
 
Tronco encefálico
Tronco encefálico Tronco encefálico
Tronco encefálico
 
Sna
SnaSna
Sna
 
Has
HasHas
Has
 
Cardiomiopatias
CardiomiopatiasCardiomiopatias
Cardiomiopatias
 
Infarto agudo do miocárdio
Infarto agudo do miocárdioInfarto agudo do miocárdio
Infarto agudo do miocárdio
 
Diabetes
DiabetesDiabetes
Diabetes
 
Questões
QuestõesQuestões
Questões
 
Acidente vascular encefálico parte2
Acidente vascular encefálico parte2Acidente vascular encefálico parte2
Acidente vascular encefálico parte2
 
Acidente vascular encefálico parte1
Acidente vascular encefálico parte1Acidente vascular encefálico parte1
Acidente vascular encefálico parte1
 
Revista veja diabetes
Revista veja   diabetesRevista veja   diabetes
Revista veja diabetes
 
Papel social do fisioterapeuta
Papel social do fisioterapeutaPapel social do fisioterapeuta
Papel social do fisioterapeuta
 

Aterosclerose

  • 1. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH ARTIGO DE REVISÃO Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose Physiopathology and inflammatory aspects of atherosclerosis MARIA G.V. GOTTLIEB GISLAINE BONARDI EMÍLO H. MORIGUCHI RESUMO ABSTRACT Objetivo: Apresentar e avaliar o que tem se Objective: To present and evaluate that have descoberto recentemente sobre a fisiopatologia, epi- discovery recentely about physiopathology, epidemilogy and demiologia e aspectos inflamatórios envolvidos na inflammatory aspects involved in atherosclerosis into aterosclerose dentro de uma perspectiva multidisci- multidisciplinary perpective. plinar. Source of dates: Bibliographical compilations were Fonte de dados: Foram realizadas compilações accomplished on original articles and revisions published bibliográficas sobre artigos científicos originais e de in journals indexed in MEDLINE among 1970 to present revisão em revistas indexadas no MEDLINE no pe- that involved related subjects to atherosclerosis. ríodo de 1970 ao atual que envolvesse assuntos rela- Synthesis of dates: The revision of suggest that the cionados à aterosclerose. atherosclerosis is a multifactorial disease with strong Síntese de dados: A revisão sugere que a ate- genetic component, environmental and inflammatory rosclerose é uma doença multifatorial com forte com- response ageing-related. However, its etyology still is not ponente genético, ambiental e de resposta inflamató- completely explained. ria, associada ao envelhecimento. No entanto, ainda a Conclusion: The understanding of basic biology of the sua etiologia não está completamente esclarecida. inflammation in atherosclerosis would provide a better Conclusão: O entendimento da biologia básica da clinical support that could alter the way of preventive inflamação na aterosclerose proporcionaria um me- medicine practice and provide benefice to public health. lhor suporte clínico que poderia alterar o caminho da KEY WORDS: ARTERIOSCLEROSIS/physiopathology; prática da medicina preventiva e propiciar benefícios ARTERIOSCLEROSIS/epidemiology; INFLAMMATION; AGING. para a saúde pública. UNITERMOS: ARTERIOSCLEROSE/fisiopatologia; ARTE- RIOSCLEROSE/epidemiologia; INFLAMAÇÃO; ENVELHECI- MENTO. * Bióloga. Mestre em Ciências da Saúde. ** Médica Geriatra. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Gerontologia Biomédica do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. *** Médico MD, PhD. Professor do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005 203
  • 2. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH INTRODUÇÃO mação aguda de trombo sobre a placa aterosclerótica, fenômeno este diretamen- A palavra aterosclerose deriva do grego atero, te ligado aos eventos agudos coronarianos, que significa caldo ou pasta, e esclerose, que como infarto do miocárdio, angina instável corresponde a endurecimento. A aterosclerose é e morte súbita. uma doença multifatorial, lenta e progressiva, Manifestações agudas, como angina instável resultante de uma série de respostas celulares e (AI) e o infarto agudo do miocárdio (IAM), são moleculares altamente específicas(1). O acúmulo geralmente desencadeadas por desestabilização de lípides, células inflamatórias e elementos fi- da placa