Formação para os professores educação interdimensional
Biodanza na Educação: Uma Integração Harmônica do Educador com o Educando | Por Damacyr de Freitas Brito
1. ESCOLA DE BIODANZA ROLANDO TORO
DO RIO DE JANEIRO
CURSO DE FORMAÇÃO DE FACILITADORES DE
BIODANZA
DAMACYR DE FREITAS BRITO
BIODANZA NA EDUCAÇÃO, UMA
INTEGRAÇÃO HARMÔNICA DO EDUCADOR
COM O EDUCANDO
RIO DE JANEIRO
1999
ÍNDICE
2. Biodanza na Educação
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Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro
1
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
1.1 - Um resumo da Caminhada Historica da Educação ..... 1
1.2 - A Educação no Brasil ............................. 10
1.3 - Educação ......................................... 14
1.4 - Educação e Ideologia ............................. 18
1.5 - Aprendizagem ..................................... 22
1.6 - Afetividade ...................................... 27
1.7 - É hora de Transformar ............................ 30
SEGUNDA PARTE
2.1 - Biodanza : Uma Possibilidade Afetiva e Efetiva de
Transformação .................................... 33
2.2 - Sistema Biodanza ................................. 34
2.2.1 - Origem e Criador ................................. 34
2.2.2 - Embasamento Teórico e Definição .................. 34
2.2.3 - Procedimentos .................................... 36
2.2.4 - Paradigmas ....................................... 36
2.2.5 - Linhas de Vivências .............................. 38
2.3 - Educação, Cultura, Alienação ..................... 40
2.3.1 - Ideologia e Realidade ............................ 41
2.3.2 - Aspectos Socio-Políticos ......................... 41
2.3.3 - Biodanza : Um Caminho de Transformação Social .... 43
2.3.4 - Como a Educação em Biodanza se vincula com outras
abordagens ....................................... 44
2.4 - Afetividade em Biodanza .......................... 46
2.4.1 - A Possibildade da Comunicação Afetiva na Relação
Professor Aluno e a Biodanza como elemento
facilitador desta relação ........................ 50
TERCEIRA PARTE
3.1 - Material ......................................... 53
3.2 - Metodologia ...................................... 57
3.3 - Análise do Material .............................. 63
3.4 - Comentários e Conclusões ......................... 102
4 - Anexos ........................................... 106
4.1 - Anexo I - Modêlo da Ficha de Inscrição no
Projeto Social ................................... 106
4.2 - Anexo II - Modêlo da Declaração de Participação
no Projeto Social ................................ 107
4.3 - Anexo III - Fotos da Festa de Encerramento e
Homenagens ....................................... 108
4.4 - Anexo IV - Sugestões ............................ 113
4.5 - Anexo V - Sacralização da Vida ................. 114
5 - Referências Bibliograficas ....................... 116
3. Biodanza na Educação
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INTRODUÇÃO
A motivação que me levou à escolha do tema da monografia resultante do
Projeto Social para a obtenção do título de Facilitadora de Biodanza, foi a minha
experiência de 32 anos na área educacional como professora, diretora e, há 10 anos,
como psicóloga-clínica e escolar, nascendo, então, o título: BIODANZA NA
EDUCAÇÃO, UMA INTEGRAÇÃO HARMÔNICA DO EDUCADOR COM O
EDUCANDO.
Como Psicóloga Escolar, desenvolvo um trabalho de acompanhamento de alunos
com dificuldades na aprendizagem, bem como de orientação aos pais e professores,
promovendo Seminários, Dinâmicas de Grupo, encaminhamento a outros especialistas,
quando necessário, e Orientação Vocacional, abrangendo alunos de 1° e 2° graus, numa
clientela cuja faixa etária está compreendida entre 05 e 17 anos.
Percebo ser a Escola um lugar importante e propício para este trabalho, pois na
sua formação, o aluno passa grande parte de sua vida em contato com os professores que
sem dúvida, se tornam figuras parentais significativas para ele.
Este é um convite para que o processo educacional seja questionado. Que os
educadores repensem sobre o cotidiano pedagógico e reflitam sobre as seguintes
questões :
Estou trabalhando o meu aluno como um ser inteiro ?
Estou permitindo ao meu aluno a expressão de suas críticas, suas percepções
e emoções ?
Estou facilitando a sua criatividade e permitindo-lhe expressá-las nas
diversas
formas quer seja oral, escrita, sonora, dramática, corporal, etc... ?
Estou levando o meu aluno a ampliar os seus referenciais do mundo ?
4. Biodanza na Educação
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Parece ser difícil mudar um Sistema, que, dentro de padrões morais e
ideológicos, muitas vezes nos desvia dos nossos potenciais instintivos. No entanto, há
inúmeras possibilidades e recursos transformadores que permitem fluir por sistemas
mais rígidos e que podem oferecer resultados consistentes e satisfatórios em relação a
um vínculo harmonioso entre o educador e o educando.
A Biodanza é um dos recursos cuja proposta é a de um trabalho profilático, de
preparação para um mundo melhor, na valorização dos instintos e no reforço da saúde e
identidade; dando ênfase à sinceridade , facilitando a oportunidade do vínculo direto
com a natureza, consigo mesmo e com o outro; a aprender e desenvolver sua
afetividade e a formar o vínculo amoroso; a ser mais potente e a respeitar limites.
Educar para o amor, vincular vida com vida é a possibilidade que podemos
realizar através da Biodanza. A educação deve ser feita para criar, pois sendo o homem
um ser criativo, ele pode criar novas formas de vida.
A metodologia educacional deve ser harmoniosa e equilibrada, e, como sugere a
pedagogia da Biodanza, levar o ser humano, no papel de professor, a minimizar o grau
de interferência cultural desfavorável e deixar que fale sua própria natureza.
As minhas vivências em Biodanza enriqueceram as percepções, sentimentos e
sensações com relação a mim, aos outros e ao mundo, protegendo-me nos meus espaços
existenciais, fortalecendo-me como mulher, mãe, profissional, enfim, o meu SER.
Mudei o meu estilo de vida. Por estes motivos, acredito que a introdução da Biodanza
na Área Educacional seja um potente facilitador .
Escolhi um grupo de professores para desenvolver o projeto social, com o
convite para que cada um, de acordo com as suas possibilidades, e dentro de uma
5. Biodanza na Educação
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progressividade, vivenciasse de uma maneira interessante e não habitual, outras formas
de comunicação e interação.
O fio condutor foi o canal da afetividade que permitiu abrir caminhos para a
expressividade, força e coragem para viver, autoconfiança, e até possibilitar uma
experiência mais abrangente consigo mesmo, com o outro e com o mundo.
O projeto visou não só à prática social (requisito para a Titulação em Biodanza),
como o desenvolvimento de habilidades para as trocas interpessoais, a conscientização
da importância do clima emocional positivo ao desempenho das atividades de professor,
além de :
- proporcionar aos integrantes do grupo, vivências de Biodanza, facilitando a
criação de um clima interacional;
- identificar situações que interfiram como barreiras à interação humana;
- perceber formas de comunicação e características pessoais envolvidas
consigo e com o outro;
- vivenciar situações facilitadoras a um bom relacionamento humano;
- facilitar o seu desenvolvimento através do auto e hetero conhecimento, maior
compreensão da natureza humana, promovendo, assim, o crescimento
pessoal e interpessoal.
6. Biodanza na Educação
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1.1 UM RESUMO DA CAMINHADA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
A educação faz parte da história geral, por isso, é importante estudar a
educação estabelecendo relações com o contexto histórico geral, observando a sincronia
existente entre as crises na educação e as crises no sistema social.
O PROCESSO EDUCACIONAL
Nas sociedades primitivas, o objetivo fundamental da educação era promover a
integração dos mais jovens na cultura do grupo social. A educação desenvolvia-se de
forma assistemática, por métodos espontâneos, baseados nas simples convivências dos
mais jovens com os adultos.
O objetivo era “o ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social por
meio da aquisição da experiência das gerações passadas “ (Monroe, 1983)
Faziam parte dessa aquisição de conhecimentos, os seguintes elementos:
- Imitação : as crianças brincavam reproduzindo instrumentos utilizados pelos
adultos e os adolescentes participavam das atividades aprendendo
as diversas ocupações da tribo.
- Cerimônias de Iniciação: valores morais, sociais, políticos e religiosos ,
onde aprendiam a suportar a dor, a fome, as circunstâncias difíceis, a
obediência e reverência aos mais velhos, a suprir as necessidades da
família e, através dos mitos religiosos, as explicações para o
modo de agir das forças da natureza.
7. Biodanza na Educação
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- Animismo : crença de que todas as coisas possuem uma alma, atribuindo a
tudo o que acontecia a intervenção de espíritos bons para os
acontecimentos positivos e maus para os negativos. Utilizavam-se
do aprendizado de métodos para apaziguar o mundo dos
espíritos.
A civilização indiana fazia com que a educação variasse conforme a casta.
Exceto os brâmanes, que recebiam uma requintada educação literária e filosófica, as
demais castas recebiam uma educação de caráter utilitário, voltada ao exercício da
profissão.
Na civilização chinesa, um dos objetivos mais característicos da educação era a
busca da precisão, o domínio de si mesmo, o refinamento dos hábitos sociais, a
valorização de virtudes como a moderação, a sensatez e a tolerância. Os educadores
empenhavam-se em cultivar nos alunos a reverência à tradição histórica. A educação
era conservadora e voltada para a sabedoria contida nos livros clássicos, entre os mais
antigos o I Ching (Livro das Mutações). Como sábio e professor, Confúcio exerceu
importante influência na formação moral dos jovens, quando se ocupava com
especulações voltadas para a aplicação prática na vida humana.
A cultura grega é uma valiosa herança de realizações que representa a grande
fonte cultural da civilização ocidental. A educação era uma atividade destinada à
formação integral do homem. Em Atenas, a educação do cidadão estava voltada para
aspectos amplos da vida intelectual. O objetivo era: “mente sã em corpo são”, ou seja,
assegurar a liberdade pessoal e a formação física e intelectual do homem. Já os sofistas
eram professores viajantes que cobravam pelos seus ensinamentos práticos de Filosofia.
Davam ênfase ao valor humano; as virtudes não eram privilégio da aristocracia;
incentivavam a formação de uma cultura geral, acentuavam o valor da individualidade e,
a moralidade devia basear-se na razão, e não no costume e na tradição.
8. Biodanza na Educação
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Grandes filósofos (400 - 300 a.C.) deram suas contribuições e entre eles:
Sócrates (470 - 399) a.C.) - partindo do princípio sofista: “O homem é a medida
de todas as coisas”, conclui Sócrates que a primeira obrigação de todo o homem é
procurar conhecer-se a si mesmo. Suas principais contribuições para a educação foram:
- O conhecimento possui um valor prático ou moral, isto é, um valor de
natureza universal e não individualista.
