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       UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
       DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
        CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA




              EVARISTA DE SOUZA SOARES




UM ESTUDO DAS DIFICULDADES ALGÉBRICAS DE ALUNOS DO 8º
 ANO DA ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO BASTOS DE MIRANDA –
                SENHOR DO BONFIM - BA




                  SENHOR DO BONFIM

                        2012
1



              EVARISTA DE SOUZA SOARES




UM ESTUDO DAS DIFICULDADES ALGÉBRICAS DE ALUNOS DO 8º
 ANO DA ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO BASTOS DE MIRANDA –
                SENHOR DO BONFIM - BA




                   Monografia apresentada ao Departamento de
                   Educação da Universidade do Estado da Bahia–
                   UNEB/CAMPUS VII, como parte dos requisitos para
                   conclusão do Curso de Licenciatura em Matemática.




                                  Orientador: Prof. Wagner Santana




                    Senhor do Bonfim

                          2012
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                  EVARISTA DE SOUZA SOARES




UM ESTUDO DAS DIFICULDADES ALGÉBRICAS DE ALUNOS DO 8º
 ANO DA ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO BASTOS DE MIRANDA –
                SENHOR DO BONFIM - BA




         APROVADA _______ DE _______________DE 2012.



                   BANCA EXAMINADORA




         _______________________________________________

          Profº. (orientador): Wagner Ferreira de Santana

              Universidade do Estado da Bahia- UNEB



         ________________________________________________

                 Profª. Alayde Ferreira dos Santos

              Universidade do Estado da Bahia- UNEB



        _________________________________________________

                  Profª. Elizete Barbosa de Brito

              Universidade do Estado da Bahia- UNEB
3




                                                                       Dedicatória.


Dedico a meus pais que tanto me ensinaram aos meus irmãos, sobrinhos, afilhados,
                                                 amigos e ao meu esposo Edgar.
4



                               AGRADECIMENTOS:



      Em primeiro lugar agradeço ao meu Deus, que me proporcionou sabedoria
para a concretização deste trabalho.
      Muito tenho a agradecer aos meus pais, Joselito e Almerinda, pelo grande
incentivo, apoio e carinho, certamente essa vitória também é deles.
      Agradeço aos meus professores, que foram modelos referenciais na minha
formação educacional e na prática da sala de aula. Em especial, aos professores do
curso de MATEMÁTICA, prof. Elizete, prof. Geraldo Caetano, Prof. Mirian Brito, prof.
Alayde, prof. Ivan, e prof. Danton pela dedicação e carinho.
      Ao meu orientador Wagner Santana, agradeço de modo especial pelo
incentivo e dedicação, bem como, pela compreensão das minhas limitações.
      Agradeço ao Edgar pela força diária, compreensão e apoio constante nesse
período de aperfeiçoamento.
      Agradeço aos meus colegas de curso, dentre eles destaco Manuela, Eliene,
Isaac, Aparecida, Nilson, Genilma, Auristela e Galdino que dividiam comigo as
angustias e as alegrias no decorrer do curso.
      À minha colega de trabalho Marlúcia Candeias e a seu filho pela ajuda
espiritual assim como na leitura de minhas produções, amiga, obrigada!
      Este singelo agradecimento estende-se também aos alunos com os quais tive
a grata satisfação de conviver ao longo da minha atividade docente e que
influenciaram em minha investigação.
      A todos que direta ou indiretamente influenciaram para a concretização deste
trabalho, OBRIGADA!
5




“Se realmente entendemos o problema, a
resposta virá dele, porque a resposta não
está separada do problema”.
                               (Krishnamurt)
6



                                     RESUMO




Este estudo buscou identificar e analisar algumas das possíveis causas das
dificuldades de aprendizagem em álgebra vivenciadas pelos alunos do 8º ano da
Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, localizada no distrito de Missão do
Sahy, Senhor do Bonfim Bahia. Como recursos foram utilizados questionários
contendo questões abertas e fechadas além de um pré-teste, que consistia em
avaliar conceitos básicos da Matemática de modo a adentrar pelas possíveis causas
das dificuldades discentes com relação á álgebra, além de buscarmos detectar quais
seriam essas dificuldades. Os resultados mostraram-nos que existem dificuldades
com relação à linguagem, com relação à interpretação dos enunciados, com relação
á álgebra dissociada da geometria, as possíveis causas detectadas decorreram da
não compreensão de conceitos básicos aritméticos, dificuldade na leitura e
interpretações de enunciados além de não associarem situações vivenciadas em
álgebra com o seu dia a dia. Com isso, espera-se que com esses dados, reflexões
sejam feitas sobre o processo de ensino aprendizagem da álgebra.

Palavras-chave:    História   da   Álgebra;   Ensino   algébrico;   Dificuldade   de
aprendizagem;
7



                                     ABSTRACT




This study sought to identify and analyze some of the possible causes of learning
difficulties experienced by students in algebra in 8th year of the Municipal School
Antonio Bastos of the Miranda, located in the Mission Sahy district, Senhor do
Bonfim, Bahia. As resources were used questionnaires containing open and closed
questions as well as a pretest, which was to assess the basic concepts of
mathematics in order to come into the possible causes of the difficulties students with
relationship to algebra, and we seek to detect what these difficulties. The results
showed us that there are difficulties related to language, with respect to the
interpretation of utterances in relation algebra will be separated from geometry, the
possible causes identified arose from not understanding the basic concepts of
arithmetic, difficulty in reading and interpretation of utterances as well as do not
involve situations experienced in algebra with their day to day. Thus, it is expected
that with these data, reflections are made on the process of teaching and learning of
algebra.

Keywords: History of Algebra, Algebraic Education, Learning disabilities;
8



                                                       SUMÁRIO




INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10


CAPÍTULO I – PROBLEMATIZAÇÃO......................................................................12
CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................ 15
    2.1. ÁLGEBRA NA EDUCAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS....... 15

         2.1.1. Um breve enfoque das concepções algébricas e do seu
                surgimento............................................................................................17
         2.1.2. O surgimento da álgebra .....................................................................18
         2.1.3. Implicações para o Ensino algébrico ..................................................20

    2.2. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: UMA ABORDAGEM AOS
         ESTUDOS NA ÁREA................................................................................. 23

         2.2.1. Pensamento, linguagem e formação de conceitos no processo
                aprendizagem: breve enfoque ........................................................... 26
CAPÍTULO III – UMA ABORDAGEM A METODOLOGIA UTILIZADA.................. 29
        3.1. Tipo de pesquisa .......................................................................................29
        3.2 . Lócus ........................................................................................................30
       3.3. Sujeitos da Pesquisa ..................................................................................31
       3.4. Métodos Utilizados......................................................................................31
CAPÍTULO IV – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................33
       4.1. Descrição e análise do questionário ..........................................................33
       4.2. Descrição e análise do pré-teste ................................................................39
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................46


REFERENCIAS.........................................................................................................48
ANEXOS ...................................................................................................................52
9



                                           LISTA DE GRÁFICOS



GRÁFICO 1- sexo ....................................................................................... 34

GRÁFICO 2 - Idade ..................................................................................... 34

GRÁFICO 3 – Já repetiu o ano por causa da Matemática? ........................ 35

GRÁFICO 4- Justificando porque não gosta de Matemática....................... 35

GRÁFICO 5- Quando não entende o conteúdo o que faz?......................... 36

GRÁFICO 6- Representar algebricamente você considera ........................ 37

GRÁFICO 7- Você acha a álgebra importante em seu dia a dia................. 38

GRÁFICO 8- Representação e resolução algébrica ................................... 40

GRÁFICO 9- Representação da área.......................................................... 41

GRÁFICO 10- representação do perímetro.................................................. 42

GRÁFICO 11- representação algébrica........................................................ 43

GRÁFICO 12- Encontrando valor numérico para a variável x...................... 44
10



                                 INTRODUÇÃO


      Esta pesquisa relaciona-se com a Educação Matemática, remetendo a este
estudo problemas envolvendo aprendizagem direcionando a Álgebra. A mesma
baseou-se na busca por respostas quanto às dificuldades discentes no campo
algébrico no Município de Senhor do Bonfim, mais precisamente na Escola
Municipal Antonio Bastos de Miranda, num contexto de duas turmas do 8º ano,
totalizando assim 26 alunos participantes.

      A inquietação para este estudo aconteceu no período de estágio enquanto
estudante do curso de Matemática e se concretizou no momento em que assumi
uma turma de 8º ano regendo uma classe. O horror que os conteúdos algébricos
ocasionavam nos alunos, no período citado acima, era inquietante, e a partir daí
iniciou-se os primeiros passos para este estudo.

      Dentro dessa perspectiva, este trabalho baseou-se na problemática em
enfoque para buscar compreender quais seriam as causas das dificuldades destes
alunos e quais seriam essas dificuldades com relação à Algebra. Para isso, Autores
como: D’Ambrósio (2005), Baumgart (1992), Boyer (1974), Brasil (1998), Vygotsky
(2001), Fiorentini et al (2004), Garcia (1998) dentre outros, foram utilizados para
fundamentar a nossa pesquisa, auxiliando assim, o nosso objeto de estudo.

      Dividimos este trabalho em quatro Capítulos. O capítulo I destaca a causa, o
motivo desta pesquisa, nele justificamos e apresentamos à problemática, bem como,
traçamos os objetivos que incitaram esse estudo.

      O capítulo II trata-se da Fundamentação Teórica. Nela, buscamos fazer uma
análise critica sobre o que outros pesquisadores já haviam escrito sobre a temática
para fundamentarmos o nosso trabalho. Está dividida em dois subtítulos. O primeiro
contendo três tópicos tratando da definição do termo álgebra e de um breve enfoque
da história da Álgebra por considerarmos que a História se configura de suma
importância para a compreensão das conjecturas abordadas no ensino da Álgebra.
O segundo refere-se a uma abordagem às dificuldades Matemática com ênfase nos
conceitos e linguagens algébricas.
11



      O capítulo III refere-se à Metodologia utilizada, o caminho seguido. Referencia
e expõe os métodos utilizados na busca por respostas, tecemos informações sobre
o lócus, sujeitos da pesquisa, amostras a serem utilizados, fatores essenciais para a
obtenção dos resultados.

      No capítulo IV foram analisados e discutidos os dados coletados por meio da
entrevista e do pré-teste representados qualitativamente tomando por base a
fundamentação teórica.

      Por fim, nas Considerações Finais, expomos nossas constatações baseadas
nos objetivos propostos, expondo conclusões que puderam ser notadas no decorrer
e na finalização desta pesquisa.
12



                                   CAPÍTULO I
                             PROBLEMATIZAÇÃO



      Ao longo do tempo, a Matemática vem se consolidando cada vez mais na vida
das pessoas, podendo ser notada em diversas situações da vida cotidiana. No
entanto, o ensino-aprendizagem da matemática ainda representa inúmeros
problemas para profissionais da área e alunos, principalmente, quando se refere ao
ensino-aprendizagem da álgebra.

      Meira (1996, p. 165) comenta que “um extenso conjunto de pesquisas sobre a
aprendizagem e o ensino da álgebra tem demonstrado as dificuldades de alunos e
também de professores com este campo”.

      Não é diferente do que vemos nos relatos de professores e no próprio
discurso de alunos no dia-a-dia escolar. As dificuldades e aversões Matemáticas,
comumente são destacadas nas escolas. Mesmo após muitos trabalhos de
pesquisa, a busca incessante pela qualificação profissional por parte de professores,
o discurso com relação às dificuldades na disciplina de Matemática ainda são
imensas.

      Quando se trata de álgebra as discussões se intensificam ainda mais, as
reclamações por parte dos alunos por estarem estudando algo que para eles não
tem significado e por outro lado os professores, queixando-se do não interesse e
posteriormente a não compreensão do que se é trabalhado em sala de aula.

      “A introdução da álgebra no cotidiano escolar é um momento de grande
ansiedade para muitos alunos, pois eles são desafiados a abandonar o raciocínio
puramente aritmético e começar a pensar algebricamente”. Borba (2011, p.2)

      A álgebra talvez por ser um ramo da Matemática que possui uma linguagem
própria composta de signos e símbolos que requer uma interpretação oral e escrita
na maioria das vezes de forma abstrata, leva os alunos ao baixo rendimento.
Segundo Ponte (2005, p.10) apud Beltrame (2009, p.19) isso se deve porque eles
“não conseguem ver uma letra como representando um número desconhecido e
assim não percebem o sentido de uma expressão algébrica”.
13



      Outro fator, que devemos levar em consideração com relação às dificuldades
de aprendizagem e assimilação de conceitos algébricos é com relação à forma como
a álgebra é retratada, ou seja, o modo como os conteúdos são abordados e o meio
cultural dos alunos, pois, os mesmos podem ser fatores de grande influencia nesta
problemática.

      Com isso, D’Ambrosio leva-nos a reflexão da necessidade de se abandonar
as teorias “congeladas”, pois segundo o mesmo o Ensino da Matemática tem se
apresentado de forma mecânica desprovendo os alunos a associarem-na com
situações que eles vivenciam na sua vida diária.

                     A matemática dos sistemas escolares é congelada. São teorias em geral
                     antigas, desligadas da realidade. Foram concebidas e desenvolvidas em
                     outros tempos, outros espaços. Será que essa matemática, que chamamos
                     de acadêmica, é importante para todos os povos? Sem dúvida. A sociedade
                     moderna não funciona sem essa matemática, a tecnologia moderna não se
                     aplica sem essa matemática, as teorias científicas não podem ser
                     trabalhadas sem essa matemática. Mesmo as artes e as humanidades
                     estão impregnadas dessa matemática (D’Ambrosio 1998. p. 3).

      O fato é preocupante, pois Alves (2003, p.24) afirma que quando a
aprendizagem não é incorporada com algo que o aluno ache interessante:

                     Dentro de pouco tempo quase tudo aquilo que lhes foi aparentemente
                     ensinado terá sido esquecido. Não por burrice. Mas por inteligência. O
                     corpo não suporta carregar o peso de um conhecimento morto que ele não
                     consegue integrar com a vida.

      Nesse sentido, a necessidade de uma proposta pedagógica que vise a
resignificação do aprendizado da álgebra faz-se de suma importância, visto que, a
mesma ao longo do tempo tem alcançado um espaço privilegiado nos currículos
escolares e as dificuldades de aprendizagem ainda permanecem.

      Assim, diante das situações acima citadas e pela percepção visível da
aversão de muitos estudantes com relação à mesma, além da não compreensão de
seus conceitos e estruturas por parte dos discentes observadas desde o período de
estágio enquanto Licencianda do Curso de Matemática e se concretizando enquanto
professora do Ensino Fundamental, é que surgiu a inquietação de estudo na área da
álgebra. Despertou-nos para buscarmos respostas às problemáticas correlacionadas
14



à aprendizagem algébrica, mais precisamente a dificuldade discente neste campo, o
algébrico.

      Detectando a problemática, utilizamos o questionamento abaixo como o
norteador desta pesquisa:

      Qual seria a origem das dificuldades dos alunos quanto aos conteúdos e
conceitos algébricos, e quais são estas dificuldades?

      A necessidade de compreender quais eram as dificuldades dos estudantes
com relação aos conteúdos e conceitos algébricos, bem como, quais as origens de
tais dificuldades, considerando o problema central e partindo da questão geradora
desta pesquisa, foram delineados os objetivos que seguem abaixo:


      - Pesquisar as origens das dificuldades dos alunos para atividades que
      envolvam expressão algébrica;

      - Identificar as dificuldades dos alunos quanto à interpretação da linguagem
      algébrica na resolução de problemas.

      - observar a concepção que estes alunos têm de álgebra e como eles
      enxergam um número representado por uma variável

        Espera-se que esse estudo muito possa contribuir à Educação Matemática
no ensino-aprendizagem da Álgebra. Serão apontadas as análises dos resultados
obtidos a partir da realização de um pré-teste e um questionário, de modo a explorar
de maneira intencional as dificuldades encontradas na aprendizagem algébrica. A
contribuição ao Lócus da pesquisa será por esta prover aos professores uma
reflexão quanto a sua postura metodológica para o ensino algébrico e os alunos
quanto a uma meditação das origens de suas dificuldades de modo que possibilite
uma construção de resignificação da Álgebra através deles, alunos.
15



                                    CAPÍTULO II
                         FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA



      Levando em consideração o nosso problema, cujo objetivo é analisar as
possíveis dificuldades discentes com relação à aprendizagem da álgebra,
recorremos à busca de algo que pudesse referenciar a nossa pesquisa, algo que
pudesse fundamentar os resultados que posteriormente encontraríamos ou não.
Para isso nos fundamentamos em: D’Ambrósio (2005), Baumgart (1992), Boyer
(1974), Brasil (1998), Vygotsky (2001), Fiorentini et al (2004), Garcia (1998) dentre
outros.

      Portanto, nesse capítulo abordaremos a crescente presença da álgebra na
Educação, através de breves relatos sobre a história e concepções algébricas, bem
como implicações para o ensino e em seguida um enfoque sobre as dificuldades de
aprendizagem Matemática evidenciando conceitos e linguagens algébricas.




2.1. ÁLGEBRA NA EDUCAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS


   D’Ambrósio salienta que de um modo geral,

                     a Matemática se impõe como forte presença em todas as áreas do
                     conhecimento e em todas as ações do mundo moderno. Sua presença no
                     fundo será certamente intensificada, mas não na forma praticado hoje. Será
                     sem dúvidas, parte integrante dos instrumentos comunicativos, analíticos e
                     materiais. (2005, p.46)

      A álgebra, não diferentemente, até mesmo por ser parte da Matemática tem
se apresentado ao longo dos tempos como de fundamental importância, mostrando-
se como instrumento de grande utilidade no processo de resolução de problemas,
bem como na formação do pensamento algébrico, por meio da compreensão de
variáveis e conceitos.

      Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam que o estudo
de estruturas abstratas deve favorecer no aluno:
16



                    [...] a compreensão de conceitos como o de variável e de função: a
                    representação de fenômenos na forma algébrica e na forma gráfica; a
                    formulação e a resolução de problemas por meio de equações (ao
                    identificar parâmetros, incógnitas, variáveis) e o conhecimento da sintaxe
                    (regras para resolução) de uma equação. Para apoiar a compreensão
                    desses conceitos pode-se lançar mão da construção e interpretação de
                    planilhas, utilizando recursos tecnológicos como a calculadora e o
                    computador. (BRASIL, 1998, p.84)

      A importância de se buscar meios que atribuam à compreensão dos conceitos
e da álgebra propriamente dita, conforme visto nas definições dos PCNs são
imprescindíveis. Avanços têm aparecido ao longo dos tempos e segundo Telles
(2004), os matemáticos têm aprendido a superar muitas dificuldades mesmo que
lentamente, trocando palavras por letras e por sinais, fazendo surgir às noções da
Álgebra, ou melhor, equações compostas por símbolos como as conhecemos hoje.
A chamada “Álgebra simbólica”.