aterosclerótica, com redução significati- brosos, que se depositam na parede das artérias, va e abrupta da luz do vaso devida à formação são os responsáveis pela formação de placas ou local do trombo. Sobretudo, constitui uma das estrias gordurosas, e que geralmente ocasionam principais colaboradoras para o desenvolvimen- a obstrução das mesmas(2). Na patogenia da to de doenças cardiovasculares(5 ). doença aterosclerótica, um conjunto de fatores A doença aterosclerótica é a principal de risco clássicos e emergentes têm sido corre- representante dos processos patológicos car- lacionados (Quadro 1)(1). Contudo, as lipopro- diovasculares ligados ao envelhecimento (6), teínas, principalmente as lipoproteínas de baixa uma vez que se manifesta em indivíduos adul- densidade (LDL-c) têm ocupado um papel de tos, cuja incidência aumenta exponencialmente destaque na etiologia da doença aterosclerótica, a partir dos 45 anos de idade. No entanto, alguns ainda que, muitos indivíduos desenvolvem estudos detectaram a prevalência de placas doença cardiovascular na ausência de anormali- ateroscleróticas superior a 40% nas autópsias dades no perfil das lipoproteínas(2). Embora qual- de adultos jovens, sugerindo que o processo quer artéria possa ser afetada, os principais al- aterosclerótico ocorra precocemente(7). Além vos da doença são a aorta e as artérias coronárias disso, Napoli et al.(8) postulam que a aterosclerose e cerebrais, tendo como principais conseqüên- pode iniciar na fase fetal, intra-uterina (poden- cias o infarto do miocárdio, a isquemia cerebral do ser potencializada por hipercolesterolemia e o aneurisma aórtico. Estudos têm sugerido duas materna), progredir lentamente na adolescência fases interdependentes na evolução da doença e apresentar manifestações clínicas na idade aterosclerótica(3 ,4). adulta. – a fase “aterosclerótica”, predomina a Nas sociedades ocidentais, a aterosclerose é formação anatômica da lesão ateroscleró- causa primária de 50% de todas as mortes rela- tica sob a influência dos “fatores de risco cionadas com infarto do miocárdio e acidente aterogênicos” clássicos e que leva décadas vascular cerebral (AVC)(9). Contudo, países como para evoluir. Devido à sua história lenta e a Groenlândia, Islândia e Japão têm baixa pre- gradual, sua evolução geralmente não traz valência de aterosclerose, principalmente entre consigo manifestações clínicas dramáticas; os esquimós, sugerindo uma forte relação com o – a fase trombótica, a influência dos “fatores estilo de vida, dieta e composição genética dos de risco trombogênicos” determina a for- indivíduos(10,11). QUADRO 1 – Marcadores e fatores envolvidos na aterogênese, segundo Hackman GD and Anand SS, 2003(1). Marcadores Marcadores Fatores Hemostáticos/ Fatores Plaquetários Outros Fatores Inflamatórios Lipídicos Trombóticos Proteína C-reativa Fibrinogênio Agregação Plaquetária Lp(a) Homocisteína Interleucinas Fator von Willebrand Atividade Plaquetária APO A e B Lípase A2 Moléculas de Adesão Pró-trombina Tamanho e volume de LDL-ox Microalbuminúria fragmento1+2 Plaquetas ECA CD40 Fatores V, VII e VIII Polimorfismo APOE Amilóide A sérica Dímero D Agentes Infecciosos Fibrinopeptídeo A PAI-1 Ativador Plasminogênio Tecidual 204 Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005
  • 3. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH O conhecimento da fisiopatologia desta anormalmente glicosiladas associadas com os doença tem evoluído desde o século passado, diabetes mellitus, lípides ou proteínas modificadas quando, em 1970, a idéia da existência de rela- oxidativamente e, possivelmente, infecções virais ção direta entre lípides e aterosclerose domina- e bacterianas (Figura 1)(1,13,14,15). va o pensamento médico devido a estudos expe- Estudos epidemiológicos têm revelado diver- rimentais e clínicos demonstrando forte relação sos fatores de risco genético-ambientais impor- entre hiperlipidemia e formação de ateroma(12). tantes associados à aterosclerose. Entretanto, a Entretanto, atualmente as evidências científicas complexidade de patologias com etiologia pou- demonstram que os mecanismos envolvidos na co conhecida