1) O documento discute várias concepções sobre a aquisição da linguagem, incluindo behaviorista, gerativista, construtivista, sociointeracionista e conexionista.
2) As concepções divergem sobre fatores como a influência do ambiente, inatação e maturação no desenvolvimento da linguagem.
3) O documento também aborda tópicos como a leitura, escrita, sistemas fonético e fonológico da língua portuguesa.
1. Concepções Behaviorista/Empirirsta – SKINNER
• Skinner afirma que o comportamento verbal também pode ser representado por
associações estímulo-resposta-reforço. Skinner acreditava que o homem é neutro e
passivo e que todo o comportamento pode ser descrito em termos mecanicistas.
• O princípio fundamental do behaviorismo quanto ao comportamento e de que a
aprendizagem da linguagem centra-se na ideia de que essa aprendizagem é resultado de
estímulos externos que podem produzir respostas. Essa relação entre estímulo-resposta-
reforço processa-se a partir da interação do organismo com o meio ambiente. Os
behavioristas levam em conta apenas os comportamentos observáveis externamente.
• Os empiristas enfatizam o papel da experiência e do controle por fatores ambientais. Os
empiristas acreditam que as imagens sensoriais são transmitidas ao cérebro como
impressões.
• Os behavioristas concebem o comportamento como o conjunto de reações ou respostas
que um organismo apresenta às estimulações do ambiente.
• A aprendizagem que resulta desse processo é explicada como resultante de
condicionamento ou de emparelhamento de estímulos. Para os behavioristas, educar nada
mais é do que estabelecer condicionamentos na infância.
• Há dois tipos de condicionamento: o primeiro é do tipo S conhecido como
condicionamento clássico, demostrado por Paslov, que consiste na produção de uma
resposta por um estímulo, que está sob controle do experimentador. O segundo é do tipo
R conhecido como condicionamento operante ou instrumental, apresentado por Skinner,
que consiste nos estímulos específicos que evoca inicialmente a resposta.
• Skinner reforça seu argumento sobre a distinção entre língua e comportamento verbal. A
concepção behaviorista sustenta que a atitude de ensinar a criança a falar qualquer
resposta que vagamente se parece com o comportamento padrão da comunidade é
reforçada.
2. Concepção Gerativista/Inatista – Chomsky
• Uma das suas teses fundantes é a concepção de língua
como uma faculdade que transmitida geneticamente.
Os gerativistas defendem que a mente/cérebro é
modular, ou seja, é composta por módulos ou órgãos
que são responsáveis pelas atividades diversas, como a
compreensão, a fala, a memória a percepção e etc. A
faculdade da linguagem a que os gerativistas se
referem não é parte da Inteligência como um todo,
mas é específica para lidar com o processamento das
línguas naturais.
• Suas investigações mostraram que a gramática
interiorizada consiste de um dicionário mental das
formas da língua e num sistema de princípios e regras.
3. Aquisição da Linguagem e Maturação
• A linguagem surge como uma dimensão fundamental para que o ser humano
possa desenvolver-se. Chomsky considera que a linguagem se desenvolve como se
fosse um órgão qualquer do corpo humano. Os dois órgãos trabalham de forma
sincronizada e a linguagem é produto da interação entre o equipamento inato de
que o ser humano é dotado, o amadurecimento físico e mental e a relação com o
meio ambiente.
• O desenvolvimento da linguagem ocorre porque esses três fatores (carga genética
inata, maturação física e mental e exposição a um ambiente cultural e linguístico
estimulante) proporcionam possibilidades de desenvolvimento da pessoa de modo
integral/global.
• Scliar-Cabral assim sintetiza a concepção inatista. Na perspectiva do inatista,
fatores como a estrutura e o funcionamento do sistema nervoso central colocam-
se por meio de suas redes como os instrumentos principais e específicos de
sobrevivência. A linguagem verbal oral é condição essencial para a socialização e
para a expressão das ideias.
