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Personagem Vivo
   - 1985/1991 -




  - Paulo Maia -
Algo no horizonte disfarça o olhar
Fechado se esconde, procurando evitar
Personagem Vivo

                                            Nestas Esquinas
                                                 Amanhecer
                                      Liberdade, Eternidade
                                          Eu E Minha Visão
                                             Rótulo Urbano
                                            Um Falso Lugar
                                                 Revoltalha
                                            Último Momento
                                             Delírio Casual
                                                Personagem
                                Saiba Que Não Está Sozinha
                                              Lógico Cantor
                                           Verdes Temporais
                                                     Levitar
                                     Tudo Numa Só Canção
                                             Cada Vez Mais
                                             Mente Exposta
                                               Corpo Ferido



1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                3
“...e a manhã nasceu azul . Como é bom poder tocar um instrumento”
                                                                       Caetano Veloso




                    1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                    4
Sampa, inverno de 1991




1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.   5
Nestas Esquinas


   Nestas esquinas correm perigo as felinas
Suas vaidades, pecam por suas privacidades
 Sentem a dor, falam de amor, pois é clara e
      ardente, real bem latente, inconsciente

                            Sentimentos, sem amor
                           O que será que buscam?
                                 Outro dia, agonia
                              Berro, choro, alegria

    Falam por elas, ficam nas suas janelas
    Sentem vaidade mas omitem a verdade
   Mundo ideal, acham que a vida é normal
      Mas não sabem que o mundo é aqui



                                      1987 © “Nestas Esquinas”



         1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.        6
Amanhacer


      Um dia o sol virá aquecer                     Fale por mim o que preciso saber
   Este frio que gela nosso viver                   Deixe pro fim um belo amanhecer
     Esta parte nula do coração
Todo o medo que trava a emoção                      Um dia a lua virá anoitecer
                                                    Nosso amor, nossa hora irá aconteer
Peça pra nós um mundo sem dor                       Em pleno leito digno de nós
   Deixe a voz falar só de amor                     Nossos corpos embaixo de lençois

  Nossa mente deixa uma ilusão                      Peça pra nós um mundo sem dor
     Da felicidade, do coração                      Deixe a voz falar só de amor
      A pura real que faz amar                      Fale por mim o que preciso saber
Se amar é mais que mais sonhar                      Deixe pro fim um belo amanhecer




                                     1986 © “Dialeto”



                     1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                     7
Liberdade, Eternidade


 Esperar que a lua traga a nós esta noite                   Esperar que a lua faça cena de novo
      Todo o sonho atrevido no instante                     E as estrelas iluminem seu rosto
Em que os corpos se inflamem de alegria                     E deixem brilhar todo o riso
                E o sexo seja outra folia                   E viva quem queira viver

  Reviver e sentir um dourado no espaço                     Vou dizer: sigo agora os seus passos livres
        Repartir com o tempo o passado                      Escutando sua imaginação
  Onde os nossos horizontes no presente                     Que sempre servirá de lição
              Reflitam o acaso do futuro                    A um mundo acorrentado na ilusão

             Ah! Seja assim a liberdade                     Ah! Seja assim a liberdade
       Ah! Pra quem procura eternidade                      Ah! Pra quem procura eternidade




                                       1990 © “O Instante do Sentido”



                             1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                             8
Eu e Minha Visão


     Hipnotizado pelas luzes
           Viajei nas nuvens
     Que eram cores em vida                     Só por isso senti medo
                                                Vivia cada minuto uma hora
      A paisagem tão exótica                    A hora de que o nada importa
       Tão lúcida, tão lógica
        E um som tão inibido                    Hipnotizado pelo sol
                                                Senti a mais estranha sensação
De repente como num instante                    O mundo dava voltas
As luzes me ofuscaram a visão
   Tão gelada era a escuridão                   E eu parado estava seguro
                                                Seguro eu e minha visão
  As cores que eu via e sentia                  Somente eu e minha visão
 Transformaram-se em negro
         E o meu apelo era...