ou que envolvam interações de gênese da doença aterosclerótica são extrema- mecanismos celulares e moleculares tem dificul- mente complexos e envolvem a interação de com- tado o entendimento a respeito das causas do ponentes genéticos, ambientais e resposta infla- desenvolvimento da placa. Atualmente, está es- matória(1,2,13,14). tabelecido que a aterosclerose não é uma simples e inevitável conseqüência degenerativa do enve- lhecimento, mas uma condição inflamatória que RESPOSTA INFLAMATÓRIA, pode ser convertida em um evento clínico e agu- INJÚRIA ENDOTELIAL E MECANISMOS do ocasionado pela ruptura da placa e formação DE FORMAÇÃO DA PLACA de trombos(9). ATEROSCLERÓTICA A resposta inflamatória na aterogênese é me- diada através de mudanças funcionais em célu- Uma vez que a aterosclerose é postulada las endotelias (CEs), linfócitos T, macrófagos de- como uma doença progressiva caracterizada pelo rivados de monócitos e células dos músculo acúmulo de lípides, elementos fibrosos e infla- liso(2,16). A ativação destas células desencadeia a matórios, especificamente de resposta à injúria elaboração e interação de um extenso espectro de endotelial vascular, tal situação pode resultar da citoquinas, moléculas de adesão, fatores de cres- interação de várias forças, incluindo anormali- cimento, acúmulo de lípides e proliferação de dades metabólicas e nutricionais, tais como células do músculo liso(17). Adicionalmente, a res- hiperlipidemias, forças mecânicas associadas posta inflamatória pode ser induzida pelo como a hipertensão arterial, toxinas exógenas estresse oxidativo, principalmente à oxidação da como aquelas encontradas no tabaco, proteínas LDL-c(14,2,18). Endócrino Tóxico Mecânico Genético Hiperlipidemia (Diabetes Mellitus) (Nicotina) (Hipertensão) (Homocisteína) Combinação destes Fatores Comprometimento funcional do endotélio Aumento do influxo de LDL ou outros lípides * * Acredita-se que estes passos possam ocorrer em ordem inversa Início da inflamação/influxo de monócitos * Cicatrização inadequada Proliferação de Células do Músculo Liso Deposição de Matriz Formação de Ateroma Formação de Trombo OCLUSÃO TERMINAL Figura 1 – Eventos iniciais na formação de lesão aterosclerótica. Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005 205
  • 4. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH Estas interações resultam em expressão e se- tato inicial entre monócitos e a superfície en- leção de vários mediadores potenciais da forma- dotelial em condições hemodinâmicas normais, ção de lesão vascular, tais como fatores de cres- sendo mediada pela L-seletina; a interação é com cimento de endotélio vascular (VEGF), o fator de a porção glicídica das glicoproteínas presentes na crescimento de fibroblastos (FGF), a interleucina- membrana dos leucócitos; 2) a fase de parada é 1 (IL-1) e os fatores de transformação -α e -β caracterizada pela ativação de monócitos que se (TGF-α, TGF-β). A IL-1, e os TGF-α e TGF-β po- conectam as moléculas de adesão. Esta fase é de- dem inibir a proliferação endotelial e induzir a pendente de integrinas presentes nos monócitos expressão genética secundária pelo endotélio de como α4β1 e da VCAM-1. Os monócitos aderi- fatores de crescimento, como o fator de cresci- dos podem se espalhar na superfície apical do mento derivado de plaquetas (FCDP) e outros endotélio, originando a terceira fase, denomina- mediadores potenciais da formação de lesão da de espalhamento. Tal processo é dependente vascular(14,2). O TGF-β também induz a síntese de de integrinas β2 sinetizadas pelos monócitos e de tecido conjuntivo pelo endotélio. Além disso, ICAM-1 e/ou ICAM-2 presentes nas células as células endoteliais produzem fatores esti- endoteliais. Os monócitos já espalhados migram mulantes de colônias de macrófagos (M-CSF), às junções intercelulares e ganham o espaço fatores estimulantes de colônias de macró- subendotelial por diapedese; esta fase final é co- fagos-granulócitos (GM-CSF) e LDL-ox, que são nhecida como fase diapedese. As moléculas de mitogênicos e fatores ativadores dos macrófagos adesão podem promover lesão endotelial por di- adjacentes(15,2). As células