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                                  Salomão (O anjo das asas de aço).

                                  Eu vi um anjo, e ele estava armado.
                                  Despencou do céu com suas asas de
                                  aço. Cantou a rebeldia no paraíso, por
                                  isso foi enviado. Eu vi um anjo, e ele
                                  estava armado. E nas noites escuras e
                                  frias sobrevoa a periferia e com seu
                                  canto rebelde e seu olhar triste, semeia
                                  o ódio contra a burguesia e enquanto
                                  houver tirania, para o céu não vai mais
                        E-Book
                                  voltar. Eu vi um anjo e ele estava
                                  armado.
   Meio Terno, meio demolidor.

Primeira Edição: Março de 2012.   Eu não sou a parte do povo que cala.
                 Não comercial.   Eu sou a fala da parte calada do povo.
http://poetaurbanobrasil.blogsp
                                  Poeta Urbano.
                    ot.com.br/
Poesia pra justificar o injustificável

           Pensei que tinha direito à beleza
                                      beleza,
           arranquei a flor
            rranquei
           e levei para casa
                        casa.
           Quis só pra mim o seu perfume
           E ela não suportou
                     suportou.
Não resistiu ao jarro
No qual eu quis mantê
                  mantê-la,
apesar de todos os cuidados
 pesar
e dedicação de um jardineiro
leal e atencioso.
Hoje a vejo perfumando
outras mãos e olfatos
 utras          olfatos,
e sofro.
Mas, não ouso mais
cometer o mesmo erro
 ometer             erro.
Agora, sempre desvio de jardins
e renuncio a beleza das flores
                          flores.
já que do meu ato
só me ficaram espinhos.
 ó
Poeta Urbano.



É poesia, teu jeito de ser!
Tua beleza e doçura
emprestam humanidade
e ternura aos meus dias
já meio embrutecidos.
E quase me convencem
de que pétalas de rosa
e cânticos de homenagem à vida
podem conviver harmoniosamente
com o criptar de metralhadoras insurgentes.
E vou dormir "muito mais gente" do que a horas atrás.
Um salve carinhoso,

Poeta Urbano.

                                                        1
"Oxigenação" do sonho
Acredito que é possível mudar as coisas,
sacudir o mofo e despojar os cadáveres
da teoria clássica. Rendendo homenagens
a seus feitos e contribuições e rompendo com
a “religiosidade” das intenções.

Cheira a naftalina a retórica ortodoxa do “esquerdista doente”
e do neoliberal facínora.

E penso com a cabeça comprometida com o estômago de meu povo
e com o sonho socialista de um mundo novo: “É quase uma vida,
cem por cento no jogo.”

Não vejo caminhões carregados de armas
ou munição “encostando” nos escritórios
e comitês dos partidos e grupos autoproclamados
mestres da radicalidade e da verdade absolutizada,
com suas “Bíblias - Manifesto” nas mãos agitadas
que se movem espalmadas em reuniões fechadas
da cúpula “de coisa alguma” que dirige o processo “do nada”
que ora se instala em seu coração militante.

E chego a questionar se estou do lado da razão?

Então o iluminismo me assombra e me faz afastar da mente
a soberba convicção.

Palavras-de-ordem desconexas dos anseios e desejos
populares a mim parecem “espinhar” a memória de Lênin
e nos lançar no fundamentalismo cego.

Reviro a biblioteca em busca de qualquer base,
qualquer fonte que “desanuvie” o pensamento e explique tanta panaceia.

E só Guy Debord me parece exato.

Gramsci atualiza o roteiro. E o cenário se ilumina
em muitos atos sem intervalo ou cortinas.
Enquanto em mesas de bares, a “Frente Etílica Pseudo Revolucionária”
entre copos e análises torpes da conjuntura mundial globalizada,
mancha seu paredão imaginário com meu sangue e minha história.

Penso na Rússia stalinista e nos “rios de sangue”
de sinceros comunistas, derramados por sobre o sonho
em nome do sectarismo e da expropriação do poder ao povo.

Revisito Marx desde seu tempo. Bebo na fonte: A dialética.
E até em Hegel eu tento me apegar.
Olho de novo as bandeiras ao vento
e me convenço que se faz urgente
Uma Nova cultura de Movimento.

Poeta Urbano.

                                                                         2
Bate-Bola



Extorsão                                       Realização
Contra a vida real                             Tombar no front
E o sentimento sincero.                        de armas nas mãos.

