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TÍTULO DA OBRA: PALAVRAS SOFRIDAS




 AUTORA: MÓNICA GODINHO CUNHA

       PSEUDÓNIMO: VÉNUS
Este livro é dedicado ao meu marido e filhos.
Se ao menos pudesse tirar a máscara.
Se eu fosse uma palavra seria Amor



Se eu fosse uma palavra seria Amor

Para resgatar da noite os adormecidos

E dar alento aos que se sentem sós e perdidos.



Se eu fosse uma palavra seria Amor

Para ser vivida com intensidade

E revelar toda a verdade

Escondida no choro da saudade.



Se eu fosse uma palavra seria Amor

Para ser a eleita dos apaixonados

E influenciar todos os fados.

Para ser a musa dos poetas

E despertar a inspiração dos profetas.



Se eu fosse uma palavra seria Amor

Para derrubar as certezas

E despoletar os sonhos.



Se eu fosse uma palavra seria Amor

Para provocar desassossego

Para perturbar o silêncio

E inquietar a alma.
Se eu fosse uma palavra seria amor

Para desafiar a morte e vencer.
Palavra de poeta



O poeta vive de palavras

As palavras são o alimento do poeta.



O poeta dá corpo às palavras

As palavras são a alma do poeta.



O poeta atribui sentido às palavras

As palavras ganham vida nas mãos do poeta.



O poeta reinventa as palavras

As palavras são as musas do poeta.



O poeta sente-se órfão sem palavras

As palavras nascem do poeta.



O poeta ilumina as palavras

As palavras são o sol do poeta.



O poeta faz amor com as palavras

As palavras são as amantes do poeta.
Os Outros



Não compreendem a ternura por detrás do olhar que ficou por trocar

Os outros não sabem quem sou

Não alcançam a verdade da lágrima que ficou por chorar

Os outros não sabem quem sou

Não imaginam a tristeza encerrada no sorriso por esboçar

Os outros não sabem quem sou

Não descortinam a desilusão do sonho que não chegou a ser

Os outros não sabem quem sou

Não adivinham a emoção contida na palavra que ficou por dizer

Os outros não sabem quem sou

Não vêem a beleza escondida no gesto que não chegou a acontecer

Os outros não sabem quem sou

Porque não querem

E nem desconfiam

Que eu também não.
Paz podre



De olhos fechados

Finges que não vês

A pobreza no meio da rua

Em cada esquina a solidão.



De olhos fechados

Finges que não vês

O olhar desabitado de amor

No rosto sulcado pelo sofrimento.



De olhos fechados

Finges que não vês

O luto carregado do poeta

Esvaziado de sonhos.



De olhos fechados

Finges que não vês

A dura desilusão

Da esperança desvanecida.



Abre os olhos

Pára de fingir que não vês.
Ser criança



Ser criança é ser genuíno

É ser espontaneamente verdadeiro

Ser criança é ser puro

É descobrir inocentemente cada emoção

Ser criança é ser alegre

É rir naturalmente de tudo

Ser criança é ser esperança

É trazer no olhar um novo mundo

Ser criança é ser livre

É brincar ao faz de conta

Ser criança é ser futuro

É ser hoje o amanhã.
Quando o poema abana as asas, soltam-se melodias de luz.
Amar-te em segredo não é fácil



Reprimir o desejo de ti

Afastar-te do pensamento

Despir-me da tua pele



Amar-te em segredo não é fácil



Silenciar o eco da tua voz

Apagar-te da memória do meu corpo

Arrancar-te dos meus sonhos



Amar-te em segredo não é fácil



Sofrer rindo da dor de não te ter

Amar negando o sentimento

Sufocar o grito da saudade



Amar-te em segredo não é fácil
Quando a vida desilude

É a ti que regresso

À procura de paz.
Não há amor



Não há amor

Na frieza do olhar escondido

Por mãos vazias

Não há amor

Na dureza da palavra perdida

Na memória esquecida

Não há amor

Na delicadeza do beijo liberto

Por um coração distante

Não há amor

Na pureza do gesto disfarçado

Pela ausência de emoção

Não há amor

Na beleza triste mergulhada

No canto da sereia

Não há amor

Na leveza da carícia solta

Pela indiferença do desejo.
Eu e tu



Entre o mar e o céu

Num lugar incerto

As ondas vieram beijar-nos os pés

O sol inundou-nos de luz

Estás aqui amor

Perto de mim.