                              1986 © “Rótulo Urbano”


                 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                9
Rótulo Urbano

               Quero te mostrar criança
Que o mundo não existe se você não o faz                      E que o medo jamais se sente com a gente
        A vida resiste, o instante é outro                    Esqueça as pessoas de tempos atrás
       O futuro insiste em dar o passado
  De tantas lembranças, todas tão iguais                      O nosso rótulo urbano
                                                              Cria artifícios na nossa face
               Em nosso comportamento                         Tão cheia de vícios,
      Já não tem mais visão do momento                        cheia de danos, cheia de tudo
           Sem telepatia, no apartamento                      Um cotidiano um tanto pesado
       A janela vazia nos traz o tormento                     Para os nossos planos
       De tanto mistério de gente demais
                                                              Sem mais, quero deixar você pensar
  Quero te dar o presente e o firmamento                      A flor renascer no nosso prazer
                     De cor transparente                      Um tempo de paz
  Sem nada cinzento, sem nada aparente


                                          1986 © “Rótulo Urbano”


                             1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                            10
Um Falso Lugar

       Reconheço o seu falar                       Muitos vivem na certeza
         No seu tom familiar                       De que o eterno vai vingar
   As palavras descem secas                        Vivem disso passageiros
      Sabem mesmo respirar                         De um falso lugar
Nas paredes pedras mórbidas
            Neste particular                       Na derrota cairemos
                                                   No maldito mal-estar
   Sinto e ouço suas batidas                       Os estímulos do planeta
          Uma idéia singular                       Sabem gesticular
     Paro e penso no devoto                        E na vitória sentiremos
          Pedra fria no altar                      O vazio oscilar
São seis horas, nunca é tarde
          Nesse mesmo lugar                        Muitos vivem na certeza
                                                   De que a fase vai passar
    Esta vida não tem preço                        Morrem nesta, passageiros
   Quase sempre é um tentar                        De um falso lugar

                    1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar”


                 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.               11
Revoltalha

          Acabamos mais uma etapa da nossa missão
         Seguiremos pela estrada resgatando a união                  E matar para viver torna-se cada vez normal
     E que todo o nosso passado, que passe sem parar                 É impossível ver crescer um objetivo social
      Portanto esse espaço será sempre o nosso lugar                 A história não tem fim, é um processo constante
                                                                     E os nossos valores se renovam a todo e a cada
        Os estúpidos humanóides que vivem da guerra                  instante
   Pregam a paz com cinismo por toda a face da terra
   E no velho além-mar, exclusos aliados, fazem festas               E as vozes do povo cantam seus protestos
              pedem glórias por seu estúpido passado                 Na forma de rock’n’roll

         Todo o ar que respiramos, infestado de poeira               “Tudo sem mistério, vaga no ministério
Fere o corpo, objeto orgânico, mas tudo isso é besteira              Carruagens de fogo, abrindo contra o povo
         Na planície bem central, sentados os figurões               O pão de cada dia, velha ideologia”
    Tomam seu núcleo social para suas belas decisões



                                                  1987 © “Final de Século”




                                    1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                               12
Último Momento


          Não me conte mais nada                             Atravesse o oceano
               Esconda sua risada                            Viva bem mais esse ano
    Desperte no seu peito uma dor                            E diga seu adeus ao horror
            Um pouco mais de sal                             Escreva uma carta
              Nesse nosso mingau                             E diga se maltrata
 Mas não tão desse jeito com pavor                           Um fogo acendeu seu valor

                 O sol já vai se pôr                         No nosso apartamento
              Cadê o nosso amor ?                            No último momento
Nossa hora por um instante de calor                          E deite-se comigo on the floor
             A história e seu olhar                          Não pode ser depressa
                “O Velho e o Mar”                            Se existe mais conversa
  Lua quarto minguante sem temor                             Há sempre um perigo de amor

                                 1987 © “Nestas Esquinas”




                        1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                      13
Delírio Casual

       Um pouco de tolice à nossa cabeça
        E que o real nunca nos enlouqueça                  E choramos juntos
       Descobrimos que o mal é uma besta                   Realçamos a pintura dessa tribo
        São animais ferozes soltos na relva                Em choque com os limites
      Das calçadas molhadas de São Paulo
        Do metrô que passa por baixo de ti                 Penso em caminhar um só pouquinho
               Com todos os signos visuais                 Levando comigo o som
                                                           Penso em espantar a tristeza
             Seus sintomas me levam a crer                 E realizar a canção
                          Nos ruídos da TV                 E o reinado da sorte, lança a visão
       Nos soldados a cavalo que passeiam                  Dos guerreiros da morte, da paixão
                   E não percebem a chuva
             Não pisam no solo que é terra                 O raiar da sedução
          No vida comum, no bojo da terra                  Encosta o corpo na parede
            Prédios que incendeiam a noite                 E as delícias do tesão
                                                           Caem tudo na mesma rede
                Sente-se no topo do mundo                  A fiel encarnação do amor é febril
                E faça-me rir, faça-me feliz               Fecha a mente, cala a boca no vazio
Neste gigantesco oásis bem no meio do país

