O documento descreve a revolução do biocoding e iniciativas relacionadas à apropriação da tecnologia ligada à bioengenharia pelo cidadão comum. Em 3 frases, o resumo é: Hackerspaces como o Biocurious e o Genspace oferecem laboratórios comunitários para projetos em biologia feitos por cidadãos. Iniciativas como o Indie Biotech e projetos em escolas promovem a formação de adultos e jovens em biotecnologia. Biohackers realizam experimentos que vão de sequenciamento gen
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS NO BRASIL
A revolução do biocoding: A filosofia de apropriação da tecnologia ligada a bioengenharia pelo cidadão comum
1. A revolução do biocoding
A filosofia de apropriação da tecnologia ligada a
bioengenharia pelo cidadão comum
2. Definições prévias
Hackerspace: Um hackerspace é um laboratório comunitário, oficina ou estúdio que,
seguindo a ética hacker, agrega pessoas com interesses em comum, geralmente ciência,
tecnologia, arte digital ou eletrônica, para colaborarem entre si. Há centenas de
hackerspaces pelo mundo, e outros tantos hackerspaces no Brasil.
Biohacking ou Biohacker: Mistura a biologia com o modo de vida hacker usando
conceitos da cultura “faça você mesmo” e a capacidade de aprender conceitos científicos
sozinho, sem a ajuda de professores. Abrange um grande espectro de práticas e
experimentos, metodologias e projetos de bioengenharia que vão desde projetar e instalar
aprimoramentos corporais como implantes magnéticos, até a condução de
sequenciamento genético.
DIYbio [Do -It -Yourself biology] (Faça-você-mesmo biologia) é uma rede de pessoas de
todo o mundo que tem como objetivo ajudar a tornar a biologia algo de valor para os
cientistas cidadãos, biohackers e biólogos amadores que valorizam a abertura de dados.
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3. Definições prévias
Ciência Cidadã: Tipo de ciência baseada na participação informada,
consciente e voluntária, de milhares de cidadãos que geram e analisam
grandes quantidades de dados, partilham o seu conhecimento e
discutem e apresentam os resultados. Qualquer pessoa pode dedicar a
sua inteligência ou os seus recursos tecnológicos e disponibilidade de
tempo para encontrar resultados de utilidade social. Para tal, não é
necessário ter conhecimentos nem dispositivos, e tal pode ser feito em
qualquer lugar e em qualquer momento. A ciência cidadã é compatível
com a ciência tradicional feita por cientistas profissionais,
complementando-a e colocando-lhe novos problemas e desafios.
(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Citizen_science)
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4. A revolução do biocoding
Com maior acesso à informação e suprimentos
não comercializados, a prática de biociência
está se tornando disponível a uma comunidade
crescente que inclui caçadores de genes,
curiosos e bioengenheiros independentes que
querem tentar a sua sorte na criação de vida
sintética.
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5. Hackerspaces
Biocurious: é conhecido como primeiro espaço dedicado
à biologia não-institucional (Vale do Silício, Califórnia).
Funciona como um laboratório completo e uma biblioteca
técnica para empreendedores terem acesso de baixo custo
aos equipamentos, materiais e um centro de treinamento
para biotecnias, com ênfase em assegurar um lugar de
reunião para cientistas, ativistas, estudantes e outros
interessados. Membros: taxa de 100 dólares por mês.
Nota: no site não há nenhuma informação sobre licença de uso de informação. 5
6. 1. BioImpressora (BioPrinter) –
Programar uma impressora inkjet para
desenvolver os materiais biológicas.
2. Bioluminescência (Bioluminescence) -
Hackear a cultura de células para produzir
luz bioluminescente usando luciferase
Hackerspaces
3. Automação Biolab e Robótica (Biolab Automation &
Robotics) - Criar plataformas flexíveis que realizem a maioria
das técnicas de BioLab.
Projetos comunitários
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7. Genspace (Brooklyn, New York)
Foi fundado por um grupo de cientistas entusiastas de
diferentes áreas: artistas, engenheiros, escritores e
biólogos. Por uma mensalidade razoável, membros podem
adquirir uma grande variedade de projetos relacionados à
biotecnologia, podendo estes serem artísticos, comerciais,
ou apenas divertidos.