Entre o mar e o céu

Num lugar incerto

A lua nos nossos olhos

As estrelas a iluminar o nosso caminho

Estou aqui amor

Junto a ti.



Entre o mar e o céu

Num lugar incerto

A água murmura poesia

As nuvens cobrem-nos de sonhos

Tu e eu aqui

Entre o mar e o céu

Num lugar incerto

Trocamos rosas de fogo.
Trago-te comigo

Nos meus olhos.

E tu nem sabes

Que és o meu olhar.
Falar de amor



Olhos que teimam em falar

Do amor

Que os lábios silenciam.
Esculpido na areia



O nosso amor esculpido na areia

Foi levado pelas ondas

Quando o mar se apaixonou pela areia

E o céu ficou mais perto da terra.
Sombra de luz



És luz e sombra

Sombra de luz.
A outra



Olhas para mim mas não sou eu

Eu sou a outra

Aquela que não vês por mais que olhes.
A solidão da alma dói mais que a do corpo.
Como?


Como é que conseguimos viver num mundo assim?
Num mundo em que as pessoas não se olham, não se sorriem.
Num mundo em que a indiferença é regra e a solidariedade excepção.


Como é que conseguimos viver num mundo assim?
Num mundo em que é mais importante ter do que ser, em que a mentira se sobrepõe à verdade.
Num mundo em que a competitividade vence a amizade.


Como é que conseguimos viver num mundo assim?
Num mundo em que o tempo comanda a vida, e a rotina supera a criatividade.
Num mundo em que a fome é ainda uma realidade.


Como é que conseguimos viver num mundo assim?
Num mundo em que a violência é tolerada, e a justiça apenas uma palavra.
Num mundo em que o amor não vale nada.


Como é que conseguimos viver num mundo assim?
Num mundo em que a solidão é envergonhada, e a diferença sinónimo de marginalidade.
Num mundo onde não existe liberdade.
O Amor está para além das palavras, no silêncio.
Não digas nada

De ti, não quero palavras

Só o som do silêncio.
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Apenas silêncio.

Do silêncio nasce a voz da palavra.