      Apesar destes avanços destacados por Telles, para Santos (2004, p.19) a
álgebra ainda é carente de discussões no campo da Educação Matemática, o que
denota a possibilidade da não reflexão crítica sobre esse ensino e ocasiona que o
mesmo passa a ser limitado, de forma “mecânica e automatizada, dissociada de
qualquer significação social e lógica, enfatizando simplesmente a memorização e a
manipulação de regras, macetes, símbolos e expressões”. Miorim (1998, p. 40).

      Com relação ao ensino da Matemática, Castro (2003) apud Gil (2008),
destaca que o mesmo tem sofrido inúmeras mudanças que, na maior parte das
vezes, são lançadas pelo governo, e as escolas, preparadas ou não, precisam
atender essas mudanças. Desta forma, a Álgebra entra no currículo escolar,
deixando de ser privilégio de poucos estudiosos e tornando-se uma disciplina que é
considerada pré-requisito para a formação do cidadão comum.

       Portanto, considerando que a Álgebra normalmente introduzida no 8º ano do
Ensino Fundamental ser uma das áreas da Matemática exigidas como pré-requisito
da formação do cidadão conforme citado por Castro (2003), é interessante que
façamos um apanhado histórico da introdução da Álgebra, ainda que substancial.
17



        2.1.1. Um breve enfoque das concepções algébricas



        Quando nos referimos ao termo álgebra um dos primeiros questionamentos
que nossos alunos nos fazem é: “o que é álgebra?”. Do mesmo modo muitos deles
se arriscam e a definem como a “parte da Matemática que trabalha com letras e
números”.
        Assim, achamos por bem buscarmos defini-la para melhor compreendermos
as suas “raízes”, pois segundo Cury (2002):

                     [...] conhecer as concepções de Álgebra e de Educação Algébrica é um
                     elemento importante para as novas reformulações curriculares, pois permite
                     discussões sobre as finalidades do estudo dessa disciplina e sobre as inter-
                     relações existentes entre os conteúdos estudados no curso superior e
                     aqueles apresentados nos níveis fundamental e médio. (p.12)

        . No dicionário Aurélio, encontramos que álgebra “é a parte da Matemática
que estuda as leis e processos formais de operações com entidades abstratas”
(Ferreira, 1986). Na Wikipédia, enciclopédia livre a álgebra é definida como “o ramo
que estuda as generalizações dos conceitos e operações de aritmética. Hoje em dia
o termo é bastante abrangente e pode se referir a várias áreas da matemática, ou
não”.

        Da Rocha Falcão (1993, p. 86) caracteriza a álgebra como “um conjunto de
conceitos e procedimentos (algoritmos) matemáticos que permitem a representação
prévia e a resolução de um determinado tipo de problema, para o qual os
procedimentos aritméticos mostram-se insuficiente”.

        Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) por sua vez, vão além ao que
tange a método de resolução, processo de representação de algoritmos. Segundo o
mesmo é por meio da Álgebra que se desenvolve habilidades abstratas quando a
definem como “uma área da matemática que desenvolve a capacidade de abstração
e generalização” (BRASIL, 1998).

        Assim, (BAUMGART, 1992, v. 4, p. 3) apud (Tedesco, 2009), enfatiza que a
definição de álgebra para ser satisfatória requer que seja feita em duas fases
conforme podemos observar na citação que se segue.

                     Ainda que originalmente “álgebra” refira-se a equações, a palavra hoje tem
                     um significado muito mais amplo, e uma definição satisfatória requer um
18



                    enfoque em duas fases: (1) Álgebra antiga (elementar) é o estudo das
                    equações e métodos de resolvê-las. (2) Álgebra moderna (abstrata) é o
                    estudo das estruturas matemáticas tais como grupos, anéis, corpos – para
                    mencionar apenas algumas. [...] (BAUMGART, 1992, v. 4, p. 3).



      Nesse mesmo sentido, destacado por (BAUMGART, 1992) de o conceito de
álgebra ir além do campo aritmético estendendo-se ao absorto, Coxford (1995, p. 9),
também estende este conceito destacando-a como:


                    “a arte de manipular somas, produtos e potências de números. As regras
                    para essas manipulações valem para todos os números, de modo que as
                    manipulações podem ser levadas a efeito com letras que representam os
                    números. Revela-se então que as mesmas regras valem para diferentes
                    espécies de números [...] e que as regras inclusive se aplicam a coisas [...]
                    que de maneira nenhuma são números”.


      Por fim, são inúmeras as definições para o campo algébrico, todas
destacando a sua abstração e importância no ramo Matemático por facilitar a
resolução de operações que a aritmética não resolveria além de destacar também a
evolução da Álgebra, que passou da elementar que engloba as equações até à
Álgebra Moderna envolvendo estruturas, que abrangem campos bem mais
abstratos. Muito embora, talvez pelo fato de retratar grande dificuldade de
compreensão, fazem com que a álgebra seja questionada de “pra que surgiu, como
surgiu”?



2.1.2. O surgimento da álgebra

       A álgebra inicia suas origens com os cálculos de equações, na verdade o
próprio nome álgebra refere-se a equações embora atualmente conforme podemos
ver acima, tem assumido proporções de grandes extensões quanto a sua
importância no campo Matemático.

      A sua origem e evolução advém das necessidades surgidas ao longo do
tempo por diferentes povos. Segundo Boyer (1974) a evolução da notação algébrica
é classificada por três estágios: o retórico (ou verbal), o sincopado (no qual eram
usadas abreviações de palavras) e o simbólico.
19



      Há relatos em Baumgart (1992) de que álgebra surgiu no Egito quase ao
mesmo tempo em que na Babilônia, no entanto não havia sofisticação no método de
resolução usado pelos egípcios em comparação com os babilônicos. A álgebra
grega conforme foi formulada pelos pitagóricos e por Euclides era geométrica, no
entanto baseava-se no método de resolução de equações anteriormente usado
pelos babilônicos. Diofanto (250 a. C) introduziu o estilo sincopado de escrever
equações, sua abordagem é inteligente, mas não desenvolveu um método
sistemático de encontrar soluções gerais e sua abordagem também seguia as linhas
babilônicas. A Álgebra chega à Europa, por volta de 1100 d.C, no entanto, havia
uma regressão tanto em conteúdo como em estilo. Diofanto e Brahmagupta nos
seus estudos contemporâneos e o seu método sincopado não contribuíram para
uma eventual irrupção da Álgebra. O renascimento algébrico se deu na Itália (1200-
1300), com o Líber abaci (1 202) de Fibonacci (Leonardo de Pisa), no qual o autor
resolvia equações usando o estilo retórico de al-Khowarizmi, defendendo o uso de
numerais indo-arábicos, dos quais havia tomado conhecimento em suas viagens
como comerciante. A álgebra moderna notada por seu simbolismo foi introduzido
pelo Francês François Viète por volta de 1500 foi ele quem introduziu letras pra
representar números, muito embora todo o avanço conseguido por Viète ainda não
estava completo e Descartes complementa-a transformando a álgebra geométrica
dos gregos em uma geometria algébrica. Ele utilizou a álgebra para representar
partes da geometria tais como: curvas, retas, cones e etc., dando importante
contribuição para a álgebra que utilizamos nos dias atuais. (p. 11-15)


      Os avanços ocorridos historicamente na Educação Algébrica no Brasil e em
outros países Miguel, Fiorentini e Miorim (1993, p.84) as classificam em concepções.
Concepções essas que definem o processo evolutivo do ensino da Álgebra.
Segundo eles, A primeira concepção predominou do século XIX até meados do
século XX. Trata-se da concepção lingüístico-pragmática, que constitui a crença de
que a obtenção, ainda que mecânica, das técnicas requeridas pelo transformismo
algébrico, ou melhor, a obtenção de expressões iguais mediante o emprego de
regras e propriedades seria suficiente para que o aluno fosse capaz de resolver
problemas, ainda que estes fossem quase sempre artificiais.
20



   A outra concepção destacada pelos autores como fundamentalista-estrutural
surgiu com o advento da Matemática Moderna. Essa concepção do Ensino algébrico
baseava-se na ideia de que, se o aluno conseguisse justificar a passagem do
transformismo algébrico por meio da introdução de propriedades estruturais, fariam
com que os mesmos também conseguissem aplicar essas estruturas em diferentes
contextos. (p.84)

   Por fim, uma terceira concepção, a qual foi chamada pelos autores de
fundamentalista-analógica. Esta tenta fazer um resumo das concepções anteriores,
procurando recuperar o valor instrumental da Álgebra, mantendo o caráter
fundamentalista de justificação, mas agora não mais de forma lógico-estrutural, e
sim, na maioria das vezes, em recursos analógicos geométricos e, portanto, visuais.
(Fiorentini, Miorin, Miguel, 1993. p.84)

   “A Álgebra, nos dias de hoje, ocupa um lugar privilegiado nos livros didáticos,
mas as reflexões realizadas sobre o seu ensino ainda não foram suficientes para
minimizar o problema das dificuldades de compreensão dos seus conceitos e
procedimentos” (Gil, 2008, p.24).


2.1.3. Implicações para o Ensino algébrico


   De acordo com Miguel, Fiorentini e Miorim (1992) citado por Gil (2008)


                      a preocupação legal em introduzir a Álgebra no ensino brasileiro ocorre com
                      a Carta Régia de 19 de agosto de1799). A Álgebra seria introduzida na
                      forma de aulas avulsas, ao lado de outras disciplinas como a Aritmética, a
                      Geometria e a Trigonometria que já faziam parte do ensino. Estas áreas do
                      conhecimento eram trabalhadas em compartimentos estanques. E foi no
                      início do século XIX que, pela primeira vez, o estudo de Álgebra é
                      introduzido no ensino secundário brasileiro. Em 1927, Euclides Roxo, diretor
                      do Externato Pedro II, propôs à congregação do colégio uma alteração
                      radical no ensino da Matemática. Conforme Valente (2002),no documento
                      Euclides Roxo coloca a urgência de adotar métodos de ensino da
                      Matemática Elementar introduzidos na Alemanha, destacando que parte da
                      orientação era acabar com a divisão da Matemática em partes distintas e
                      separadas como vinha sendo trabalhada ( p.21 ).


       O Ensino da álgebra desde que introduzido separadamente tem assumidos
caráter muitas vezes considerado descontextualizado. “Do início do estudo da
Álgebra até o início da década de 60, quando se inicia o Movimento da Matemática
21



Moderna, o seu ensino era predominantemente de caráter mecânico e reprodutivo,
sem clareza alguma, já que seu ensino era, na maioria das vezes, apresentado por
meio de procedimentos que conduziam a uma aprendizagem mecânica” (Miguel,
Fiorentini e Miorim (1992)).


        Beltrame (2009) destaca Lelis e Imenes quando citam que,

                       Em muitas escolas, o ensino da Matemática é abordado como conjunto de
                       técnicas, aplicações de fórmulas, com grandes quantidades de exercícios,
                       que se resumem em “calcular”, “obter”, “efetuar”, em contextos
                       exclusivamente matemáticos, com o objetivo de buscar resultados,
                       importando-se apenas com o “como fazer”, sem se preocupar com o
                       “porque fazer assim” ou pra que fazê-lo. (Lelis e Imenes 2001 citado por
                       Beltrame p.23, 2009).


        Essa postura mecanizada citada pelos autores destacados acima, se perdura
até aos dias de hoje e para Nogueira, (2005) um dos desafios principais do professor
é buscar estratégias que facilitem a ação pedagógica em sala de aula, propiciando
ao aluno situações que envolvam conteúdos essenciais à aprendizagem e garantam
a autonomia de pensamento.

        Ele destaca ainda que atividades que permitam condições suficientes para o
aluno    interpretar   situações-problema,      que     desenvolvam       habilidades     como
organização, atenção e concentração são imprescindíveis. Visto que, “a álgebra é
uma área da matemática que desenvolve a capacidade de abstração e
generalização” (BRASIL, 1998).

        Ele enfatiza a necessidade de uma “proposta que envolva situações-
problemas que provoquem no aluno a formação do pensamento e da linguagem
algébrica encaminhando-os para o desenvolvimento de conceitos científicos no
movimento do pensamento teórico”.

        Os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam que o uso de situações
problemas envolvendo álgebra, garantem um ensino e posteriormente um
aprendizado relativamente significativos:

                       É importante destacar que as situações de aprendizagem precisam estar
                       centradas na construção de significados, na elaboração de estratégias e na
                       resolução de problemas em que o aluno desenvolve processos importantes
                       como intuição, analogia, indução e dedução, e não atividades voltadas para
                       a memorização, desprovidas de compreensão ou de um trabalho que
                       privilegie uma formalização precoce dos conceitos (PCN, 1998, p. 63).
22



      “Estudar álgebra não significa apenas manipular símbolos e equações, seu
ensino deve ser baseado em construções de noções algébricas pela observação de
regularidades em tabelas, gráficos e situações do cotidiano dos alunos” (Freire &
Filho, 2006, p. 162).

      Para Vygotsky (2001) é importante que o indivíduo interiorize a experiência
adquirida culturalmente. Ou seja, interiorize os elementos simbólicos da linguagem
algébrica, para utiliza-los como instrumento do “pensar e do agir” na resolução dos
problemas, ao qual o sujeito venha a se deparar relacionando esses problemas com
suas práticas diárias.

      Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental também
fazem menção a atitudes investigativas como forma de estimular os discentes a
identificar e compreender o jogo intelectual, característico da Matemática:

                         [...] identificar os conhecimentos matemáticos como meios para
                         compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de
                         jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o
                         interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da
                         capacidade para resolver problemas. (BRASIL, 2001, p.47).

      Para (Fiorentini et al), a necessidade de desenvolver primeiramente o espírito
de investigação sugerido pelos Pcn’s é imprescindível, visto que para eles favorece
o desenvolvimento do pensamento e da linguagem em álgebra.

                         “A realização de atividades investigativas e exploratórias que visam levar os
                         alunos a pensar genericamente, perceber regularidades e explicitá-las
                         através de estruturas ou expressões matemáticas, pensar analiticamente,
                         estabelecer relações entre grandezas variáveis pode ser uma alternativa
                         poderosa para o desenvolvimento inter-relacionado do pensamento e da
                         linguagem algébrica do aluno”. (Fiorentini et al, 2004).

Logo, é de fundamental importância que se busque estratégia de forma que:

                         O ensino da álgebra continue garantindo que os alunos trabalhem com
                         problemas, que lhes permitam dar significados à linguagem e às ideias
                         matemáticas. Ao se proporem situações-problema bastante diversificadas, o
                         aluno poderá reconhecer diferentes funções de Álgebra (ao resolver
                         problemas difíceis do ponto de vista aritmético, ao modelizar, generalizar e
                         demonstrar propriedades e fórmulas, estabelecer relações entre
                         grandezas). (PCN, 1998, p. 84).

      Devemos, pois, considerar que os atos da atividade de ensino devem estar
voltados para essa apropriação da linguagem e das formas de pensar da álgebra
23



pelo estudante e também da relação do sujeito com as situações-problema
propostas.

       Nesse mesmo sentido de aprendizagem Fiorentini (1995) destaca que,

                     a   aprendizagem      efetiva   da   Matemática   não   consiste   apenas   no
                     desenvolvimento de habilidades (como do cálculo ou da resolução de
                     problemas), ou na fixação de alguns conceitos através da memorização ou
                     da realização de uma série de exercícios, como entende a teoria tradicional
                     tecnicista. O     aluno aprende significativamente Matemática, quando
                     consegue atribuir sentido e significados às ideias Matemáticas – mesmo
                     aquelas mais puras (isto é, abstraídas de uma realidade mais concreta) – e,
                     sobre elas, é capaz de pensar, estabelecer relações, justificar, analisar,
                     discutir e criar. (p.32)

       Logo, a necessidade de se fazer atribuir sentido e significado nas ideias
matemáticas, visto que, considerando as ideias de Fiorentini, favorecerá um
aprendizado significante sendo o aluno capaz de desenvolver opiniões críticas,
capazes de criar novas formas de pensar, agir e estabelecer relações Matemáticas
com outras situações vivenciadas e que de certa forma virá a proporcionar no
indivíduo a ideia de soma, adição de conhecimento, conhecimento esse repleto de
significados.




2.2.   DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: UMA BREVE
       ABORDAGEM AOS ESTUDOS NA ÁREA



       De maneira geral tem se discutido com bastante frequência com relação às
dificuldades de aprendizagem. Seja essa dificuldade em Matemática ou em outras
disciplinas, pesquisadores e estudiosos constantemente buscam respostas para
estas dificuldades e muitas já foram às causas citadas por eles.


       Para Sanchez (2004) as dificuldades de aprendizagem em Matemática podem
se revelar em vários aspectos, dentre elas, ele destaca:

                     Dificuldades em relação ao desenvolvimento cognitivo e à construção da
                     experiência matemática;
24



                    Dificuldades na resolução de problemas, o que implica a compreensão do
                    problema, compreensão e habilidade para analisar o problema e raciocinar
                    matematicamente.

                    Dificuldades relativas à própria complexidade da matemática, como seu alto
                    nível de abstração e generalização, a complexidade dos conceitos e
                    algoritmos.

                    Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como bases neurológicas,
                    alteradas. Atrasos cognitivos generalizados ou específicos. Problemas
                    lingüísticos que se manifestam na matemática; dificuldades atencionais e
                    motivacionais; dificuldades na memória, etc.

                    Dificuldade originada no ensino inadequado ou insuficiente seja porque à
                    organização do mesmo não está bem sequenciado, ou não se
                    proporcionam elementos de motivação suficientes; seja porque os
                    conteúdos não se ajustam às necessidades e ao nível de desenvolvimento
                    do aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, ou não se treinam
                    as habilidades prévias; seja porque a metodologia é muito pouco
                    motivadora e muito pouco eficaz. (p. 174)


      Observamos que as dificuldades citadas por Sanchez se estendem desde
problemas cognitivos, neurológicos, de complexidade própria da Matemática, da não
compreensão do problema proposto até destacar dificuldade gerada pelo ensino.
Machado (1992, p. 31), nesse sentido enfatiza que vários autores dizem que:


                    Os alunos se dispersam quando o ensino da Matemática se faz rotineiro,
                    ocultando consciente e inconscientemente sua verdadeira força e beleza,
                    complicando-a inutilmente com fórmulas que não sabem de onde vem. O
                    ensino tem que alcançar uma investigação em que o aluno sinta a sensação
                    de estar fazendo algo com isso, em que se sinta mais confiante colocando
                    em prática o seu trabalho efetivo e com isso, faça-o perceber o seu próprio
                    rendimento.