• A tese inatista sustenta que nós nascemos programados para a fala. Chomsky foi
um questionador decisivo das propostas de Skinner, para Chomsky a linguagem é
desenvolvida a partir da exposição da criança a um ambiente linguístico
estimulante e não face a imitação como defende o Behaviorismo com Skinner. Para
rebater o argumento de Skinner de que a Aquisição da Linguagem dava-se pela
imitação, Chomsky propôs o princípio da criatividade. Para ele, a mente humana é
criativa.
4. Gramática Universal ou Faculdade da Linguagem
• A gramática universal é entendida como a soma dos princípios
linguísticos geneticamente determinados, específicos da espécie
humana.
• A faculdade da linguagem é o resultado da interação complexa
entre vários sistemas, caracterizados por princípios específicos a
cada um deles.
• A gramática universal pode ser entendida como o conjunto dos
conhecimentos inatos que permitem aos seres falar e compreender
a língua.
• Existe um dispositivo independente para a linguagem, exclusivo da
espécie humana, de caráter altamente criativo – DAL ( Dispositivo
de Aquisição da Linguagem).
• Lennenberg, enfatiza que o desenvolvimento das capacidades
linguísticas precisa levar em conta alguns fatores:
• O período inicial da aquisição que vai até os 2 ou 3 anos;
• Dos quatro anos ao início da puberdade;
• A partir da puberdade.
5. Concepção Construtivista/Cognitivista – Piaget
• Piaget queria saber como as crianças aprendem a conhecer e como
organizam seu pensamento.
• Sua teoria procura explicar o desenvolvimento mental do ser
humano no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade.
Nessa perspectiva, sua tese defende que o desenvolvimento
cognitivo se realiza em estágios. A linguagem se constitui num dos
aspectos da função simbólica ou semiótica. Esse função a criança
adquire por volta dos 2 – 7 anos por meio da linguagem.
• A função simbólica ou semiótica é a capacidade que o sujeito tem
de gerar imagens mentais de objetos ou ações, e por meio dessa
função chegar a representação ( da ação ou objeto). Essa função,
para Piaget é a diferenciação dos significantes dos significados.
• Piaget postula três tipos de conhecimentos figurativos:
• A percepção;
• A imitação;
• A imagem.
6. A concepção piagetiana destaca três aspectos fundamentais da linguagem:
• A sintaxe – lógica das ações;
• A semântica – interpretação das ações;
• A pragmática – aplicação das ações, deriva das experiências no mundo.
Os esquemas motores são a forma pela qual a criança entra em contato com o
mundo.
Piaget propõe que o desenvolvimento cognitivo passa por estágios que são:
• Sensório-Motor: (0 a 18 meses);
• Pré-Operatório: (2 a 7 anos);
• Operatório Concreto: (7 a 12 anos);
• Operatório Formal:
Destaca-se três características fundamentais:
• Linguagem egocêntrica: a criança não se preocupa em ser entendida, nem
mesmo se a outra criança escuta
• Estágio de transição: trata-se de um início de discussão, de colaboração de
ideias em torno de uma atividade comum a outras.
• Linguagem socializada: a criança fala para comunicar o que pensa ou o que
vai fazer.
Piaget centra-se na interação entre o ambiente e o organismo num contínuo
processo de assimilação e acomodação.
7. Concepção Sociointeracionalista/Racionalista –
Vygotsky
Há uma valorização da dimensão social e cultural, por
entender que as funções superiores são construídas ao longo
da história social do homem.
Vygotsky, sugere três grandes estágios e que podem ser
subdivididos em fases.
• 1º estágio – a criança forma conjuntos sincréticos;
• 2º estágio – refere-se ao pensamento por complexos;
• 3º estágio – formulação de conceitos.
Para ele, a linguagem tem dupla função: servir de intercâmbio
social e de pensamento generalizante.
• Na perspectiva de Vygosky, a criança deve ser visa e
compreendida a partir de seu ambiente, suas condições de
existência, sua atividade e de sua maturação funcional.
• Vygotsky reside no fato de que a linguagem e o
pensamento têm origens sociais, externas, nas interações
comunicativas entre a criança e o adulto.
8. Concepção Conexionista/Associacionista –
Finger
• A abordagem conexionista surgiu a partir de estudos sobre o
funcionamento dos neurônios e sobre os graus de plasticidade do córtex
cerebral. Ela abordagem inspira-se em modelos matemáticos e serve-se
das redes eurais como suporte para a implementação de programas de
aprendizagem. Relaciona-se pelos Input e Output.