- O processo objetivo para obter-se conhecimento é o de conversação o
subjetivo é o de reflexão e organização da própria experiência.
- A educação tem por objetivo imediato o desenvolvimento da capacidade
de pensar, não apenas de ministrar conhecimentos.
Platão (428 - 348 a.C.) - aceitou a dialética de Sócrates, definindo-a como um
contínuo discurso consigo mesmo. Segundo Platão, a educação consiste na atividade
que o homem desenvolve para conquistar as idéias e viver de acordo com elas; deve-se
levar em conta tanto o corpo como o espírito; e que os exercícios corporais, a cultura
estética e moral, e a formação científica e filosófica devem constituir o conteúdo da
educação.
Aristóteles (384 - 322 a.C.) - desenvolveu seu conceito de educação partindo da
idéia de IMITAÇÃO (copiar a forma de vida dos adultos). Segundo Aristóteles, os
fatores da educação humana são:
- as disposições naturais (natura)
- os meios para aprender (ars)
- a prática ou hábito para afirmar o assimilado (exercitatis)
9. Biodanza na Educação
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Para Aristóteles, toda educação deve levar em conta o fato do homem estar em
constante devir. E, tem como finalidade ajudá-lo a alcançar a plenitude , a realização do
seu SER e, a atualizar as forças que têm essa potência. A educação pretende levar o
homem a “tornar-se o que deve ser”.
A educação primitiva, em Roma, era familiar, dirigida pelo pai, restrita aos
patrícios (compatriotas) . Aprendia-se a ler, escrever e contar. Assimilando conteúdos
práticos relativos à agricultura, guerra e política. Sob a influência grega, fundaram-se
escolas particulares, comandadas por mestres gregos.
Nos primeiros tempos e sob perseguição romana, a educação cristã teve um
caráter catequista, dominada pelo ensino dos pontos fundamentais do cristianismo. A
educação cristã medieval compreendia a Escola dos Mosteiros, que foram centros de
cultura e de ensino no período medieval; preservaram, em muito, a cultura Greco-
romana. Também haviam as Escolas Catedrais, a partir do século XI que tinham como
matéria de estudo, a Teologia, a Gramática, a Dialética, a Retórica, a Aritmética, a
Geometria, a Música e a Astronomia. Os ideais educacionais eram incutir obediência
irrestrita aos dogmas cristãos. São Tomás de Aquino, importante filósofo escolástico,
pregava que competia ao professor ajudar o aluno a descobrir e expressar suas
potencialidades intelectuais.
As primeiras universidades surgiram a partir do século XII. A graduação
conferida era de: bacharel, licenciado e doutor. E, as faculdades eram de : Arte,
Teologia, Medicina e Direito. As universidades medievais desfrutaram de grande
prestígio intelectual até o Renascimento, quando, então, passaram a ser criticadas pelo
seu conservadorismo.
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No Renascimento, o movimento intelectual, de caráter urbano, caracterizou-se
na transição da mentalidade medieval para a mentalidade moderna (século XV e XVI)
com amplo alcance intelectual nas artes - ciências - filosofia.
No movimento humanista, destaca-se Vitorino de Feltre, fundador da “Casa
Alegre”, onde o trabalho educativo era executado num clima de alegria e bem estar para
as crianças. Também, Erasmo de Rotterdam foi um célebre humanista, com obras
valiosas, como: “Elogio da Loucura:, “Sobre o método de estudo”, “Sobre a educação
liberal”. Seu ensino era motivador, gradual, estimulando a inteligência do aluno. Michel
de Montaigne, humanista francês, tinha como finalidade da educação exercitar a
inteligência, fortalecer a alma e desenvolver os músculos. Defendia uma educação em
que o aluno tomasse parte e desenvolvesse o senso crítico. Sua principal obra é
denominada “Ensaios”.
Na reforma protestante, Martinho Lutero colaborou para impulsionar a educação
pública, destinada à alfabetização popular nos três níveis.
Na contra-reforma católica, os jesuítas tiveram grande desempenho no papel
educacional. O método de ensino foi estabelecido em cinco partes: preleção, debates,
memorização, expressão e imitação.
Na época moderna, o movimento renascentista deu à cultura nova mentalidade
científica, racionalismo, exame livre da natureza, e ênfase na observação experimental.
ÉPOCA CONTEMPORÂNEA
Na época contemporânea, o processo educacional articulou-se em linhas gerais
da seguinte forma:
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- Liberalismo Clássico: difusão da escola pública, universal, gratuita e obrigatória;
pedagogia tradicional, intelectualista;
- Revisão do liberalismo : escola nova e tendência psicológica.
- Desilusão com a escola: teorias reprodutivistas, tecnicistas, pedagógicas, não
diretivas.
- Escolarização democrática: reconhecimento do valor da educação pública como
instância necessária às lutas pela emancipação popular, mas não superdimensionando as
possibilidades da tarefa escolar e da educação.
A escola nova teve um movimento pedagógico iniciado no começo do século
XX com o objetivo de substituir a educação tradicional (autoritária, intelectualista e
passiva) por uma nova educação (liberal e democrática).
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1.2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL
Com a chegada dos jesuítas ao Brasil em 1549, inicia-se a História da Educação
no Brasil. Embora, a princípio, as primeiras escolas reunissem os filhos dos índios e
dos colonos, a tendência dessa educação era a separação. Sobre os índios, objetivam-se
a catequese e a participação, tornando-os fácil de conduzir para o trabalho. Para os
filhos dos colonos, a proposta ia além de escola rudimentar. A grande influência dessa
educação era sem dúvida a que se exerceu na formação da burguesia e das classes
dirigentes.
“A elite era preparada para o trabalho intelectual seguindo
um modelo religioso(católico), mesmo que muitos de seus
membros não chegassem a ser sacerdotes ... no século XVII
os graus acadêmicos obtidos dessa escola eram juntamente
com a propriedade de terra e escravo, critérios importantes
de classificação social “(Ribeiro, M. L.S, 1982)
No século XVII, as escolas dos jesuítas eram duramente criticadas e por motivos
econômicos, políticos e sociais, a Companhia de Jesus acabou sendo alijada.
O marquês de Pombal, então ministro do Rei D. José I, pensando na
modernização do reino, expulsou os jesuítas, confiscando os seus bens e destruindo
muito de seus manuscritos. Isso foi desastroso para a educação brasileira, cujo ensino
só foi reconstruído uma década mais tarde, o que gerou um retrocesso em todo o sistema
educacional.
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Em 1837, foi fundado o Colégio Pedro II, na Côrte, com o objetivo de torná-lo
um padrão de ensino. Em 1854 havia muitos liceus, e, juntamente com o Colégio Pedro
II, passou-se à tradição brasileira do ensino secundário. A Constituição, em 1891,
reafirmava a descentralização do ensino, e o ensino superior e secundário ficavam a
cargo da União, cabendo aos Estados a educação elementar e profissional.
A partir da década de 30 houve maior empenho com a educação, sendo criado o
Ministério da Educação e Saúde com a incumbência de organizar e implantar as
reformas em âmbito nacional e a estruturação das universidades. Em 1934, foi fundada
a Universidade de São Paulo, com a junção de diversas faculdades e pelo mesmo
processo, foi criada a Universidade do Distrito Federal do Rio de Janeiro.
A formação do magistério com a reorganização de algumas escolas de nível
secundário merece destaque. Em 1937, são diplomados os primeiros professores
licenciados, inaugurando uma nova era para o ensino secundário.
Era evidente o dualismo do sistema educacional. De um lado, as classes médias
e superiores que buscavam o ensino superior, à procura, na maioria das vezes, de uma
classificação social. E, de outro lado, as camadas populares que passavam a preferir as
escolas profissionalizantes com o objetivo de obter uma preparação mais rápida para o
trabalho.
Em 09 de abril de 1942, foi criada, a Lei Orgânica de Ensino, por Gustavo
Capanema que visava no curso secundário a uma formação de preparação para o ensino
superior. O curso secundário foi novamente reestruturado, para quatro anos, e o colegial
para três anos, que se dividiam em clássico e científico.
Em relação ao ensino profissionalizante, há alterações consideráveis. A Lei
Orgânica criou dois tipos deste ensino: um mantido pelo sistema oficial, e, outro, foi
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criado em 1942, o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). E, em 1946,
foi criado o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
“A legislação acabou criando condições para que a demanda
social da educação se diversificasse apenas em dois tipos de
componentes: os componentes dos estratos médios e altos
que continuam a fazer opção pelas escolas que “classificam”
socialmente e os componentes dos estratos populares que
passaram a fazer opção pelas escolas que preparavam mais
rapidamente para o trabalho. Isso, evidentemente transformava
o sistema educacional, de modo geral, em um sistema de
discriminação social”( Aranha, M.L. A, 1989).
A partir do governo de Juscelino Kubstschek (1956 a 1961), ocorre na educação
um debate nunca visto, tendo como pano de fundo o anteprojeto de Lei de Diretrizes e
Bases (5692/61), que levaria treze anos para se transformar em Lei. Neste período, foi
regulamentada a reforma do ensino primário e criado o ensino supletivo de dois anos e o
interesse na ampliação do acesso a escola pública e gratuita. O movimento renovador foi
criado com os seguintes aspectos: necessidade de planejamento, previsão de recursos
para a implantação da reforma, estruturação da carreira docente e, ainda, previa uma
remuneração condigna para o professor; extensão da obrigatoriedade de 1º
grau (1ª
à 8ª
séries); escola única; profissionalização a nível médio para todos; integração geral do
sistema educacional do primário ao superior; cooperação das empresas na educação.
Por volta de 1980, já era recomendado o fracasso da implantação da reforma de
ensino, e a Lei 7044/82 dispensa as escolas da obrigatoriedade da profissionalização,
voltando a ênfase para a formação geral.
Atualmente, é a Lei No. 9.349 de 20/12/96 que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, aqui transcritos em seus artigos 1ª
. e 2ª
.
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Art 1º
- A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
1º
. - Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
2º
. - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a
prática social.
Art 2º
- A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
A partir desta nova lei, o governo parece querer resgatar a profissionalização a
nível médio para todos e, atender as necessidades de qualificação profissional do
educando, facilitando o seu ingresso no mercado de trabalho.
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1.3 EDUCAÇÃO
A família é responsável pelo modêlo que a criança terá em termos de conduta, no
desempenho de seus papéis sociais e das normas e valores que controlam esses papéis.
Na estrutura social, a família tem a função de inserir o indivíduo na sociedade, e
daí a sua importância. E por essa função ser estratégica para a sociedade, é exercido um
grande controle para que ela cumpra o seu papel.
Este núcleo familiar tem como função básica garantir a manutenção da
propriedade nas classes superiores e, nas classes subalternas, a reprodução da força de
trabalho.