Distorção                                      Emoção
Do que penso que preciso                       Mais o choro
ou do que mais quero.                          que o riso,
                                               mais lamentos
Maldição                                       que comemoração.
A consciência que fustiga a razão
e me tira o acesso a todos os ópios            Lição
E fugas.                                       Não adianta desesperar
                                               e nem chamar pela razão.
Solidão                                        Ou esperar compaixão
Em ruas cheias,                                do opressor.
cidades agitadas                               O correto é ir pra frente
e almas vazias.                                e pra cima.
                                               Para o combate. Sempre!
Reação
Proporcional à dor que sinto                   Tensão
e as razões pelas quais                        É o solvente
eu minto.                                      da minha vida
                                               e a companhia
Compaixão                                      em toda ação.
Pelas criaturas
geradas pela desatenção                        Frustração
e pela libido incontrolada.                    Não conseguir
                                               comunicar
Decepção                                       para quem eu gostaria
Com o pouco tempo                              que entendesse,
que a história nos reserva.                    o que faço,
                                               e por qual razão.
Perdão
Por ter vindo aqui                             Um sim
e não mudado quase nada.                       Pra tudo que vivi e vivo.

Paixão                                         E um não
Pela luta até o fim.                           Pra condição mediana
                                               que limita meu intelecto.




                                      PoetaUrbano.




                                                                           3
Justiça Sertaneja




                                      Cheira a pólvora
                                         o ar quente que invade a sombra.
                                          A água clara da cacimba é fria.
                                          O Caxitoré de areias brancas
                                          conta a lenda do caboclo bravo.
                                          E quando vem a noite,
                                         violas e repente fazem a trilha
                                       para o balé de estrelas cadentes.
                                    Hoje distante e por entre as grades,
                                sobre a pedra da cela suja,
ele observa o vulto tosco
do movimento lento da lua.
Ficou no tempo, longe e esquecida,
a felicidade, a terra sua.
O sangue de um desgraçado
estuprador e assassino
lhe custou a liberdade,
lhe mudou todo o destino.
                                Era a dor contra o dinheiro,
                                      e se fez defunto,
                                        o filho do fazendeiro.
                                          Fez-se viúvo,
                                            o cabra guerreiro.
                                            Se fez lembrança a sua amada,
                                            se fez tristeza a caminhada,
                                          se fez frangalhos da sua vida.
                                        Fez-se poesia, a sua saga.
                                      Faço registro da sua história
                                enquanto o sistema e a “justiça”
como a tantas,
a ignora.

Poeta Urbano.




                                                                            1
Lamentos de um Urbanoide




Quando ganham brilho as luzes de mercúrio
e as ofusca o colorido do neon.
                    rido
Olho para os carros e para os prédios
  lho
e me sinto infeliz.
Não sou mais menino, quase não brinco.
Já não tenho paciência para os problemas normais
                         ara
e para as coisas comuns.
Sinto muita falta da minha alma
e das minhas ilusões.
Eu queria muito recuperar o calor
e não perder de vez a humanidade.
Porém, o projétil perfura a pele e rasga a carne.
E o noticiário comove e anestesia a cidade.
A poesia é o que sobra para desintoxicar.
É tão urbana a minha vida que estrelas e lua clara
parecem efeitos especiais.
É tão gótico o meu estado que momentos alegres
são como o trailer de um filme bom
que nunca entra em cartaz.
Do cano reforçado parte o tiro que assegura
a vinda de dias ruins.
E começa a fazer sentido para mim
o submundo e as grades.
Eu queria ouvir de ti que antes é que eu estava certo:
 “Todo ser humano é essencialmente bom”.
             umano
Mas desconfio que assim não pensam
ou sentem, os outros animais.
E o exame de parafina,
bem melhor do que a poesia,  ,
tem definido o que é humanidade.
Tal qual o neon
que tem iluminado bem mais amantes
                               amantes,
do que a lua e as estrelas têm sido capazes.
E quando ganham brilho as luzes de mercúrio
                                      mercúrio,
olho para o que restou da minha humanidade
e me sinto infeliz.

Poeta Urbano.

                                                         2
Esperanças

Eles correm perigo até se nos deixarem sonhar!
E sei que muitos dirão: São só esperanças.
Mas do que mais precisamos para forjar vitórias,
se tudo que conquistamos, fizemos desta matéria-
prima?




           cÉxàt hÜutÇÉ.


                                               3
Titularização indevida

Se eu

realmente

fosse um poeta.

Talvez

conseguisse descrever

a tristeza

e a solidão

que estou sentindo.