• A primeira reação dessa corrente e contra a abordagem clássica – baseada
em modelos simbólicos, sua visão postula um nível simbólico de
representação ( linguagem de pensamento).
• Finger descreve essa concepção mostrando que as representações
mentais ou símbolos são estruturados atomicamente ou se combinam
para formar estruturas mais complexas.
• Para os conexionistas, a aprendizagem acorre por base de processos
associativos e não através da construção de regras abstratas. Finger
enfatiza que o conhecimento a língua deriva da interação entre a natureza
e o desenvolvimento, no sentido de que restrições determinadas
geneticamente em termos de arquitetura cognitiva interagem com
influência internas e externas do ambiente.
• Para ocorrer a aprendizagem deve-se levar em conta o grau de exposição
aos dados ou insumos, tipo e quantidade de treino para equilibrar os
pesos atribuídos aos neurônios.
9. Desenvolvimento da Linguagem: Fatores Inatos,
Maturacionais e Ambientais.
Segundo Scliar-Cabral, o desenvolvimento da
linguagem se realiza mediante a relação de três
fatores fundamentais:
• Fatores Inatos;
• Maturação;
• Ambiente.
Esses três fatores devem ocorrer de modo
concomitante e de forma equilibrada para
proporcionar o desenvolvimento da linguagem.
10. A Linguagem Escrita: o Alfabeto, o Sistema
Fonológico e o Sistema Fonético
Os primeiros sistemas de escrita surgiram em torno
de 4000 anos a.C. com os sumérios, que
desenvolveram a escrita cuneiforme. Nessa mesma
época também os egípcios desenvolveram seus
sistemas de escrita, conhecidos como hieroglífica
ou demótica.
• O nosso sistema alfabético foi inventado pelos
fenícios e apropriado pelos gregos em torno de
1000 a.C.
A escrita alfabética é de origem fenícia, mas foram
os gregos que deram o arrebate final ao sistema
dito alfabético, em torno de 1000 a.C., quando
descobriram que podiam acrescentar-lhes as
vogais.
11. Sistema Fonético e Sistema
Fonológico da Língua Portuguesa
• Fonologia – se ocupa dos sons da língua.
• Fonética – é o estudo dos sons da fala.
• Troubetskoy quem estabeleceu a distinção entre
a fonética( ciência que estuda os sons da fala sem
se preocupar com seu papel na língua. A
fonologia ( ciência que estuda os sons em função
de seu conjunto em uma determinada língua.
• O sistema alfabético da língua portuguesa é
composto por 26 letras. Os alofones ( sons
diferentes, mas com o mesmo fonema).
12. A fonética pode se subdividir em diversas áreas:
• Fonética Articulatória – área que estuda a produção da fala
do ponto de vista fisiológico e articulatório, procura
concentrar-se mais no estudo dos mecanismos da
fonação(emissão) e da audição(recepção) e apoia-se na
anatomia e na neurologia.
• Fonética Perceptiva – interessa-se pela recepção e
integração dos sons da linguagem. A fonética perceptiva
estuda a percepção da fala.
• Fonética Acústica – estuda a propriedades físicas dos sons
da fala a partir de sua transmissão do falante ao ouvinte.
• Fonética Instrumental – estuda as propriedades físicas da
fala a partir de instrumentos laboratoriais.
O português do Brasil, é variável de indivíduo para indivíduo e
de região para região. Mesmo dentro de uma mesmo família,
podemos ter pronúncias com nuanças diferentes, também
conhecidos como idioleto( forma particular de fala de cada
indivíduo).
13. A Leitura e a Escrita
A descoberta as relação simbólica entre as diversas formas
que as letras apresentam e seus respectivos sons é
fundamental para que a criança se inicie no mundo da leitura
e escrita.
As principais hipóteses propostas para a tentativa de explicar
os processos aquisitivos da leitura e escrita podem ser assim
definidos:
• Os defensores por uma abordagem fônica postulam que a
opção por métodos de inspiração fônica, além de serem
bons preditores na competência em leitura e escrita,
proporcionam melhor consistência no domínio dos padrões
ortográficos do português do Brasil.