Por esse papel fundamental na estrutura social, a família é uma forte
transmissora de valores ideológicos, com uma função imaginária, mas é sentida como
realidade.
Já a escola, afirma Bárbara Freitag (1980), “assegura que se reproduza a força de
trabalho, transmitindo as qualificações e o modo de fazer necessários para o mundo do
trabalho; e faz com que ao mesmo tempo os indivíduos se sujeitem à estrutura de
classes. Para isso lhes inculca, simultaneamente, as formas de justificação, legitimação e
disfarce das diferenças e do conflito de classes. Atua, assim, também ao nível e através
da ideologia”.
Em sua prática cotidiana, a escola é uma instituição eminentemente reprodutora.
Esta reproduz o conhecimento disponível, para que o aluno tenha instrumentos para
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enfrentar o mundo do trabalho. Mas, ao mesmo tempo, a exemplo da família, reproduz
as relações de autoridade e seleção presentes em nossa sociedade.
ALGUNS CONCEITOS DE EDUCAÇÃO
Existem inúmeras conceituações sobre o que é a Educação, dentre estas,
selecionei algumas que penso serem pertinentes ao trabalho desenvolvido.
- Na visão sociológica, a educação pode ser definida como:
“a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas ainda
não amadurecidas para a vida social”, ou seja, “a educação
é a socialização da criança” . (Durckheim E. 1967)
Em culturas complexas como as sociedades contemporâneas, é dado à educação,
através de suas instituições, a tarefa de criar mecanismos com o objetivo de evitar que a
sociedade seja destruída por esta complexidade.
- Segundo Moema Toscano (1984), são “manifestações concretas, que
estabelecem e regulamentam os mecanismos de transferência cultural, de
especialização de hierarquias, das formas de conhecimento socialmente úteis,
do domínio das técnicas de ação social”, enfim de todo este verdadeiro
universo cultural que constitui o conjunto dos conhecimentos que o homem
moderno domina.
“A educação deveria ser o processo de ajudar cada um a
desenvolver sua individualidade, de ensiná-lo como desenvolver
essa particularidade, e então mostrá-lo como compartilhar
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Há uma tendência para a submissão, e como conseqüência, fazer com que todos
sejam iguais.
Existem professores que só ensinam qual a melhor forma disso ou daquilo, ao
invés de mostrarem as ferramentas e estimularem o pensamento, a criatividade, o
compartilhar, a expressão de sentimentos, o conhecimento de si próprio e o
relacionamento com os outros, com a natureza e com o mundo.
Leo Buscaglia (1972), diz que a educação formal assume, como sua maior tarefa,
o processo de transmitir o “conhecimento acumulado do passado, em geral às expensas
do presente e do futuro”; podendo dar como resultado indivíduos robotizados, confusos
e com medo do futuro.
Um tipo de educação que “devolva o homem a ele mesmo” (George Leonard).
Lyon Jr , H.C (1977), refere-se a “Um tipo de educação que devolve o homem a
ele mesmo”, e que o autor desse conceito, George Leonard (1968) *, imagina uma
educação que possa encorajar a consciência de si, ajudar as pessoas a se tornarem
capazes de respostas e responsáveis, a se auto-realizarem e, a experimentarem a alegria
e o êxtase que acompanham a descoberta da própria essência e realização do potencial.
Novaes, M. H. (1980), refere-se à Frederick Mayer que afirma, que uma das
alternativas através dos quais podemos procurar resolver os problemas do mundo é a
EDUCAÇÃO: opera lentamente, de modo evolucionário. Não cria utopias repentinas.
Não oferece remédios mágicos. Não faz promessas categóricas. Exige esforço e
disciplina. Desperta o homem para suas próprias potencialidades criativas para aquilo
que William James chamou de “Wider self”, o “eu mais amplo”.
* Leonard, G. Education and Ecstasy. New York Delacorte Press, Dell Publishing, Co; Inc, 1968
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Rogers, C. (1973) afirma ainda que nem os melhores cursos, currículos,
propagandas e máquinas de ensino resolverão nosso dilema de uma maneira básica e,
sim pessoas agindo como pessoas nos seus relacionamentos com os alunos, poderão
começar a fazer algo neste problema da maior urgência, que é o da educação de hoje.
Faz a seguinte citação:
“O objetivo da educação deve ser o desenvolvimento de uma
sociedade, na qual as pessoas possam viver mais à vontade
num clima de mudança do que de rigidez... Mas, tal objetivo
implica, por sua vez, em que os próprios educadores sejam
abertos e flexíveis, e que estejam efetivamente envolvidos
nos processos de mudança... Que se desenvolva uma tal
atmosfera no sistema, que o foco não seja dirigido ao ensino,
mas sim à facilitação da aprendizagem autodirigida” .
(Rogers, C. 1973)
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1.4 EDUCAÇÃO E IDEOLOGIA
Freire (1978) diz que “nenhuma política educativa se dá no ar, mas num
contexto histórico, social, cultural, econômico, político, não necessariamente idêntico a
outro contexto”.
Historicamente, vimos anteriormente que a educação brasileira iniciou-se com o
trabalho dos jesuítas, que tinham como finalidade a catequização do homem indígena,
ou melhor, domesticá-lo e torná-lo subserviente e explorá-lo através da manipulação e
de trabalho escravo.
A educação contemporânea não mudou muito. O educando é visto pelo processo
educativo como um depósito de conhecimento que não tem relação com a sua vida,
portanto, ainda hoje, se faz uma educação dentro de uma prática domesticadora,
tornando o educando um objeto passivo, que não questiona e, consequentemente, não
age.
Nessa falsa idéia de que o professor ensina e o aluno aprende, se prepara para o
silêncio e para a submissão.
Esse momento de silêncio e submissão instala-se na educação brasileira com a
revolução de 1964, quando a educação é comprometida seriamente pelo autoritarismo
do governo militar.
“Cada sociedade, considerada em momento determinado do seu
desenvolvimento, possui um sistema de educação que se impõe
aos indivíduos de modo geralmente irresistível... Há pois, a
cada momento, um tipo regulador do qual não podemos
separar sem vivas resistências que restringem as velocidades dos
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dissidentes” (Sampaio, R.M.W.F, 1989).
A educação só pode ser compreendida como um todo, quando se busca e reflete,
através da ação pedagógica, os reflexos de ideologia da sociedade. No sentido
etimológico, ideologia é usado como estudo das idéias. Às vezes é usado como estudo
das idéias, valores, cosmovisão, etc... , isto é, num sentido positivo. E num outro
sentido, a ideologia designa idéias distorcidas, meias verdades, idéias que dissimulam a
realidade. A ideologia manifestada por um conjunto de idéias, valores e normas de
condutas, tem como objetivo social condicionar o maior número de pessoas, valorizando
o conjunto de idéias produzidas pelos interesses sócio-econômicos de uma classe
dominante. A educação, portanto, sofre os impactos da ideologia dominante, já que a
educação é um importante instrumento social que exercita a hegemonia dos valores,
idéias e comportamentos da elite dominante.
“Se a ideologia é vista, na sua gênese e formação, enquanto
categoria explicativa do conhecimento humano, deve ser
discutido e compreendido entre os profissionais da educação
enfatizando-se o comprometimento recíproco do discurso
pedagógico e do discurso ideológico” (Severino, A . J, 1988).
Na sociedade capitalista, o sistema educacional serve de instrumento para
reproduzir a cultura dominante e concomitantemente a estrutura de classe em que se
baseia esta sociedade.
A interferência da ideologia na ação pedagógica do sistema educacional
brasileiro fica evidente quando se analisa a pirâmide educacional.
O sistema educacional brasileiro não consegue efetivamente assegurar a
permanência do aluno na escola, o que sugere uma seletividade nesse processo. O
23. Biodanza na Educação
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discurso ideológico é distante da realidade e cheio de lacunas; faz uma análise invertida
da realidade e separa o PENSAR do AGIR. É nesse discurso que tem sido direcionado a
educação brasileira.
As teorias da educação, como teorias das ciências humanas que são, não podem
desvincular-se por completo da condição ideológica. Diante disso, é preciso estabelecer
uma relação dialética entre a ciência da educação e ideologia para que se possa entender
o objetivo do conhecimento da ciência da educação e conduzir a uma reflexão sobre os
princípios, meios e fins do processo que vai conduzir a planificação da sociedade.
“ Daí que não seja possível negando-a por astúcia ou
angelitude o caráter político da educação. Daí que os
problemas básicos de pedagogia não sejam estritamente
pedagógicos, mas políticos e ideológicos” .
(Werneck, V.R, 1989)
Como educador, é preciso se perguntar sobre educação, sobre ideologia. Por isso,
é preciso investigar os aspectos:
“ De ordem econômica, política e social do país em cujo
seio se desenvolve o fenômeno educacional que se
compreenda, uma vez que a investigação fará emergir a
problemática educacional concreta”.
(Pilett,C.N. 1997)
Diante de reflexão crítica é que o educador inteligentemente poderá planificar a
sua ação educativa. É preciso que a comunidade educacional tome consciência da
interferência da ideologia dominante que leva a educação brasileira a um processo entre
a realidade vivenciada na educação feita na escola, família, meios de comunicação, etc...
e
24. Biodanza na Educação
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a realidade social do país e, através da consciência reflexiva desta ideologia, legitimar
suas opções, decisões e ações.
“Criar condições objetivas que favoreçam o aparecimento de
um novo tipo de pessoa: solidária, organizada, capaz de
superar o individualismo...”. (Gadotti, M.1989)
É preciso fazer do saber uma contribuição efetiva aos homens, para que estes se
sintam unidos e fraternos e que a educação esteja a serviço da libertação dos mesmos,
independente da sua classe social.
É necessário que se faça uma prática pedagógica compromissada em humanizar
os homens, para que se vislumbre uma sociedade mais justa e mais digna, onde se
estabeleça uma ordem social mais coerente com a essência do homem.
25. Biodanza na Educação
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1.5 APRENDIZAGEM
“ Para mim, facilitar a aprendizagem é o objetivo
da educação, a maneira pela qual podemos aprender
a viver como indivíduos que querem tornar-se pessoas ...
Sabemos que a iniciação de tal aprendizagem não se
baseia nas habilidades pedagógicas do líder, nem no
conhecimento erudito que tem do assunto, nem em seu
planejamento curricular, nem na utilização que faz dos
recursos audiovisuais, nem no ensino programado que
emprega, nem em suas preleções e exposições, nem em
uma abundância de livros, embora, em certas ocasiões,
cada um destes itens possa ser utilizado como um
expediente importante. Não, a facilitação da aprendiza-
gem significativa se baseia na qualidade das atitudes
que existem no relacionamento pessoal entre o facilitador
e aquele que aprende”. (Rogers, C. 1973)
É de profundo interesse do educador a análise da natureza da aprendizagem, da
sua dinâmica, das condições que favorecem ou dificultam a sua realização, e das
variações que podem apresentar nos diferentes tipos de educando.