      Assim, ele sugere que o ensino passe a favorecer no aluno a sensação de
que ele está inserido naquele contexto Matemático, que ele perceba que está
rendendo, aprendendo, porque se diferente certamente ele se dispersará e o ensino
da Matemática ficará apenas na rotina.


      Observamos que Sanchez também faz referência a problemas relacionados à
dificuldade de ordem cognitiva, atencional, motivacional e neurológica como causas
das dificuldades.


      E nesse mesmo sentido, Garcia (1998) apud (Salvan, 2004, pp. 20-21)
destaca doenças patogênicas como algumas das possíveis causas de muitas
dificuldades em Matemática referenciando a:
25



                     -“Alexia, que se caracteriza como impossibilidade de ler,
                     cegueira verbal completa acompanhada de mudez”. Nesse
                     caso há uma perturbação de percepção e memória.


                     - Descalculia, incapacidade para realização de cálculos.


                     - Síndrome do Déficit de Concentração: incapacidade de
                     concentrar-se, de prestar atenção em algo. Agitação e
                     nervosismo.


                     -Desaritmética, dificuldade para escrever ou ler números, ainda
                     que haja facilidade para realizar cálculos, impossibilidade de se
                     relacionar com números.


      Quanto às dificuldades voltadas para álgebra, são destacadas por (Da Rocha
Falcão, 2003; Lelis e Imenes, 1997), que elas ocorrem em virtude dos alunos não
conseguirem utilizar a sua linguagem e assim não conseguirem também relacioná-la
com situações práticas e outros conteúdos matemáticos.


      Santos (2004), citando Lins e Gimenez (1997) destaca que o fracasso em
álgebra significa um fracasso absoluto na escola e que um dos principais obstáculos
a este aprendizado é que “a álgebra escolar representa o mais severo corte
(momento de seleção) da educação matemática escolar” (p.9).


      Outros autores destacam outra forma de analisar as dificuldades partindo do
contexto histórico cultural, pois, (Araújo & Cardoso, 2006) afirmam que,


                     A aprendizagem ocorre num contexto social. O conhecimento existe nas
                     relações sociais dos grupos em que as pessoas participam. A
                     aprendizagem como um fenômeno construído socialmente é uma forma
                     diferente de analisar as dificuldades dos alunos em relação à Matemática.
                     Ela tem ligação com a forma de organização social do homem e com a
                     organização individual do pensamento. (p.12)



      Partindo da aprendizagem por meio do contexto social, conforme citado por
(Araújo & Cardoso, 2006), em que se dá por meio da organização e formação do
26



pensamento de forma individual e construído socialmente é que passaremos a
buscar entender como a linguagem e o pensamento favorecem a formação de
conceitos e concomitantemente da aprendizagem.


2.2.1. Pensamento,     linguagem      e   formação de        conceitos      no processo
      aprendizagem: um breve enfoque.

      Inicialmente buscamos no dicionário Aurélio a definição de Linguagem e
pensamento respectivamente nessa ordem e encontramos para Linguagem que “é
todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos e pode
ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir-se uma
linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem tátil, etc., ou, ainda,
outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos”.

      E para pensamento conseguimos encontrar duas que nos parecem mais
aceitáveis para defini-lo: “é o poder de formular conceitos”. E “é um processo mental
que se concentra nas ideias”.

      Para Leontiev (1983) o pensamento humano é entendido como:

                     […] produto do desenvolvimento socio-histórico, como uma forma teórica
                     peculiar da atividade humana que não é mais que um derivado da atividade
                     prática; incluindo naquele nível de desenvolvimento que o pensamento
                     adquire uma independência relativa, a prática continua sendo a base e o
                     critério de sua autenticidade. (p.29, tradução nossa)

      Davydov (1982) caracteriza pensamento, como um tipo de toda atividade
mental que está aliado ao processo de formação de conceitos bem como as
generalizações e abstrações.


      Com relação à linguagem, Vygotsky (1998), destaca que a aquisição da
mesma passa por três fases: a linguagem social, que seria esta que tem por função
denominar e comunicar, e seria a primeira linguagem que surge. Depois teríamos a
linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.

      “O desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, isto é,
pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sociocultural da
criança.” Vygotsky (1987, p. 44)
27



      Em Rizzon (2008) encontramos a importância da linguagem como meio de
interação enfatizada por Vygotsky e seus colaboradores:


                       Inicialmente, os aspectos motores e verbais do comportamento são
                       misturados. A fala envolve os elementos referenciais, a conversação
                       orientada pelo objeto, as expressões emocionais e outros tipos de fala
                       social. Em virtude de a criança estar cercada de membros mais velhos da
                       família, a fala começa, cada vez mais, a adquirir traços demonstrativos, o
                       que permite que a criança indique o que está fazendo e quais são suas
                       necessidades. Após algum tempo, a criança, fazendo distinções para os
                       outros com auxilio da fala, começa, internamente, a fazer distinções para si
                       mesma. Desta forma, a fala deixa de ser apenas um meio para dirigir o
                       comportamento dos outros e começa a desempenhar a função de
                       autodireção. (VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 1988, p. 30)

      Com relação à formação de conceitos associado à linguagem Vygotsky
(1991), destaca que,

                       Todas as funções psíquicas superiores são processos mediados, e os
                       signos constituem o meio básico para dominá-las e dirigi-las. O signo
                       mediador é incorporado à sua estrutura como uma parte indispensável, na
                       verdade a parte central do processo como um todo. Na formação de
                       conceitos, esse signo é a palavra, que em princípio tem o papel de meio na
                       formação de um conceito e, posteriormente, torna-se seu símbolo.
                       (VYGOTSKY, 1991, p. 48)



      O que é inegável, baseado na afirmação de Vygotsky, é que a linguagem,
tanto falada quanto escrita, é uma ferramenta de extrema importância na relação
entre “professor e aluno, nas mediações na sala de aula”. Isso nos leva a crer que
no processo ensino aprendizagem, a linguagem não antecede necessariamente o
pensamento, embora a apropriação da linguagem possa potencializar e promover o
desenvolvimento do pensamento.


      Conforme Kopnin (1978), “Não podemos imaginar o conhecimento do homem
sem a linguagem, pois a linguagem consubstancia nas palavras o resultado do
pensamento" (p. 150).


      Fiorentini e Miorim (1993) defendem que a linguagem algébrica é resultado de
uma forma especial de pensamento, dado que, para expressar o pensamento
algébrico existe uma linguagem possível e integrada historicamente na cultura de
uma determinada comunidade de prática. Assim, o desenvolvimento do pensamento
28



algébrico pode ocorrer desde os primeiros anos de escolaridade. Eles destacam
ainda, que o pensamento algébrico se desenvolve à medida que, gradualmente, o
aluno desenvolve uma linguagem mais apropriada a ele.

      Assim, se de um lado a introdução precoce e sem suporte empírico a uma
linguagem simbólica e abstrata pode funcionar como obstáculo ao desenvolvimento
do pensamento algébrico, de outro, o menosprezo ou recusa ao modo simbólico e
formal de pensar algebricamente, pode representar também um freio ao pleno
desenvolvimento do pensamento algébrico. (Fiorentini & Miorim, 1993).

      Desta forma, vale frisar que segundo Vygotsky (2001) o domínio da álgebra
eleva ao nível superior do pensamento,
                    [...] permitindo entender qualquer operação matemática como caso
                    particular de operação de álgebra, facultando uma visão mais livre, mais
                    abstrata e generalizada e, assim, mais profunda e rica das operações com
                    números concretos. (p. 267)

      Observa-se que linguagem e pensamento andam junto, um favorecendo o
desenvolvimento do outro. Considerando, pois, o poder de abstração e
generalização da álgebra, quando se compreende o que se está estudando de forma
a compreender as operações de modo a formar conceitos, partindo das ideias de
Vygotsky, certamente este aluno elevará o seu nível de pensamento.
29



                                       CAPÍTULO III
                          UMA ABORDAGEM À METODOLOGIA UTILIZADA



       É através da pesquisa que se desenvolve o avanço científico e tecnológico
nas diferentes áreas do conhecimento, (ALVES, 2003).

       Para Severino (2007), não haveria sentido em pesquisar, em construir o
conhecimento novo, se não se tivesse em vista o benefício social do mesmo.

       Netto (2008) por sua vez, destaca que os resultados de uma pesquisa para
serem favoráveis e contributivos ao conhecimento humano, são necessários ao
pesquisador a noção em grau, profundidade e extensão em que se pretende abordar
determinado assunto em uma investigação.

       Assim     sendo,    cabe   ao   pesquisador    um   trabalho   de   organização,
determinando o que Gil (1987, p.27), define como ter que determinar o método,
podendo este ser definido como o "... caminho para se chegar a determinado fim”.
       Gil nos remete a importância de se definir as estratégias metodológicas que
viabilizam o processo de identificação, coleta, registro, descrição e interpretação dos
dados coletados, ou seja, o caminho que ele se refere, induz ao pesquisador a
identificação do melhor procedimento que se ajuste as especificidades dos objetivos
da pesquisa.


3.1. TIPO DE PESQUISA


       Este estudo se caracteriza por uma pesquisa com abordagem qualitativa do
tipo descritiva, com método de observação, fundamentado a uma pesquisa
bibliográfica.

       Segundo Triviños (1987), a pesquisa qualitativa permite analisar os aspectos
implícitos ao desenvolvimento das práticas organizacionais, e a abordagem
descritiva é praticada quando o que se pretende buscar é o conhecimento de
determinadas informações que não podem ser numericamente caracterizado.
30



       Minayo, (2007) também, menciona que existe uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

       De forma mais ampla e resumida podemos perceber o sentido do método
qualitativo através do trecho citado por Lakatos (1986), conforme abaixo:

                      A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas
                      no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e
                      técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de
                      dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os
                      pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e
                      seu significado são os focos principais de abordagem (LAKATOS et al,
                      1986).


       Este trabalho apresenta cunho bibliográfico. Para (MINAYO, 2007; LAKATOS
et al, 1986), tudo o que for elaborado, embasado a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material
disponibilizado na Internet, terá aspecto bibliográfico.

       Entende-e desta forma que fundamentar bibliograficamente é entender a
prática que se dar da realidade utilizando meios posteriormente estudados e ou
publicados com o propósito de afirmar ou até mesmo negar o que foi escrito de
forma cuidadosa.

       O caráter descritivo também utilizado se dá com o intuito de confrontar a
teoria à prática, cujo objetivo principal é estudar as características específicas de um
grupo (Gil, 1996).

       Ludke e André (1986, p.11) afirmam que os problemas devem ser estudados
no ambiente em que eles ocorrem naturalmente.


3.2. LÓCUS


       A instituição escolhida para a realização da pesquisa foi a Escola Municipal
Antonio Bastos de Miranda, situada em Missão do Sahy, interior do Municipio de
Senhor do Bonfim Bahia. A mesma oferece os cursos de Ensino Fundamental além
31



de uma extensão denominada anexo, que oferece Educação Infantil e Ciclo Básico
de Aprendizagem.
      A escola (sede) onde realizamos a nossa pesquisa é composta por cantina,
três sanitários, sem área de lazer, um laboratório de informática, uma secretaria e
quatro salas de aula. A mesma é composta por um grupo de aproximadamente 20
professores e 400 alunos, distribuídos entre os três turnos (matutino, vespertino e
noturno).
      Esta pesquisa se limitou a estudar o problema em foco em duas turmas de 8º
ano no curso das séries finais do Ensino Fundamental nesta instituição de ensino,
no turno matutino.


3.3. SUJEITOS DA PESQUISA

      Os sujeitos da pesquisa foram alunos de duas turmas do 8º ano da escola
supracitada no turno matutino, totalizando 26 alunos participantes. Os mesmos
apresentam as características necessárias para a realização desta investigação e,
sobretudo a disponibilidade para participar da pesquisa.


3.4. MÉTODOS UTILIZADOS

      Para a coleta de dados utilizamos um questionário e outra atividade ao qual
chamamos de pré-teste com questões fechadas e abertas. As questões fechadas
(nas quais os sujeitos da pesquisa poderiam escolher uma ou mais alternativa das
opções destacadas pelo pesquisador) tiveram o objetivo de conhecer o perfil do
aluno e, por meio dele, observar o que pode vir a influenciar esse aluno na sua
afinidade com os estudos e mais especificamente com a Matemática. O pré-teste,
utilizando questões abertas (neste caso os sujeitos respondiam com suas próprias
palavras, eles usavam os seus conhecimentos prévios, sem opções dadas pelo
pesquisador) teve por objetivo verificar o conhecimento do aluno em relação à
aplicabilidade de conceitos básicos da Matemática, símbolos, termos algébricos e
numéricos, incluindo linguagem, simbologia, conteúdos, interpretação, resolução e
análise de problemas, para assim analisarmos a formação do pensamento e da
linguagem algébrica.
32



      Logo, os caminhos citados acima, visam delinear reflexões acerca de
adquirirmos conhecimentos específicos com relação ao objeto de estudo.
33



                                 CAPÍTULO IV
                  ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS



       Nesse capítulo apresentaremos as análises dos resultados obtidos na
pesquisa com alunos, com o intuito de verificar as dificuldades discentes, no que
tange ao campo algébrico.

       Para a obtenção de resultados foram aplicados um questionário e uma
atividade a qual chamamos de pré-teste. O primeiro contendo questões abertas e
fechadas, com o objetivo de conhecer o perfil do aluno e sua relação com a
Matemática, e o segundo contendo questões abertas, uma vez que pretendíamos
avaliar a aplicabilidade de conceitos básicos da Matemática tais como: símbolos,
termos algébricos e numéricos, incluindo linguagem, simbologia, conteúdos,
interpretação, resolução e análise de problemas para assim verificarmos as
dificuldades tão frequentes no campo algébrico.

       Portanto, dividiremos esse capítulo em duas subseções ao qual analisaremos
os métodos citados acima. Subseção I – Questionário e subseção II – Pré-teste. As
análises serão feitas qualitativamente e quantitativamente. Para cada questão
destacaremos os objetivos e posteriormente os resultados da coleta.

4.1. Descrição e análise do questionário – I

       A pesquisa foi realizada em duas turmas de 8º ano da Escola Municipal
Antonio Bastos de Miranda, totalizando 26 alunos participantes desta pesquisa.

       As duas primeiras questões tiveram por objetivo, conhecer o perfil dos
pesquisados. Identificamos o sexo e a idade dos mesmos, para desta forma
traçarmos os aspectos sociográficos, e obtivemos os resultados aos quais podemos
observar nos gráficos abaixo.

   •   Sexo:

       Para o primeiro tópico, observamos que coincidentemente 50% dos
pesquisados são do sexo masculino e os outros 50% do sexo feminino.
34



                                        GRÁFICO 1: SEXO




                                                                  feminino
                                   50% 50%
                                                                  masculino




                             Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos

Quanto à idade, dividimos por faixa etária.

   •    Idade: ( ) 11 a 14 anos          (    )15 a 17 anos              (    ) mais de 17

        A faixa etária dos mesmos, conforme podemos observar no gráfico,
predominou a dos 11 aos 14 anos totalizando assim 84% do grupo pesquisado, 16%
apresentaram faixa etária dos 15 aos 17 anos e 0% (nenhum) apresenta mais de 17
anos.

                                        GRÁFICO 2: IDADE

                                   0%
                                                               11 a 14 anos
                                  16%
                                                               15 a 17 anos

                                        84%
                                                               mais de 17
                                                               anos


                             Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos

        A partir da terceira questão, o nosso objetivo era averiguar a relação destes
sujeitos com a Matemática.

   •    Já repetiu o ano alguma vez por causa da Matemática? Caso a resposta seja
        sim indique quantas vezes.
        Nesse tópico observamos que uma demanda de 23% enfatizou que já
repetiram o ano por causa de Matemática. Desses 23% quando questionados a
citarem o número de vezes, 11,5% assinalaram que já haviam repetido por duas
vezes, 3,8% uma vez e 7,7% não indicaram o número de vezes aos quais haviam
repetido. Os dados nos levam a crer que estes alunos já repetiram por no máximo
duas vezes o ano.
35



      A maioria dos entrevistados, um montante de 77% afirmou nunca ter repetido
o ano, conforme podemos examinar no gráfico.

                   GRÁFICO 3: Já repetiu o ano alguma vez por causa da Matemática


                                                      23%
                                                                               sim
                                             77%                               não




                              Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos

         •   Gosta de Matemática:

                                        (     ) sim        ( ) não

      Caso não goste, justifique:

      (   ) tenho dificuldade em resolver problemas envolvendo as quatro
      operações;
      (   ) não consigo entender o que o professor ensina então nem me esforço
      (   ) me esforço e mesmo assim não consigo


      Para essa questão, apenas 19,2% afirmaram gostar de Matemática os outros
80,8% asseguraram não gostar e posteriormente assinalaram as justificativas para
essa negação de forma que os resultados podem ser analisados no gráfico que se
segue.

                       GRÁFICO 4: Justifique por que não gosta de Matemática


                                                             me esforço e mesmo assim não
                                                             consigo entender
                                     24%
                                               48%           não consigo entender o que o
                                                             professor ensina então nem me
                                     28%                     esforço
                                                             tenho dificuldade em resolver
                                                             problemas envolvendo as quatro
                                                             operações;


                              Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos

      Observa-se que 28% simplesmente por achar que não entenderá o conteúdo
explicado pelo professor “mantém-se no conformismo” de não se esforçar por não
compreender o que o professor irá ensinar em um pensamento a priori, o que nos
faz pensar que nem ao menos tentam compreender. Os outros 24% já relatam que o
36



motivo de não gostar é por ter dificuldade envolvendo as quatro operações. No
entanto, a maioria dos que afirmaram não gostar, 48%, justificaram a sua aversão
pela Matemática pelo fato de que mesmo esforçando-se, não compreendem o
conteúdo abordado em sala.

      Como cita Orton (1990), apud ARAÚJO (1990, p.338) "é possível que não
entendendo a matemática, os alunos se sintam frustrados, experimentem ansiedade
e cheguem a rechaçar a matemática como atividade significativa e valiosa".

      Para os tópicos seguintes tivemos por objetivo, analisar a relação desse aluno
mais precisamente com a álgebra, uma vez que pretendíamos analisar sobre o que
pensa este sujeito sobre esse tópico Matemático.


          •    Quando seu professor inicia um conteúdo de álgebra, explica-o e você
               não entende. O que faz?
              ( ) peço que explique novamente, pois não entendi.
              ( ) deixo pra lá, é difícil e sei que não vou compreender.


GRÁFICO 5: Quando seu professor inicia um conteúdo de Álgebra, explica-o e você não entende. O que
                                              faz?