                               1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar”
                            1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                     14
Personagem



                            “Há um charme discreto que nos diz:
                             ‘A fiel encarnação do amor é febril
                            Fecha a mente, cala a boca no vazio’”
Era melhor pensar que o ato nunca acabaria                     Destoando na paisagem sem pudor
     E que o nosso passado jamais chegaria                     Estamos calados exigindo mais rigor
           Passar o tempo todo emocionados                     Nosso tempo vai notar o nosso andar
   Pelo fato de estamos sempre desocupados                     E decidir quando devemos parar

                      Mas tudo aconteceu                       Um movimento certo virá desafiar
               Era mesmo um tempo meu ?                        O incômodo do medo de nos lançar
                  Não quis ficar para o fim                    A qualquer flerte interessante
          O nosso sonho não era bem assim                      Leve, inocente e excitante


                                         1991 © “Personagem Vivo”



                              1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                       15
Saiba Que Não Está Sozinha




Assustada, com tudo o que viu     Novamente a sombra voltou                        Amanheceu, você sentiu
           Não sorriu, calada      A dor retornou de repente                       Agora sorriu, o lábio seu
  Tão dura a dor que se sente       Saber que a vida refez                         Nascer com o sol, alegria
    Maduro, amor, sua mente         Viver a ferida outra vez                       Morrer sem a dor que teria

   Saiba que não está sozinha      Saiba que não está sozinha                      Saiba que não está sozinha




                                    1985 © “…últimas palavras para você…”




                                1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                                16
Lógico Cantor


Acabaram-se os passos e eu não o conhecia mais
    Vieram de outros lados;Mas vieram imortais
                                                           Não perca seu espaço, reforce seu calor
                                                           Reative sua voz, meu lógico cantor
E sempre há desculpas, desculpas a mim mesmo
              Não posso aceitar seus segredos
                                                           O sangue vagueia pelas veias de seu corpo
                                                           E cruzam quase sempre algum caminho torto
 Quando descartam flores recarregam o seu fuzil
      Começam os rumores de uma era vã e vil
                                                           E sempre há mentira, mentiras originais
                                                           Vivemos aceitando prazeres marginais
        E sempre há retalhos, retalhos da moral
                Não posso acreditar no normal
                                                           Não perca seu espaço, reforce seu calor
                                                           Reative sua voz, meu lógico cantor


                                          1990 © “O Instante do Sentido”

                                1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                       17
Verdes Temporais


Ah! Nestes vales verdes                       O universo quente
    Quantos temporais                         Verdes temporais
         Nesta fortaleza                      Quis revigorar
        Quanta solidão                        A imaginação
  Um espaço no tempo                          Que voa no sonho
   Refletindo um sonho                        Desse espaço no tempo
Eu sempre quis lhe dar                        Que tem esta canção
       Minha juventude                        Uma palavra forte
         Quis revigorar                       Fortalece a paixão
    Nestes vales verdes                       Que sinto por você
       No meu coração                         Nestes temporais
    Passou-se o tempo                         Quis iluminar
      E fiz esta canção                       Minha lucidez
 E quis cantar pra você                       Sabendo o porquê
                                              De te amar

              1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar”



           1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.           18
Levitar

        Dizer coisas tristes, falar de amores
     São tantas as vezes que me vejo assim
    No escuro não falo, no silêncio não vejo
         Minhas poucas palavras no desejo

Te procuro não sei onde, me imagino perdido
         Mas sei que abro os olhos onde piso
   Se talvez me escuta, me entende o possível
            Não guardo segredos no invisível

     Me coloco num jogo do vazio e abstrato
           Procuro estar onde ninguém está
     Minha fala corrente não espera o medo
              As palavras jogadas no tempo

            Quero ir agora e viver uma saída
                     E tirar meu peito do frio
                                    Do frio...