Poeta Urbano.




                           Pra cima!


         Não me peça resignação.



         A vida não me deu esse
                 dom!!
                         Poeta Urbano.




                                         4
Só arcanjos podem sentir o medo que se exala pelos poros

Eu sinto o teu medo




Eu sinto o teu medo percorrer
os corredores sintéticos
do poder.
Vejo na tua face
que sabes o que está por vir.
Sei que sentes
a onda se formando
e me pego sorrindo
sozinho pelas ruas de mais uma capital.
Tão distante, tão tarde, tão frio, tão eu.
Os dias se amontoam.
O outono é o que mais
se apropriado meu sorriso triste,
do meu momento cinza, da minha alma de pedra.
São janelas se abrindo no alto dos prédios
o que mais se aproxima da atenção
que a cidade presta a minha atividade
quase clandestina.
E por detrás da mesa do gabinete nervoso
                                     nervoso,
você acha que é consumado o fato: “Já era” o filho do mundo.
Mas novamente está enganado. A sombra não me assombra.
Não é só meu o caminhar.
E de novo “não deu teto”,
não vou mais voar.
Audiências, conchavos, planos mesquinhos.
E mesmo assim é somente o frio
o que faz gelar meu corpo.
Teu veneno não vem,
não consegue me alcançar.
E leio outro livro olhando para o lago.
E novamente compareço sozinho
em frente ao altar.

Poeta Urbano.


                                                               5
Contato




Conte nada, me fale não.

Nenhuma mensagem.

Sem contatos, nenhum ruído ou chamamento.

Só o pensamento e o som do mar.

Não sei se chamo, te mando um bilhete?

Não sei se tento contactar.

Nesse instante me sopra o vento

e a saudade em minha mente vai te buscar.

Não sei se envio uma mensagem, não sei se calo,

me distancio, não sei se vou te procurar.




Poeta Urbano
       rbano.

Poeta Urbano.


                                                  6
Na trilha de Bertold Brecht

Entre “o rio violento e as margens opressoras”, eu fico com o direito a
autodefesa do rio!

                     Vi farrapos humanos,

                     Andrajos.

                     Eu vi pessoas que nada tinham a perder.

                     Senti sua dor e tremi ante o peso profundo

                     de seu olhar.

Os vi armados e me assustei. Os compreendi violentos, não condenei.

Vi excluídos, eu vi mendigos se rebelarem.

Eu vi fortunas, e milionários se esconderem por trás de grades de
condomínios, se encarcerarem.

Eu vi a vida em tons de cinza. Vi multidões se levantarem.

Eu vi um mundo bem dividido. Eu vi miséria, eu quis chorar.

Mas me encantei com todo o brilho de cada olhar.

E vi certezas acomodadas se desmanchando

em pleno ar.



Poeta Urbano.




                                                                          7
Num caso específico...


                              Não é estranho que a leveza também possa ferir,
                              cortando a carne desavisada que a quebrou?

                              E não é justo que sua energia interior ao vazar possa
                              queimar e até matar?

                              Não há justiça poética no colateral?

                              Não há Poesia na Justiça?

                              E não é justo, degustar o efeito poético da dor?
                                         to,

Poeta Urbano.




Do norte, viria a besta?




As máquinas cospem ogivas,
                         ,

nos rios serpenteiam línguas de fogo
                                fogo.

Os corpos se desmontam e sangram com suas dores.

É guerra!

E a besta brada aos quatro ventos os seus rancores.

Estrelas e listras cobrem de choro e medo parcos valores.

E a liberdade envergonhada empunha a tocha e olha pro nada.

Sabe-se vítima dos ilegítimos donos do império, seus detratores.


Poeta Urbano.



                                                                                      8
O Artista




Te compreendas em meio ao ferro e ao níquel
                                     níquel.

Por sobre o aço e o bronze Em meio a pétalas e pólens.
      bre           bronze.

Ante a arte e a vida.

Se puder,

então serás indubitavelmente, um artista.

Poeta Urbano.




A arte

Entre o olho e o objeto, reside o olhar, que empresta
                                         que
significado e magia à cultura, elevando-a a categoria de
                                          a
arte. Poeta Urbano.



                                            A Poesia

                                               “A poesia oferece frestas
                                                       para observar o
                                                      mundo.”Poeta Urbano.




                                                                         9
O Monstro




Parecia uma fornalha, uma fogueira de São João.

A “reis” em pele e osso, morta como a plantação.