endoteliais também minuição da distância entre monócitos e células fornecem fatores quimiotáxicos potentes que endoteliais e facilitação do ataque de espécies afetam a quimiotaxia dos leucócitos, incluindo ativa de oxigênio (EAOs), originadas de monó- a LDL-ox e a proteína-1 quimiotáxica dos citos ativados, constituindo um fator adicional monócitos (MCP-1), além de modular o tônus favorecedor à aterogênese. vasomotor através da formação de óxido nítrico A molécula de adesão vascular-1 (VCAM-1) (ON), prostaciclina (PGI2) e endotelinas(19). liga-se às classes de leucócitos encontradas em ateromas nascentes: monócitos e linfócitos T. As células endoteliais expressam VCAM-1 em res- MOLÉCULAS DE ADESÃO DE posta à entrada de colesterol em áreas propensas LEUCÓCITOS E CITOQUINAS à formação da lesão(22). Adicionalmente, obser- vou-se, em modelos experimentais aterogênicos As moléculas de adesão têm emergido como com formação de lesão, um aumento das VCAM- particulares candidatas para adesão precoce de 1 anterior ao começo do recrutamento de leucócitos no endotélio arterial em sítios de leucócitos(23). Contudo, experimentos com va- ateromas iniciais. Entre as principais moléculas riantes de VCAM-1, introduzidos em camun- de adesão, destacam-se a moléculas de adesão dongos suscetíveis a aterogênese, por meio da vascular (VCAM-1), a molécula de adesão inativação do gene da apolipoproteína E (APOE), intercelular (ICAM-1), a E-seletina, também de- mostraram reduzir a formação da lesão(24). O me- nominada de molécula de adesão de fase aguda, canismo de indução das VCAM-1, depois de uma molécula de adesão entre endotélio e leucócitos, dieta aterogênica, provavelmente, depende da in- entre outras(2). Acredita-se que a secreção de mo- flamação, provocada por lipoproteínas modifica- léculas de adesão é regulada por citoquinas sin- das acumuladas na íntima arterial em resposta tetizadas em pequenas concentrações pelo a hiperlipidemia(24). Logo, constituintes de lipo- endotélio arterial(20). Destas salientam-se IL-1, proteínas modificadas, entre elas, fosfolipídeos IL-4, o TFN-α e a gama interferon (IFN-γ)(20). Na oxidados e cadeias curtas de aldeídos resultam vigência de disfunção endotelial, a concentração da oxidação lipoprotéica, que podem induzir a destas citoquinas eleva-se, estimulando a produ- ativação transcricional do gene VCAM-1 media- ção de moléculas de adesão, assim favorecendo do em parte pelo fator nuclear-kB (NF-kB)(25). o recrutamento e adesão de monócitos à superfí- cie endotelial. Luscinkas et al.(21) estudaram a se- qüência de eventos desencadeados pela interação CONCLUSÃO de monócitos e células endoteliais ativadas pela IL-4. Foram observadas quatro fases distintas: Múltiplas interações entre plaquetas, linfóci- 1) a fase de rolamento, onde se estabelece o con- tos T, macrófagos, células do músculo liso, mo- 206 Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005
  • 5. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose Gottlieb MGV, Bonardi G, Moriguchi EH léculas de adesão e componentes genéticos têm 8. Napoli C, D’Armiento PF, Mancini PF, et al. Fatty streak sido documentadas e provavelmente promovam formation occurs in human fetal aortas and is greatly enhanced by maternal hypercholesterolemia. Intimal o ambiente de inflamação e crescimento neces- accumulation of low density lipoprotein and its sários para provocar injúria endotelial(2). Este pro- oxidation precede monocyte recruitment into cesso é propagado pelo aumento de transporte early atherosclerotic lesions. J Clin Invest. 1997;100: por transcitose da LDL para a camada íntima, 2680-90. verificando-se o acúmulo dessas lipoproteínas, 9. Lusis AJ. Atherosclerosis. Nature. 2000;407:233-41. tanto na forma nativa quanto na oxidada, ini- 10. Bang HO, Dyerberg J, Hjoorne N. The composition of food consumed by Greenland Eskimos. Acta Med ciando a formação da placa de ateroma(20). Con- Scand. 1976;200:69-73. seqüentemente, sob a persistência da interação 11. Bang HO. Dietary fish oils in the prevention and destes fatores, a inflamação crônica persiste, le- management of cardiovascular and other diseases. vando a uma cicatrização inadequada da lesão. Compr Ther. 1990;16:31-5. Finalmente, pode ocorrer a formação de trombo 12. Ross R, Harker L. Hyperlipidemia and atherosclerosis. com a oclusão do lúmem vascular provocando Science. 