                      1990 © “O Instante do Sentido”

         1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.         19
Tudo Numa Só Canção


        Liberdade, grande farsa, uma ilusão
          Na cidade muita gente sem direção
    Não estamos se entregando a um coração
     Estamos seguindo tudo numa só canção

           Juventude, uma idade em mutação
          Atitudes muitas delas sem intenção
Sem coragem, caminhando sem os pés no chão
      Estamos seguindo tudo numa só canção

          Sociedade, hipocrisia na população
       Na verdade ninguém conhece sua lição
         Destruindo o que foi feito com união
      Estamos seguindo tudo numa só canção



                           1986 © “Rótulo Urbano”


          1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.   20
Cada Vez Mais
Abrindo as portas do deserto
Exorcizando todos os mistérios
Reduzindo o caos
Viajando no incerto
Vazio                     Atitudes no olhar
Cada vez mais           Festejando no sonhar
Fácil               Quando vencidas as tentações
                     Reparamos nossas direções
                               E tudo            Gerações do passado
                            Cada vez mais         Corações atrasados
                                Alívio           Todas essas mutações
                                                 Pardas claras ilusões
                                                              E o jogo
                                                        Cada vez mais
                                                               Aberto

                           1990 © “O Instante do Sentido”



                  1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.       21
Mente Exposta




              Acontece uma em zil vezes                         Anoitece e o sol já se foi
    Admirar o amor quando este aparece                          Que história é essa meu amor ?
             Sentir arrepios, medo, suar                        O corpo está sozinho e eu já não sinto
     Gerar emoções quando o sol chegar                          o toque da poesia nas minhas mãos

              Delirar é estar com a mente                       Acontece um milhão de vezes suportar
exposta às sensações que o mundo oferece                        a dor quando esta vem sem avisar
                   A loucura se manifesta                       Rabiscar as velhas linhas e encontrar
              Os olhos observam o espaço                        um caminho bem mais vulgar
                       Pensando em ficar




                                1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar”



                             1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                            22
O que eu posso dizer a você ? Tudo é cinza e nada é seguro
            Minha vida se prontificou a desenhar todo o meu futuro               Corpo Ferido
  Minha promessa de Paz e Espírito, é transporte ao meu pensamento
            Dou-lhe todos os meus sentidos: claro, auditivo e atento

                                       É o corpo ferido e nada mais
                                Faça seu tempo (enquanto há tempo)
                                                        Faça viver !

Estou no fim das últimas linhas de mais uma página da minha história
       Sentimentos, amores, verdades, fazem parte de toda a memória
            Eu conheço todo o infinito que para mim não surpreendeu
         É o traço da minha vontade em aceitar tudo o que não é meu

                                        É o corpo ferido e nada mais
                                    Faça seu tempo (se houver tempo)
                                                         Faça viver !

                                  Corro, eu morro, eu vivo, eu canto
                                 O mundo precisa de mais um poeta
                O discurso é o que importa para toda a minha coleta
            Na verdade eu não posso dizer o que sinto nesse universo
      Dar sentido a quem entender por mais longe que se esteja perto

                                        É o corpo ferido e nada mais
                                    Faça seu tempo (dentro do tempo)
                                                         Faça viver !            1987 © “Final de Século”


                              1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.                              23
Personagem Vivo - 1985/1991 -
Todas as letras são de autoria de Paulo Maia




