Características de textos multimodais e implicações para o ensino da leitura e escrita
1. Fichamento do cap. 2 The characteristics of multimodal texts: implications for the teaching
of reading and writing, in: Bull, G.; Anstey, M. Evolving Pedagogies: Reading and Writing in a
Multimodal world.
SEÇÃO I
Introdução
Os autores introduzem brevemente o capítulo, apresentando seis conceitos sobre textos
multimodais e as estratégias para que o leitor possa utilizar cada um desses conceitos. Assim,
solicitam ao leitor separar dois textos com os quais irá trabalhar.
Conceito Um: os textos multimodais transmitem significado através da combinação de
elementos que utilizam vários sistemas semióticos.
Aqui, os autores ilustram sua definição de multimodal, com o exemplo de uma performance de
balé, onde o espectador tem ao mesmo tempo acesso visual, auditivo e espacial. Outro
exemplo seria um livro de ilustrações, no qual os elementos das imagens e as palavras são
dispostos em um espaço em páginas individuais, as quais contribuem para um conjunto global
de páginas compiladas.
Conceito Dois: os textos multimodais utilizam e ultrapassam as fronteiras das artes,
performance e design, seus conhecimentos, entendimentos e processos.
Neste conceito, os autores mostram como o exemplo citado da apresentação de balé se baseia
nas artes, a própria dança, performance, movimentos dos dançarinos e expressões faciais, e
design, a combinação espacial dos elementos, no palco.
Conceito Três: o papel da linguagem verbal nos textos multimodais é variável, nem sempre
dominante e somente parte do todo.
Os autores chamam atenção neste conceito para o fato de o verbal não ser mais o meio
semiótico dominante, mas, antes, mais um elemento a ser recuperado pelo leitor em sua
interpretação semântica-discursiva.
Conceito Quatro: em um texto multimodal, o significado é distribuído através de todos os
elemento, e cada elemento tem um papel em contribuir para o significado do texto como um
todo.
É o que os autores chamam de conceito parte-todo. Segundo os autores, citando Kress e Van
Leeuwen, 2006, esses papéis podem ser complementares, de reforço, ou hierárquicos. Os
leitores experientes devem ser capazes de identificar como cada um desses modos contribui
para o significado todo, e atentar para aqueles que propiciam a informação mais pertinente no
momento. Como cada papel contribuirá para atingir seu propósito comunicativo.
2. Conceito Cinco: os diferentes modos têm diferentes especializações funcionais e são utilizados
seletivamente nos textos multimodais.
Este conceito discute a importância do tempo e espaço nos textos multimodais, como
elementos que permitem ao leitor experiente diferentes percepções ou leituras, segundo o
foco do modo utilizado. Há casos em que se privilegia o espaço e outros em que o tempo é
mais utilizado. Porém, os autores afirmam que se o leitor utiliza uma tecnologia que permite
que ele construa significados a partir de uma série de episódios ou cenas (como um vídeo), ele,
então, fará uso de ambos os modos.
Conceito Seis: o significado de um texto multimodal é obtido por meio da coesão e coerência
existente dentro e entre seus elementos e o contexto de uso.
A importância atribuída à coesão e coerência como fatores de construção de significados em
um texto escrito, ocorre, aqui, por meio de repetição de cores e uso de vetores, por exemplo.
No caso da coesão, temos, também, a coesão espacial e cronológica dos elementos.
SEÇÃO II
Como os textos multimodais remodelaram a leitura
O que importa aqui é o processo de leitura e interpretação dos modos que compõem os
textos. Temos que considerar os elementos presentes, a contribuição de cada um para o
significado total, a influência dos modos transmitidos pelo veículo e os padrões de coesão e
sua ênfase.
Ainda, na visão de Walsh e Bearne, o leitor precisa ser capaz de se perguntar o que deve ser
observado, como fazer sentido disso, o que deve ser ignorado, identificar as relações e os links
relevantes tanto no que diz respeito ao conteúdo como entre os elementos e modos
presentes. Em outras palavras, eles afirmam que a leitura de textos multimodais requer um
trabalho metacognitivo sofisticado. Para tanto, eles defendem a necessidade de se ter um
entendimento do que podem fazer os recursos semióticos:
Possibilidades dos veículos: o que é possível em face dos papéis de tempo e espaço;
Possibilidades dos recursos semióticos: seus códigos e convenções e uso do tempo e
espaço;
SEÇÃO III
Como os textos multimodais remodelaram a escrita
A escrita, assim, como a leitura, abre aos produtores de texto maiores possibilidades em
termos de meios de produção e composição, de forma a atingirem o propósito comunicativo
desejado. Isso quer dizer novos meios digitais-eletrônicos e semióticos a serem combinados
segundo o propósito, público e contexto.
SEÇÃO IV
Nesta seção os autores fazem uma revisão do Modelo de Quatro Recursos e os Textos
Multimodais, os quais foram apresentados anteriormente. Eles alertam para a importância de
entendermos o design e a composição dos textos multimodais, e a influência que estes têm
em nossa produção e utilização destes textos. Ainda, eles apresentam as duas posturas de
3. leitura/escrita resultantes da complexidade dos textos multimodais e de suas novas
tecnologias – postura passiva e postura ativa. Há uma mudança de controle, do texto (passiva)
para o leitor (ativa).
Como as mudanças tecnológicas não dão sinais de estagnação, este modelo apresentado pelos
autores se torna muito eficaz para obtermos um equilíbrio entre os recursos (conhecimento e
habilidades) e as práticas (processos) de leitura/escrita.
لويز