1976;193:1094-100. isquemia cardíaca e acidente vascular cerebral(15). 13. Stein O, Thiery J, Stein Y. Is there a genetic basis for Como mencionado acima, muitos indivíduos resistance to atherosclerosis? Atherosclerosis. 2002; 160:1-10. desenvolvem doença cardiovascular na ausência 14. Hulthe J, Fagerberg B. Circulating oxidized LDL is de anormalidades no perfil de lipoproteínas. Por associated with subclinical atherosclerosis development isso, a viabilidade de efetivar terapias para a pre- and inflammatory cytokines (AIR Study). Arterioscler venção de doenças cardiovasculares e seus des- Thromb Vasc Biol. 2002;22:1162-7. fechos negativos, traduz-se em uma necessidade 15. Braunwald E. Atlas de doenças cardiovasculares. Porto imperativa de identificar indivíduos de baixo, Alegre: Artmed; 1998. médio e alto risco, dentro de uma determinada 16. Nicolletti A, Caligiuri G, Hansson GK. Immuno- população para a aplicação de intervenções efi- modulation of atherosclerosis: myth and reality. J Intern Med. 2000;247:397-405. cazes, antes dos problemas manifestarem-se. 17.Ross R. Atherosclerosis: an inflammatory disease. N Esta nova idéia a respeito do entendimento Engl J Med. 1999;340:115-26. da patogênese da aterosclerose levanta questio- 18. Kunsch C, Medford MR. Oxidative stress as a regulator namentos e abre oportunidades na prevenção e of gene expression in the vasculature. Circ Res. terapia desta doença. Portanto, o entendimento 1999;85:753-66. da biologia básica da inflamação na aterosclerose 19. Ross R. The pathogenesis of atherosclerosis: a perspective proporcionaria um melhor suporte clínico que for the 1990s. Nature. 1993;362:801-9. poderia alterar o caminho da prática da medici- 20. Luz LP, Favarato D. Doença coronária crônica. Arq Bras na preventiva e propiciar benefícios para a saú- Cardiol. 1999;72:5-21. de pública. 21. Steinberg D. Lewis A. Conner Memorial Lecture. Oxidative modification of LDL and atherogenesis. Circulation. 1997;95:1062-71. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22. Cybulsky MI, Gimbrone MA Jr. Endothelial expression 1. Hackam GD, Anand SS. Emerging risk factors for of a mononuclear leukocyte adhesion molecule during atherosclerotic vascular disease: a critical review of the atherogenesis. Science. 1991;251:788-91. evidence. JAMA. 2003;290:932-40. 23. Li H, Cybulsky MI, Gimbrone MA Jr, et al. An 2. Libby P. Inflammation in atherosclerosis. Nature. atherogenic diet rapidly induces VCAM-1, a cytokine- 2002;420:868-74. regulatable mononuclear leukocyte adhesion molecule, 3. Fuster V. Mechanisms leading to myocardial infartion: in rabbit aortic endothelium. Arterioscler Thromb. insights from studies of vascular biology. Circulation. 1993;13:197-204. 1994;90:2126-46. 24. Cybulsky MI, Liyama K, Li H, et al. A major role for 4. Badimon JJ, Fuster V, Cherebro JH, et al. Coronary VCAM-1, but not ICAM-1, in early atherosclerosis. J atherosclerosis: a multifactorial disease. Circulation. Clin Invest. 2001;107:1255-62. 1993;87 suppl II:II3-16. 25. Collins T, Cybulsky MI. NF-kappaB: pivotal mediator 5. Terra LN, Ehlers OR. Ácidos graxos ômega 3 e or innocent bystander in atherogenesis? J Clin Invest. aterosclerose. In: Clemente E, Jeckel-Neto EA. Aspec- 2001;107:255-64. tos Biológicos e Geriátricos do Envelhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS; 1998. p.135-47. 6. Hazzard WR. Atherosclerosis and aging: a scenario in Endereço para correspondência: flux. Am J Cardiol. 1989;63:20H-24H. MARIA G.V. GOTTLIEB 7. McGill Jr HC, McMahan CA, Zieske AW, et al. Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS Association of Coronary Heart Disease Risk Factors Av. Ipiranga, 6690, 3° and. – Partenon CEP 90610-000, Porto Alegre, RS, Brasil with microscopic qualities of coronary atherosclerosis Fone: (51) 3336-8153 in youth. Circulation. 2000;102:374-9. E-mail: vallegot@cpovo.net Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005 207