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Palavras Sofridas

  • 1. TÍTULO DA OBRA: PALAVRAS SOFRIDAS AUTORA: MÓNICA GODINHO CUNHA PSEUDÓNIMO: VÉNUS
  • 2. Este livro é dedicado ao meu marido e filhos.
  • 3. Se ao menos pudesse tirar a máscara.
  • 4. Se eu fosse uma palavra seria Amor Se eu fosse uma palavra seria Amor Para resgatar da noite os adormecidos E dar alento aos que se sentem sós e perdidos. Se eu fosse uma palavra seria Amor Para ser vivida com intensidade E revelar toda a verdade Escondida no choro da saudade. Se eu fosse uma palavra seria Amor Para ser a eleita dos apaixonados E influenciar todos os fados. Para ser a musa dos poetas E despertar a inspiração dos profetas. Se eu fosse uma palavra seria Amor Para derrubar as certezas E despoletar os sonhos. Se eu fosse uma palavra seria Amor Para provocar desassossego Para perturbar o silêncio E inquietar a alma.
  • 5. Se eu fosse uma palavra seria amor Para desafiar a morte e vencer.
  • 6. Palavra de poeta O poeta vive de palavras As palavras são o alimento do poeta. O poeta dá corpo às palavras As palavras são a alma do poeta. O poeta atribui sentido às palavras As palavras ganham vida nas mãos do poeta. O poeta reinventa as palavras As palavras são as musas do poeta. O poeta sente-se órfão sem palavras As palavras nascem do poeta. O poeta ilumina as palavras As palavras são o sol do poeta. O poeta faz amor com as palavras As palavras são as amantes do poeta.
  • 7. Os Outros Não compreendem a ternura por detrás do olhar que ficou por trocar Os outros não sabem quem sou Não alcançam a verdade da lágrima que ficou por chorar Os outros não sabem quem sou Não imaginam a tristeza encerrada no sorriso por esboçar Os outros não sabem quem sou Não descortinam a desilusão do sonho que não chegou a ser Os outros não sabem quem sou Não adivinham a emoção contida na palavra que ficou por dizer Os outros não sabem quem sou Não vêem a beleza escondida no gesto que não chegou a acontecer Os outros não sabem quem sou Porque não querem E nem desconfiam Que eu também não.
  • 8. Paz podre De olhos fechados Finges que não vês A pobreza no meio da rua Em cada esquina a solidão. De olhos fechados Finges que não vês O olhar desabitado de amor No rosto sulcado pelo sofrimento. De olhos fechados Finges que não vês O luto carregado do poeta Esvaziado de sonhos. De olhos fechados Finges que não vês A dura desilusão Da esperança desvanecida. Abre os olhos Pára de fingir que não vês.
  • 9. Ser criança Ser criança é ser genuíno É ser espontaneamente verdadeiro Ser criança é ser puro É descobrir inocentemente cada emoção Ser criança é ser alegre É rir naturalmente de tudo Ser criança é ser esperança É trazer no olhar um novo mundo Ser criança é ser livre É brincar ao faz de conta Ser criança é ser futuro É ser hoje o amanhã.
  • 10. Quando o poema abana as asas, soltam-se melodias de luz.
  • 11. Amar-te em segredo não é fácil Reprimir o desejo de ti Afastar-te do pensamento Despir-me da tua pele Amar-te em segredo não é fácil Silenciar o eco da tua voz Apagar-te da memória do meu corpo Arrancar-te dos meus sonhos Amar-te em segredo não é fácil Sofrer rindo da dor de não te ter Amar negando o sentimento Sufocar o grito da saudade Amar-te em segredo não é fácil
  • 12. Quando a vida desilude É a ti que regresso À procura de paz.
  • 13. Não há amor Não há amor Na frieza do olhar escondido Por mãos vazias Não há amor Na dureza da palavra perdida Na memória esquecida Não há amor Na delicadeza do beijo liberto Por um coração distante Não há amor Na pureza do gesto disfarçado Pela ausência de emoção Não há amor Na beleza triste mergulhada No canto da sereia Não há amor Na leveza da carícia solta Pela indiferença do desejo.
  • 14. Eu e tu Entre o mar e o céu Num lugar incerto As ondas vieram beijar-nos os pés O sol inundou-nos de luz Estás aqui amor Perto de mim. Entre o mar e o céu Num lugar incerto A lua nos nossos olhos As estrelas a iluminar o nosso caminho Estou aqui amor Junto a ti. Entre o mar e o céu Num lugar incerto A água murmura poesia As nuvens cobrem-nos de sonhos Tu e eu aqui Entre o mar e o céu Num lugar incerto Trocamos rosas de fogo.
  • 15. Trago-te comigo Nos meus olhos. E tu nem sabes Que és o meu olhar.
  • 16. Falar de amor Olhos que teimam em falar Do amor Que os lábios silenciam.
  • 17. Esculpido na areia O nosso amor esculpido na areia Foi levado pelas ondas Quando o mar se apaixonou pela areia E o céu ficou mais perto da terra.
  • 18. Sombra de luz És luz e sombra Sombra de luz.
  • 19. A outra Olhas para mim mas não sou eu Eu sou a outra Aquela que não vês por mais que olhes.
  • 20. A solidão da alma dói mais que a do corpo.
  • 21. Como? Como é que conseguimos viver num mundo assim? Num mundo em que as pessoas não se olham, não se sorriem. Num mundo em que a indiferença é regra e a solidariedade excepção. Como é que conseguimos viver num mundo assim? Num mundo em que é mais importante ter do que ser, em que a mentira se sobrepõe à verdade. Num mundo em que a competitividade vence a amizade. Como é que conseguimos viver num mundo assim? Num mundo em que o tempo comanda a vida, e a rotina supera a criatividade. Num mundo em que a fome é ainda uma realidade. Como é que conseguimos viver num mundo assim? Num mundo em que a violência é tolerada, e a justiça apenas uma palavra. Num mundo em que o amor não vale nada. Como é que conseguimos viver num mundo assim? Num mundo em que a solidão é envergonhada, e a diferença sinónimo de marginalidade. Num mundo onde não existe liberdade.
  • 22. O Amor está para além das palavras, no silêncio.
  • 23. Não digas nada De ti, não quero palavras Só o som do silêncio.
  • 24. Quero ser silêncio Apenas silêncio. Do silêncio nasce a voz da palavra.