                                                              peço que explique
                                                              novamente, pois não

                                   46%
                                                              entendi

                                              54%
                                                              deixo pra lá, é difícil e
                                                              sei que não vou
                                                              compreender.



                  Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos



      Observando o gráfico acima, notamos que aproximadamente 54% pedem ao
professor para explicar novamente, quando não compreendem, os demais 46 %
deixam de lado por acharem que não vão compreender.
      Vale ressaltar, que apesar da maioria destacar que solicita ao professor que
explique novamente o conteúdo, deve-se considerar que o fato de acharem que não
compreenderão o conteúdo, um número considerável (46%), simplesmente não
busca aprender, proporcionando desta forma, um distanciamento do aprendizado
em virtude da pré-concepção de que a álgebra é difícil.
37



          •   Representar algebricamente uma situação, você considera:
                ( ) muito fácil        (    )difícil ( ) não serve para nada

      Para esse questionamento, a maioria dos entrevistados optou por considerar
a Álgebra difícil (69%) ou que não serve para nada (23%). Apenas (4%) consideram
a Álgebra um conteúdo fácil e os outros 4% não opinaram. Segue gráfico.


                 GRÁFICO 6: Representar algebricamente uma situação, você considera:

                                     4% 4%                     muito fácil

                                                               difícil
                                23%
                                                               não serve para
                                           69%                 nada
                                                               não opinaram


                   Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos

      Observamos, pois, a existência de uma grande rejeição com relação à
importância atribuída a situações algébricas. Estes alunos, talvez pelo fato de não
verem significado, ou até mesmo perceberem a falta de aplicabilidade destes
conteúdos com situações vivenciadas em suas vidas diárias, destacam, que a
álgebra é difícil ou que não serve para nada.

      Assim, de acordo com os PCN’s:

                     [...] para que a aprendizagem possa ser significativa é preciso que os
                     conteúdos sejam analisados e abordados de modo a formarem uma rede de
                     significados. Se a premissa de que compreender é apreender o significado,
                     e de que para apreender o significado de algum objeto ou acontecimento é
                     preciso vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos, é
                     possível dizer a ideia de conhecer assemelha-se a ideia de tecer uma teia.
                     (BRASIL, 1998, p. 75)


      Portanto, foi com o objetivo de analisar se o aluno estava compreendendo a
relação da Álgebra com o seu dia a dia, ou melhor, se os conteúdos trabalhados
estavam favorecendo a formação neste aluno a teia citada pelos PCN’s,
considerando a não importância atribuída a álgebra por meio das questões
anteriores, foi que indagamos o tópico abaixo.


          •   Você acha que a Álgebra é importante no seu dia-a-dia?
               ( ) sim    ( ) mais ou menos       ( ) nem um pouco
38



                    GRÁFICO 7: Você acha que a Álgebra é importante no seu dia-a-dia? Por quê?



                                                                  sim
                                     42% 23%
                                                                  mais ou menos
                                           35%
                                                                  nem um pouco



                              Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos

      Os resultados para esta questão nos levam a crer que a grande maioria não
associa a Álgebra no seu dia a dia, visto que, 42 % afirmam que a Álgebra não é
nem um pouco importante. Considerando as justificativas destacadas por eles ao
serem solicitados a apresentarem o porquê de suas respostas foram enfatizadas as
justificativas que serão destacadas abaixo:

      Um dos sujeitos da pesquisa ao qual chamamos de S1 justificou da seguinte
forma: “__ pelo que eu entendo, não dá pra fazer nada com um cálculo com tanta
letra misturada com número”.

      Trinta e cinco por cento demonstram insegurança em sua afirmação
assinalando que a álgebra é “mais ou menos” importante, porque não são todas as
vezes que a utilizam a não ser na escola. Apenas 23% afirmaram que a álgebra é
sim importante no seu dia a dia e mesmo assim as justificativas dadas por eles não
demonstram segurança quanto à importância da álgebra de maneira única e
dissociável, já que ao longo dos tempos tem se apresentado com destaque no
currículo escolar. Uma das justificativas de outro sujeito envolvido na pesquisa que
chamamos de S2 destacou que: “__É importante sim, porque a álgebra faz parte da
Matemática e a Matemática está presente em nossa vida”.

      Por fim, com o objetivo de conhecer qual é a compreensão de definição que
estes sujeitos fazem da álgebra, foi questionado o que eles entendem por álgebra
através de uma questão aberta. Escolhemos três definições das fornecidas pelos
alunos, uma vez que as respostas variavam seguindo as mesmas ideias das citadas
abaixo.

      Utilizaremos A1 para a definição do aluno um, A2 para a definição do aluno
dois e A3 para a definição do aluno três, na transcrição das respostas.
39



O que você entende por álgebra?

Para esta questão eles deram as seguintes definições:

A1: Não entendo nada

A2: Álgebra trabalha com letras e números e as vezes só com letras.

A3: É um cálculo cheio de letras

      Para Oliveira (2002), algumas barreiras se configuram na Álgebra pelo fato do
aluno trazer para o contexto algébrico, dificuldades herdadas do aprendizado no
contexto aritmético ou por estenderem para o estudo algébrico, procedimentos
aritméticos que não procedem.

      Observa-se, que estes alunos não diferentemente do que esperávamos
mantém uma relação aversiva a Matemática e distanciam-se da álgebra por
simplesmente achá-la difícil além de percebermos também que a grande maioria
não compreende o seu significado, a sua importância o que favorece para as
dificuldades destes alunos.

      4.2. Descrição e análise do Pré-teste – II

      Este bloco é formado por 5 (cinco) questões. Para as questões 1, 4 e 5 o
aluno precisaria representar algebricamente o problema proposto e apenas na
questão 1 e 5 ele deveria ainda, encontrar valores reais para as variáveis.

      Para a segunda questão o aluno deveria representar algebricamente a área
de uma figura cujos lados são definidos apenas por incógnitas. Da mesma forma, foi
proposta para a questão três. A diferença é que ao invés de área foi requerido à
representação do perímetro de uma figura que também aparece com as medidas
dos seus lados representadas por incógnitas, diferenciando-se da questão anterior
por envolver adição e multiplicação de números inteiros. Os objetivos propostos para
estas questões é identificar e observar como estes sujeitos utilizam e interpretam a
linguagem algébrica, bem como, a aplicabilidade de conceitos básicos, tais como:
símbolos, interpretações, raciocínio lógico e etc., com outras áreas da Matemática,
mais precisamente a - Geometria. Para assim, tentarmos descobrir origens e
possíveis dificuldades no aprendizado da Álgebra.
40



QUESTÕES

     1. Leia a história dos namorados e responda:


   a) Usando símbolos matemáticos, COMO VOCÊ
      representaria esta história? ________________

   b) Quantos reais cada um tem? Calcule.


       O gráfico 8 indica o percentual dos resultados obtidos na realização da
                                           resultados
questão 1a e b que propõe a representação algébrica de situações, a partir da
linguagem corrente, bem como a resolução de modo a encontrar valores reais para
as variáveis.
      Gráfico 8: Representações e Resolução alg
                                            algébrica


        60%
        40%
        20%
         0%                                                                        questão 1 a
                 deixaram      erraram     acertaram     cálculo acertaram         questão 1 b
                em branco                              incompleto por teste
                                                                  aritmético

      Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos

      Conforme podemos observar n gráfico acima, a grande maioria errou na
                                no
representação algébrica bem como na resolução da mesma Observou
                                                 mesma. Observou-se que os
mesmos tiveram dificuldade na interpretação do problema proposto visto que
                                                        proposto,
aproximadamente 50% erraram tanto a questão a como a b e para a questão 1b
mais de 30% ou deix
               deixou em branco ou não finalizou a questão deixando
                                                           deixando-a
incompleta.

      Apenas        27%       representaram        a     questão      “a”      corretamente,     utilizando
representação algébrica. No entanto, desses 27% apenas 8% acertaram a questão
“b”. De modo que os demais ou deixaram o cálculo incompleto, erraram ou
   .                          deixaram
simplesmente não tentaram resolver.

      Quando indicamos que 12% acertaram por indução aritmética e não por
métodos algébricos nos referimos aos cálculos por “teste aritmético uma vez que
                                                         aritmético”
eles utilizaram o raciocínio aritmético buscando e testando valores que pudessem
41



sanar a dificuldade do problema proposto conforme podemos observar na figura 1
abaixo:




                                  Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos

      Isso implica dizer, que esses alunos não se desvincularam da ideia aritmética
                        ,
na resolução de um problema que possui aspectos algébricos.

      Para a questão 2, conforme citado anteriormente foi sugerido a representação
do cálculo de área de acordo com os dados fornecidos. A nossa ideia era identificar
se este aluno traz os métodos utilizados na resolução de cálculo de área utilizando
número para a representação em uma situação algébrica apenas com incógnita.

     2. Área de um retângulo é dada multiplicando se o comprimento pela largur
                                    multiplicando-se                    largura.
          Como podemos representar a área da figura abaixo
                                                    abaixo?
                                        a
                                                                    Área: __________________
                        b                              b
                                        a

                        GRÁFICO 9: Análise da questão 2 – Representação de área

                 100%
                  50%
                                                                   Análise Da questão 2:
                   0%                                              Representação da área
                            ERRARAM ACERTARAM DEIXARAM
                                              EM BRANCO



                                  Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos

      Conforme observado no gráfico acima se identifica, que 65% erraram tal
                   rvado                               ,
questão, 27% deixaram em branco e apenas 8% acertaram.

      Desses 17 alunos (65%) que erraram, onze alunos resolveram o perímetro ao
invés da área também demonstrando dificuldade quanto ao conceito de ambos os
termos ou não interpretaram o enunciado, visto que, foi afirmado na própria questão
                              enunciado,
42



que área é dada por meio da multiplicação do comprimento pela largura, uma vez
que a área é retangular. Desses onze teve caso em que eles não se contiveram em
                       .     es
representar apenas “2a+2b como resposta e representaram a área da figura
                    2a+2b”
sugerida como “2a+2b=4ab Outros ainda, talvez por estarem acostum
                     4ab”.                                acostumados a terem
sempre um resultado final para seus cálculos, já que, até o 8º ano os cálculos
                                                   e,
aritméticos estavam sempre presentes com seus respectivos resultados implicou em
tentarem finalizar a questão de alguma maneira conforme podemos observar na
figura 2 abaixo:




          Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos
                     teste


     O raciocínio puramente aritmético ainda predomina no raciocino lógicos destes
alunos, o que ocasiona a observação da falta de compreensão e junção de
conceitos geométricos com conceitos algébricos, na resolução dos problemas
propostos.

     Para a terceira questão as medidas da figura foram representadas p
                     questão,                                         por
expressões envolvendo adição e multiplicação de termos algébricos.

     3. Calcule o perímetro do retângulo ao lado:

    Observa-se para esta questão, conforme dados percentuais do gráfico 10 que
23% acertaram. Os outros demonstraram falta de compreensão da quest
                                                              questão já que
38,5% não responderam 27% erraram e 12% deixaram o cálculo incompleto.



                        GRÁFICO 10: Análise da questão 3 – Representação do perímetro



                    60%
                    40%                                                    analise da questão
                    20%                                                    3: Representação
                     0%                                                    do perímetro
                             erraram acertaram
                                           deixaram em branco
                                                      cálculo incompleto



                                      Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos
43



   A questão 4, assim como                a questão 1, requeria dos pesquisados a
                                                     ,
representação por meio de símbolos, utilizando o raciocínio algébrico por meio de
    esentação                       utilizando
problemas envolvendo respostas não aritméticas. Para isso, foi feito a seguinte
indagação: uma caneta custa x reais e uma lapiseira custa y reais. Qual é a
            ma
expressão que você pode escrever para representar:
                     de

      a) O custo de 2 canetas e 5 lapiseiras. ___________________
      b) A diferença entre o preço de uma caneta e o preço de 2 lapiseiras. ______


      Observa-se nas tabelas e gráfico abaixo que a grande maioria tentou resolver.
Os acertos (50%) da questão 4 a foram superiores aos erros (35%). O fato dos erros
               )
(43%) da questão 4 b ultrapassar os acertos (37%) se deram em decorrência deles
não associarem o termo “diferença” ao sinal de subtração ( - ), o que implica a não
compreensão de termos ut
                      utilizados na linguagem matemática.


      E para tanto os resultados foram os destacados no gráfico 11, abaixo
relacionado para melhor visualização
                        visualização.


                            Gráfico 11: Representações algébricas

                 60%
                 40%
                                                                          questão 4a
                 20%
                                                                          questão 4b
                  0%
                       Deixaram em   Erraram    Acertaram    incompleto
                          branco



                               Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos

      Para a questão 5 foi solicitado Qual deverá ser o valor de x para que a
                           solicitado:
balança mantenha-se equilibrada? Por quê?
                 se




                        x       2                       10
44



Nesta, a maioria deles também tentou responder, conforme podemos averiguar no
gráfico abaixo.

                                   GRÁFICO 12: Valor numérico da variável x



                      60%
                      40%                                                     questão 5:
                      20%
                       0%
                                 Erraram      Acertaram Deixaram em branco



                                     Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos

      Mais de 50% acertaram e 15% erraram. 12 alunos dos que acertaram não
diferente da primeira questão não se apegaram ao método de resolução utilizada
comumente para equações, eles deram suas respostas por meio do raciocínio lógico
conforme podemos observar nas figuras selecionadas abaixo em que eles justificam
suas respostas.




                  Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos

      Para esta resposta o aluno usou propriedades aditivas, ele pensou em um
número que adicionado a 2 se igualasse a 10 e logo encontrou o resultado, da
mesma forma o aluno de número 2 da figura abaixo também utilizou o mesmo
raciocínio, no entanto pelo processo inverso.




                     Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos sujeitos da pesquisa
                       Fonte: Pré-teste aplicado aos

      Vale ressaltar que apenas 2 alunos dos 14 que acertaram resolveram
utilizando as técnicas convencionais algébricas comumente ensinadas na escola
para a resolução de equação.
45



      Contudo é visto que o raciocínio utilizado na resolução dos problemas
propostos é essencialmente na maioria dos casos aritmético.

      As dificuldades destacadas ao longo da pesquisa são as mais diversas, não
poderíamos destacar apenas uma como a mais grave, até porque o conjunto das
dificuldades necessita de uma reflexão, pois, à medida que o tempo vai passando as
mudanças ocorrem. Conforme observamos nos estudos da Evolução do Ensino da
álgebra, muitas são as implicações históricas e sociais, aos quais poderíamos
destacar, como um dos fatores. Outro aspecto observado é o meio em que os
alunos vivem frente à desestruturação familiar, também são fatores que
consideramos originar as dificuldades de aprendizagem referentes à álgebra. Enfim,
muitos alunos até afirmam gostar da Matemática, no entanto, as dificuldades
apresentadas   quando    se   é   apresentada    situações    abstratas   ainda   são
frequentemente perceptíveis visto que, eles enxergam que a aplicabilidade da
álgebra, só se acomete nas avaliações da escola, que não lhes trarão nenhuma
contribuição. Isso favorece para tornar o conteúdo desmotivador e sem significação.
46



                               CONSIDERAÇÕES FINAIS




      Ao longo desta pesquisa, buscamos refletir, compreender e principalmente
procurar respostas para as inquietações que surgem em virtude das dificuldades
discentes com relação à Álgebra.

      Assim, este estudo permitiu a visualização substancial da realidade de alunos
do 8º ano da Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, quanto às dificuldades
em álgebra. Para chegarmos às respostas, inicialmente elaboramos e aplicamos um
questionário aos quais estes alunos respondiam e depois devolviam para
analisarmos a relação deles, com a Matemática. Posteriormente foi aplicada uma
atividade contendo questões envolvendo estruturas algébricas, símbolos, linguagem
Matemática e etc., ao qual chamamos pré-teste, para observarmos a desenvoltura
deste aluno com relação a estes conteúdos.

      Notamos através do questionário que a grande maioria afirmou não gostar da
Matemática, e chegou-se à conclusão que eles não gostam porque não sabem, ou
melhor, observamos que a raiz destas dificuldades se perdura desde os tempos de
alfabetização aritmética, o aluno não dominando as noções básicas de aritmética (as
quatro operações). E, quando ele se depara com situações abstratas ele logo de
imediato julga-se que não vai aprender e nem ao menos se esforça para isso. Outra
dificuldade é com relação a conceitos e linguagem matemática, encontramos neles
grandes dificuldades por não lembrarem conceitos básicos para resolver os
problemas, confundiam-se quanto à distinção entre área e perímetro, além de
quererem encontrar a todo custo um resultado numérico sem a presença de
variáveis para o problema, bem como a não compreensão de alguns termos
utilizados na Linguagem Matemática, tais como: produto, quociente e diferença.
Percebe-se uma dissociação da álgebra e da Geometria, são duas áreas da
Matemática que estiveram sempre juntas e observa-se que estes alunos não as
unem no processo de resolução de problemas algébricos.

      Outra dificuldade perceptível foi com relação à leitura e posteriormente a
interpretação dos enunciados, pois, quando foi aplicado o pré-teste, muitos deles
deixaram as questões em branco, isso implica, a não interpretação dos enunciados
47



e concomitantemente a não realização do problema. Todavia, vale ressaltar, que os
que responderam demonstraram um raciocínio lógico aritmético bastante aguçado,
porém sem utilizar a linguagem simbólica o que para Fiorentini, Miorim e Miguel
apud Tedesco (2009), é de suma importância para a formação de um pensamento
abstrato:

                     A linguagem simbólica, na álgebra, desempenha um papel essencial para a
                     formação do pensamento abstrato, pois é através dele que se pode
                     solucionar um problema matemático, abrangendo todo o contexto da
                     situação, além de simplificar os cálculos. Essa capacidade permite que se
                     façam transformações simbólicas das expressões, por outras mais
                     objetivas, fáceis, mas que possuem o mesmo significado. É possível
                     trabalhar com quantidades variáveis, possibilitando compreensões de
                     casos, nos quais existam movimento e variação. (Tedesco, 2009, p. 4)

      Um ponto positivo ao qual observamos, é que não existe tanta distorção
quanto ao processo idade/série. A grande maioria encontra-se no seu período
escolar normal, salvo os que repetiram a série por 2 anos.
      Outra dificuldade ao qual merece menção é com relação à álgebra associada
com o dia a dia destes alunos, pois eles não associam, decodificam, para fazer as
provas sem existir nenhum significado para eles. Sabemos que, o que não nos
interessa não nos chama atenção, facilmente sairá da nossa cabeça ou às vezes
nem buscamos entender.
      Desta forma, considerando que em Matemática o aprendizado é contínuo e
sucessivo, ou melhor, um conteúdo depende de outros e percebendo um déficit
altíssimo com relação à assimilação de conteúdos anteriores, sugerimos a reposição
destes em horários opostos considerando é claro a disponibilidade de professor e
espaço físico das escolas para assim, tentarmos amenizar a deficiência que se
apodera dos nossos alunos não só em álgebra, mas em todos os conteúdos
Matemáticos. Em longo prazo, sugerimos ainda uma verificação da aprendizagem
nas séries iniciais, por meio de outras pesquisas, visando melhorar as inquietações
quanto às dificuldades de aprendizagem existentes nas series finais do Ensino
Fundamental.
      Para tanto, foram citadas, análises, compreensões, inquietações e dúvidas
alcançadas por meio deste estudo. Dizer que chegamos à receita para sanar tais
dificuldades ainda não, até por que a ciência é uma sequencia de buscas, muito
embora, me proporcionou uma valia inquestionável, tanto no campo profissional
como pessoal.
48



Referencias


ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias (um roteiro passo a passo). Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003 – 5ª reimpressão.



ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. Campinas: Papirus, 2003.



BAUMGART, J. K. Tópicos de História da Matemática para uso em sala de aula. Álgebra.
Trad. Hyigino H. Domingues. São Paulo: Atual. 1992.



BELTRAME, Juliana Thais. A álgebra nos livros didáticos: um estudo das variáveis, segundo
o               modelo                3UV.                  Disponível                em:
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Borba, V. M. (3 a 6 de julho de 2011). Dificuldade de aprendizagem em algébra elementar:
problema de ensino ou de aprendizagem? Maringá, Paraná, Brasil.Disponível em: <
http://www.abrapee.psc.br/xconpe/trabalhos/1/110.pdf > acesso em: 13 dez. 2011.



BOYER, Carl B. História da Matemática. Trad. Elza Gomide. São Paulo: Edgard Blucher.
1974. 488p.



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49



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  • 1. 0 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA EVARISTA DE SOUZA SOARES UM ESTUDO DAS DIFICULDADES ALGÉBRICAS DE ALUNOS DO 8º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO BASTOS DE MIRANDA – SENHOR DO BONFIM - BA SENHOR DO BONFIM 2012
  • 2. 1 EVARISTA DE SOUZA SOARES UM ESTUDO DAS DIFICULDADES ALGÉBRICAS DE ALUNOS DO 8º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO BASTOS DE MIRANDA – SENHOR DO BONFIM - BA Monografia apresentada ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia– UNEB/CAMPUS VII, como parte dos requisitos para conclusão do Curso de Licenciatura em Matemática. Orientador: Prof. Wagner Santana Senhor do Bonfim 2012
  • 3. 2 EVARISTA DE SOUZA SOARES UM ESTUDO DAS DIFICULDADES ALGÉBRICAS DE ALUNOS DO 8º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO BASTOS DE MIRANDA – SENHOR DO BONFIM - BA APROVADA _______ DE _______________DE 2012. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Profº. (orientador): Wagner Ferreira de Santana Universidade do Estado da Bahia- UNEB ________________________________________________ Profª. Alayde Ferreira dos Santos Universidade do Estado da Bahia- UNEB _________________________________________________ Profª. Elizete Barbosa de Brito Universidade do Estado da Bahia- UNEB
  • 4. 3 Dedicatória. Dedico a meus pais que tanto me ensinaram aos meus irmãos, sobrinhos, afilhados, amigos e ao meu esposo Edgar.
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS: Em primeiro lugar agradeço ao meu Deus, que me proporcionou sabedoria para a concretização deste trabalho. Muito tenho a agradecer aos meus pais, Joselito e Almerinda, pelo grande incentivo, apoio e carinho, certamente essa vitória também é deles. Agradeço aos meus professores, que foram modelos referenciais na minha formação educacional e na prática da sala de aula. Em especial, aos professores do curso de MATEMÁTICA, prof. Elizete, prof. Geraldo Caetano, Prof. Mirian Brito, prof. Alayde, prof. Ivan, e prof. Danton pela dedicação e carinho. Ao meu orientador Wagner Santana, agradeço de modo especial pelo incentivo e dedicação, bem como, pela compreensão das minhas limitações. Agradeço ao Edgar pela força diária, compreensão e apoio constante nesse período de aperfeiçoamento. Agradeço aos meus colegas de curso, dentre eles destaco Manuela, Eliene, Isaac, Aparecida, Nilson, Genilma, Auristela e Galdino que dividiam comigo as angustias e as alegrias no decorrer do curso. À minha colega de trabalho Marlúcia Candeias e a seu filho pela ajuda espiritual assim como na leitura de minhas produções, amiga, obrigada! Este singelo agradecimento estende-se também aos alunos com os quais tive a grata satisfação de conviver ao longo da minha atividade docente e que influenciaram em minha investigação. A todos que direta ou indiretamente influenciaram para a concretização deste trabalho, OBRIGADA!
  • 6. 5 “Se realmente entendemos o problema, a resposta virá dele, porque a resposta não está separada do problema”. (Krishnamurt)
  • 7. 6 RESUMO Este estudo buscou identificar e analisar algumas das possíveis causas das dificuldades de aprendizagem em álgebra vivenciadas pelos alunos do 8º ano da Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, localizada no distrito de Missão do Sahy, Senhor do Bonfim Bahia. Como recursos foram utilizados questionários contendo questões abertas e fechadas além de um pré-teste, que consistia em avaliar conceitos básicos da Matemática de modo a adentrar pelas possíveis causas das dificuldades discentes com relação á álgebra, além de buscarmos detectar quais seriam essas dificuldades. Os resultados mostraram-nos que existem dificuldades com relação à linguagem, com relação à interpretação dos enunciados, com relação á álgebra dissociada da geometria, as possíveis causas detectadas decorreram da não compreensão de conceitos básicos aritméticos, dificuldade na leitura e interpretações de enunciados além de não associarem situações vivenciadas em álgebra com o seu dia a dia. Com isso, espera-se que com esses dados, reflexões sejam feitas sobre o processo de ensino aprendizagem da álgebra. Palavras-chave: História da Álgebra; Ensino algébrico; Dificuldade de aprendizagem;
  • 8. 7 ABSTRACT This study sought to identify and analyze some of the possible causes of learning difficulties experienced by students in algebra in 8th year of the Municipal School Antonio Bastos of the Miranda, located in the Mission Sahy district, Senhor do Bonfim, Bahia. As resources were used questionnaires containing open and closed questions as well as a pretest, which was to assess the basic concepts of mathematics in order to come into the possible causes of the difficulties students with relationship to algebra, and we seek to detect what these difficulties. The results showed us that there are difficulties related to language, with respect to the interpretation of utterances in relation algebra will be separated from geometry, the possible causes identified arose from not understanding the basic concepts of arithmetic, difficulty in reading and interpretation of utterances as well as do not involve situations experienced in algebra with their day to day. Thus, it is expected that with these data, reflections are made on the process of teaching and learning of algebra. Keywords: History of Algebra, Algebraic Education, Learning disabilities;
  • 9. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10 CAPÍTULO I – PROBLEMATIZAÇÃO......................................................................12 CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................ 15 2.1. ÁLGEBRA NA EDUCAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS....... 15 2.1.1. Um breve enfoque das concepções algébricas e do seu surgimento............................................................................................17 2.1.2. O surgimento da álgebra .....................................................................18 2.1.3. Implicações para o Ensino algébrico ..................................................20 2.2. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: UMA ABORDAGEM AOS ESTUDOS NA ÁREA................................................................................. 23 2.2.1. Pensamento, linguagem e formação de conceitos no processo aprendizagem: breve enfoque ........................................................... 26 CAPÍTULO III – UMA ABORDAGEM A METODOLOGIA UTILIZADA.................. 29 3.1. Tipo de pesquisa .......................................................................................29 3.2 . Lócus ........................................................................................................30 3.3. Sujeitos da Pesquisa ..................................................................................31 3.4. Métodos Utilizados......................................................................................31 CAPÍTULO IV – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................33 4.1. Descrição e análise do questionário ..........................................................33 4.2. Descrição e análise do pré-teste ................................................................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................46 REFERENCIAS.........................................................................................................48 ANEXOS ...................................................................................................................52
  • 10. 9 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- sexo ....................................................................................... 34 GRÁFICO 2 - Idade ..................................................................................... 34 GRÁFICO 3 – Já repetiu o ano por causa da Matemática? ........................ 35 GRÁFICO 4- Justificando porque não gosta de Matemática....................... 35 GRÁFICO 5- Quando não entende o conteúdo o que faz?......................... 36 GRÁFICO 6- Representar algebricamente você considera ........................ 37 GRÁFICO 7- Você acha a álgebra importante em seu dia a dia................. 38 GRÁFICO 8- Representação e resolução algébrica ................................... 40 GRÁFICO 9- Representação da área.......................................................... 41 GRÁFICO 10- representação do perímetro.................................................. 42 GRÁFICO 11- representação algébrica........................................................ 43 GRÁFICO 12- Encontrando valor numérico para a variável x...................... 44
  • 11. 10 INTRODUÇÃO Esta pesquisa relaciona-se com a Educação Matemática, remetendo a este estudo problemas envolvendo aprendizagem direcionando a Álgebra. A mesma baseou-se na busca por respostas quanto às dificuldades discentes no campo algébrico no Município de Senhor do Bonfim, mais precisamente na Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, num contexto de duas turmas do 8º ano, totalizando assim 26 alunos participantes. A inquietação para este estudo aconteceu no período de estágio enquanto estudante do curso de Matemática e se concretizou no momento em que assumi uma turma de 8º ano regendo uma classe. O horror que os conteúdos algébricos ocasionavam nos alunos, no período citado acima, era inquietante, e a partir daí iniciou-se os primeiros passos para este estudo. Dentro dessa perspectiva, este trabalho baseou-se na problemática em enfoque para buscar compreender quais seriam as causas das dificuldades destes alunos e quais seriam essas dificuldades com relação à Algebra. Para isso, Autores como: D’Ambrósio (2005), Baumgart (1992), Boyer (1974), Brasil (1998), Vygotsky (2001), Fiorentini et al (2004), Garcia (1998) dentre outros, foram utilizados para fundamentar a nossa pesquisa, auxiliando assim, o nosso objeto de estudo. Dividimos este trabalho em quatro Capítulos. O capítulo I destaca a causa, o motivo desta pesquisa, nele justificamos e apresentamos à problemática, bem como, traçamos os objetivos que incitaram esse estudo. O capítulo II trata-se da Fundamentação Teórica. Nela, buscamos fazer uma análise critica sobre o que outros pesquisadores já haviam escrito sobre a temática para fundamentarmos o nosso trabalho. Está dividida em dois subtítulos. O primeiro contendo três tópicos tratando da definição do termo álgebra e de um breve enfoque da história da Álgebra por considerarmos que a História se configura de suma importância para a compreensão das conjecturas abordadas no ensino da Álgebra. O segundo refere-se a uma abordagem às dificuldades Matemática com ênfase nos conceitos e linguagens algébricas.
  • 12. 11 O capítulo III refere-se à Metodologia utilizada, o caminho seguido. Referencia e expõe os métodos utilizados na busca por respostas, tecemos informações sobre o lócus, sujeitos da pesquisa, amostras a serem utilizados, fatores essenciais para a obtenção dos resultados. No capítulo IV foram analisados e discutidos os dados coletados por meio da entrevista e do pré-teste representados qualitativamente tomando por base a fundamentação teórica. Por fim, nas Considerações Finais, expomos nossas constatações baseadas nos objetivos propostos, expondo conclusões que puderam ser notadas no decorrer e na finalização desta pesquisa.
  • 13. 12 CAPÍTULO I PROBLEMATIZAÇÃO Ao longo do tempo, a Matemática vem se consolidando cada vez mais na vida das pessoas, podendo ser notada em diversas situações da vida cotidiana. No entanto, o ensino-aprendizagem da matemática ainda representa inúmeros problemas para profissionais da área e alunos, principalmente, quando se refere ao ensino-aprendizagem da álgebra. Meira (1996, p. 165) comenta que “um extenso conjunto de pesquisas sobre a aprendizagem e o ensino da álgebra tem demonstrado as dificuldades de alunos e também de professores com este campo”. Não é diferente do que vemos nos relatos de professores e no próprio discurso de alunos no dia-a-dia escolar. As dificuldades e aversões Matemáticas, comumente são destacadas nas escolas. Mesmo após muitos trabalhos de pesquisa, a busca incessante pela qualificação profissional por parte de professores, o discurso com relação às dificuldades na disciplina de Matemática ainda são imensas. Quando se trata de álgebra as discussões se intensificam ainda mais, as reclamações por parte dos alunos por estarem estudando algo que para eles não tem significado e por outro lado os professores, queixando-se do não interesse e posteriormente a não compreensão do que se é trabalhado em sala de aula. “A introdução da álgebra no cotidiano escolar é um momento de grande ansiedade para muitos alunos, pois eles são desafiados a abandonar o raciocínio puramente aritmético e começar a pensar algebricamente”. Borba (2011, p.2) A álgebra talvez por ser um ramo da Matemática que possui uma linguagem própria composta de signos e símbolos que requer uma interpretação oral e escrita na maioria das vezes de forma abstrata, leva os alunos ao baixo rendimento. Segundo Ponte (2005, p.10) apud Beltrame (2009, p.19) isso se deve porque eles “não conseguem ver uma letra como representando um número desconhecido e assim não percebem o sentido de uma expressão algébrica”.
  • 14. 13 Outro fator, que devemos levar em consideração com relação às dificuldades de aprendizagem e assimilação de conceitos algébricos é com relação à forma como a álgebra é retratada, ou seja, o modo como os conteúdos são abordados e o meio cultural dos alunos, pois, os mesmos podem ser fatores de grande influencia nesta problemática. Com isso, D’Ambrosio leva-nos a reflexão da necessidade de se abandonar as teorias “congeladas”, pois segundo o mesmo o Ensino da Matemática tem se apresentado de forma mecânica desprovendo os alunos a associarem-na com situações que eles vivenciam na sua vida diária. A matemática dos sistemas escolares é congelada. São teorias em geral antigas, desligadas da realidade. Foram concebidas e desenvolvidas em outros tempos, outros espaços. Será que essa matemática, que chamamos de acadêmica, é importante para todos os povos? Sem dúvida. A sociedade moderna não funciona sem essa matemática, a tecnologia moderna não se aplica sem essa matemática, as teorias científicas não podem ser trabalhadas sem essa matemática. Mesmo as artes e as humanidades estão impregnadas dessa matemática (D’Ambrosio 1998. p. 3). O fato é preocupante, pois Alves (2003, p.24) afirma que quando a aprendizagem não é incorporada com algo que o aluno ache interessante: Dentro de pouco tempo quase tudo aquilo que lhes foi aparentemente ensinado terá sido esquecido. Não por burrice. Mas por inteligência. O corpo não suporta carregar o peso de um conhecimento morto que ele não consegue integrar com a vida. Nesse sentido, a necessidade de uma proposta pedagógica que vise a resignificação do aprendizado da álgebra faz-se de suma importância, visto que, a mesma ao longo do tempo tem alcançado um espaço privilegiado nos currículos escolares e as dificuldades de aprendizagem ainda permanecem. Assim, diante das situações acima citadas e pela percepção visível da aversão de muitos estudantes com relação à mesma, além da não compreensão de seus conceitos e estruturas por parte dos discentes observadas desde o período de estágio enquanto Licencianda do Curso de Matemática e se concretizando enquanto professora do Ensino Fundamental, é que surgiu a inquietação de estudo na área da álgebra. Despertou-nos para buscarmos respostas às problemáticas correlacionadas
  • 15. 14 à aprendizagem algébrica, mais precisamente a dificuldade discente neste campo, o algébrico. Detectando a problemática, utilizamos o questionamento abaixo como o norteador desta pesquisa: Qual seria a origem das dificuldades dos alunos quanto aos conteúdos e conceitos algébricos, e quais são estas dificuldades? A necessidade de compreender quais eram as dificuldades dos estudantes com relação aos conteúdos e conceitos algébricos, bem como, quais as origens de tais dificuldades, considerando o problema central e partindo da questão geradora desta pesquisa, foram delineados os objetivos que seguem abaixo: - Pesquisar as origens das dificuldades dos alunos para atividades que envolvam expressão algébrica; - Identificar as dificuldades dos alunos quanto à interpretação da linguagem algébrica na resolução de problemas. - observar a concepção que estes alunos têm de álgebra e como eles enxergam um número representado por uma variável Espera-se que esse estudo muito possa contribuir à Educação Matemática no ensino-aprendizagem da Álgebra. Serão apontadas as análises dos resultados obtidos a partir da realização de um pré-teste e um questionário, de modo a explorar de maneira intencional as dificuldades encontradas na aprendizagem algébrica. A contribuição ao Lócus da pesquisa será por esta prover aos professores uma reflexão quanto a sua postura metodológica para o ensino algébrico e os alunos quanto a uma meditação das origens de suas dificuldades de modo que possibilite uma construção de resignificação da Álgebra através deles, alunos.
  • 16. 15 CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Levando em consideração o nosso problema, cujo objetivo é analisar as possíveis dificuldades discentes com relação à aprendizagem da álgebra, recorremos à busca de algo que pudesse referenciar a nossa pesquisa, algo que pudesse fundamentar os resultados que posteriormente encontraríamos ou não. Para isso nos fundamentamos em: D’Ambrósio (2005), Baumgart (1992), Boyer (1974), Brasil (1998), Vygotsky (2001), Fiorentini et al (2004), Garcia (1998) dentre outros. Portanto, nesse capítulo abordaremos a crescente presença da álgebra na Educação, através de breves relatos sobre a história e concepções algébricas, bem como implicações para o ensino e em seguida um enfoque sobre as dificuldades de aprendizagem Matemática evidenciando conceitos e linguagens algébricas. 2.1. ÁLGEBRA NA EDUCAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS D’Ambrósio salienta que de um modo geral, a Matemática se impõe como forte presença em todas as áreas do conhecimento e em todas as ações do mundo moderno. Sua presença no fundo será certamente intensificada, mas não na forma praticado hoje. Será sem dúvidas, parte integrante dos instrumentos comunicativos, analíticos e materiais. (2005, p.46) A álgebra, não diferentemente, até mesmo por ser parte da Matemática tem se apresentado ao longo dos tempos como de fundamental importância, mostrando- se como instrumento de grande utilidade no processo de resolução de problemas, bem como na formação do pensamento algébrico, por meio da compreensão de variáveis e conceitos. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam que o estudo de estruturas abstratas deve favorecer no aluno:
  • 17. 16 [...] a compreensão de conceitos como o de variável e de função: a representação de fenômenos na forma algébrica e na forma gráfica; a formulação e a resolução de problemas por meio de equações (ao identificar parâmetros, incógnitas, variáveis) e o conhecimento da sintaxe (regras para resolução) de uma equação. Para apoiar a compreensão desses conceitos pode-se lançar mão da construção e interpretação de planilhas, utilizando recursos tecnológicos como a calculadora e o computador. (BRASIL, 1998, p.84) A importância de se buscar meios que atribuam à compreensão dos conceitos e da álgebra propriamente dita, conforme visto nas definições dos PCNs são imprescindíveis. Avanços têm aparecido ao longo dos tempos e segundo Telles (2004), os matemáticos têm aprendido a superar muitas dificuldades mesmo que lentamente, trocando palavras por letras e por sinais, fazendo surgir às noções da Álgebra, ou melhor, equações compostas por símbolos como as conhecemos hoje. A chamada “Álgebra simbólica”. Apesar destes avanços destacados por Telles, para Santos (2004, p.19) a álgebra ainda é carente de discussões no campo da Educação Matemática, o que denota a possibilidade da não reflexão crítica sobre esse ensino e ocasiona que o mesmo passa a ser limitado, de forma “mecânica e automatizada, dissociada de qualquer significação social e lógica, enfatizando simplesmente a memorização e a manipulação de regras, macetes, símbolos e expressões”. Miorim (1998, p. 40). Com relação ao ensino da Matemática, Castro (2003) apud Gil (2008), destaca que o mesmo tem sofrido inúmeras mudanças que, na maior parte das vezes, são lançadas pelo governo, e as escolas, preparadas ou não, precisam atender essas mudanças. Desta forma, a Álgebra entra no currículo escolar, deixando de ser privilégio de poucos estudiosos e tornando-se uma disciplina que é considerada pré-requisito para a formação do cidadão comum. Portanto, considerando que a Álgebra normalmente introduzida no 8º ano do Ensino Fundamental ser uma das áreas da Matemática exigidas como pré-requisito da formação do cidadão conforme citado por Castro (2003), é interessante que façamos um apanhado histórico da introdução da Álgebra, ainda que substancial.
  • 18. 17 2.1.1. Um breve enfoque das concepções algébricas Quando nos referimos ao termo álgebra um dos primeiros questionamentos que nossos alunos nos fazem é: “o que é álgebra?”. Do mesmo modo muitos deles se arriscam e a definem como a “parte da Matemática que trabalha com letras e números”. Assim, achamos por bem buscarmos defini-la para melhor compreendermos as suas “raízes”, pois segundo Cury (2002): [...] conhecer as concepções de Álgebra e de Educação Algébrica é um elemento importante para as novas reformulações curriculares, pois permite discussões sobre as finalidades do estudo dessa disciplina e sobre as inter- relações existentes entre os conteúdos estudados no curso superior e aqueles apresentados nos níveis fundamental e médio. (p.12) . No dicionário Aurélio, encontramos que álgebra “é a parte da Matemática que estuda as leis e processos formais de operações com entidades abstratas” (Ferreira, 1986). Na Wikipédia, enciclopédia livre a álgebra é definida como “o ramo que estuda as generalizações dos conceitos e operações de aritmética. Hoje em dia o termo é bastante abrangente e pode se referir a várias áreas da matemática, ou não”. Da Rocha Falcão (1993, p. 86) caracteriza a álgebra como “um conjunto de conceitos e procedimentos (algoritmos) matemáticos que permitem a representação prévia e a resolução de um determinado tipo de problema, para o qual os procedimentos aritméticos mostram-se insuficiente”. Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) por sua vez, vão além ao que tange a método de resolução, processo de representação de algoritmos. Segundo o mesmo é por meio da Álgebra que se desenvolve habilidades abstratas quando a definem como “uma área da matemática que desenvolve a capacidade de abstração e generalização” (BRASIL, 1998). Assim, (BAUMGART, 1992, v. 4, p. 3) apud (Tedesco, 2009), enfatiza que a definição de álgebra para ser satisfatória requer que seja feita em duas fases conforme podemos observar na citação que se segue. Ainda que originalmente “álgebra” refira-se a equações, a palavra hoje tem um significado muito mais amplo, e uma definição satisfatória requer um
  • 19. 18 enfoque em duas fases: (1) Álgebra antiga (elementar) é o estudo das equações e métodos de resolvê-las. (2) Álgebra moderna (abstrata) é o estudo das estruturas matemáticas tais como grupos, anéis, corpos – para mencionar apenas algumas. [...] (BAUMGART, 1992, v. 4, p. 3). Nesse mesmo sentido, destacado por (BAUMGART, 1992) de o conceito de álgebra ir além do campo aritmético estendendo-se ao absorto, Coxford (1995, p. 9), também estende este conceito destacando-a como: “a arte de manipular somas, produtos e potências de números. As regras para essas manipulações valem para todos os números, de modo que as manipulações podem ser levadas a efeito com letras que representam os números. Revela-se então que as mesmas regras valem para diferentes espécies de números [...] e que as regras inclusive se aplicam a coisas [...] que de maneira nenhuma são números”. Por fim, são inúmeras as definições para o campo algébrico, todas destacando a sua abstração e importância no ramo Matemático por facilitar a resolução de operações que a aritmética não resolveria além de destacar também a evolução da Álgebra, que passou da elementar que engloba as equações até à Álgebra Moderna envolvendo estruturas, que abrangem campos bem mais abstratos. Muito embora, talvez pelo fato de retratar grande dificuldade de compreensão, fazem com que a álgebra seja questionada de “pra que surgiu, como surgiu”? 2.1.2. O surgimento da álgebra A álgebra inicia suas origens com os cálculos de equações, na verdade o próprio nome álgebra refere-se a equações embora atualmente conforme podemos ver acima, tem assumido proporções de grandes extensões quanto a sua importância no campo Matemático. A sua origem e evolução advém das necessidades surgidas ao longo do tempo por diferentes povos. Segundo Boyer (1974) a evolução da notação algébrica é classificada por três estágios: o retórico (ou verbal), o sincopado (no qual eram usadas abreviações de palavras) e o simbólico.
  • 20. 19 Há relatos em Baumgart (1992) de que álgebra surgiu no Egito quase ao mesmo tempo em que na Babilônia, no entanto não havia sofisticação no método de resolução usado pelos egípcios em comparação com os babilônicos. A álgebra grega conforme foi formulada pelos pitagóricos e por Euclides era geométrica, no entanto baseava-se no método de resolução de equações anteriormente usado pelos babilônicos. Diofanto (250 a. C) introduziu o estilo sincopado de escrever equações, sua abordagem é inteligente, mas não desenvolveu um método sistemático de encontrar soluções gerais e sua abordagem também seguia as linhas babilônicas. A Álgebra chega à Europa, por volta de 1100 d.C, no entanto, havia uma regressão tanto em conteúdo como em estilo. Diofanto e Brahmagupta nos seus estudos contemporâneos e o seu método sincopado não contribuíram para uma eventual irrupção da Álgebra. O renascimento algébrico se deu na Itália (1200- 1300), com o Líber abaci (1 202) de Fibonacci (Leonardo de Pisa), no qual o autor resolvia equações usando o estilo retórico de al-Khowarizmi, defendendo o uso de numerais indo-arábicos, dos quais havia tomado conhecimento em suas viagens como comerciante. A álgebra moderna notada por seu simbolismo foi introduzido pelo Francês François Viète por volta de 1500 foi ele quem introduziu letras pra representar números, muito embora todo o avanço conseguido por Viète ainda não estava completo e Descartes complementa-a transformando a álgebra geométrica dos gregos em uma geometria algébrica. Ele utilizou a álgebra para representar partes da geometria tais como: curvas, retas, cones e etc., dando importante contribuição para a álgebra que utilizamos nos dias atuais. (p. 11-15) Os avanços ocorridos historicamente na Educação Algébrica no Brasil e em outros países Miguel, Fiorentini e Miorim (1993, p.84) as classificam em concepções. Concepções essas que definem o processo evolutivo do ensino da Álgebra. Segundo eles, A primeira concepção predominou do século XIX até meados do século XX. Trata-se da concepção lingüístico-pragmática, que constitui a crença de que a obtenção, ainda que mecânica, das técnicas requeridas pelo transformismo algébrico, ou melhor, a obtenção de expressões iguais mediante o emprego de regras e propriedades seria suficiente para que o aluno fosse capaz de resolver problemas, ainda que estes fossem quase sempre artificiais.
  • 21. 20 A outra concepção destacada pelos autores como fundamentalista-estrutural surgiu com o advento da Matemática Moderna. Essa concepção do Ensino algébrico baseava-se na ideia de que, se o aluno conseguisse justificar a passagem do transformismo algébrico por meio da introdução de propriedades estruturais, fariam com que os mesmos também conseguissem aplicar essas estruturas em diferentes contextos. (p.84) Por fim, uma terceira concepção, a qual foi chamada pelos autores de fundamentalista-analógica. Esta tenta fazer um resumo das concepções anteriores, procurando recuperar o valor instrumental da Álgebra, mantendo o caráter fundamentalista de justificação, mas agora não mais de forma lógico-estrutural, e sim, na maioria das vezes, em recursos analógicos geométricos e, portanto, visuais. (Fiorentini, Miorin, Miguel, 1993. p.84) “A Álgebra, nos dias de hoje, ocupa um lugar privilegiado nos livros didáticos, mas as reflexões realizadas sobre o seu ensino ainda não foram suficientes para minimizar o problema das dificuldades de compreensão dos seus conceitos e procedimentos” (Gil, 2008, p.24). 2.1.3. Implicações para o Ensino algébrico De acordo com Miguel, Fiorentini e Miorim (1992) citado por Gil (2008) a preocupação legal em introduzir a Álgebra no ensino brasileiro ocorre com a Carta Régia de 19 de agosto de1799). A Álgebra seria introduzida na forma de aulas avulsas, ao lado de outras disciplinas como a Aritmética, a Geometria e a Trigonometria que já faziam parte do ensino. Estas áreas do conhecimento eram trabalhadas em compartimentos estanques. E foi no início do século XIX que, pela primeira vez, o estudo de Álgebra é introduzido no ensino secundário brasileiro. Em 1927, Euclides Roxo, diretor do Externato Pedro II, propôs à congregação do colégio uma alteração radical no ensino da Matemática. Conforme Valente (2002),no documento Euclides Roxo coloca a urgência de adotar métodos de ensino da Matemática Elementar introduzidos na Alemanha, destacando que parte da orientação era acabar com a divisão da Matemática em partes distintas e separadas como vinha sendo trabalhada ( p.21 ). O Ensino da álgebra desde que introduzido separadamente tem assumidos caráter muitas vezes considerado descontextualizado. “Do início do estudo da Álgebra até o início da década de 60, quando se inicia o Movimento da Matemática
  • 22. 21 Moderna, o seu ensino era predominantemente de caráter mecânico e reprodutivo, sem clareza alguma, já que seu ensino era, na maioria das vezes, apresentado por meio de procedimentos que conduziam a uma aprendizagem mecânica” (Miguel, Fiorentini e Miorim (1992)). Beltrame (2009) destaca Lelis e Imenes quando citam que, Em muitas escolas, o ensino da Matemática é abordado como conjunto de técnicas, aplicações de fórmulas, com grandes quantidades de exercícios, que se resumem em “calcular”, “obter”, “efetuar”, em contextos exclusivamente matemáticos, com o objetivo de buscar resultados, importando-se apenas com o “como fazer”, sem se preocupar com o “porque fazer assim” ou pra que fazê-lo. (Lelis e Imenes 2001 citado por Beltrame p.23, 2009). Essa postura mecanizada citada pelos autores destacados acima, se perdura até aos dias de hoje e para Nogueira, (2005) um dos desafios principais do professor é buscar estratégias que facilitem a ação pedagógica em sala de aula, propiciando ao aluno situações que envolvam conteúdos essenciais à aprendizagem e garantam a autonomia de pensamento. Ele destaca ainda que atividades que permitam condições suficientes para o aluno interpretar situações-problema, que desenvolvam habilidades como organização, atenção e concentração são imprescindíveis. Visto que, “a álgebra é uma área da matemática que desenvolve a capacidade de abstração e generalização” (BRASIL, 1998). Ele enfatiza a necessidade de uma “proposta que envolva situações- problemas que provoquem no aluno a formação do pensamento e da linguagem algébrica encaminhando-os para o desenvolvimento de conceitos científicos no movimento do pensamento teórico”. Os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam que o uso de situações problemas envolvendo álgebra, garantem um ensino e posteriormente um aprendizado relativamente significativos: É importante destacar que as situações de aprendizagem precisam estar centradas na construção de significados, na elaboração de estratégias e na resolução de problemas em que o aluno desenvolve processos importantes como intuição, analogia, indução e dedução, e não atividades voltadas para a memorização, desprovidas de compreensão ou de um trabalho que privilegie uma formalização precoce dos conceitos (PCN, 1998, p. 63).
  • 23. 22 “Estudar álgebra não significa apenas manipular símbolos e equações, seu ensino deve ser baseado em construções de noções algébricas pela observação de regularidades em tabelas, gráficos e situações do cotidiano dos alunos” (Freire & Filho, 2006, p. 162). Para Vygotsky (2001) é importante que o indivíduo interiorize a experiência adquirida culturalmente. Ou seja, interiorize os elementos simbólicos da linguagem algébrica, para utiliza-los como instrumento do “pensar e do agir” na resolução dos problemas, ao qual o sujeito venha a se deparar relacionando esses problemas com suas práticas diárias. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental também fazem menção a atitudes investigativas como forma de estimular os discentes a identificar e compreender o jogo intelectual, característico da Matemática: [...] identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas. (BRASIL, 2001, p.47). Para (Fiorentini et al), a necessidade de desenvolver primeiramente o espírito de investigação sugerido pelos Pcn’s é imprescindível, visto que para eles favorece o desenvolvimento do pensamento e da linguagem em álgebra. “A realização de atividades investigativas e exploratórias que visam levar os alunos a pensar genericamente, perceber regularidades e explicitá-las através de estruturas ou expressões matemáticas, pensar analiticamente, estabelecer relações entre grandezas variáveis pode ser uma alternativa poderosa para o desenvolvimento inter-relacionado do pensamento e da linguagem algébrica do aluno”. (Fiorentini et al, 2004). Logo, é de fundamental importância que se busque estratégia de forma que: O ensino da álgebra continue garantindo que os alunos trabalhem com problemas, que lhes permitam dar significados à linguagem e às ideias matemáticas. Ao se proporem situações-problema bastante diversificadas, o aluno poderá reconhecer diferentes funções de Álgebra (ao resolver problemas difíceis do ponto de vista aritmético, ao modelizar, generalizar e demonstrar propriedades e fórmulas, estabelecer relações entre grandezas). (PCN, 1998, p. 84). Devemos, pois, considerar que os atos da atividade de ensino devem estar voltados para essa apropriação da linguagem e das formas de pensar da álgebra
  • 24. 23 pelo estudante e também da relação do sujeito com as situações-problema propostas. Nesse mesmo sentido de aprendizagem Fiorentini (1995) destaca que, a aprendizagem efetiva da Matemática não consiste apenas no desenvolvimento de habilidades (como do cálculo ou da resolução de problemas), ou na fixação de alguns conceitos através da memorização ou da realização de uma série de exercícios, como entende a teoria tradicional tecnicista. O aluno aprende significativamente Matemática, quando consegue atribuir sentido e significados às ideias Matemáticas – mesmo aquelas mais puras (isto é, abstraídas de uma realidade mais concreta) – e, sobre elas, é capaz de pensar, estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar. (p.32) Logo, a necessidade de se fazer atribuir sentido e significado nas ideias matemáticas, visto que, considerando as ideias de Fiorentini, favorecerá um aprendizado significante sendo o aluno capaz de desenvolver opiniões críticas, capazes de criar novas formas de pensar, agir e estabelecer relações Matemáticas com outras situações vivenciadas e que de certa forma virá a proporcionar no indivíduo a ideia de soma, adição de conhecimento, conhecimento esse repleto de significados. 2.2. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: UMA BREVE ABORDAGEM AOS ESTUDOS NA ÁREA De maneira geral tem se discutido com bastante frequência com relação às dificuldades de aprendizagem. Seja essa dificuldade em Matemática ou em outras disciplinas, pesquisadores e estudiosos constantemente buscam respostas para estas dificuldades e muitas já foram às causas citadas por eles. Para Sanchez (2004) as dificuldades de aprendizagem em Matemática podem se revelar em vários aspectos, dentre elas, ele destaca: Dificuldades em relação ao desenvolvimento cognitivo e à construção da experiência matemática;
  • 25. 24 Dificuldades na resolução de problemas, o que implica a compreensão do problema, compreensão e habilidade para analisar o problema e raciocinar matematicamente. Dificuldades relativas à própria complexidade da matemática, como seu alto nível de abstração e generalização, a complexidade dos conceitos e algoritmos. Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como bases neurológicas, alteradas. Atrasos cognitivos generalizados ou específicos. Problemas lingüísticos que se manifestam na matemática; dificuldades atencionais e motivacionais; dificuldades na memória, etc. Dificuldade originada no ensino inadequado ou insuficiente seja porque à organização do mesmo não está bem sequenciado, ou não se proporcionam elementos de motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam às necessidades e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, ou não se treinam as habilidades prévias; seja porque a metodologia é muito pouco motivadora e muito pouco eficaz. (p. 174) Observamos que as dificuldades citadas por Sanchez se estendem desde problemas cognitivos, neurológicos, de complexidade própria da Matemática, da não compreensão do problema proposto até destacar dificuldade gerada pelo ensino. Machado (1992, p. 31), nesse sentido enfatiza que vários autores dizem que: Os alunos se dispersam quando o ensino da Matemática se faz rotineiro, ocultando consciente e inconscientemente sua verdadeira força e beleza, complicando-a inutilmente com fórmulas que não sabem de onde vem. O ensino tem que alcançar uma investigação em que o aluno sinta a sensação de estar fazendo algo com isso, em que se sinta mais confiante colocando em prática o seu trabalho efetivo e com isso, faça-o perceber o seu próprio rendimento. Assim, ele sugere que o ensino passe a favorecer no aluno a sensação de que ele está inserido naquele contexto Matemático, que ele perceba que está rendendo, aprendendo, porque se diferente certamente ele se dispersará e o ensino da Matemática ficará apenas na rotina. Observamos que Sanchez também faz referência a problemas relacionados à dificuldade de ordem cognitiva, atencional, motivacional e neurológica como causas das dificuldades. E nesse mesmo sentido, Garcia (1998) apud (Salvan, 2004, pp. 20-21) destaca doenças patogênicas como algumas das possíveis causas de muitas dificuldades em Matemática referenciando a:
  • 26. 25 -“Alexia, que se caracteriza como impossibilidade de ler, cegueira verbal completa acompanhada de mudez”. Nesse caso há uma perturbação de percepção e memória. - Descalculia, incapacidade para realização de cálculos. - Síndrome do Déficit de Concentração: incapacidade de concentrar-se, de prestar atenção em algo. Agitação e nervosismo. -Desaritmética, dificuldade para escrever ou ler números, ainda que haja facilidade para realizar cálculos, impossibilidade de se relacionar com números. Quanto às dificuldades voltadas para álgebra, são destacadas por (Da Rocha Falcão, 2003; Lelis e Imenes, 1997), que elas ocorrem em virtude dos alunos não conseguirem utilizar a sua linguagem e assim não conseguirem também relacioná-la com situações práticas e outros conteúdos matemáticos. Santos (2004), citando Lins e Gimenez (1997) destaca que o fracasso em álgebra significa um fracasso absoluto na escola e que um dos principais obstáculos a este aprendizado é que “a álgebra escolar representa o mais severo corte (momento de seleção) da educação matemática escolar” (p.9). Outros autores destacam outra forma de analisar as dificuldades partindo do contexto histórico cultural, pois, (Araújo & Cardoso, 2006) afirmam que, A aprendizagem ocorre num contexto social. O conhecimento existe nas relações sociais dos grupos em que as pessoas participam. A aprendizagem como um fenômeno construído socialmente é uma forma diferente de analisar as dificuldades dos alunos em relação à Matemática. Ela tem ligação com a forma de organização social do homem e com a organização individual do pensamento. (p.12) Partindo da aprendizagem por meio do contexto social, conforme citado por (Araújo & Cardoso, 2006), em que se dá por meio da organização e formação do
  • 27. 26 pensamento de forma individual e construído socialmente é que passaremos a buscar entender como a linguagem e o pensamento favorecem a formação de conceitos e concomitantemente da aprendizagem. 2.2.1. Pensamento, linguagem e formação de conceitos no processo aprendizagem: um breve enfoque. Inicialmente buscamos no dicionário Aurélio a definição de Linguagem e pensamento respectivamente nessa ordem e encontramos para Linguagem que “é todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos”. E para pensamento conseguimos encontrar duas que nos parecem mais aceitáveis para defini-lo: “é o poder de formular conceitos”. E “é um processo mental que se concentra nas ideias”. Para Leontiev (1983) o pensamento humano é entendido como: […] produto do desenvolvimento socio-histórico, como uma forma teórica peculiar da atividade humana que não é mais que um derivado da atividade prática; incluindo naquele nível de desenvolvimento que o pensamento adquire uma independência relativa, a prática continua sendo a base e o critério de sua autenticidade. (p.29, tradução nossa) Davydov (1982) caracteriza pensamento, como um tipo de toda atividade mental que está aliado ao processo de formação de conceitos bem como as generalizações e abstrações. Com relação à linguagem, Vygotsky (1998), destaca que a aquisição da mesma passa por três fases: a linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e seria a primeira linguagem que surge. Depois teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento. “O desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, isto é, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sociocultural da criança.” Vygotsky (1987, p. 44)
  • 28. 27 Em Rizzon (2008) encontramos a importância da linguagem como meio de interação enfatizada por Vygotsky e seus colaboradores: Inicialmente, os aspectos motores e verbais do comportamento são misturados. A fala envolve os elementos referenciais, a conversação orientada pelo objeto, as expressões emocionais e outros tipos de fala social. Em virtude de a criança estar cercada de membros mais velhos da família, a fala começa, cada vez mais, a adquirir traços demonstrativos, o que permite que a criança indique o que está fazendo e quais são suas necessidades. Após algum tempo, a criança, fazendo distinções para os outros com auxilio da fala, começa, internamente, a fazer distinções para si mesma. Desta forma, a fala deixa de ser apenas um meio para dirigir o comportamento dos outros e começa a desempenhar a função de autodireção. (VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 1988, p. 30) Com relação à formação de conceitos associado à linguagem Vygotsky (1991), destaca que, Todas as funções psíquicas superiores são processos mediados, e os signos constituem o meio básico para dominá-las e dirigi-las. O signo mediador é incorporado à sua estrutura como uma parte indispensável, na verdade a parte central do processo como um todo. Na formação de conceitos, esse signo é a palavra, que em princípio tem o papel de meio na formação de um conceito e, posteriormente, torna-se seu símbolo. (VYGOTSKY, 1991, p. 48) O que é inegável, baseado na afirmação de Vygotsky, é que a linguagem, tanto falada quanto escrita, é uma ferramenta de extrema importância na relação entre “professor e aluno, nas mediações na sala de aula”. Isso nos leva a crer que no processo ensino aprendizagem, a linguagem não antecede necessariamente o pensamento, embora a apropriação da linguagem possa potencializar e promover o desenvolvimento do pensamento. Conforme Kopnin (1978), “Não podemos imaginar o conhecimento do homem sem a linguagem, pois a linguagem consubstancia nas palavras o resultado do pensamento" (p. 150). Fiorentini e Miorim (1993) defendem que a linguagem algébrica é resultado de uma forma especial de pensamento, dado que, para expressar o pensamento algébrico existe uma linguagem possível e integrada historicamente na cultura de uma determinada comunidade de prática. Assim, o desenvolvimento do pensamento
  • 29. 28 algébrico pode ocorrer desde os primeiros anos de escolaridade. Eles destacam ainda, que o pensamento algébrico se desenvolve à medida que, gradualmente, o aluno desenvolve uma linguagem mais apropriada a ele. Assim, se de um lado a introdução precoce e sem suporte empírico a uma linguagem simbólica e abstrata pode funcionar como obstáculo ao desenvolvimento do pensamento algébrico, de outro, o menosprezo ou recusa ao modo simbólico e formal de pensar algebricamente, pode representar também um freio ao pleno desenvolvimento do pensamento algébrico. (Fiorentini & Miorim, 1993). Desta forma, vale frisar que segundo Vygotsky (2001) o domínio da álgebra eleva ao nível superior do pensamento, [...] permitindo entender qualquer operação matemática como caso particular de operação de álgebra, facultando uma visão mais livre, mais abstrata e generalizada e, assim, mais profunda e rica das operações com números concretos. (p. 267) Observa-se que linguagem e pensamento andam junto, um favorecendo o desenvolvimento do outro. Considerando, pois, o poder de abstração e generalização da álgebra, quando se compreende o que se está estudando de forma a compreender as operações de modo a formar conceitos, partindo das ideias de Vygotsky, certamente este aluno elevará o seu nível de pensamento.
  • 30. 29 CAPÍTULO III UMA ABORDAGEM À METODOLOGIA UTILIZADA É através da pesquisa que se desenvolve o avanço científico e tecnológico nas diferentes áreas do conhecimento, (ALVES, 2003). Para Severino (2007), não haveria sentido em pesquisar, em construir o conhecimento novo, se não se tivesse em vista o benefício social do mesmo. Netto (2008) por sua vez, destaca que os resultados de uma pesquisa para serem favoráveis e contributivos ao conhecimento humano, são necessários ao pesquisador a noção em grau, profundidade e extensão em que se pretende abordar determinado assunto em uma investigação. Assim sendo, cabe ao pesquisador um trabalho de organização, determinando o que Gil (1987, p.27), define como ter que determinar o método, podendo este ser definido como o "... caminho para se chegar a determinado fim”. Gil nos remete a importância de se definir as estratégias metodológicas que viabilizam o processo de identificação, coleta, registro, descrição e interpretação dos dados coletados, ou seja, o caminho que ele se refere, induz ao pesquisador a identificação do melhor procedimento que se ajuste as especificidades dos objetivos da pesquisa. 3.1. TIPO DE PESQUISA Este estudo se caracteriza por uma pesquisa com abordagem qualitativa do tipo descritiva, com método de observação, fundamentado a uma pesquisa bibliográfica. Segundo Triviños (1987), a pesquisa qualitativa permite analisar os aspectos implícitos ao desenvolvimento das práticas organizacionais, e a abordagem descritiva é praticada quando o que se pretende buscar é o conhecimento de determinadas informações que não podem ser numericamente caracterizado.
  • 31. 30 Minayo, (2007) também, menciona que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. De forma mais ampla e resumida podemos perceber o sentido do método qualitativo através do trecho citado por Lakatos (1986), conforme abaixo: A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem (LAKATOS et al, 1986). Este trabalho apresenta cunho bibliográfico. Para (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986), tudo o que for elaborado, embasado a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet, terá aspecto bibliográfico. Entende-e desta forma que fundamentar bibliograficamente é entender a prática que se dar da realidade utilizando meios posteriormente estudados e ou publicados com o propósito de afirmar ou até mesmo negar o que foi escrito de forma cuidadosa. O caráter descritivo também utilizado se dá com o intuito de confrontar a teoria à prática, cujo objetivo principal é estudar as características específicas de um grupo (Gil, 1996). Ludke e André (1986, p.11) afirmam que os problemas devem ser estudados no ambiente em que eles ocorrem naturalmente. 3.2. LÓCUS A instituição escolhida para a realização da pesquisa foi a Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, situada em Missão do Sahy, interior do Municipio de Senhor do Bonfim Bahia. A mesma oferece os cursos de Ensino Fundamental além
  • 32. 31 de uma extensão denominada anexo, que oferece Educação Infantil e Ciclo Básico de Aprendizagem. A escola (sede) onde realizamos a nossa pesquisa é composta por cantina, três sanitários, sem área de lazer, um laboratório de informática, uma secretaria e quatro salas de aula. A mesma é composta por um grupo de aproximadamente 20 professores e 400 alunos, distribuídos entre os três turnos (matutino, vespertino e noturno). Esta pesquisa se limitou a estudar o problema em foco em duas turmas de 8º ano no curso das séries finais do Ensino Fundamental nesta instituição de ensino, no turno matutino. 3.3. SUJEITOS DA PESQUISA Os sujeitos da pesquisa foram alunos de duas turmas do 8º ano da escola supracitada no turno matutino, totalizando 26 alunos participantes. Os mesmos apresentam as características necessárias para a realização desta investigação e, sobretudo a disponibilidade para participar da pesquisa. 3.4. MÉTODOS UTILIZADOS Para a coleta de dados utilizamos um questionário e outra atividade ao qual chamamos de pré-teste com questões fechadas e abertas. As questões fechadas (nas quais os sujeitos da pesquisa poderiam escolher uma ou mais alternativa das opções destacadas pelo pesquisador) tiveram o objetivo de conhecer o perfil do aluno e, por meio dele, observar o que pode vir a influenciar esse aluno na sua afinidade com os estudos e mais especificamente com a Matemática. O pré-teste, utilizando questões abertas (neste caso os sujeitos respondiam com suas próprias palavras, eles usavam os seus conhecimentos prévios, sem opções dadas pelo pesquisador) teve por objetivo verificar o conhecimento do aluno em relação à aplicabilidade de conceitos básicos da Matemática, símbolos, termos algébricos e numéricos, incluindo linguagem, simbologia, conteúdos, interpretação, resolução e análise de problemas, para assim analisarmos a formação do pensamento e da linguagem algébrica.
  • 33. 32 Logo, os caminhos citados acima, visam delinear reflexões acerca de adquirirmos conhecimentos específicos com relação ao objeto de estudo.
  • 34. 33 CAPÍTULO IV ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesse capítulo apresentaremos as análises dos resultados obtidos na pesquisa com alunos, com o intuito de verificar as dificuldades discentes, no que tange ao campo algébrico. Para a obtenção de resultados foram aplicados um questionário e uma atividade a qual chamamos de pré-teste. O primeiro contendo questões abertas e fechadas, com o objetivo de conhecer o perfil do aluno e sua relação com a Matemática, e o segundo contendo questões abertas, uma vez que pretendíamos avaliar a aplicabilidade de conceitos básicos da Matemática tais como: símbolos, termos algébricos e numéricos, incluindo linguagem, simbologia, conteúdos, interpretação, resolução e análise de problemas para assim verificarmos as dificuldades tão frequentes no campo algébrico. Portanto, dividiremos esse capítulo em duas subseções ao qual analisaremos os métodos citados acima. Subseção I – Questionário e subseção II – Pré-teste. As análises serão feitas qualitativamente e quantitativamente. Para cada questão destacaremos os objetivos e posteriormente os resultados da coleta. 4.1. Descrição e análise do questionário – I A pesquisa foi realizada em duas turmas de 8º ano da Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, totalizando 26 alunos participantes desta pesquisa. As duas primeiras questões tiveram por objetivo, conhecer o perfil dos pesquisados. Identificamos o sexo e a idade dos mesmos, para desta forma traçarmos os aspectos sociográficos, e obtivemos os resultados aos quais podemos observar nos gráficos abaixo. • Sexo: Para o primeiro tópico, observamos que coincidentemente 50% dos pesquisados são do sexo masculino e os outros 50% do sexo feminino.
  • 35. 34 GRÁFICO 1: SEXO feminino 50% 50% masculino Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Quanto à idade, dividimos por faixa etária. • Idade: ( ) 11 a 14 anos ( )15 a 17 anos ( ) mais de 17 A faixa etária dos mesmos, conforme podemos observar no gráfico, predominou a dos 11 aos 14 anos totalizando assim 84% do grupo pesquisado, 16% apresentaram faixa etária dos 15 aos 17 anos e 0% (nenhum) apresenta mais de 17 anos. GRÁFICO 2: IDADE 0% 11 a 14 anos 16% 15 a 17 anos 84% mais de 17 anos Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos A partir da terceira questão, o nosso objetivo era averiguar a relação destes sujeitos com a Matemática. • Já repetiu o ano alguma vez por causa da Matemática? Caso a resposta seja sim indique quantas vezes. Nesse tópico observamos que uma demanda de 23% enfatizou que já repetiram o ano por causa de Matemática. Desses 23% quando questionados a citarem o número de vezes, 11,5% assinalaram que já haviam repetido por duas vezes, 3,8% uma vez e 7,7% não indicaram o número de vezes aos quais haviam repetido. Os dados nos levam a crer que estes alunos já repetiram por no máximo duas vezes o ano.
  • 36. 35 A maioria dos entrevistados, um montante de 77% afirmou nunca ter repetido o ano, conforme podemos examinar no gráfico. GRÁFICO 3: Já repetiu o ano alguma vez por causa da Matemática 23% sim 77% não Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos • Gosta de Matemática: ( ) sim ( ) não Caso não goste, justifique: ( ) tenho dificuldade em resolver problemas envolvendo as quatro operações; ( ) não consigo entender o que o professor ensina então nem me esforço ( ) me esforço e mesmo assim não consigo Para essa questão, apenas 19,2% afirmaram gostar de Matemática os outros 80,8% asseguraram não gostar e posteriormente assinalaram as justificativas para essa negação de forma que os resultados podem ser analisados no gráfico que se segue. GRÁFICO 4: Justifique por que não gosta de Matemática me esforço e mesmo assim não consigo entender 24% 48% não consigo entender o que o professor ensina então nem me 28% esforço tenho dificuldade em resolver problemas envolvendo as quatro operações; Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Observa-se que 28% simplesmente por achar que não entenderá o conteúdo explicado pelo professor “mantém-se no conformismo” de não se esforçar por não compreender o que o professor irá ensinar em um pensamento a priori, o que nos faz pensar que nem ao menos tentam compreender. Os outros 24% já relatam que o
  • 37. 36 motivo de não gostar é por ter dificuldade envolvendo as quatro operações. No entanto, a maioria dos que afirmaram não gostar, 48%, justificaram a sua aversão pela Matemática pelo fato de que mesmo esforçando-se, não compreendem o conteúdo abordado em sala. Como cita Orton (1990), apud ARAÚJO (1990, p.338) "é possível que não entendendo a matemática, os alunos se sintam frustrados, experimentem ansiedade e cheguem a rechaçar a matemática como atividade significativa e valiosa". Para os tópicos seguintes tivemos por objetivo, analisar a relação desse aluno mais precisamente com a álgebra, uma vez que pretendíamos analisar sobre o que pensa este sujeito sobre esse tópico Matemático. • Quando seu professor inicia um conteúdo de álgebra, explica-o e você não entende. O que faz? ( ) peço que explique novamente, pois não entendi. ( ) deixo pra lá, é difícil e sei que não vou compreender. GRÁFICO 5: Quando seu professor inicia um conteúdo de Álgebra, explica-o e você não entende. O que faz? peço que explique novamente, pois não 46% entendi 54% deixo pra lá, é difícil e sei que não vou compreender. Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Observando o gráfico acima, notamos que aproximadamente 54% pedem ao professor para explicar novamente, quando não compreendem, os demais 46 % deixam de lado por acharem que não vão compreender. Vale ressaltar, que apesar da maioria destacar que solicita ao professor que explique novamente o conteúdo, deve-se considerar que o fato de acharem que não compreenderão o conteúdo, um número considerável (46%), simplesmente não busca aprender, proporcionando desta forma, um distanciamento do aprendizado em virtude da pré-concepção de que a álgebra é difícil.
  • 38. 37 • Representar algebricamente uma situação, você considera: ( ) muito fácil ( )difícil ( ) não serve para nada Para esse questionamento, a maioria dos entrevistados optou por considerar a Álgebra difícil (69%) ou que não serve para nada (23%). Apenas (4%) consideram a Álgebra um conteúdo fácil e os outros 4% não opinaram. Segue gráfico. GRÁFICO 6: Representar algebricamente uma situação, você considera: 4% 4% muito fácil difícil 23% não serve para 69% nada não opinaram Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Observamos, pois, a existência de uma grande rejeição com relação à importância atribuída a situações algébricas. Estes alunos, talvez pelo fato de não verem significado, ou até mesmo perceberem a falta de aplicabilidade destes conteúdos com situações vivenciadas em suas vidas diárias, destacam, que a álgebra é difícil ou que não serve para nada. Assim, de acordo com os PCN’s: [...] para que a aprendizagem possa ser significativa é preciso que os conteúdos sejam analisados e abordados de modo a formarem uma rede de significados. Se a premissa de que compreender é apreender o significado, e de que para apreender o significado de algum objeto ou acontecimento é preciso vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos, é possível dizer a ideia de conhecer assemelha-se a ideia de tecer uma teia. (BRASIL, 1998, p. 75) Portanto, foi com o objetivo de analisar se o aluno estava compreendendo a relação da Álgebra com o seu dia a dia, ou melhor, se os conteúdos trabalhados estavam favorecendo a formação neste aluno a teia citada pelos PCN’s, considerando a não importância atribuída a álgebra por meio das questões anteriores, foi que indagamos o tópico abaixo. • Você acha que a Álgebra é importante no seu dia-a-dia? ( ) sim ( ) mais ou menos ( ) nem um pouco