E do meio da caatinga na poeira do sertão,

Se levantava um monstro,

Uma “visagem”, assombração.

Feita de cimento, ferro e vidro.

E com uma estranha produção:

Sapato, ao invés de milho.

Jeans, ao invés de feijão.

E o monstro alimentado

de incentivo e isenção

anunciava o assassinato da agricultura

Pela tal INDUSTRIALIZAÇÃO.

O campo vira cidade.

O camponês vira operário.

E a favela, se abastece de sertão.

Poeta nem tão Urbano assim
                     assim.



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Anjo armado e rebelde

  • 1. cÉxàt hÜutÇÉ. `x|É àxÜÇÉ? Åx|É wxÅÉÄ|wÉÜA Salomão (O anjo das asas de aço). Eu vi um anjo, e ele estava armado. Despencou do céu com suas asas de aço. Cantou a rebeldia no paraíso, por isso foi enviado. Eu vi um anjo, e ele estava armado. E nas noites escuras e frias sobrevoa a periferia e com seu canto rebelde e seu olhar triste, semeia o ódio contra a burguesia e enquanto houver tirania, para o céu não vai mais E-Book voltar. Eu vi um anjo e ele estava armado. Meio Terno, meio demolidor. Primeira Edição: Março de 2012. Eu não sou a parte do povo que cala. Não comercial. Eu sou a fala da parte calada do povo. http://poetaurbanobrasil.blogsp Poeta Urbano. ot.com.br/
  • 2. Poesia pra justificar o injustificável Pensei que tinha direito à beleza beleza, arranquei a flor rranquei e levei para casa casa. Quis só pra mim o seu perfume E ela não suportou suportou. Não resistiu ao jarro No qual eu quis mantê mantê-la, apesar de todos os cuidados pesar e dedicação de um jardineiro leal e atencioso. Hoje a vejo perfumando outras mãos e olfatos utras olfatos, e sofro. Mas, não ouso mais cometer o mesmo erro ometer erro. Agora, sempre desvio de jardins e renuncio a beleza das flores flores. já que do meu ato só me ficaram espinhos. ó Poeta Urbano. É poesia, teu jeito de ser! Tua beleza e doçura emprestam humanidade e ternura aos meus dias já meio embrutecidos. E quase me convencem de que pétalas de rosa e cânticos de homenagem à vida podem conviver harmoniosamente com o criptar de metralhadoras insurgentes. E vou dormir "muito mais gente" do que a horas atrás. Um salve carinhoso, Poeta Urbano. 1
  • 3. "Oxigenação" do sonho Acredito que é possível mudar as coisas, sacudir o mofo e despojar os cadáveres da teoria clássica. Rendendo homenagens a seus feitos e contribuições e rompendo com a “religiosidade” das intenções. Cheira a naftalina a retórica ortodoxa do “esquerdista doente” e do neoliberal facínora. E penso com a cabeça comprometida com o estômago de meu povo e com o sonho socialista de um mundo novo: “É quase uma vida, cem por cento no jogo.” Não vejo caminhões carregados de armas ou munição “encostando” nos escritórios e comitês dos partidos e grupos autoproclamados mestres da radicalidade e da verdade absolutizada, com suas “Bíblias - Manifesto” nas mãos agitadas que se movem espalmadas em reuniões fechadas da cúpula “de coisa alguma” que dirige o processo “do nada” que ora se instala em seu coração militante. E chego a questionar se estou do lado da razão? Então o iluminismo me assombra e me faz afastar da mente a soberba convicção. Palavras-de-ordem desconexas dos anseios e desejos populares a mim parecem “espinhar” a memória de Lênin e nos lançar no fundamentalismo cego. Reviro a biblioteca em busca de qualquer base, qualquer fonte que “desanuvie” o pensamento e explique tanta panaceia. E só Guy Debord me parece exato. Gramsci atualiza o roteiro. E o cenário se ilumina em muitos atos sem intervalo ou cortinas. Enquanto em mesas de bares, a “Frente Etílica Pseudo Revolucionária” entre copos e análises torpes da conjuntura mundial globalizada, mancha seu paredão imaginário com meu sangue e minha história. Penso na Rússia stalinista e nos “rios de sangue” de sinceros comunistas, derramados por sobre o sonho em nome do sectarismo e da expropriação do poder ao povo. Revisito Marx desde seu tempo. Bebo na fonte: A dialética. E até em Hegel eu tento me apegar. Olho de novo as bandeiras ao vento e me convenço que se faz urgente Uma Nova cultura de Movimento. Poeta Urbano. 2