• Os proponentes da abordagem holística ou
global(inspiração analítica) acreditam que a aprendizagem
da leitura se processa de forma espontânea, pela exposição
constante as práticas de leitura e escrita, o que dispensaria
atividades com enfoque fônico.
14. • Método de Inspiração Fônica – tem a função de
distinguir significados.
• Método Global de Comenius – propunha que as
leituras iniciassem associando diretamente as
palavras aos seus significados.
• Método Silábico – base as sílabas prontas,
combinam para formar as palavras.
• Aprender a ler e a escrever é muito mais do que
decifrar sílabas, embora, de uma forma ou de
outra isso aconteça.
• No caso as aprendizagem da leitura e escrita, os
processos envolvidos são conscientes e de caráter
cognitivo.
15. Modelos de Leitura
• O 1º modelo de leitura é o chamado ascendente –
bottom up – criado por Gough – propõe que o leitor
processa os elementos componentes do texto numa
sequência ordenada ou hierárquica, iniciando pelas
letras, palavras, frases até atingir a compreensão do
texto. – Método de Ensino de Leitura
• O 2º modelo de leitura é o chamado descendente –
top down – proposto por Goodman – concebe o
processo de leitura de forma inversa, como o leitor
usando seu conhecimento prévio e seus recursos
cognitivos mais gerais para apreender as informações
contidas no texto.
• O modelo interativo criado por Rumelhart, em que o
leitor usa, simultaneamente, seu conhecimento do
mundo e seu conhecimento do texto para construir
uma interpretação do texto lido.
16. • Ellis e Young, desenvolveram duas vias de leitura:
• A Via Fonológica – faz a decodificação, ou seja,
leitura mediada pela fala, e funciona melhor com
itens grafofonicamente regulares, não
importando se são palavras grafofonicamente
irregulares.
• A Via Lexical – faz o processamento ideovisual
direto, isto é, leitura não mediada pela falta de
imagem auditiva das palavras e funciona melhor
com palavras muito comuns, não se importando
se são regulares ou não do ponto de vista
grafofonêmico.
• Capovilla sintetiza duas formas de léxico:
• O primeiro – linguístico ou não linguístico;
• O segundo – visual ou auditivo.
17. Processos Psicolinguístico Implicados a
Leitura e Escrita segundo Scliar-Cabral
Processos Psicolinguísticos Implicados a Leitura – Scliar-Cabral
• Motivação;
• Pré-leitura;
• Movimento de fixação e sacada para fatiar a frase;
• Reconhecimento das letras, atribuição de valores aos
grafemas e identificação do vocábulo (descodificação);
• Atribuição do sentido as palavras, as frases e ao texto;
• Interpretação de texto;
• Retenção.
Processos Psicolinguísticos Implicados a Escrita – Scliar-Cabral:
• Marcas diacríticas;
• Lugares Segmentais;
• Regras grafotáticas;
• Pré-leitura.
18. De acordo com o modelo de Henderson,
ocorrem cinco estágios na aquisição da escrita:
• Pré-fonético;
• Nome da letra;
• Padrões dentro da palavra;
• Momento silábico;
• Constância derivacional.
Segundo esse autor, estes estágios refletem a
consciência crescente da criança quanto aos
detalhes da soletração, assim como as
características da língua.
19. De acordo com Frith há três estratégias básicas para se
lidar com a palavra escrita que evoluem à medida que a
criança passa por três etapas da aquisição da leitura e
escrita.
• 1ª estratégia é a logográfica, desenvolve nesta fase
por meio de pistas não alfabéticas(cores, formato da
palavra);
• 2ª estratégia é a fonológica, se desenvolve na fase
alfabética, analisa-se a palavra em seus componentes
mínimos(grafemas e fonemas), e utilizar para a
codificação e decodificação regras de correspondência
entre os grafemas e fonemas;
• 3ª estratégia é a lexical, se desenvolve na fase
ortográfica e implica na construção de unidades de
reconhecimento nos níveis lexical e morfêmico.