  • 39. 38 GRÁFICO 7: Você acha que a Álgebra é importante no seu dia-a-dia? Por quê? sim 42% 23% mais ou menos 35% nem um pouco Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Os resultados para esta questão nos levam a crer que a grande maioria não associa a Álgebra no seu dia a dia, visto que, 42 % afirmam que a Álgebra não é nem um pouco importante. Considerando as justificativas destacadas por eles ao serem solicitados a apresentarem o porquê de suas respostas foram enfatizadas as justificativas que serão destacadas abaixo: Um dos sujeitos da pesquisa ao qual chamamos de S1 justificou da seguinte forma: “__ pelo que eu entendo, não dá pra fazer nada com um cálculo com tanta letra misturada com número”. Trinta e cinco por cento demonstram insegurança em sua afirmação assinalando que a álgebra é “mais ou menos” importante, porque não são todas as vezes que a utilizam a não ser na escola. Apenas 23% afirmaram que a álgebra é sim importante no seu dia a dia e mesmo assim as justificativas dadas por eles não demonstram segurança quanto à importância da álgebra de maneira única e dissociável, já que ao longo dos tempos tem se apresentado com destaque no currículo escolar. Uma das justificativas de outro sujeito envolvido na pesquisa que chamamos de S2 destacou que: “__É importante sim, porque a álgebra faz parte da Matemática e a Matemática está presente em nossa vida”. Por fim, com o objetivo de conhecer qual é a compreensão de definição que estes sujeitos fazem da álgebra, foi questionado o que eles entendem por álgebra através de uma questão aberta. Escolhemos três definições das fornecidas pelos alunos, uma vez que as respostas variavam seguindo as mesmas ideias das citadas abaixo. Utilizaremos A1 para a definição do aluno um, A2 para a definição do aluno dois e A3 para a definição do aluno três, na transcrição das respostas.
  • 40. 39 O que você entende por álgebra? Para esta questão eles deram as seguintes definições: A1: Não entendo nada A2: Álgebra trabalha com letras e números e as vezes só com letras. A3: É um cálculo cheio de letras Para Oliveira (2002), algumas barreiras se configuram na Álgebra pelo fato do aluno trazer para o contexto algébrico, dificuldades herdadas do aprendizado no contexto aritmético ou por estenderem para o estudo algébrico, procedimentos aritméticos que não procedem. Observa-se, que estes alunos não diferentemente do que esperávamos mantém uma relação aversiva a Matemática e distanciam-se da álgebra por simplesmente achá-la difícil além de percebermos também que a grande maioria não compreende o seu significado, a sua importância o que favorece para as dificuldades destes alunos. 4.2. Descrição e análise do Pré-teste – II Este bloco é formado por 5 (cinco) questões. Para as questões 1, 4 e 5 o aluno precisaria representar algebricamente o problema proposto e apenas na questão 1 e 5 ele deveria ainda, encontrar valores reais para as variáveis. Para a segunda questão o aluno deveria representar algebricamente a área de uma figura cujos lados são definidos apenas por incógnitas. Da mesma forma, foi proposta para a questão três. A diferença é que ao invés de área foi requerido à representação do perímetro de uma figura que também aparece com as medidas dos seus lados representadas por incógnitas, diferenciando-se da questão anterior por envolver adição e multiplicação de números inteiros. Os objetivos propostos para estas questões é identificar e observar como estes sujeitos utilizam e interpretam a linguagem algébrica, bem como, a aplicabilidade de conceitos básicos, tais como: símbolos, interpretações, raciocínio lógico e etc., com outras áreas da Matemática, mais precisamente a - Geometria. Para assim, tentarmos descobrir origens e possíveis dificuldades no aprendizado da Álgebra.
  • 41. 40 QUESTÕES 1. Leia a história dos namorados e responda: a) Usando símbolos matemáticos, COMO VOCÊ representaria esta história? ________________ b) Quantos reais cada um tem? Calcule. O gráfico 8 indica o percentual dos resultados obtidos na realização da resultados questão 1a e b que propõe a representação algébrica de situações, a partir da linguagem corrente, bem como a resolução de modo a encontrar valores reais para as variáveis. Gráfico 8: Representações e Resolução alg algébrica 60% 40% 20% 0% questão 1 a deixaram erraram acertaram cálculo acertaram questão 1 b em branco incompleto por teste aritmético Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos Conforme podemos observar n gráfico acima, a grande maioria errou na no representação algébrica bem como na resolução da mesma Observou mesma. Observou-se que os mesmos tiveram dificuldade na interpretação do problema proposto visto que proposto, aproximadamente 50% erraram tanto a questão a como a b e para a questão 1b mais de 30% ou deix deixou em branco ou não finalizou a questão deixando deixando-a incompleta. Apenas 27% representaram a questão “a” corretamente, utilizando representação algébrica. No entanto, desses 27% apenas 8% acertaram a questão “b”. De modo que os demais ou deixaram o cálculo incompleto, erraram ou . deixaram simplesmente não tentaram resolver. Quando indicamos que 12% acertaram por indução aritmética e não por métodos algébricos nos referimos aos cálculos por “teste aritmético uma vez que aritmético” eles utilizaram o raciocínio aritmético buscando e testando valores que pudessem
  • 42. 41 sanar a dificuldade do problema proposto conforme podemos observar na figura 1 abaixo: Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos Isso implica dizer, que esses alunos não se desvincularam da ideia aritmética , na resolução de um problema que possui aspectos algébricos. Para a questão 2, conforme citado anteriormente foi sugerido a representação do cálculo de área de acordo com os dados fornecidos. A nossa ideia era identificar se este aluno traz os métodos utilizados na resolução de cálculo de área utilizando número para a representação em uma situação algébrica apenas com incógnita. 2. Área de um retângulo é dada multiplicando se o comprimento pela largur multiplicando-se largura. Como podemos representar a área da figura abaixo abaixo? a Área: __________________ b b a GRÁFICO 9: Análise da questão 2 – Representação de área 100% 50% Análise Da questão 2: 0% Representação da área ERRARAM ACERTARAM DEIXARAM EM BRANCO Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos Conforme observado no gráfico acima se identifica, que 65% erraram tal rvado , questão, 27% deixaram em branco e apenas 8% acertaram. Desses 17 alunos (65%) que erraram, onze alunos resolveram o perímetro ao invés da área também demonstrando dificuldade quanto ao conceito de ambos os termos ou não interpretaram o enunciado, visto que, foi afirmado na própria questão enunciado,
  • 43. 42 que área é dada por meio da multiplicação do comprimento pela largura, uma vez que a área é retangular. Desses onze teve caso em que eles não se contiveram em . es representar apenas “2a+2b como resposta e representaram a área da figura 2a+2b” sugerida como “2a+2b=4ab Outros ainda, talvez por estarem acostum 4ab”. acostumados a terem sempre um resultado final para seus cálculos, já que, até o 8º ano os cálculos e, aritméticos estavam sempre presentes com seus respectivos resultados implicou em tentarem finalizar a questão de alguma maneira conforme podemos observar na figura 2 abaixo: Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos teste O raciocínio puramente aritmético ainda predomina no raciocino lógicos destes alunos, o que ocasiona a observação da falta de compreensão e junção de conceitos geométricos com conceitos algébricos, na resolução dos problemas propostos. Para a terceira questão as medidas da figura foram representadas p questão, por expressões envolvendo adição e multiplicação de termos algébricos. 3. Calcule o perímetro do retângulo ao lado: Observa-se para esta questão, conforme dados percentuais do gráfico 10 que 23% acertaram. Os outros demonstraram falta de compreensão da quest questão já que 38,5% não responderam 27% erraram e 12% deixaram o cálculo incompleto. GRÁFICO 10: Análise da questão 3 – Representação do perímetro 60% 40% analise da questão 20% 3: Representação 0% do perímetro erraram acertaram deixaram em branco cálculo incompleto Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos
  • 44. 43 A questão 4, assim como a questão 1, requeria dos pesquisados a , representação por meio de símbolos, utilizando o raciocínio algébrico por meio de esentação utilizando problemas envolvendo respostas não aritméticas. Para isso, foi feito a seguinte indagação: uma caneta custa x reais e uma lapiseira custa y reais. Qual é a ma expressão que você pode escrever para representar: de a) O custo de 2 canetas e 5 lapiseiras. ___________________ b) A diferença entre o preço de uma caneta e o preço de 2 lapiseiras. ______ Observa-se nas tabelas e gráfico abaixo que a grande maioria tentou resolver. Os acertos (50%) da questão 4 a foram superiores aos erros (35%). O fato dos erros ) (43%) da questão 4 b ultrapassar os acertos (37%) se deram em decorrência deles não associarem o termo “diferença” ao sinal de subtração ( - ), o que implica a não compreensão de termos ut utilizados na linguagem matemática. E para tanto os resultados foram os destacados no gráfico 11, abaixo relacionado para melhor visualização visualização. Gráfico 11: Representações algébricas 60% 40% questão 4a 20% questão 4b 0% Deixaram em Erraram Acertaram incompleto branco Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos Para a questão 5 foi solicitado Qual deverá ser o valor de x para que a solicitado: balança mantenha-se equilibrada? Por quê? se x 2 10
  • 45. 44 Nesta, a maioria deles também tentou responder, conforme podemos averiguar no gráfico abaixo. GRÁFICO 12: Valor numérico da variável x 60% 40% questão 5: 20% 0% Erraram Acertaram Deixaram em branco Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos Mais de 50% acertaram e 15% erraram. 12 alunos dos que acertaram não diferente da primeira questão não se apegaram ao método de resolução utilizada comumente para equações, eles deram suas respostas por meio do raciocínio lógico conforme podemos observar nas figuras selecionadas abaixo em que eles justificam suas respostas. Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos Para esta resposta o aluno usou propriedades aditivas, ele pensou em um número que adicionado a 2 se igualasse a 10 e logo encontrou o resultado, da mesma forma o aluno de número 2 da figura abaixo também utilizou o mesmo raciocínio, no entanto pelo processo inverso. Fonte: Pré-teste aplicado aos sujeitos sujeitos da pesquisa Fonte: Pré-teste aplicado aos Vale ressaltar que apenas 2 alunos dos 14 que acertaram resolveram utilizando as técnicas convencionais algébricas comumente ensinadas na escola para a resolução de equação.
  • 46. 45 Contudo é visto que o raciocínio utilizado na resolução dos problemas propostos é essencialmente na maioria dos casos aritmético. As dificuldades destacadas ao longo da pesquisa são as mais diversas, não poderíamos destacar apenas uma como a mais grave, até porque o conjunto das dificuldades necessita de uma reflexão, pois, à medida que o tempo vai passando as mudanças ocorrem. Conforme observamos nos estudos da Evolução do Ensino da álgebra, muitas são as implicações históricas e sociais, aos quais poderíamos destacar, como um dos fatores. Outro aspecto observado é o meio em que os alunos vivem frente à desestruturação familiar, também são fatores que consideramos originar as dificuldades de aprendizagem referentes à álgebra. Enfim, muitos alunos até afirmam gostar da Matemática, no entanto, as dificuldades apresentadas quando se é apresentada situações abstratas ainda são frequentemente perceptíveis visto que, eles enxergam que a aplicabilidade da álgebra, só se acomete nas avaliações da escola, que não lhes trarão nenhuma contribuição. Isso favorece para tornar o conteúdo desmotivador e sem significação.
  • 47. 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta pesquisa, buscamos refletir, compreender e principalmente procurar respostas para as inquietações que surgem em virtude das dificuldades discentes com relação à Álgebra. Assim, este estudo permitiu a visualização substancial da realidade de alunos do 8º ano da Escola Municipal Antonio Bastos de Miranda, quanto às dificuldades em álgebra. Para chegarmos às respostas, inicialmente elaboramos e aplicamos um questionário aos quais estes alunos respondiam e depois devolviam para analisarmos a relação deles, com a Matemática. Posteriormente foi aplicada uma atividade contendo questões envolvendo estruturas algébricas, símbolos, linguagem Matemática e etc., ao qual chamamos pré-teste, para observarmos a desenvoltura deste aluno com relação a estes conteúdos. Notamos através do questionário que a grande maioria afirmou não gostar da Matemática, e chegou-se à conclusão que eles não gostam porque não sabem, ou melhor, observamos que a raiz destas dificuldades se perdura desde os tempos de alfabetização aritmética, o aluno não dominando as noções básicas de aritmética (as quatro operações). E, quando ele se depara com situações abstratas ele logo de imediato julga-se que não vai aprender e nem ao menos se esforça para isso. Outra dificuldade é com relação a conceitos e linguagem matemática, encontramos neles grandes dificuldades por não lembrarem conceitos básicos para resolver os problemas, confundiam-se quanto à distinção entre área e perímetro, além de quererem encontrar a todo custo um resultado numérico sem a presença de variáveis para o problema, bem como a não compreensão de alguns termos utilizados na Linguagem Matemática, tais como: produto, quociente e diferença. Percebe-se uma dissociação da álgebra e da Geometria, são duas áreas da Matemática que estiveram sempre juntas e observa-se que estes alunos não as unem no processo de resolução de problemas algébricos. Outra dificuldade perceptível foi com relação à leitura e posteriormente a interpretação dos enunciados, pois, quando foi aplicado o pré-teste, muitos deles deixaram as questões em branco, isso implica, a não interpretação dos enunciados
  • 48. 47 e concomitantemente a não realização do problema. Todavia, vale ressaltar, que os que responderam demonstraram um raciocínio lógico aritmético bastante aguçado, porém sem utilizar a linguagem simbólica o que para Fiorentini, Miorim e Miguel apud Tedesco (2009), é de suma importância para a formação de um pensamento abstrato: A linguagem simbólica, na álgebra, desempenha um papel essencial para a formação do pensamento abstrato, pois é através dele que se pode solucionar um problema matemático, abrangendo todo o contexto da situação, além de simplificar os cálculos. Essa capacidade permite que se façam transformações simbólicas das expressões, por outras mais objetivas, fáceis, mas que possuem o mesmo significado. É possível trabalhar com quantidades variáveis, possibilitando compreensões de casos, nos quais existam movimento e variação. (Tedesco, 2009, p. 4) Um ponto positivo ao qual observamos, é que não existe tanta distorção quanto ao processo idade/série. A grande maioria encontra-se no seu período escolar normal, salvo os que repetiram a série por 2 anos. Outra dificuldade ao qual merece menção é com relação à álgebra associada com o dia a dia destes alunos, pois eles não associam, decodificam, para fazer as provas sem existir nenhum significado para eles. Sabemos que, o que não nos interessa não nos chama atenção, facilmente sairá da nossa cabeça ou às vezes nem buscamos entender. Desta forma, considerando que em Matemática o aprendizado é contínuo e sucessivo, ou melhor, um conteúdo depende de outros e percebendo um déficit altíssimo com relação à assimilação de conteúdos anteriores, sugerimos a reposição destes em horários opostos considerando é claro a disponibilidade de professor e espaço físico das escolas para assim, tentarmos amenizar a deficiência que se apodera dos nossos alunos não só em álgebra, mas em todos os conteúdos Matemáticos. Em longo prazo, sugerimos ainda uma verificação da aprendizagem nas séries iniciais, por meio de outras pesquisas, visando melhorar as inquietações quanto às dificuldades de aprendizagem existentes nas series finais do Ensino Fundamental. Para tanto, foram citadas, análises, compreensões, inquietações e dúvidas alcançadas por meio deste estudo. Dizer que chegamos à receita para sanar tais dificuldades ainda não, até por que a ciência é uma sequencia de buscas, muito embora, me proporcionou uma valia inquestionável, tanto no campo profissional como pessoal.
  • 49. 48 Referencias ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias (um roteiro passo a passo). Rio de Janeiro: Elsevier, 2003 – 5ª reimpressão. ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. Campinas: Papirus, 2003. BAUMGART, J. K. Tópicos de História da Matemática para uso em sala de aula. Álgebra. Trad. Hyigino H. Domingues. São Paulo: Atual. 1992. BELTRAME, Juliana Thais. A álgebra nos livros didáticos: um estudo das variáveis, segundo o modelo 3UV. Disponível em: <http://www.pucsp.br/pos/edmat/mp/dissertacao/juliana_thais_beltrame.pdf > acesso em: 23 out. 2011. Borba, V. M. (3 a 6 de julho de 2011). Dificuldade de aprendizagem em algébra elementar: problema de ensino ou de aprendizagem? Maringá, Paraná, Brasil.Disponível em: < http://www.abrapee.psc.br/xconpe/trabalhos/1/110.pdf > acesso em: 13 dez. 2011. BOYER, Carl B. História da Matemática. Trad. Elza Gomide. São Paulo: Edgard Blucher. 1974. 488p. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática, 5ª a 8ª séries. Brasília, 1998. COXFORD, A. et al. As idéias da álgebra. São Paulo: Atual, 1995. CURY, H. N., LANNES, W., BROLEZZI, A. C., Carlos, R. V. Álgebra E Educação Algébrica: Concepções de Alunos e Professores De Matemática. Educação Matemática em Revista, Rio Grande do Sul, v.4, n.4, p.9-15, 2002. DA ROCHA FALCÃO, J. T. A álgebra como ferramenta de representação de problemas. Em D., SCHLIEMANN, A. D, D. W. CARRAHER, A. G. SPINILLO, L. L MEIRA & J. T. DA ROCHA FALCÃO. Estudos em Psicologia da Educação Matemática. pp 85 – 107; Recife, Editora Universitária da UFPE, 1993.
  • 50. 49 D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: Da teoria à prática. 15ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2005. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Matemática e Educação Matemática: O problema da convergência. Palestra Proferida em 1998. Disponível em: http://vello.sites.uol.com.br/palestras.htm. Acesso em 13 dez. 2011. D., SCHLIEMANN, A. D, D. W. CARRAHER, A. G. SPINILLO, L. L MEIRA & J. T. DA ROCHA FALCÃO. Estudos em Psicologia da Educação Matemática. pp 85 – 107; Recife, Editora Universitária da UFPE, 1993. Ferreira, A. B. (1986). novo dicionário aurelio. rio de janeiro, Brasil: Nova Fronteira. FIORENTINI, Dario; FERNANDES, Fernando Luis Pereira; CRISTOVÃO, Eliane Matesco. Um estudo das potencialidades pedagógicas das investigações matemáticas no desenvolvimento do pensamento algébrico. Projeto de pesquisa desenvolvido com auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), 2004. FIORENTINI, Dario. Alguns modos de ver e conceber o ensino de matemática no Brasil. ZETETIKÉ, Campinas, n. 4, p. 01 – 35, novembro. 1995. Freire, R. S., & Filho, J. A. (2006). Desenvolvendo conceitos algébricos no ensino fundamental . Anais do XXVI Congresso da SBC , 162. GARCÍA, Jesus Nicasio. Manual de dificuldade de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed .São Paulo:Atlas,1996 GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GIL, Kátia Henn. Reflexão sobre dificuldades dos alunos na aprendizagem de álgebra. Porto Alegre, 2008.