        1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.   24

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  • 1. Personagem Vivo - 1985/1991 - - Paulo Maia -
  • 2. Algo no horizonte disfarça o olhar Fechado se esconde, procurando evitar
  • 3. Personagem Vivo Nestas Esquinas Amanhecer Liberdade, Eternidade Eu E Minha Visão Rótulo Urbano Um Falso Lugar Revoltalha Último Momento Delírio Casual Personagem Saiba Que Não Está Sozinha Lógico Cantor Verdes Temporais Levitar Tudo Numa Só Canção Cada Vez Mais Mente Exposta Corpo Ferido 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 3
  • 4. “...e a manhã nasceu azul . Como é bom poder tocar um instrumento” Caetano Veloso 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 4
  • 5. Sampa, inverno de 1991 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 5
  • 6. Nestas Esquinas Nestas esquinas correm perigo as felinas Suas vaidades, pecam por suas privacidades Sentem a dor, falam de amor, pois é clara e ardente, real bem latente, inconsciente Sentimentos, sem amor O que será que buscam? Outro dia, agonia Berro, choro, alegria Falam por elas, ficam nas suas janelas Sentem vaidade mas omitem a verdade Mundo ideal, acham que a vida é normal Mas não sabem que o mundo é aqui 1987 © “Nestas Esquinas” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 6
  • 7. Amanhacer Um dia o sol virá aquecer Fale por mim o que preciso saber Este frio que gela nosso viver Deixe pro fim um belo amanhecer Esta parte nula do coração Todo o medo que trava a emoção Um dia a lua virá anoitecer Nosso amor, nossa hora irá aconteer Peça pra nós um mundo sem dor Em pleno leito digno de nós Deixe a voz falar só de amor Nossos corpos embaixo de lençois Nossa mente deixa uma ilusão Peça pra nós um mundo sem dor Da felicidade, do coração Deixe a voz falar só de amor A pura real que faz amar Fale por mim o que preciso saber Se amar é mais que mais sonhar Deixe pro fim um belo amanhecer 1986 © “Dialeto” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 7
  • 8. Liberdade, Eternidade Esperar que a lua traga a nós esta noite Esperar que a lua faça cena de novo Todo o sonho atrevido no instante E as estrelas iluminem seu rosto Em que os corpos se inflamem de alegria E deixem brilhar todo o riso E o sexo seja outra folia E viva quem queira viver Reviver e sentir um dourado no espaço Vou dizer: sigo agora os seus passos livres Repartir com o tempo o passado Escutando sua imaginação Onde os nossos horizontes no presente Que sempre servirá de lição Reflitam o acaso do futuro A um mundo acorrentado na ilusão Ah! Seja assim a liberdade Ah! Seja assim a liberdade Ah! Pra quem procura eternidade Ah! Pra quem procura eternidade 1990 © “O Instante do Sentido” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 8
  • 9. Eu e Minha Visão Hipnotizado pelas luzes Viajei nas nuvens Que eram cores em vida Só por isso senti medo Vivia cada minuto uma hora A paisagem tão exótica A hora de que o nada importa Tão lúcida, tão lógica E um som tão inibido Hipnotizado pelo sol Senti a mais estranha sensação De repente como num instante O mundo dava voltas As luzes me ofuscaram a visão Tão gelada era a escuridão E eu parado estava seguro Seguro eu e minha visão As cores que eu via e sentia Somente eu e minha visão Transformaram-se em negro E o meu apelo era... 1986 © “Rótulo Urbano” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 9
  • 10. Rótulo Urbano Quero te mostrar criança Que o mundo não existe se você não o faz E que o medo jamais se sente com a gente A vida resiste, o instante é outro Esqueça as pessoas de tempos atrás O futuro insiste em dar o passado De tantas lembranças, todas tão iguais O nosso rótulo urbano Cria artifícios na nossa face Em nosso comportamento Tão cheia de vícios, Já não tem mais visão do momento cheia de danos, cheia de tudo Sem telepatia, no apartamento Um cotidiano um tanto pesado A janela vazia nos traz o tormento Para os nossos planos De tanto mistério de gente demais Sem mais, quero deixar você pensar Quero te dar o presente e o firmamento A flor renascer no nosso prazer De cor transparente Um tempo de paz Sem nada cinzento, sem nada aparente 1986 © “Rótulo Urbano” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 10