No exame do processo da aprendizagem estão grandes contribuições no âmbito
da filosofia, psicologia e pedagogia.
Atualmente, são inúmeros e variados os conceitos de aprendizagem e, entre eles,
estão os adeptos da:
26. Biodanza na Educação
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Psicologia objetiva – como Pieron, consideram a aprendizagem como uma
modificação adaptativa do comportamento.
Behavioristas ou comportamentais – admitem que a aprendizagem seja
simples associação ou conexão de processos nervosos, de reações orgânicas.
Teoria da Gestalt – afirmam não existir aprendizagem sem compreensão
imediata (insight) das atividades úteis que devem ser executadas.
Piaget – considera a aprendizagem como uma assimilação inteligente e
adaptativa da realidade.
Henry Garrett – define a aprendizagem como um processo pelo qual
organizamos as nossas reações e formamos novos hábitos, ou seja, que a
capacidade para desempenhar a nova ação já existe potencialmente no
organismo, fazendo com que o aprendiz reuna partes dispersas
A aprendizagem é o processo pelo qual ocorre um conjunto de mudanças no
sistema nervoso e conseqüentes modificações comportamentais (PENSAR-SENTIR-
FALAR e FAZER) no sentido de progressiva adaptação ou ajustamento a uma nova
situação que se ofereça.
A capacidade para desempenhar a nova ação já existe, potencialmente no
organismo. Para que haja aprendizagem é necessário que o aprendiz esteja num estado
de prontidão, isto é, que possua a maturação (sistema nervoso e motor desenvolvidos),
experiência anterior e motivação. O ser humano está sujeito a este processo desde antes
do nascimento, e através das incontáveis experiências com coisas e pessoas.
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APRENDIZAGEM E MOTIVAÇÃO:
Atribuímos também à motivação, tanto a facilidade quanto a dificuldade para
aprender. Também são importantes as condições motivadoras que contribuem para o
sucesso ou o fracasso dos professores ao tentar ensinar algo a seus alunos. Apesar de
dificilmente detectarmos o motivo que subjaz a algum tipo de comportamento, sabemos
que sempre há algum.
A preocupação do professor tem sido a de criar condições para captar o interesse
do aluno. É, então, importante que o professor observe que existem 3 tipos de variáveis
no estudo da motivação.
1. O ambiente
2. As forças internas ao indivíduo (necessidades, interesses)
3. O objeto que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação.
Na base da motivação está sempre um organismo que apresenta uma
necessidade, um interesse, uma vontade, uma predisposição para agir.
Na motivação está também incluído o ambiente que estimula o organismo e que
oferece o objeto de satisfação. E, por fim, na motivação está incluído o objeto que
aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade.
Impõe-se então, desafios ao professor:
- Ter conhecimento das necessidades e interesses dos alunos;
- Propor situações que possam despertar ou mesmo criar necessidades e
interesses;
- Apresentar um objetivo adequado para que haja satisfação;
28. Biodanza na Educação
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Pelas modernas linhas didáticas, o professor tem possibilidade de criar interesse
na medida que:
- propicia a descoberta e o desafio;
- desenvolve atitude de querer saber, como estilo de vida;
- usa linguagem acessível, de fácil compreensão;
- propõe exercícios e tarefas em grau adequado de complexidade.
- dá um conteúdo que tenha utilidade para a vida do aprendiz;
Em relação à situação de ensino-aprendizagem, podemos salientar algumas
motivações inerentes aos alunos, e que devem ser aproveitadas pelo professor em suas
aulas.
- tendência à curiosidade
- tendência à imitação
- tendência ao jogo
- tendência à experimentação
- tendência à cooperação
- tendência à competição
- desejos
- ideais
- hábitos
- atitudes
APRENDIZAGEM E INCENTIVAÇÃO
Estar atento à motivações básicas é importante papel do professor, assim como
também o é, usar incentivos para que a situação de ensino-aprendizagem seja propícia.
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Motivo e incentivo são dupla preocupação para o professor interessado em que o
aluno aprenda.
Há um provérbio árabe que diz “Pode-se levar o cavalo à fonte, mas não pode
fazê-lo beber”. Podemos mostrar-lhe a água, estimulá-lo a beber, mas só o fará se algo
interno o levar a isso.
Incentivação é o processo que consiste em propiciar situações que despertem,
aumentem ou diminuam a motivação que é um processo biopsiquico
Os incentivos podem ser positivos ou negativos.
Negativos – são aqueles que determinam um comportamento de afastamento.
Exemplo: castigos, notas baixas.
Positivos – são aqueles que determinam um comportamento de aproximação.
Exemplo: elogios, prêmios.
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1.6 AFETIVIDADE
Nem todas as teorias da Psicologia consideram a importância da vida afetiva,
dedicando-se, muitas delas, apenas ao estudo da razão, da cognição. O estudo da razão
tem sido privilegiado no interesse do homem e na ciência, pois as emoções e afetos são
vistos como deformadores do conhecimento objetivo.
“ O homem se afirma no mundo objetivo, não só no ato de pensar,
mas com todos os sentidos, até com os sentidos mentais (vontade,
amor e emoção)”. (Sawaia. B 1987)
Portanto, estudar somente alguns aspectos do homem é considerá-lo como um
ser fragmentado.
A AFETIVIDADE DO EDUCADOR
“Toda a educação supõe a presença de dois seres bem concretos: o que
dá e o que recebe, um e outro reunidos num PAR SINGULAR”
(Marchand, 1985)
Segundo Max Marchand, o conteúdo psicológico afetivo do aluno é
freqüentemente resultado da posição sentimental do professor: o autoritário provocará o
temor inibitório no aluno; o que procura se fazer amar provocará no aluno reações de
complacência; aquele que se mostra maldoso despertará sentimentos e atitudes de
oposição que levarão a uma educação contrária à desejada.
Da mesma forma, os educadores colocados em certas condições diante dos
alunos não reagem sentimentalmente da mesma maneira. Uns gostam sinceramente
deles, outros, não. Apenas desejam se fazer amar em proveito próprio.
31. Biodanza na Educação
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As reações sentimentais do professor poderão variar em função de cada aluno,
segundo seus êxitos escolares, seu comportamento, seu caráter. Na prática pedagógica
que coloca frente a frente o professor e o aluno, podem surgir atração ou repulsa como
resultado do confronto de dois caracteres. Todas essas atitudes sentimentais influem
sobre as metodologias, com o risco de alterá-las, e podem provocar no aluno rudes
transformações afetivas mais ou menos desfavoráveis ao ensino. A instrução dada por
um mestre apresenta aspectos emotivos e afetivos que lhe conferem um feitio original e
pessoal, variando, por outro lado, com cada um dos alunos que a recebe, daí o maior
poder de um mestre em relação aos vários métodos didáticos.
Há um elemento importante, nascido desta presença recíproca: a qualidade do
diálogo que se estabelece entre o aluno e o professor na presença concreta de dois seres
colocados em uma dada situação e que cria, entre eles, um liame peculiar, ou os separa
por obstáculos quase intransponíveis.
A educação supõe, assim, desde o primeiro contato com um determinado aluno,
o aparecimento do “PAR AFETIVO”, cuja harmonia ou desacordo leva todo o ensino
para os numerosos caminhos e descaminhos possíveis.
Desejamos uma educação mais franca, onde o educador, um ser entre outros e
como tantos outros, nem melhor, nem pior, apresente-se para seu aluno de rosto
descoberto.
O educador pode alcançar este resultado por meio de uma higiene intelectual e
de uma disciplina AFETIVA tais, que se pode chegar a dizer que cuidar do educador é
muitas vezes, a melhor solução do aluno difícil. É preciso restituir, para além da
habilidade e das técnicas pedagógicas de base científica, toda a dignidade ao sentimento
e à paixão que devem animar todo o professor, quando toma consciência de que é um
educador diferente dos outros, frente a um aluno que não se parece com nenhum outro.
32. Biodanza na Educação
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Somente com esta condição, o educador deixará de se imobilizar no mundo falso da
correção dos deveres, da rotina, da manutenção da disciplina, e olhar o rosto de seus
alunos. Mestres e alunos, libertados desta espécie de jogo ou de farsa escolar, poderão,
desta maneira se encontrarem.
O professor pode ser um facilitador quando:
- aumentar os graus de liberdade de seus alunos, facilitando o sentir, a
consistência de suas qualidades, possibilidades e potencialidades;
- usar a sua intuição, percepção, proteção adequada, dar modelo de limites
adequados, ajuda real, criatividade, amor, afetividade, permissão para
viver, crescer, sentir, nutrir, pensar e permitir que o aluno, seja
trabalhado com um ser inteiro e preparado para a vida, quer no meio físico,
social e psicológico;
- facilitar a liberação do processo de aprendizagem, sem opressão, fruto de
uma pedagogia humana que inclua o dar-se conta, a comunicação e o
contato, permitir que o aluno participe responsavelmente do seu processo;
- estar atento ao nível de aspiração de seu aluno, evitando ou contribuindo
para que não ocorra desapontamento para muitos, perda de ajustamento à
realidade, ensinando-os de que a verdadeira riqueza reside nos seus
recursos íntimos .
1.7 É HORA DE TRANSFORMAR
33. Biodanza na Educação
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A educação é condição básica para a sobrevivência da vida democrática. É por
seu intermédio que o homem assume, de fato, seus direitos de cidadão e desenvolve sua
capacidade de atuar livremente na construção de uma sociedade justa, na qual a
dignidade e a nobreza do ser humano sejam o critério essencial das relações sociais.
“ Se quisermos transformar radicalmente nossas atuais
relações humanas, causadoras de inenarráveis sofrimentos
para o mundo, nossa única e imediata tarefa é a de
transformar-nos pelo autoconhecimento. É voltamos, assim,
ao ponto central, que somos “nós mesmos”, ponto que
evitamos transferindo a responsabilidade para os governos,
as religiões e as ideologias. O governo é o que nós somos;
religiões e ideologias são apenas projeções de nós mesmos
e, enquanto não nos transformarmos fundamentalmente,
não haverá nem educação correta nem um mundo em paz” .
(Krishmamurti, 1992)
Não há, pois, como negar que, numa sociedade democrática, a educação é
prioritária, contudo, realizar essa prioridade é um grande desafio.
Participar de uma proposta de educação para a transformação é participar desse
desafio.
“ Uma educação que pretendesse adaptar o homem estaria matando
suas possibilidades de ação, transformando-o em abelha.
A educação deve estimular a opção e afirmar o homem como
homem. Adaptar é acomodar, não transformar” . Freire (1989)
Para a transformação, é necessário uma mudança na prática política e sócio-
econômica, com a erradicação da miséria, da fome e das desigualdades sociais.
