O documento resume os principais conceitos de Nietzsche sobre o homem superior (Übermensch) e o homem comum. Nietzsche acredita que o homem deve transcender sua natureza atual para se tornar o Übermensch, capaz de afirmar plenamente a vida através da vontade de poder. Em contraste, o homem comum é fraco e se ressente da força do nobre, criando a moral para subjugar o forte.
1. e
l in teressant
ste anima Silêncio! Nietzsche fala.
O homem, e
Nietzsche não utiliza nenhuma substância de outros
filósofos para criar sua filosofia. Esta vem, antes de
tudo, da contemplação do mundo e dos olhos
filológicos, onde aplica nos estudos dos antigos.
A filosofia, para Nietzsche, assume grau de extrema
seriedade, pois é uma visão com a qual o homem deve viver e
não apenas uma simples aquisição intelectual. A filosofia é algo
que se exige muita coragem, firmeza e prudência em todos os
seus sentidos para observar a realidade de cima, ordenando os
acontecimentos e restringi-los ao seu caráter inteligível.
2. Ao analisar o homem, Nietzsche não o descende da divindade ou do
espírito, coloca-o, sobretudo, entre os animais - o mais forte e
astuto deles. Entretanto, não considera-o como a coroa da evolução
animal, sendo, na realidade, o mais enfermiço e deficiente, uma vez
que se extraviou de seus instintos perigosamente. "Mas, com tudo
isso, é também o animal mais interessante", diz o filólogo.
Para realizar-se o homem deve escutar a voz de seu eu, e cultivar
sua natureza. Sua tarefa é a de fazer com que sua existência não
seja mais um simples acidente sem significado, pois seu problema
fundamental consiste em alcançar a verdadeira existência em vez
de deixar a vida se reduzir a um simples acidente.
"Consiste em reconhecer que nele se encontram reunidos a criatura e o
criador; a matéria, o incompleto, o supérfluo, a argila, a lama, o absurdo, o
caos, mas também o sopro que cria, que organiza, a dureza do método, a
divindade do visionário" (NIETZSCHE).
3. Para se alcançar a verdadeira existência basta ouvir a voz da
consciência que diz constantemente para tornamo-nos aquilo que
somos, fazendo o que sempre quisemos, afirmando-nos. O maior
valor do pensamento de Nietzsche talvez tenha sido o de encarar
o verdadeiro espírito filosófico, procurando-o em si e nos outros.
O ‘Bufão dos Deuses’ ensina-nos que nosso
futuro encontra-se em nossa vontade e que
somente dela dependemos para realizar
grandes empresas e experiências, pondo
fim à dominação do acaso e da História.
4. O NOBRE E O ESCRAVO
“A beleza do Super-homem vem a mim como uma sombra;
que me importa, agora... os deuses!...” F. Nietzsche
5. Nietzsche, através de Zaratustra, anuncia o novo homem, o
Übermensch. O Super-homem assume seu desejo de poder, que
traduz-se, para ele, como desejo de viver. O Übermensch é a superação
do homem e Nietzsche conclama este novo homem: “um homem que
justifique o homem, de um acaso feliz do homem, complementar e
redentor, em virtude do qual possamos manter a fé no homem!”
(NIETZSCHE).
Os homens da praça pública, conforme anuncia Zaratustra, dizem
que todos são iguais. Perante Deus não há superiores, não há um
mais que outro: é a uniformidade humana. Entretanto, este Deus
está morto, e o forte não quer ser igual a população, ele deseja ser o
além: o Além-homem. Anuncia Zaratustra: “Homens superiores, fugi
da praça pública! (...) Homens superiores, esse Deus foi o vosso
maior perigo. Ressuscitastes desde que ele jaz na sepultura. Só
agora torna o Grande Meio-Dia; agora torna-se senhor o homem
superior”.
6. O Super-homem é o homem forte, o homem do não-
ressentimento, o que realiza sua Vontade de Potência, assumindo-a
a todo custo sem jamais se culpar, sem jamais se ressentir; é o
homem do amor a si, do cuidado de si, é o homem ético. O homem
superior é o homem que afirma a vida em sua maior instância. “Na
Escola Bélica da vida - O que não me faz morrer me torna mais
forte” afirma Nietzsche. O homem superior é o homem do Sim.
Em contrapartida a esse homem superior, ao nobre, nasce o escravo.
Eis a fórmula escrava: “Eu sou bom, portanto tu és mau. Tu és mau,
portanto eu sou bom”(DELEUZE). O escravo é o sujeito do
ressentimento, da culpa e da negação. O escravo é necessário ao nobre
para que este realize sua vontade de poder, de dominação.
Entrementes, quando isto ocorre, o escravo utiliza da fórmula acima
para se defender. O escravo é fraco, não luta e não pode lutar contra o
forte, todavia, ele usa de conceitos para frear a dominação e a violência
do nobre: eis a moral universal triunfante.
7. O escravo tem ciência de sua fraqueza, mas cria meios de
sobrepujar o nobre, meios como a união, Deus e o preceito moral
ame a teu próximo como a ti mesmo. Aí residem a força do escravo.
O nobre termina por não realizar sua vontade, pois agora residem
em sua <nova>consciência o ressentimento, o medo da punição
divina, o medo de uma eternidade sofredora. A moral escrava é tão
poderosa que se tornou real - ao menos intimamente - os conceitos
consciência, eternidade, Deus. E, com o triunfo de tal moral, o
homem, literalmente, esqueceu-se que estes não passam de
conceitos e palavras vazias, que na verdade não existem e nunca
existirão.
Taitson A. L. dos Santos
8. "O homem é uma corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre o abismo;
perigosa travessia, perigoso caminhar; perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
(...)
Eu só amo aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são eles que atravessam
de um para o outro lado.
(...)
Amo os que não procuram por detrás das estrelas uma razão para sucumbir e oferecer-se em
sacrifício, mas se sacrifcam pela terra, para que a terra pertença um dia ao Super-homem.
Amo o que vive para conhecer, e que quer conhecer, para que, uma dia, viva o Super-homem,
porque assim quer ele sucumbir.
(...)
Amo aquele cuja alma transborda, a ponto de se esquecer de si mesmo e quanto esteja nele,
porque assim todas as coisas se farão para sua ruína.
Amo o que tem o espírito e o coração livres, porque assim a sua cabeça apenas serve de
entranhas ao seu coração, mas o seu coração o leva a sucumbir.
Amo todos os que são como gotas pesadas que caem uma a uma da nuvem escura suspensa
sobre os homens, anunciam o relâmpago próximo e desaparecem como anunciadores.
Vede: eu sou um anúncio do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas este raio
chama-se o Super-homem."
E Assim Falou Zaratustra.