  • 11. Um Falso Lugar Reconheço o seu falar Muitos vivem na certeza No seu tom familiar De que o eterno vai vingar As palavras descem secas Vivem disso passageiros Sabem mesmo respirar De um falso lugar Nas paredes pedras mórbidas Neste particular Na derrota cairemos No maldito mal-estar Sinto e ouço suas batidas Os estímulos do planeta Uma idéia singular Sabem gesticular Paro e penso no devoto E na vitória sentiremos Pedra fria no altar O vazio oscilar São seis horas, nunca é tarde Nesse mesmo lugar Muitos vivem na certeza De que a fase vai passar Esta vida não tem preço Morrem nesta, passageiros Quase sempre é um tentar De um falso lugar 1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 11
  • 12. Revoltalha Acabamos mais uma etapa da nossa missão Seguiremos pela estrada resgatando a união E matar para viver torna-se cada vez normal E que todo o nosso passado, que passe sem parar É impossível ver crescer um objetivo social Portanto esse espaço será sempre o nosso lugar A história não tem fim, é um processo constante E os nossos valores se renovam a todo e a cada Os estúpidos humanóides que vivem da guerra instante Pregam a paz com cinismo por toda a face da terra E no velho além-mar, exclusos aliados, fazem festas E as vozes do povo cantam seus protestos pedem glórias por seu estúpido passado Na forma de rock’n’roll Todo o ar que respiramos, infestado de poeira “Tudo sem mistério, vaga no ministério Fere o corpo, objeto orgânico, mas tudo isso é besteira Carruagens de fogo, abrindo contra o povo Na planície bem central, sentados os figurões O pão de cada dia, velha ideologia” Tomam seu núcleo social para suas belas decisões 1987 © “Final de Século” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 12
  • 13. Último Momento Não me conte mais nada Atravesse o oceano Esconda sua risada Viva bem mais esse ano Desperte no seu peito uma dor E diga seu adeus ao horror Um pouco mais de sal Escreva uma carta Nesse nosso mingau E diga se maltrata Mas não tão desse jeito com pavor Um fogo acendeu seu valor O sol já vai se pôr No nosso apartamento Cadê o nosso amor ? No último momento Nossa hora por um instante de calor E deite-se comigo on the floor A história e seu olhar Não pode ser depressa “O Velho e o Mar” Se existe mais conversa Lua quarto minguante sem temor Há sempre um perigo de amor 1987 © “Nestas Esquinas” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 13
  • 14. Delírio Casual Um pouco de tolice à nossa cabeça E que o real nunca nos enlouqueça E choramos juntos Descobrimos que o mal é uma besta Realçamos a pintura dessa tribo São animais ferozes soltos na relva Em choque com os limites Das calçadas molhadas de São Paulo Do metrô que passa por baixo de ti Penso em caminhar um só pouquinho Com todos os signos visuais Levando comigo o som Penso em espantar a tristeza Seus sintomas me levam a crer E realizar a canção Nos ruídos da TV E o reinado da sorte, lança a visão Nos soldados a cavalo que passeiam Dos guerreiros da morte, da paixão E não percebem a chuva Não pisam no solo que é terra O raiar da sedução No vida comum, no bojo da terra Encosta o corpo na parede Prédios que incendeiam a noite E as delícias do tesão Caem tudo na mesma rede Sente-se no topo do mundo A fiel encarnação do amor é febril E faça-me rir, faça-me feliz Fecha a mente, cala a boca no vazio Neste gigantesco oásis bem no meio do país 1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 14
  • 15. Personagem “Há um charme discreto que nos diz: ‘A fiel encarnação do amor é febril Fecha a mente, cala a boca no vazio’” Era melhor pensar que o ato nunca acabaria Destoando na paisagem sem pudor E que o nosso passado jamais chegaria Estamos calados exigindo mais rigor Passar o tempo todo emocionados Nosso tempo vai notar o nosso andar Pelo fato de estamos sempre desocupados E decidir quando devemos parar Mas tudo aconteceu Um movimento certo virá desafiar Era mesmo um tempo meu ? O incômodo do medo de nos lançar Não quis ficar para o fim A qualquer flerte interessante O nosso sonho não era bem assim Leve, inocente e excitante 1991 © “Personagem Vivo” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 15
  • 16. Saiba Que Não Está Sozinha Assustada, com tudo o que viu Novamente a sombra voltou Amanheceu, você sentiu Não sorriu, calada A dor retornou de repente Agora sorriu, o lábio seu Tão dura a dor que se sente Saber que a vida refez Nascer com o sol, alegria Maduro, amor, sua mente Viver a ferida outra vez Morrer sem a dor que teria Saiba que não está sozinha Saiba que não está sozinha Saiba que não está sozinha 1985 © “…últimas palavras para você…” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 16