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A transformação também requer uma Escola capaz de garantir a todos a
oportunidade de se educar. E, para concretizar essa proposta básica, estabelecerem-se
como objetivos: - a valorização dos profissionais de educação;
- a melhoria da qualidade do ensino.
A escola a que se propõe é uma Escola aberta à comunidade, democrática em sua
estrutura, no relacionamento professor-aluno e no convívio com a sociedade, tendo
como função principal a preparação para o exercício da cidadania e o oferecimento de
condições de desenvolvimento das potencialidades motoras, intelectuais, criativas e
emocionais do educando.
“ A educação por ela mesma, não fornece nenhuma garantia
de liberdade, mas se não podemos esperar dela a salvação,
existe ao menos a possibilidade de no seu interior, procurar
despertar os homens para o essencial, para a tomada de seu
destino em suas mãos”. (Gadotti, 1987)
Dentro da proposta de educar para transformar, o processo pedagógico não se
restringe à transmissão do saber, mas abrange a formação do caráter do indivíduo, ou
seja: a formação do cidadão consciente dos seus direitos, de sua qualidade de ser
humano, de suas responsabilidades civis, de seus direitos de acesso, conservação e
transformação, difusão e valorização dos bens culturais e dos valores da civilização.
“ Os sistemas, quer educativo, quer político, não se transformam
miraculosamente; só se modificam quando há entre nós
transformação fundamental. O indivíduo é de primordial
importância e não o sistema, e enquanto o indivíduo não
compreender o processo total de si mesmo, nenhum sistema,
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2.1 BIODANZA : UMA POSSIBILIDADE AFETIVA E
EFETIVA DE TRANSFORMAÇÃO
No trabalho que desenvolvi com um grupo de professores, tive como objetivo
mostrar que a Biodanza possui subsídios valiosos sobre a prática de uma pedagogia
humanitária e libertadora, que focaliza o homem como um ser consciente e
transformador; constituindo-se a Biodanza num potente instrumento facilitador de
vivências integradoras e compromissadas com uma sociedade mais fraterna.
“A base conceitual da Biodanza provém de uma meditação sobre
a vida, ou talvez do desespero, do desejo de renascer de nossos
gestos despedaçados, de nossa vazia e estéril estrutura de
repressão. Poderíamos dizer com certeza : da nostalgia do amor.
Mais que uma ciência é uma poética do encontro humano, uma
nova sensibilidade frente à existência”. (Toro, R , 1979).
2.2 SISTEMA BIODANZA
37. Biodanza na Educação
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2.2.1 ORIGEM E CRIADOR
O Sistema Biodanza foi criado por Rolando Toro Araneda, nascido em 1924 no
Chile. Foi docente de Psicopatologia da Arte, Psicologia da Expressão e da Criatividade
no Instituto de Estética da Pontifícia Universidade Católica, em Santiago e, membro
docente do Centro de Antropologia Médica da Escola de Medicina da Universidade do
Chile, além de ser pintor e poeta. Iniciou sua investigação com a Biodanza em 1965, no
Hospital Psiquiátrico de Santiago. Seus primeiros trabalhos foram com pacientes
psiquiátricos, com objetivo de verificar técnica que pudessem servir à humanização da
medicina.
Foi com base nos estudos antropológicos, sobre danças primitivas, que Rolando
Toro, empregando a tríade MOVIMENTO – MÚSICA – VIVÊNCIA e, baseando-se em
suas observações, experiências e reflexões, criou o modelo teórico de Biodanza.
Nas décadas de 70 e 80, introduziu o Sistema Biodanza na Argentina, no Brasil e
em toda a América Latina e Europa. Atualmente é Presidente da Internacional
Biocentric Foundation, residindo no Chile de onde coordena o movimento Biodanza.
2.2.2 EMBASAMENTO TEÓRICO E DEFINIÇÃO
O embasamento teórico do Sistema Biodanza é muito amplo, aprofundado por
pesquisas teóricas e experimentação há longos anos, abarcando, praticamente, vários
setores do conhecimento humano tais como: biologia neurofisiologia , psicologia
humanista, física, antropologia, principio biocêntrico, direitos humanos, ecologia,
educação, música, movimento, etc.
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Segundo Rolando Toro Araneda, a Biodanza “é uma técnica de integração
afetiva, de renovação orgânica e de reaprendizagem de funções originais da vida,
baseada na indução de vivências através da música, do canto e de exercícios de
comunicação em grupo. Mais que uma ciência, é uma poética do encontro humano, uma
nova sensibilidade frente a existência”.
Integração Afetiva – restabelece a unidade perdida entre percepção,
motricidade, afetividade e funções viscerais . O núcleo integrador é a
afetividade que influi sobre os centros reguladores límbicos-hipotalâmicos. A
transformação em Biodanza propõe uma reaprendizagem afetiva, uma
modificação limbico-hipotalâmica.
Renovação orgânica – o estabelecimento da harmonia homeostática (estado
geral de equilíbrio interno, induzida, principalmente, mediante estados
especiais de transe integrativo) que ativam processos de renovação e
regulação global das funções biológicas, protegendo o organismo do estresse.
Reaprendizagem de funções originais da vida – consiste na retroalimentação
do comportamento e do estilo de vida com os instintos básicos (programação
genética). Os instintos têm por objetivo conservar a vida, permitir sua
continuidade e evolução. O desenvolvimento dos potenciais genéticos dentro
de um contexto ecológico, reativa as funções originárias da vida (capacidade
de amor, alegria, coragem de viver).
2.2.3 PROCEDIMENTOS
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38
A técnica da Biodanza consiste na indução de vivências integradoras, (ativação
do núcleo afetivo), mediante a música, a dança e situações de encontros grupais. Seus
elementos básicos são MÚSICA – MOVIMENTO – VIVÊNCIA, que formam uma
estrutura unitária cujos componentes estão em relação dinâmica e possuem um efeito
especifico. As vivências têm em Biodanza a prioridade absoluta, elas induzem
mudanças na regulação visceral, na percepção e nas formas da comunicação humana.
2.2.4 PARADIGMAS
1° - Principio Biocêntrico
A base conceitual da Biodanza provém de uma meditação profunda a
respeito do homem. O paradigma fundamental é o Principio Biocêntrico que tem
como referencial imediato a vida. Inspira-se nas leis universais que conservam os
sistemas viventes e fazem possível sua evolução. Tudo quanto existe no
Universo, sejam elementos, astros, plantas ou animais, incluindo o homem, são
componentes de um sistema vivente maior. O universo existe porque existe a
vida
e o Principio Biocêntrico tem como ponto de partida a vivência de um universo
organizado em função da vida. Surge de uma proposta anterior à cultura e se
nutre da sabedoria biocósmica que gera os processos viventes.
2° - Princípio Neguentrópico de amor e iluminação.
Este principio postula que o sistema vivente humano é capaz de auto-
regulação, a via do acesso é o amor. Mediante sucessivos atos de iluminação
gerados no amor, é possível elevar a qualidade de vida e conduzi-la para seu
máximo esplendor e plenitude.
3° - Expansão da existência a partir do potencial genético.
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A expressão genética é uma rede de interações cujos potenciais estão
altamente diferenciados desde o começo. A Biodanza estimula a expressão
desses potênciais genéticos destinados a conservar o sistema vivente.
4° - Progresso Biológico Auto induzido.
O sistema vivente humano pode induzir processos de diferenciação
mediante a produção de estados de regressão, refundição, renovação. Os
exercícios de Biodanza, podem reforçar a homeostase e os processos de auto-
regulação.
5° - Pulsação da Identidade
A identidade tem uma gênese biológica que vai desde a identidade
imunológica até outras formas de identidade psíquica e comportamental
(identidade sexual, criativa, etc) A identidade não tem estrutura cultural, é
pulsante e manifesta-se no encontro com o outro.
6° - Permeabilidade da Identidade
Ela é permeável à música e à presença do outro, ou seja, a potência
expressiva de nossa identidade pode ser influenciada por situações de encontro e
pelo estímulo musical.
7° - O ponto de partida auto-regulador é a vivência
Os exercícios de Biodanza estão destinados à vivência, que tem poder
auto-regulador em si e leva à percepção intensa e apaixonada de estar vivo aqui e
agora.
2.2.5 LINHAS DE VIVÊNCIAS
41. Biodanza na Educação
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São os canais por onde hão de circular a programação biológica em suas
expressões psicológicas. A elaboração desses impulsos genéticos dá como resultado
funções cada vez mais diferenciadas, tais como as emoções e sentimentos. Sua
diferenciação origina-se das PROTOVIVÊNCIAS (vivências marcantes da primeira
infância) que, por sua vez, se originam da vivência primal, denominada VIVÊNCIA
OCEÂNICA (vivência intra-uterina).
As Linhas da Vivências são:
1 - VITALIDADE - Vivência de força, poder e capacitação junto à espécie. É gerada
no conjunto de funções destinadas a manter o homeostase e atingir os instintos de
conservação, fome, sede, assim como as respostas de luta e fuga. É o ímpeto vital, a
energia que o indivíduo tem para enfrentar o mundo.
2 – SEXUALIDADE – Vivência de vinculação com a espécie. Tem sua gênese nos
complexos mecanismos da diferenciação sexual e das funções das gônadas e genitais.
Atinge o instinto sexual e a função orgásmica, o desejo, a busca do prazer e as
múltiplas emoções envolvidas na produção e satisfação do instinto.
3 – CRIATIVIDADE – Vivência de expressão junto à espécie. Vincula-se com o
instinto exploratório e com impulsos de inovação presentes nos organismos vivos.
Criar-se a si mesmo é colocar criatividade em cada ato.
4 – AFETIVIDADE – Vivência de comunicação e comunhão com a espécie. Relaciona-
se com o instinto de solidariedade da espécie, impulsos gregários, tendências altruístas,
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rituais de vínculo e constituem à gênese do amor, o amor indiscriminado pelo ser
humano.
5 – TRANSCENDÊNCIA – Vivência de fusão com a espécie. Tem uma raiz biológica e
uma infra-estrutura instintiva. A busca de harmonia pela totalidade cósmica é uma
função orgânica, que culmina na experiência mística. O impulso místico é visceral e a
experiência suprema implica profundas mudanças da homeostase. É a capacidade de ir
além do ego e integrar unidades maiores. Três formas de experiências transcendentes
podem ser alcançadas:
Íntase – experiência de identidade consigo mesmo
Orgasmo – fusão erótica
Êxtase – identificação com todas as criaturas, com tudo que vive e com a
totalidade.
O estudo destas relações permite um diagnóstico do mundo vivencial de
qualquer pessoa. Certos indivíduos reforçam durante a sua vida algumas linhas de
vivências às expensas de outras linhas. Se uma delas estiver ausente ou debilitada, o
indivíduo poderá estar enfermo. O saudável é a integração harmônica das cinco linhas
de vivências.