  • 4. Bate-Bola Extorsão Realização Contra a vida real Tombar no front E o sentimento sincero. de armas nas mãos. Distorção Emoção Do que penso que preciso Mais o choro ou do que mais quero. que o riso, mais lamentos Maldição que comemoração. A consciência que fustiga a razão e me tira o acesso a todos os ópios Lição E fugas. Não adianta desesperar e nem chamar pela razão. Solidão Ou esperar compaixão Em ruas cheias, do opressor. cidades agitadas O correto é ir pra frente e almas vazias. e pra cima. Para o combate. Sempre! Reação Proporcional à dor que sinto Tensão e as razões pelas quais É o solvente eu minto. da minha vida e a companhia Compaixão em toda ação. Pelas criaturas geradas pela desatenção Frustração e pela libido incontrolada. Não conseguir comunicar Decepção para quem eu gostaria Com o pouco tempo que entendesse, que a história nos reserva. o que faço, e por qual razão. Perdão Por ter vindo aqui Um sim e não mudado quase nada. Pra tudo que vivi e vivo. Paixão E um não Pela luta até o fim. Pra condição mediana que limita meu intelecto. PoetaUrbano. 3
  • 5. Justiça Sertaneja Cheira a pólvora o ar quente que invade a sombra. A água clara da cacimba é fria. O Caxitoré de areias brancas conta a lenda do caboclo bravo. E quando vem a noite, violas e repente fazem a trilha para o balé de estrelas cadentes. Hoje distante e por entre as grades, sobre a pedra da cela suja, ele observa o vulto tosco do movimento lento da lua. Ficou no tempo, longe e esquecida, a felicidade, a terra sua. O sangue de um desgraçado estuprador e assassino lhe custou a liberdade, lhe mudou todo o destino. Era a dor contra o dinheiro, e se fez defunto, o filho do fazendeiro. Fez-se viúvo, o cabra guerreiro. Se fez lembrança a sua amada, se fez tristeza a caminhada, se fez frangalhos da sua vida. Fez-se poesia, a sua saga. Faço registro da sua história enquanto o sistema e a “justiça” como a tantas, a ignora. Poeta Urbano. 1
  • 6. Lamentos de um Urbanoide Quando ganham brilho as luzes de mercúrio e as ofusca o colorido do neon. rido Olho para os carros e para os prédios lho e me sinto infeliz. Não sou mais menino, quase não brinco. Já não tenho paciência para os problemas normais ara e para as coisas comuns. Sinto muita falta da minha alma e das minhas ilusões. Eu queria muito recuperar o calor e não perder de vez a humanidade. Porém, o projétil perfura a pele e rasga a carne. E o noticiário comove e anestesia a cidade. A poesia é o que sobra para desintoxicar. É tão urbana a minha vida que estrelas e lua clara parecem efeitos especiais. É tão gótico o meu estado que momentos alegres são como o trailer de um filme bom que nunca entra em cartaz. Do cano reforçado parte o tiro que assegura a vinda de dias ruins. E começa a fazer sentido para mim o submundo e as grades. Eu queria ouvir de ti que antes é que eu estava certo: “Todo ser humano é essencialmente bom”. umano Mas desconfio que assim não pensam ou sentem, os outros animais. E o exame de parafina, bem melhor do que a poesia, , tem definido o que é humanidade. Tal qual o neon que tem iluminado bem mais amantes amantes, do que a lua e as estrelas têm sido capazes. E quando ganham brilho as luzes de mercúrio mercúrio, olho para o que restou da minha humanidade e me sinto infeliz. Poeta Urbano. 2
  • 7. Esperanças Eles correm perigo até se nos deixarem sonhar! E sei que muitos dirão: São só esperanças. Mas do que mais precisamos para forjar vitórias, se tudo que conquistamos, fizemos desta matéria- prima? cÉxàt hÜutÇÉ. 3
  • 8. Titularização indevida Se eu realmente fosse um poeta. Talvez conseguisse descrever a tristeza e a solidão que estou sentindo. Poeta Urbano. Pra cima! Não me peça resignação. A vida não me deu esse dom!! Poeta Urbano. 4