  • 17. Lógico Cantor Acabaram-se os passos e eu não o conhecia mais Vieram de outros lados;Mas vieram imortais Não perca seu espaço, reforce seu calor Reative sua voz, meu lógico cantor E sempre há desculpas, desculpas a mim mesmo Não posso aceitar seus segredos O sangue vagueia pelas veias de seu corpo E cruzam quase sempre algum caminho torto Quando descartam flores recarregam o seu fuzil Começam os rumores de uma era vã e vil E sempre há mentira, mentiras originais Vivemos aceitando prazeres marginais E sempre há retalhos, retalhos da moral Não posso acreditar no normal Não perca seu espaço, reforce seu calor Reative sua voz, meu lógico cantor 1990 © “O Instante do Sentido” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 17
  • 18. Verdes Temporais Ah! Nestes vales verdes O universo quente Quantos temporais Verdes temporais Nesta fortaleza Quis revigorar Quanta solidão A imaginação Um espaço no tempo Que voa no sonho Refletindo um sonho Desse espaço no tempo Eu sempre quis lhe dar Que tem esta canção Minha juventude Uma palavra forte Quis revigorar Fortalece a paixão Nestes vales verdes Que sinto por você No meu coração Nestes temporais Passou-se o tempo Quis iluminar E fiz esta canção Minha lucidez E quis cantar pra você Sabendo o porquê De te amar 1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 18
  • 19. Levitar Dizer coisas tristes, falar de amores São tantas as vezes que me vejo assim No escuro não falo, no silêncio não vejo Minhas poucas palavras no desejo Te procuro não sei onde, me imagino perdido Mas sei que abro os olhos onde piso Se talvez me escuta, me entende o possível Não guardo segredos no invisível Me coloco num jogo do vazio e abstrato Procuro estar onde ninguém está Minha fala corrente não espera o medo As palavras jogadas no tempo Quero ir agora e viver uma saída E tirar meu peito do frio Do frio... 1990 © “O Instante do Sentido” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 19
  • 20. Tudo Numa Só Canção Liberdade, grande farsa, uma ilusão Na cidade muita gente sem direção Não estamos se entregando a um coração Estamos seguindo tudo numa só canção Juventude, uma idade em mutação Atitudes muitas delas sem intenção Sem coragem, caminhando sem os pés no chão Estamos seguindo tudo numa só canção Sociedade, hipocrisia na população Na verdade ninguém conhece sua lição Destruindo o que foi feito com união Estamos seguindo tudo numa só canção 1986 © “Rótulo Urbano” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 20
  • 21. Cada Vez Mais Abrindo as portas do deserto Exorcizando todos os mistérios Reduzindo o caos Viajando no incerto Vazio Atitudes no olhar Cada vez mais Festejando no sonhar Fácil Quando vencidas as tentações Reparamos nossas direções E tudo Gerações do passado Cada vez mais Corações atrasados Alívio Todas essas mutações Pardas claras ilusões E o jogo Cada vez mais Aberto 1990 © “O Instante do Sentido” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 21
  • 22. Mente Exposta Acontece uma em zil vezes Anoitece e o sol já se foi Admirar o amor quando este aparece Que história é essa meu amor ? Sentir arrepios, medo, suar O corpo está sozinho e eu já não sinto Gerar emoções quando o sol chegar o toque da poesia nas minhas mãos Delirar é estar com a mente Acontece um milhão de vezes suportar exposta às sensações que o mundo oferece a dor quando esta vem sem avisar A loucura se manifesta Rabiscar as velhas linhas e encontrar Os olhos observam o espaço um caminho bem mais vulgar Pensando em ficar 1988 © “Passageiro de Um Falso Lugar” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 22
  • 23. O que eu posso dizer a você ? Tudo é cinza e nada é seguro Minha vida se prontificou a desenhar todo o meu futuro Corpo Ferido Minha promessa de Paz e Espírito, é transporte ao meu pensamento Dou-lhe todos os meus sentidos: claro, auditivo e atento É o corpo ferido e nada mais Faça seu tempo (enquanto há tempo) Faça viver ! Estou no fim das últimas linhas de mais uma página da minha história Sentimentos, amores, verdades, fazem parte de toda a memória Eu conheço todo o infinito que para mim não surpreendeu É o traço da minha vontade em aceitar tudo o que não é meu É o corpo ferido e nada mais Faça seu tempo (se houver tempo) Faça viver ! Corro, eu morro, eu vivo, eu canto O mundo precisa de mais um poeta O discurso é o que importa para toda a minha coleta Na verdade eu não posso dizer o que sinto nesse universo Dar sentido a quem entender por mais longe que se esteja perto É o corpo ferido e nada mais Faça seu tempo (dentro do tempo) Faça viver ! 1987 © “Final de Século” 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 23
  • 24. Personagem Vivo - 1985/1991 - Todas as letras são de autoria de Paulo Maia 1991 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados. 24