2.3 EDUCAÇÃO, CULTURA, ALIENAÇÃO
43. Biodanza na Educação
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Segundo Rolando Toro, a nossa cultura está pautada numa profunda dissociação
que se projeta patologicamente na educação, realizando um vasto processo de traição à
vida, no qual participam, consciente e inconscientemente, milhares de intelectuais e
pensadores das mais diversas disciplinas, que separam as noções de corpo e alma,
homem e natureza, matéria e energia, indivíduo e sociedade, etc...
O processo da educação começa no ventre materno, com a atitude protetora e
amorosa dos pais. Os cuidados durante o nascimento e no primeiro ano de vida têm uma
força determinante no futuro do ser humano. Os conceitos de Frederic Leboyer, Arnold
Gessel e René Spitz representam uma abertura imensa para a humanidade neste aspecto.
Nas escolas, as crianças deveriam estar em contato direto com a natureza, a terra,
a água, o fogo, o ar puro; com as plantas, as flores e os frutos; com o cultivo agrário,
com os animais; com o canto e com a dança; com a preparação dos alimentos; com a
luta e fuga; com a observação e proteção da natureza. Toro propõe a denominação de
“Educação Selvagem” ao conjunto de todos os procedimentos que podem estimular, na
criança e no adulto, o ciclo dos instintos. Reforçar o instinto para a seleção dos
alimentos em relação com as necessidades orgânicas profundas e saboreá-los,
desfrutando o prazer dos alimentos. Estimular a capacidade de luta e defesa, através de
jogos de combate; estimular a sexualidade natural, através dos contatos e das carícias.
Desenvolver o prazer cenestésico do movimento, mediante exercícios de harmonia,
fluidez, natação orgânica e Biodanza. Ativar a expressão afetiva e criadora, mediante o
canto, os coros primitivos e desenhos. Todos os procedimentos deveriam ser praticados
com a freqüente participação da família, incluindo os avós, dando ao espaço educativo a
forma de uma “Escola Universal”.
“A Educação Selvagem, com base nos instintos, é a única
44. Biodanza na Educação
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43
possibilidade para restaurar os potenciais da vida no
homem e indicar uma civilização para a vida.” (Toro, R, 1980)
2.3.1 IDEOLOGIA E REALIDADE
A Biodanza afirma que o efeito das ideologias é diminuir os níveis de
consciência, levando as pessoas a incorporar um padrão limitado para enfocar o mundo,
condicionando a percepção e modulando as vivências e emoções. O instinto de
solidariedade com a espécie, o instinto sexual e o instinto de conservação podem ser
anulados. Todas as expressões vitais, como o impulso lúdico, a ternura, a
espontaneidade, o amor, a criatividade, podem tornar-se eliminados no plano de
atuação. Percebemos esses efeitos devastadores nas Empresas, nas Instituições, nas
Religiões, na Ciência, na Psicoterapia, na Educação, nos Meios de Comunicação, nas
Ações Políticas, etc ... Ainda podemos perceber a marca desta decadência no descrédito
atual das ideologias políticas.
2.3.2 ASPECTOS SÓCIO-POLÍTICOS
O criador da Biodanza, Rolando Toro, relacionou os seguintes aspectos sócio-
políticos.
1 - A Biodanza se fundamenta numa meditação histórica e sócio-cultural do
homem e da vida.
2 - Esta meditação é convergente com a crítica dos valores e da cultura
contemporânea e das ideologias totalitárias.
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3 - Não é possível conseguir, apenas através de doutrinamentos, a mudança
profunda dos valores, pois tais valores têm raízes profundas na estrutura afetiva da
personalidade.
4 - O fracasso das revoluções sociais se deve ao fato de não haver uma mudança
intrínseca da atitude do homem frente ao homem.
5 - A divisão mais justa de riqueza, que liberaria a humanidade da miséria, só
será possível, quando milhares de pessoas adquirirem uma profunda sensibilidade social
e humana. A pura ideologia não é suficiente.
6 - Não basta liberar o homem da miséria econômica. Também é necessário
liberá-lo de sua miséria afetiva e sexual, de sua pobreza criativa, de sua incapacidade
para desfrutar o prazer de viver
7 - O desejo de viver e ser feliz não é só uma aspiração de ascensão social,
dentro de estilos de vida alienados da sociedade de consumo. É, ao contrário, um dos
impulsos mais vitais de todo o ser humano e a base mais profunda para uma
modificação.
8 - A Biodanza desenvolve nas pessoas a capacidade afetiva indispensável para o
desenvolvimento comunitário
9 - Somente o espirito fraternal não é suficiente. É necessário desenvolver a
vitalidade e a capacidade de luta para realizar as mudanças. A Biodanza dá, portanto,
extrema importância ao desenvolvimento de uma identidade firme e combativa.
10 - As transformações sociais somente podem ter êxito partindo da saúde, não
das neuroses ou de ressentimentos. De outra maneira, a troca social apenas substituiria
uma patologia por outra.
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11 - A Biodanza tem forte repulsa às ideologias idealistas, que separam a alma
do corpo e também pelos que praticam a segregação ideológica.
12 - As trocas sociais não podem ser feitas por decreto senão mediante homens
de melhor qualidade.
13 - Integrar o homem a sua espécie é uma das finalidades da Biodanza.
14 - A experiência e a discriminação ideológica são as principais causas de
retrocesso do progresso social
15 - A Biodanza se fundamenta nas ciências convencionais como a
neurofisiologia, psicologia, sociologia e antropologia, etc e não inclui políticas
religiosas ou mágicas.
2.3.3 BIODANZA: UM CAMINHO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A Biodanza propõe a transformação social a partir da mudança interna. Não
parte de uma ideologia, e sim da transformação do homem. Temos que nos preparar
para a celebração da comunidade humana. Queremos que cada pessoa entre num
processo de consciência do semelhante.
Os que vivenciam Biodanza sentem que não podem mais fazer discriminação
social, nem segregação racial; adquirem uma profunda convicção afetiva : “O que
sucede ao outro sucede também a mim. Seus problemas são meus”.
A Biodanza é um sistema de mudança social. Está centrada na comunidade e não
no cliente. Todos os conflitos pessoais derivam de situações históricos-sociais. O que
47. Biodanza na Educação
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interessa é a transmutação de valores, mais do que a reparentalização. Os valores anti-
vida devem ser substituídos por valores pró-vida. A Biodanza rejeita a guerra, a
discriminação social e econômica, a violação dos direitos humanos, a exploração
capitalista e a violência institucionalizada.. Impugna todo o regime totalitário de
esquerda ou de direita.
A Biodanza propõe uma política de transgressão dos valores anti-vida, se
institucionalizados ou não. Defende os extremos da vida : da criança ao ancião.
( Coletânea de textos - Tomo I-1991- Associação Latino Americana de Biodanza e
Código de Biodanza - Rolando Toro - 1980).
2.3.4 COMO A EDUCAÇÃO EM BIODANZA SE VINCULA COM AS
OUTRAS ABORDAGENS
Historiadores, sociólogos e educadores já afirmaram que “não interessa às elites
coloniais educar a população para não serem incomodados em seus privilégios”
(Berger, 1976), e assim mantê-los numa situação de dependência sócio-cultural,
controlados e manipulados pela Igreja, pela família por ela doutrinada e pelo Estado
absolutista. Entende-se por dependência sócio-cultural a manutenção pelas elites da
ignorância do povo, impedindo o povo de proclamar-se como pessoas autônomas, livres
e senhoras de seus próprios destinos.
Ainda hoje perduram estas questões, demonstrando o descaso das elites com a
educação, com o produto principal do sistema educacional subalimentado por recursos
federais, estaduais e municipais, bem como pelos empresários, fazendo com que os
problemas da educação tornem-se cada vez mais crônicos e de difícil solução.
Tudo isso configura uma situação de subdesenvolvimento cultural e educacional,
que acaba legitimando, não apenas o “status” das desigualdades sociais, mas, também a
48. Biodanza na Educação
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dependência científica, continuando, assim, a educação brasileira a servir aos interesses
das elites econômicas e políticas.
Neste trabalho, objetivando rever as influências políticas e culturais que
marcaram cada contexto histórico e cada momento da sociedade, reportei-me a história
da educação, levando-nos a refletir sobre o poderio das classes dominantes na ação
educativa.
Demonstrou-se a influência da ideologia na Educação, cujo objetivo social é,
geralmente, condicionar o maior número de pessoas, valorizando o conjunto de
idéias
produzidas pelos interesses de uma série de pensadores que apresentam opiniões (ou
juízos) estimulantes para uma reflexão sôbre os princípios, meios e fins do processo
educacional, visando a uma planificação em outros níveis da sociedade. Pretendeu-se,
também, nesta pesquisa, evidenciar quais os caminhos que podem ser seguidos, afim de
se repensar uma outra proposta prática educativa, e propiciar às gerações futuras melhor
compreensão da realidade cultural, social e política do país, levando-os a participar do
processo de construção de novos caminhos para uma transformação social.
A Biodanza propõe a Integração Biocêntrica da Cultura e seu exercício
operacional na Educação, tendo com base o princípio Biocêntrico, definido como: “Um
estilo de sentir e de pensar que tem como ponto de partida e como referência existencial
a vivência e a compreensão dos sistemas viventes”. O princípio Biocêntrico propõe a
vivência de um universo organizado como expressões de vida e não como meios para
alcançar fins antropológicos, sociais, políticos e econômicos. Se as condições sociais e
culturais são anti vida, a proposta da Biodanza é a mudança desses sistemas, não a partir
de ideologias e ações políticas, e sim com o restabelecimento em cada momento, com
nossa própria vida, das condições para a nutrição da vida. Não nos interessa apenas a
consistência ideológica de um homem, e sim, também a sua consistência afetiva e o
exercício do movimento amor, no dizer de Rolando Toro.
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Acrescenta, ainda, o criador da Biodanza que o Princípio Biocêntrico pode
possibilitar a estruturação de novas percepções e de novas ciências. A prioridade do
vivente, a desqualificação das filosofias que buscam uma realidade única, a ilusão do
determinismo físico e o abandono progressivo do pensamento linear para entrar na
percepção topologica e na poética da similaridade.
A educação, como outras Instituições, sofre também a marca da desintegração
oriunda de condutas alienantes e repressoras.
A proposta da Biodanza em Instituições é promover ações transformadoras, e,
em particular, na Educação, por meio de vivências e alicerçadas na expressão da
afetividade.
2.4 AFETIVIDADE EM BIODANZA
A linha da afetividade têm em Biodanza sua expressão privilegiada no amor, As
formas patológicas da afetividade se expressam na destrutividade, na discriminação
social, no racismo, na injustiça e nos impulsos auto-destrutivos.
A afetividade é a expressão da identidade. As pessoas que têm uma identidade
débil são incapazes de amar, têm medo da diversidade, seus vínculos com outras
pessoas são defensivos.