Hackerspaces
Nota: no site não há nenhuma informação sobre licença de uso de informação. 7
8. Abriu um laboratório Biosafety Level 1*
em dezembro de 2010. Desde sua
abertura, a organização tem apoiado
projetos, eventos, cursos, arte, e
recursos comunitários em geral
relacionados à biologia, biotecnologia,
biologia sintética, engenharia genética,
ciência cidadã, softwares e hardware
open sources e mais.
Hackerspaces
* é um nível de contenção biológica que toma as
precauções necessárias para isolar agentes
biológicos perigosos numa instalação laboratorial
fechada.
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9. Hackerspaces
Garoa Hacker Clube (São Paulo). Criado
em meados de 2010. Todas as quintas, a partir
das 19h30, produz o evento Noite do Arduino,
seu evento mais antigo e com a maior frequência.
É uma oportunidade para aprender, ensinar e
construir na plataforma aberta de prototipação de
hardware que se popularizou rapidamente devido
ao seu baixo custo e à sua facilidade de uso.
Nota: Todo conteúdo disponível para manuais e dicas de uso está sob licença CC-BY-SA.
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10. Projetos com outros perfis
Estação Meteorológica Modular (Rio Grande do Sul)
O projeto foi iniciado em 2012 e trabalha com a coleta de dados
para monitoramento climático e ambiental. Visa o estudo e
desenvolvimento de instrumentação científica e educacional de
código aberto, de baixo custo com vistas à formação de uma
rede de ciência cidadã para pesquisas. Mantém parceria com o
Colégio de Aplicação da UFRGS, o Centro Estadual de
Pesquisa em Sensoriamento Remoto e Meteorologia/UFRGS e
a Universidad Industrial de Santander - Colombia
Nota: A página wiki do projeto é distribuído sob uma licença Creative Commons BY-SA 4.0.
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11. OLABI - (Rio de Janeiro) Um espaço de experimentação
que investe na cultura do “faça você mesmo”. De arduínos
a impressoras 3D, aplicativos, programas de e-commerce,
robôs e drones, até produtos como shapes de skate, peças
de croché, objetos de marcenaria ou roupas feitas à mão.
Administra cursos e projetos de inovação e tecnologia,
além de consultoria em inovação. É um projeto ligado à
“economia criativa”.
Nota: Alguns direitos reservados em Creative Commons 2.0.
Projetos com outros perfils
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12. Iniciativas de formação de pessoas
Formação de Adultos
Indie Biothec - Projeto de Cathal Garvey
Cathal Garvey adentrou a DIYBio ao criar uma laboratório
na garagem da casa de seus pais. Administra o blog Indie
Biotech, em que fornece ferramentas, materiais e recursos
para o aprendizado da biotecnologia, oferecendo uma
opção além dos grandes labs acadêmicos e indústrias.
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13. Iniciativas de formação de pessoas
Formação de jovens
Projeto do Genspace para escolas nova-iorquinas
Os parceiros da Genspace com programas locais, como o
Urban Barcode Project, oferecem oportunidades de estudos
científicos de qualidade para nova-iorquinos no ensino médio.
Para estudantes mais velhos, são organizadas competições
entre jovens sem ensino superior completo que se interessam
por biologia sintética.
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14. FABLAB - Rede derivada do FabAcademy
É uma iniciativa do Center for Bits and Atoms (CBA) do MIT
(Massachusetts Institute of Technology). Os alunos são
estimulados a desenvolver todo o processo produtivo para
construção de soluções para a indústria – da ideia ao
protótipo, passando por todas as etapas até chegar a
avaliação do resultado –, sem contar o conhecimento
adquirido para a elaboração da documentação técnica dos
projetos.