  • 9. Só arcanjos podem sentir o medo que se exala pelos poros Eu sinto o teu medo Eu sinto o teu medo percorrer os corredores sintéticos do poder. Vejo na tua face que sabes o que está por vir. Sei que sentes a onda se formando e me pego sorrindo sozinho pelas ruas de mais uma capital. Tão distante, tão tarde, tão frio, tão eu. Os dias se amontoam. O outono é o que mais se apropriado meu sorriso triste, do meu momento cinza, da minha alma de pedra. São janelas se abrindo no alto dos prédios o que mais se aproxima da atenção que a cidade presta a minha atividade quase clandestina. E por detrás da mesa do gabinete nervoso nervoso, você acha que é consumado o fato: “Já era” o filho do mundo. Mas novamente está enganado. A sombra não me assombra. Não é só meu o caminhar. E de novo “não deu teto”, não vou mais voar. Audiências, conchavos, planos mesquinhos. E mesmo assim é somente o frio o que faz gelar meu corpo. Teu veneno não vem, não consegue me alcançar. E leio outro livro olhando para o lago. E novamente compareço sozinho em frente ao altar. Poeta Urbano. 5
  • 10. Contato Conte nada, me fale não. Nenhuma mensagem. Sem contatos, nenhum ruído ou chamamento. Só o pensamento e o som do mar. Não sei se chamo, te mando um bilhete? Não sei se tento contactar. Nesse instante me sopra o vento e a saudade em minha mente vai te buscar. Não sei se envio uma mensagem, não sei se calo, me distancio, não sei se vou te procurar. Poeta Urbano rbano. Poeta Urbano. 6
  • 11. Na trilha de Bertold Brecht Entre “o rio violento e as margens opressoras”, eu fico com o direito a autodefesa do rio! Vi farrapos humanos, Andrajos. Eu vi pessoas que nada tinham a perder. Senti sua dor e tremi ante o peso profundo de seu olhar. Os vi armados e me assustei. Os compreendi violentos, não condenei. Vi excluídos, eu vi mendigos se rebelarem. Eu vi fortunas, e milionários se esconderem por trás de grades de condomínios, se encarcerarem. Eu vi a vida em tons de cinza. Vi multidões se levantarem. Eu vi um mundo bem dividido. Eu vi miséria, eu quis chorar. Mas me encantei com todo o brilho de cada olhar. E vi certezas acomodadas se desmanchando em pleno ar. Poeta Urbano. 7
  • 12. Num caso específico... Não é estranho que a leveza também possa ferir, cortando a carne desavisada que a quebrou? E não é justo que sua energia interior ao vazar possa queimar e até matar? Não há justiça poética no colateral? Não há Poesia na Justiça? E não é justo, degustar o efeito poético da dor? to, Poeta Urbano. Do norte, viria a besta? As máquinas cospem ogivas, , nos rios serpenteiam línguas de fogo fogo. Os corpos se desmontam e sangram com suas dores. É guerra! E a besta brada aos quatro ventos os seus rancores. Estrelas e listras cobrem de choro e medo parcos valores. E a liberdade envergonhada empunha a tocha e olha pro nada. Sabe-se vítima dos ilegítimos donos do império, seus detratores. Poeta Urbano. 8
  • 13. O Artista Te compreendas em meio ao ferro e ao níquel níquel. Por sobre o aço e o bronze Em meio a pétalas e pólens. bre bronze. Ante a arte e a vida. Se puder, então serás indubitavelmente, um artista. Poeta Urbano. A arte Entre o olho e o objeto, reside o olhar, que empresta que significado e magia à cultura, elevando-a a categoria de a arte. Poeta Urbano. A Poesia “A poesia oferece frestas para observar o mundo.”Poeta Urbano. 9
  • 14. O Monstro Parecia uma fornalha, uma fogueira de São João. A “reis” em pele e osso, morta como a plantação. E do meio da caatinga na poeira do sertão, Se levantava um monstro, Uma “visagem”, assombração. Feita de cimento, ferro e vidro. E com uma estranha produção: Sapato, ao invés de milho. Jeans, ao invés de feijão. E o monstro alimentado de incentivo e isenção anunciava o assassinato da agricultura Pela tal INDUSTRIALIZAÇÃO. O campo vira cidade. O camponês vira operário. E a favela, se abastece de sertão. Poeta nem tão Urbano assim assim. Esta obra está licenciada sob uma Licença creativecommons Você pode copiar, distribuir, exibir, executar desde que seja dado crédito ao autor original (você deve citar: Da obra de Poeta Urbano (Poeta contracultural) e o site:http://poetaurban http://poetaurbanobrasil.blogspot.com.br/) Você não pode fazer uso comercial dessa obra. Você não pode ) criar obras derivadas. 10