O sentimento de amor à humanidade, expressado em ações, está ligado ao
processo evolutivo da espécie.
O processo que conduz os sentimentos têm uma complexidade crescente. Os
instintos estão imediatamente vinculados à vivência, e as vivências à emoção.
50. Biodanza na Educação
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A gênesis biológica da linha afetiva se relaciona com o instinto de solidariedade
intra-espécie, impulsos gregários, tendências altruístas e rituais de vínculo.
O conceito de afetividade é complexo, porém os fatores estruturais que a
determinam podem ser claramente definidos:
1 - Identidade
A afetividade está profundamente enraizada na identidade de cada indivíduo.
Os transtornos da auto-estima impedem as expressões naturais da afetividade como o
amor, o altruísmo, a amizade e a maternidade.
Os indivíduos cuja identidade está alterada não conseguem “identificar-se” com
o outro, e seu comportamento é defensivo, intolerante ou destrutivo.
A identidade, como sabemos, compromete a unidade do organismo, as funções
orgânicas, o humor endógeno, a percepção e o sentido ético.
2 - Nível de consciência.
A percepção do essencial e o nível de expansão de consciência, vinculam ao
indivíduo, em forma orgânica, ao universo e aos outros seres humanos.
A expansão da consciência permite ao indivíduo vincular-se a tudo aquilo que
está vivo. Suas tendências são de exaltação, e devoção pelo verdadeiro fato de existir,
amor infinito, compreensão e compaixão. As pessoas cujo nível de consciência é baixo
não possuem visão de totalidade e vivem girando em torno de conflitos miseráveis.
3 - Nível de Comunicação.
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Existem formas de comunicação semântica, cujo objetivo é transmitir
informações sôbre fatos cotidianos, comunicação mesclada com frases habituais de
gentileza, porém há um nível de comunicação sutil que é acompanhada de um tom de
sinceridade, uma linguagem de compreensão íntima, um tácito acôrdo e que fala melhor
à alma do que ao intelecto. Nesse nível de comunicação as pessoas se sentem vivas. A
comunicação entre as pessoas possui um componente telepático, uma ressonância
mórfica, nos centros nervosos que elaboram o significado dos gestos e palavras. Na
comunicação essencial que fala Jaspers (citado por Toro, R, 1997), flui a cumplicidade
de viver o instante juntos. A possibilidade de conviver, a comunicação da convivência,
sem ela, não é possível viver.
Se conseguirmos durante a dança, comunicarmos nesse nível sutil,
conseguiremos romper o elo de nossas relações e então, a vida flui.
4 - Ecofatores e antecedentes biográficos.
O nível de afetividade das pessoas parece estar determinado, em parte, por
funções neuroendócrinas.
A afetividade, está determinada por fatores genéticos, fisiológicos, culturais e
ambientais. Somente um estado de expansão da consciência pode regular as relações
humanas, e transcender a maldade que adquire formas monstruosas no consciente
coletivo. A afetividade determina a evolução completa do ser humano, desde a etapa
intra-uterina até a maturidade. A inteligência, a capacidade de aprendizagem, a
memória, a percepção as motivações existenciais têm sua base estrutural na afetividade.
A afetividade é a inteligência biocósmica
A estrutura afetiva, segundo Rolando Toro, constitui, a mais urgente e necessária
investigação atual, em nossa sociedade cuja patologia afetiva é ostensiva. Desenvolver a
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afetividade mediante Biodanza é trabalhar com a música e a dança na raiz nutritiva da
vida.
Os processos de repressão afetiva, de origem cultural, induzem sofrimento e
perturbam gravemente a auto-regulação humana. Muitas enfermidades psicossomáticas
têm sua origem na repressão e na carência afetiva. Os processos de libertação,
induzidos pela Biodanza, geram plenitude existencial, saúde e desta maneira, devem ser
considerados os seguintes aspectos :
1 - Fatores que integram a afetividade:
a) Capacidade de identificação : é sentir o outro como parte de si mesmo.
b) Abertura à diversidade : é compreensão e tolerância diante das diferenças
c) Altruísmo : é a ação pelo bem estar dos outros. Auto-doação
d) Capacidade de vínculo : é a capacidade de comunicação e contato. Sentimento
de profunda ternura. Disposição para dar e receber afeto.
2 - Modêlo de encontro
a) A Biodanza é uma poética do encontro humano, uma cerimônia de
encantamento.
b) No abraço, a energia afetiva que cada um emana se multiplica e muda a
qualidade e a intensidade da energia inicial.
c) O encontro afetivo tem efeitos quânticos de cura, ao mobilizar os centros
límbicos-hipotalâmicos que regulam os órgãos.
d) O encontro afetivo estimula a produção de neuropeptideos e eleva a eficácia
do sistema imunológico.
e) O encontro humano é um ato de sensibilização das funções expressivas e de
comunicação, que põe em ação os circuitos de vínculo de retroalimentação.
f) O encontro humano perfeito é uma cerimônia sagrada de expansão da
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consciência. (Textos originais de Rolando Toro, 1997)
2.4.1 A POSSIBILIDADE DA COMUNICAÇÃO AFETIVA NA RELAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO E A BIODANZA COMO ELEMENTO FACILITADOR
DESTA RELAÇÃO.
Na minha vivência de aluna desde a alfabetização à Universidade e atualmente
como psicóloga e educadora, percebo ser a influência do professor no educando muito
significativa. Seja ela positiva ou negativa pode interferir nas atitudes, na aprendizagem
e na auto-estima do aluno.
Em toda interação ocorre uma influência mútua entre as pessoas. E, na sala de
aula, é óbvio que isso ocorra também na relação professor-aluno. Sendo nossos
comportamentos respostas constantes ao ambiente físico e social, reagimos de acôrdo
com estímulos dados e recebidos que podem ser de aproximação ou de distanciamento.
Um aluno poderá aproximar-se do professor, se essa aproximação for agradável para
ele; o mesmo poderá ocorrer com o professor, pois ambos são dotados de antipatia,
simpatia, amor, ódio, timidez, etc ... O professor, algumas vezes, pode ter a tendência
de rotular os alunos: bonitos, feios, inteligentes, simpáticos, antipáticos, incompetentes,
agressivos, bonzinhos, etc ... Pode, ainda, reagir de acordo com a sua percepção e
critérios de julgamento não condizentes com a realidade. Tais rótulos podem advir de
julgamentos preconceituosos e até levar os alunos a apresentarem condutas de acôrdo
com a atribuição dada pelo professor. Há professores competentes, mas frios no
relacionamento com os alunos. Outros são mais afetuosos, mais justos nas avaliações,
sabem ouvir, são
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amigos e estimulam a participação criativa. Estas são condutas de fundamental
importância para a aprendizagem e a elevação da auto-estima do educando.
Como psicóloga e educadora, desenvolvo um trabalho de orientação aos alunos,
pais e professores do Educandário Sul Americano em Duque de Caxias - RJ, com as
seguintes características:
1a. Etapa : entrevista com os professores que relatam as alterações na área
emocional, as condutas improdutivas, dificuldades na linguagem
oral,
escrita e consequentemente no aprendizado do aluno.
2a. Etapa : entrevista com os pais, onde é pesquisado a história do aluno, bem
como uma avaliação inicial dos mesmos nos seus vários aspectos.
3a. Etapa : entrevista com o aluno e planejamento do atendimento psicológico
de forma individual, ou grupal; encaminhamento, quando
necessário
para profissionais de outras áreas como : neurologista,
fonoaudiologia, oftalmologista, pediatra, etc ... Nesta etapa, também
forneço orientações ao professor.
4a. Etapa : encontro com pais: trabalho de dinâmica de grupo com
informações pertinentes ao desenvolvimento humano como :
estrutura da personalidade, comunicação, intra e interpessoal,
formas positivas e negativas de comunicação e reconhecimento e o
que facilita e dificulta a aprendizagem. Valho-me da teoria básica
da Análise Transacional e também de fantasias dirigidas sobre
a
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relação pais e filhos.
5a. Etapa : encontro com professores: uso a mesma metodologia do encontro
com os pais e uma adaptação nas fantasias dirigidas vinculadas à
relação professor-aluno.
Ao formar um diagnóstico que possibilite pesquisar, refletir e interferir nas
diversas situações que dificultam o desenvolvimento físico, cognitivo, psicomotor e
afetivo do aluno, que atua negativamente no seu aprendizado, procuro direcionar o meu
trabalho para a cura e prevenção. Avalio esses aspectos da seguinte forma:
a) Cura - estar atento às necessidades e ritmos do aluno; facilitar o
desenvolvimento de suas funções cognitivas e integrá-las ao afetivo,
ao conhecimento de si, do outro e do mundo. Com a sua auto-
estima elevada o aluno poderá participar ativamente do seu
processo de aprendizagem de forma satisfatória e prazerosa.
b) Prevenção - um convite aos profissionais da educação (orientadores,
pedagogos e professores) à uma reflexão e à uma redefinição
dos procedimentos pedagógicos. Fazer uma leitura do
desenvolvimento bio-psíquico social do aluno dentro da realidade
em que ele está inserido, compreender suas dificuldades e ter
disponibilidade amorosa para ajudá-los.
Ao orientar e acompanhar esse trabalho, tenho observado que seus resultados, na
maioria dos casos, são satisfatórios. Essas experiências contribuíram também para a
minha crença de que o professor constitui uma figura parental importante para o aluno, e
que a Biodanza pode ser um potente facilitador para um clima afetivo propício nessa
relação tão singular: professor-aluno.
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As idéias de Rolando Toro sobre o que ele denominou de “Educação Selvagem”
são de uma potência afetiva e transformadora, vindo ao encontro de tudo que percebi e
refleti na minha experiência de psicóloga e educadora.
Por estas razões, e para propiciar um salto qualitativo, convidei professores para
a Biodanza, constituindo a meta do meu Projeto Social e os resultados, são a minha
contribuição que apresento nesta monografia.
3.1 Material
O grupo estudado no presente projeto é de professores do magistério público e
privado, do primeiro e segundo graus.
O grupo inicial era de 25 participantes e concluíram 20, que é o material
estudado.
Principais características do grupo:
a) Sexo --- feminino : 18
--- masculino : 02
--- mínima : 20 anos
b) Idade --- média : 42 anos
--- máxima : 54 anos
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c) Nível de escolaridade --- 2.o grau : 05
--- Universitário : 15
d) Tempo de magistério --- mínimo : 02 anos
--- médio : 18 anos
--- máximo : 30 anos
--- não atuantes : 02
e) Participantes do Grupo:
01 - A.G.M; 46 anos, professora dos cursos de 1° e 2° graus, exercendo
magistério há 20 anos, com formação universitária, residente em Duque de
Caxias - RJ.
02 - A.A.G.S.M; 47 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo magistério
há 20 anos, com formação universitária, residente em Duque de Caxias -
RJ.