Iniciativas de formação de pessoas
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15. SENAI FABLAB (Rio de Janeiro)
Iniciativas de formação de pessoas
O SENAI Rio é a primeira
instituição de educação profissional
a adotar o Fab Lab no Brasil. Os
alunos têm acesso a softwares e
equipamentos como a impressora
3D, as máquinas de corte a laser e
os kits Arduino, para montagem de
circuitos eletrônicos, entre outros.
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16. Em um pequeno laboratório construído no quarto em
que Aull morava, começou a analisar a mutação
genética relacionada à doença de seu pai, que fazia
com que seu corpo não se livrasse do excesso de ferro.
Com suas pesquisas, a estudante encontrou, em seu
próprio DNA, tanto o gene problemático, que herdou do
pai quanto uma versão saudável do mesmo gene,
proveniente do código genético da mãe. Com testes
baratos e bastante empenho pessoal, Aull descobriu
que, apesar de carregar a mutação genética, a doença
dificilmente se desenvolverá no corpo dela.
Kay Aull (Universidade de São Francisco)
(Fonte da imagem:
Reprodução/Discover)
Fonte: Tecnmundo. Março, 2013.
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17. Em 2000, o artista carioca radicado nos Estados
Unidos criou GFP Bunny, uma coelha
geneticamente modificada que brilha em
presença de luz azul graças à Proteína
Fluorescente Verde (GFP) inserida em seu DNA.
Na obra de Kac, a união entre tecnologia e arte
já chegou ao extremo. Em 1997, filmado por
emissoras de televisão, o artista injetou em sua
perna um chip com um código numérico, que foi
cadastrado em um site de controle de animais. O
artefato está lá até hoje.
Fonte: Museu da Vida. Brasiliana. Fiocruz.
Eduardo Kac e o GFP Bunny
(Fonte da imagem: Eka.org)
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18. Lepht Anonym - implante no corpo
Praticante do transhumanismo, o primeiro
implante da alemã foi no banheiro de casa.
Esterilizou seu equipamento (agulhas, bisturis,
descascadores de legumes) com vodka. Fez um
corte rápido e a inserção de um chip de
reconhecimento via RFID (Radio Frequency
Identification). Um leitor, ao identificá-lo, imprimia
um “Olá” a partir de um computador com Linux.
Fonte: Wired, 2010
(Fonte da imagem:
Reprodução/The Verge)
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19. Para Saber Mais
AGUSTINI, G; COSTA, E (orgs.) De Baixo Para Cima. Rio de Janeiro: Aeroplano,
2014.http://www.debaixoparacima.com.br/olabi-somos-todos-makers/ (Acesso em 11 abril 2015)
ALBAGLI, Sarita, CLINIO, Anne, RAYCHTOCK, Sabryna. Ciência Aberta: correntes interpretativas e tipos de ação. Liin
em Revista, v.10, n.2, 2014. Disponível em: http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/view/749. (Acesso em 23
março 2015)
BETHENCOURT, Ryan. The biocoding revolution.Radar: Insight, Analysis, and Research About Emerging
Technologies. O'Reilly, 2013. Disponível em: http://radar.oreilly.com/2013/10/the-biocoding-revolution.html (Acesso em
23 março 2015)
Código de ética hacker. Wikipedia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_hacker (Acesso em 11 abril
2015)
KAC, Eduardo. A arte transgênica. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v.13, supl.0, p. 247-256,
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
59702006000500015&lng=pt&nrm=iso>. (Acesso em 11 abril 2015)
LEE, kevin. DIY biohackers play with bacteria at Genspace, a community science lab. TechHive. Disponível em:
http://www.techhive.com/article/2044761/diy-biohackers-play-with-bacteria-at-genspace-a-community-biology-lab.html
(Acesso em 23 março 2015)
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20. Obrigada!
Alessandra dos Santos
(Doutoranda Comunicação e Informação em Saúde - PPGICS/Fiocruz
Rebecca Hodesh Muniz de Souza Rozas
(Gradução História UFRJ/ PIBIC-Fiocruz)
2015.1
Apresentação preparada para a aula “Economia P2P” no curso “Oito Temas Para Pensar a
Ciência, a Sociedade e as Redes na Era da Complexidade” oferecido pelo PPGICS/FIOCRUZ