03 - A.R.A; 34 anos, professor do curso de 2° grau, ainda não exerceu o
magistério, com formação universitária, (concluindo o curso de Psicóloga),
residente em Duque de Caxias - RJ.
04 - E.C.R; 42 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo o magistério há
19 anos, com formação universitária, residente em Duque de Caxias - RJ.
05 - G.S.N; 48 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo o magistério há
25 anos, com formação no 2° grau, residente em Duque de Caxias - RJ.
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06 - H.T.C; 54 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo o magistério há
30 anos, com formação universitária, residente em Duque de Caxias - RJ.
07 - I.R.N; 49 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo magistério ha 30
anos, com formação no 2° grau, residente em Duque de Caxias - RJ.
08 - L.C.F; 50 anos, professora do curso de 1° grau, exerceu o magistério
durante 10 anos e há 17 exerce a função de Supervisora pedagógica, com
formação universitária, residente em Duque de Caxias - RJ.
09 - M.A.F.S; 43 anos, professora do curso de 2° grau, exercendo o magistério
há 24 anos, com formação universitária, residente em Duque de Caxias -
RJ.
10 - M.S.T; 49 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo o magistério há
21 anos, com formação universitária, residente em Duque de Caxias - RJ.
11 - M.F.T; 21 anos, professor do curso de 1° grau, exercendo o magistério há
4 anos, com formação de 2° grau, cursando a Universidade de Educação
Física, residente em São João de Meriti - RJ.
12 - M.T.S.C; 40 anos, professora dos cursos de 1° e 2° graus, exercendo o
magistério há 17 anos, com formação universitária, residente em Vista
Alegra - RJ.
13 - M.M.P; 49 anos, professora dos cursos de 1° e 2° graus, exercendo o
magistério há 26 anos, com formação universitária, residente em Duque de
Caxias - RJ.
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14 - M.L.R; 49 anos, professora do curso de 2° grau, exercendo o magistério
há 25 anos, com formação de 2° grau, com formação universitária e
cursando Psicologia, residente em Duque de Caxias - RJ.
15 - M.C.A.F; 34 anos, professora dos cursos de 1° e 2° graus, exercendo o
magistério há 14 anos, com formação universitária, residente em Duque de
Caxias - RJ.
16 - M.H.T; 46 anos, professora dos cursos de 1° e 2° graus, exercendo
magistério há 23 anos, com formação universitária, residente em Duque de
Caxias - RJ.
17 - M.A.P.S; 48 anos, professora do curso de 1° grau, não exercendo o
magistério, no momento, com formação universitária, residente em Duque
de Caxias - RJ.
18 - P.F.S.S; 33 anos, psicóloga, professora do curso de 1° grau, exercendo o
magistério há 2 anos e meio, com formação universitária, residente em
Duque de Caxias - RJ.
19 - R.A.B.S; 20 anos, professora do curso de 1° grau, exercendo o magistério
há 2 anos, com formação de 2° grau, residente em Duque de Caxias - RJ.
20 - S.M.F; 41 anos, professora do curso de 2° grau, exercendo o magistério há
22 anos, com formação universitária, residente em Duque de Caxias - RJ.
Constam nos anexos I e II respectivamente o modelo da Ficha e da Declaração
de Participação no Projeto.
60. Biodanza na Educação
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3.2 METODOLOGIA
O Projeto visou a experiência em Biodanza com um grupo de professores do 1° e
2° graus. As aulas ocorreram numa dependência do Instituto Marcos Freitas,
estabelecimento de ensino com sede na Rua José de Alvarenga, n. 175 , Centro, Duque
de Caxias, Estado do Rio de Janeiro. As aulas foram semanais, de março à setembro de
1995, com duração de duas horas e meia, e uma Maratona, num total de oitenta e duas
horas.
Como preconiza o Modêlo Teórico de Biodanza (Sistema Rolando Toro) as
aulas foram constituídas de uma parte teórica e outra prática.. Foi incentivado de forma
progressiva os relatos de vivências.
Na parte teórica foram apresentadas os elementos básicos de Biodanza como:
Origem e definição da Biodanza
Procedimentos
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Princípio Biocêntrico
Linhas de vivências
A importância do contato (carícias)
Mecanismos de ação
Afetividade
A parte vivencial foi constituída dos seguintes exercícios com o número de vezes
dado:
Roda inicial – 30
Marcha Sinérgica – 30
Marcha fisiológica – 14
Caminhar a 2 – 23
Caminhar com os braços abertos – 03
Caminhar com determinação – 04
Caminhar a 2 com sincronismo – 03
Caminhar acentuando movimentos de ombros e pelvis – 04
Ritmo I-II-III (vitalidade em 3 movimentos) – 06
Pares cambiantes (jogos de palmas) – 02
Rodas de samba (vitalidade) – 03
Dançar a valsa – 05
Danças expressivas – 03
Danças com sensualidade – 02
Dança do hipopótamo – 06
Dança da garça – 02
Dança da serpente – 02
Dança do tigre – 02
Dança do cavalo – 02
Dança criativa em par (vitalidade) – 07
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Dança de extensão harmônica – 02
Dança Yin – 02
Dança Yang – 02
Dança dos anjos – 01
Dança da amizade – 01
Fluidez em três tempos – 09
Fluidez livre – 08
Elasticidade integrativa – 04
Segmentar de pescoço – 21
Segmentar de ombros – 13
Segmentar de pélvis – 10
Integração dos 3 centros – 08
Segmentar de braços – 06
Segmentar de coluna – 05
Segmentar de pescoço compartilhado – 02
Segmentar de ombros compartilhado - 02
Segmentar de pélvis compartilhado – 02
Rodas de Harmonização – 26
Euforia – 12
Auto-acariciamento do rosto – 02
Auto-acariciamento dos pés – 02
Auto-acariciamento das mãos – 02
Auto-acariciamento de todo o corpo – 05
Auto-acariciamento de mãos ao centro – 05
Acariciamento no rosto para retirar lembranças desagradáveis (em par) – 01
Acariciamento de costas (em par) – 02
Acariciamento do corpo do outro – 03
Acariciamento do outro sussurrando seu nome – 03
Acariciamento dos pés (em par) – 02
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Acariciamento do rosto (regressão ao colo materno) – 06
Escutar o coração do outro – 03
Dar e receber a flor – 08
Flutuação no ammios – 03
Encontros afetivos – 20
Batismo de luz – 03
Reverenciar o outro – 03
Captação e doação de luz – 03
Semente primordial – 01
Encontros fugazes – 01
Grupo compacto – 10
Embalamento – 28
Elevação de identidade – 30
As músicas empregadas foram as recomendadas pelas diversas publicações
oficiais do Modêlo Biodanza .
A preparação das aulas foram orientadas pelo Dr. Paulo Vieira da Costa Lopes,
que deu supervisão no grupo em quatro oportunidades.
Foram distribuídos dois questionários e solicitados dois relatórios de vivências,
com a seguinte distribuição e conteúdo:
1) Questionário : distribuído na 1.a aula, em março:
1) Para você o que significa ser educador ?
2) Quais as maiores dificuldades que você encontra na relação com o aluno ?
64. Biodanza na Educação
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3) Como você se sente diante dessas dificuldades ?
4) Como se caracteriza o seu trabalho ?
5) Quais as expectativas que você tem em relação ao magistério ?
6) O que para você é mais gratificante no magistério ?
7) O que para você é mais desestimulante no magistério ?
8) Que valores éticos devem estar presentes na prática educativa ?
9) Como você situa a relação afetiva do educador no processo ensino-
aprendizagem?
10) Qual o compromisso mais importante do educador com o educando ?
11) Você se sente realizado enquanto profissional de educação ? Por que ?
2) Relatório de vivências (não dirigido) , após oito aulas dadas, solicitado na última
aula de abril.
3) Relatório de vivências: solicitado em julho relatando as dificuldades, êxitos e
mudanças relacionadas às 5 Linhas de Vivências.
4) Questionário no final do Projeto.
1) Como você percebe que a Biodanza está atuando na sua vida pessoal ?
65. Biodanza na Educação
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Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro
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2) Como você percebe que a Biodanza está atuando na sua vida profissional ?
3) Quais as vivências que mais lhe tocaram ?
4) Que significado você dá a esse fato ?
5) Dentro do conceito das Linhas de Vivências quais foram as mudanças mais
observadas em você ?
a) Linha da Vitalidade
b) Linha da Sexualidade
c) Linha da Criatividade
d) Linha da Afetividade
e) Linha da Transcendência
6) Houve constatação dessas mudanças no seu meio social ?
7) Cite as pessoas que sinalizaram para você esse fato.
8) Em geral como você se percebeu como aluno de Biodanza ?
9) Quais foram as suas vivências como aluno de Biodanza ?
10) Como você percebeu a facilitadora de Biodanza ?
11) Avalie as possibilidades da Biodanza nos seguintes aspectos:
a) Na atividade profissional.
b) No relacionamento com os alunos.
c) No relacionamento com os pais dos alunos.
66. Biodanza na Educação
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Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro
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d) No relacionamento com os colegas de profissão.
e) Na reflexão da própria educação.
3.3 ANÁLISE DO MATERIAL
Foi utilizado o método de redução fenomenológica na análise do material, com a
elaboração de quadros onde na primeira coluna a síntese dos conteúdos das respostas e
na segunda coluna, consta o número total do conteúdo das respostas.
1) Para você o que significa ser educador ?
RESPOSTAS N.o
a) Preparar o aluno para a vida.
b) Estabelecer comunicação afetiva.
c) Transmissão de modêlo (do professor).
d) Ser agente de transformação social. 32
e) Introjetar valores.
f) Ser criativo.
g) Ser Intuitivo.
h) Ser vocacionado.
2) Quais as maiores dificuldades que você encontra na relação com o aluno ?
67. Biodanza na Educação
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Escola de Biodanza Rolando Toro do Rio de Janeiro
66
RESPOSTAS N.o
a) Não relatado.
b) Com alunos agressivos, falta de apoio e violência familiar;
irresponsabilidade, desrespeito, desmotivação, imaturidade e baixa estima
do aluno .
32
c) Lecionar para séries iniciantes.
3) Como você se sente diante dessas dificuldades ?
RESPOSTAS N.o
a) Coragem para lutar e prosseguir.
b) Diminuição da auto-estima resultando em desgaste emocional (
frustração,
impotência, constrangimento, ansiedade, etc...).
27
4) Como se caracteriza o seu trabalho ?
RESPOSTAS N.o
a) Orientar a formação geral do aluno fazendo a correlação da grade
curricular com a realidade bio-psíquico-social na qual ele está inserido.
b) Através do vínculo afetivo criar um clima de sinceridade, respeito,
incentivo, doação e troca de experiências .
35
c) Gostar do que faz : ser professor.
5) Quais as expectativas que você têm em relação ao magistério ?
RESPOSTAS N.o